Canal de Correspondência por Noé Nhantumbo
Franco-atiradores profissionais, comunicadores sociais, académicos, ONG’s, políticos reformados, tudo vale…
Irresponsabilidade discursiva coloca protagonistas da luta democrática no lugar de criminosos e de “Xiconhocas e mamparras”…
Mesmo que não seja encomenda e trabalho de inteligência principescamente pago em termos práticos resulta no mesmo quanto aos objectivos alcançados.
Quando se consome os produtos da comunicação social moçambicana fica-se com a impressão de que esta está fortemente arregimentada e condicionada. É difícil não ver que se está na presença de “um peso e duas medidas” sobretudo se faz alusão ao que a oposição política faz ou pretende fazer.
A soma de artigos, alguns cheirando a autênticas encomendas jornalísticas, na maioria faz de outro modo o que a historiografia oficial ensina às crianças moçambicanas.
Há uma intolerância oficial implantada na maioria dos órgãos de comunicação social operando no país. Quase ninguém se atreve a avançar com elogios ou com apresentações coloridas quando se trata da oposição política moçambicana.
Dentre os eleitos para a categoria de “demónios” a Renamo ocupa o lugar cimeiro. Ao MDM está reservado o segundo lugar e aos outros partidos não se menciona porque ocupam algum lugar no “cemitério político” do país.
A azáfama propositadamente negativista, de gente até esclarecida, preocupa pela sua parcialidade constante.
Quem aparece defendendo uma pretensa pureza moral e ética de algumas figuras políticas moçambicana deveria ter o cuidado de informar- se para melhorar informar os seus concidadãos. Uma certa dose de honestidade intelectual nunca foi tao necessária em Moçambique.
Se da parte da liderança governamental e de seus integrantes repetem-se os adjectivos denigrindo quem se opõe às políticas postas em prática, somando-se já termos como: apóstolos da desgraça, distraídos, críticos profissionais e outros.
Para quem está em cargos públicos e sujeito naturalmente à criticas e a elogios é estranho que os mesmos se apresentem e se comportem com raiva e intolerância cada vez que o cidadão comum avança com uma crítica por mais sustentada que seja.
Na complexidade da situação política e económica que o país atravessa, instabilidade sociopolítica, porosidade fronteiriça, imigração ilegal galopante, introdução de práticas criminosas não tradicionais como raptos, sequestros, correio humano de drogas pesadas, crimes financeiros não esclarecidos, percentagens desconhecidas e cada vez maiores de desempregados, assinatura de acordos de exploração de recursos minerais e de empreitadas públicas pouco ou nada transparentes, é estranhar que a equipa governamental espere que os cidadãos não critiquem e denunciem o que em si configura-se como actividades lesivas a ocasionalmente chamada de Pátria Amada”.
Moçambique deve estar ocupando neste momento o primeiro lugar mundial no “tráfico de influências” e de procurement ilícito.
O perigo que tem a contínua ofensiva mediática classificando a oposição de inconsciente, promotora da instabilidade, inconsequente e pouco esclarecida e informada é precisamente esconder dos cidadãos a verdade nua e crua. Quem está pouco informado e longe dos factos é levado a acreditar nos bombardeamentos informativos encomendados e impostos pelo partido no poder e seu governo.
Não é por caso que repórteres ou editores que incomodam com perguntas e artigos críticos acabam perdendo seus postos de trabalho na comunicação social pública.
É preciso ter uma coragem e falta evidente de vergonha agir com tamanha parcialidade ao referir-se ao dossier das negociações ou conversações entre o governo e a Renamo a respeito das inquietações apresentadas pela Renamo. A maioria dos comentadores e editores da comunicação social moçambicana procura vender “peixe podre” afirmando e mandando publicar notícias que em nada abonam a Renamo e seu líder Afonso Dhlakama. Mesmo depois de académicos de nomeada, terem aparecido em defesa das reivindicações da Renamo, sobre pendentes do AGP e práticas política e económicas altamente lesivas para o país existem franco-atiradores que se dirigem insultuosamente a Dhlakama e a quem se mostre contrário a agenda posta em prática pela Frelimo.
Nada do que os homens fazem é perfeito e em política também não se pode esperar por perfeição.
Os erros acontecem e em política mais do que em qualquer coisa que os homens façam.
Pode-se justamente questionar a apresentação metodológica que a liderança escolheu fazer sobre as preocupações apresentadas aos moçambicanos, ao governo do país e à comunidade internacional. Há falhas de método que em si jamais significam inconsistência ou inconsequência nos conteúdos. A Renamo poderá estar sofrendo de carências de estratégias ou de clara incapacidade de articular suas reivindicações.
Isso pode ser explorado por um adversário político que não está interessado em ceder. A Frelimo pode ter ido para este ciclo de conversações com instruções claras de não ceder nem sequer um centímetro.
Em tempo de paz ou de ausência de guerra negociar torna-se mais complicado porque não há muitos elementos de dissuasão claros. Os negociadores que normalmente se procuram apresentar com trunfos, pujança e retaguardas seguras tem dificuldades acrescidas em demonstrar que isso constitui a verdade.
Neste caso particular as duas partes são pressionadas pelos moçambicanos e pela comunidade internacional, parceiros governamentais de cooperação, organizações regionais como a SADC e a União Africana a mostrarem sinais de responsabilidade e disposição de optar por abordagens pacíficas num assunto com potencial de gerar violência de maneira rápida e explosiva.
