quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Navio militar norte-americano USS Pueblo foi capturado na Coreia do Norte há 50 anos (e por lá continua)


O USS Pueblo está hoje atracado na capital Pyongyang. É o único navio da Marinha norte-americana em poder de uma nação estrangeira.
STR/AFP/Getty Images
23 de janeiro de 1968. O navio da Marinha norte-americana USS Pueblo, com 84 tripulantes a bordo, foi intercetado por três outros navios com tropas do Exército Popular norte-coreano. Estes exigiam a imediata rendição do USS Pueblo, acusando o navio de “espionagem” em águas territoriais da Coreia do Norte. O USS Pueblo garantia que não se tratava de um navio “espião” mas, sim, navio “científico”. Capitaneado por Llyod Bucher, o USS Pueblo recusou durante horas entregar-se. Então, o Exército Popular abriu fogo. Um tripulante morreu durante os disparos e os restantes, pouco tempo depois, acabaram por ser capturados.
Durante 11 meses, 11 longos meses, a tripulação foi mantida prisioneira em Pyongyang. Mas porque é que o USS Pueblo não ripostou? O tenente Skip Schumacher à época tinha 24 anos e servia no USS Pueblo como oficial de operações. À BBC explicou, 50 anos mais tarde, a história da rendição: “Não tínhamos como disparar de volta, porque éramos um navio desarmado [o USS Pueblo tinha somente duas metralhadoras calibre 50 a bordo], esse era o nosso ‘disfarce’”.
Alguma da documentação secreta a bordo foi incendiada pela tripulação antes da captura. A restante terá sido entregue a agentes do KGB, as secretas soviéticas – era aqueles os anos da Guerra Fria e a União Soviética um aliado histórico da Coreia do Norte.
A captura da tripulação do USS Pueblo em janeiro de 1968 (Créditos: KCNA)
Quanto à tripulação, só foi libertada a 23 de dezembro depois de os Estados Unidos (era Lyndon Johnson o presidente norte-americano de então) ter assumido a espionagem e apresentado um pedido de desculpas à Coreia do Norte. Antes, já o capitão do USS Pueblo, Llyod Bucher, o havia feito durante um interrogatório em Pyongyang. A custo. “Primeiro, encostaram uma pistola à cabeça do capitão e garantiram que se não confessasse, disparariam. Ele continuava a negar. Só quanto os interrogadores ameaçaram chamar um pelotão para fuzilar toda a tripulação é que assinou a confissão”, explicou Skip Schumacher à BBC.
O USS Pueblo está hoje atracado na capital Pyongyang. É o único navio da Marinha norte-americana em poder de uma nação estrangeira. O regime norte-coreano utiliza-o como “troféu” e há até visitas guiadas ao seu interior.

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