Quem teima como o governo, em afirmar e defender que a outra parte tem de apresentar provas do que diz, mesmo quando um “cego as pode ver” não está negociando de boa-fé. Sem o reconhecimento inequívoco de que existe substância e razão nas reivindicações da outra parte, é inútil pretender que as conversações das “segundas-feiras”. O governo da Frelimo e a Renamo precisam entender e por em prática que ou negoceiam de boa-fé ou tornarão seus encontros em uma anedota nacional” dispendiosa, promotora das desconfianças visíveis actualmente e da intolerância que tem sido cartaz dos políticos neste país.
As derrapagens de hoje são resultado de uma política de intolerância que foi sendo cultivada ao logo dos tempos. O AGP foi um momento que não foi aproveitado para iniciar-se uma campanha de sensibilização dos ex-beligerantes no sentido de abraçarem políticas de inclusão, tolerância e patriotismo. Colocar a pátria acima dos interesses individuais não foi assumido como algo importante e fundamental na construção de um país diferente, pacífico, dinâmico, inclusivo e de tolerância.
Assinaram um acordo num momento em que se sentiam “apertados” pela situação mas jamais pensaram em compartilhar este país.
Estrategicamente falando é contraproducente e na verdade promotor da “mentira oficial continuada” apelidar a oposição de demoníaca ou outros adjectivos similares. Ao mesmo tempo que se ataca e se critica a oposição e sua liderança revela-se fundamental que exista entre os comunicadores sociais, jornalistas e seus editores a coragem e honestidade intelectual, moral e ética, de chamar a algumas figuras de proa do governo e da Frelimo dos nomes que realmente merecem. Finura, prudência, diplomacia, sentido de estado é algo que muita gente assim classificada não possui ou não consegue traduzir em realidade.
Joaquim Chissano infelizmente dando razão aos eus críticos de que é uma figura astuta, oportunista e de carácter similar a ”víbora africana”.
Conseguiu convencer Dhlakama a assinar o AGP mas como PR jamais se preocupou em eliminar qualquer razão futura de eclosão de conflitos como se viu ao logo de sua presidência.
Deixou um fardo pesado para AEG e este infelizmente, não tem a flexibilidade e clareza diplomática, a capacidade de escutar e apreciar pontos de vista contrários aos seus.
Se a II república foi caracterizada pelo “Deixa andar” precisa ser dito que a III república na pessoa de seu chefe, Armando Emílio Guebuza se caracteriza pela arrogância e prepotência.
A “pátria amada” tornou-se num paraíso de um capitalismo selvagem sem comparação no mundo.
Tendo amordaçado a maioria parlamentar, o poder judicial e importantes sectores económico-financeiros o executivo chefiado pelo AEG se julga omnipotente e omnipresente o que é em si um erro crasso.
As figuras de proa do regime de Samora Machel e de Joaquim Chissano sentem-se abandonadas por um partido em que estavam habituadas a “dar cartas”. Mesmo reconhecendo que o governo actual está colocando em risco uma estabilidade social e política duramente conquistada os que se opõem aos excessos do governo de AEG, sendo membros da Frelimo, não tem “os tomates” para vir a público criticar e denunciar com vigor a corrupção generalizada em que se transformou o acto de governar.
“Comadres e compadres” da Pereira do Lago e de outras avenidas deste país cochicham nos corredores com receios redobrados mas falta-lhes aquela dose de nacionalismo e patriotismo que fariam a diferença.
Eleições por aclamação em congresso elaboradamente preparado e condicionado não conseguiram trazer a frescura que a bela baía de Pemba geralmente proporciona.
Teimar em aparecer na ribalta à custa de recursos e ligações nacionais e internacionais, de recursos financeiros acumulados nos tempos áureos do partido único é um exercício relativamente fácil. Os simpósios abrilhantados por celebridades do circuito político internacional, algumas delas manchadas por escândalos, como o “Mensalão” brasileiro, Lula, parecem ter irritado AEG e este já disparando a sua maneira habitual, desta vez contra os “críticos profissionais”.
Os “jornalistas investigativos” moçambicanos tem matéria-prima mais do que suficiente para entenderem que seus “ídolos e protegidos” estão tão manchados que se os moçambicanos soubessem sua imagem estaria definitivamente desfeita e seu lugar completamente trocado na história do país.
Infelizmente a maioria dos jornalistas e académicos moçambicanos se apresenta cega quando convém aos seus bolsos e estômagos.
Por vezes parece que há uma dose indisfarçável de considerações étnicas nas suas abordagens.
Quere aparecer e triunfar mesmo assassinando a verdade tem sido a receita seguida por muitos… (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 18.12.2012
Nem todos terão tido o "privilégio" (que só o tempo pode dar), de ter assistido a tudo desde o INÍCIO (por um lado ainda bem). E, de entre os que tiveram esse "privilégio", falta alguém que saiba falar da nossa "Falsa Partida" (dia 25 de Junho de 1975). Falta alguém que, em português simples e "barato" e sem se importar com o "Politicamente Correcto", saiba explicar porque é que nada no Presente "bate certo", porque é que nada no Futuro pode vir a "bater certo". Os erros estão todos lá atrás e se não os corrigirmos um a um, o Futuro será tendencialmente tão trágico como o Passado e o Presente.
Lamento muito, não ter a capacidade de colocar no papel (sabendo sempre escolher as palavras certas), tudo o que penso sobre o que nos aconteceu.
Distraio-me muito a tentar colocar as vírgulas e os pontos no sítio certo e com isso, lá se vai o raciocínio.
Definitivamente, não nasci para jornalista.
Os meus cumprimentos.
Matolinha.
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