terça-feira, 12 de setembro de 2017

Clima de tensão marca início da semana na Tanzânia


Tundu_Lissu_tanzaniaTentativa de assassinato de político da oposição, na última quinta-feira, chocou parte da população. Tundu Lissu está em estado grave e se recupera em um hospital no vizinho Quénia.
A Tanzânia é um dos países mais estáveis no leste africano. Mas o atentado contra Tundu Lissu trouxe um clima de preocupação ao país. Ele foi alvejado na quinta-feira (07.09) após ter saído de uma sessão no Parlamento, na capital Dodoma. Lissu sobreviveu e foi levado ao país vizinho, o Quénia, onde passou por uma cirurgia de emergência. A decisão de transportar o político de 49 anos para Nairóbi foi feita pela família e pelo partido.
Segundo Abdallah Safari, o porta-voz do "Partido para a Democracia e Desenvolvimento", conhecido por Chadema – a sigla de Lissu, o político se encontra em estado crítico. O atentado, de acordo com Safari, deixou outros integrantes da oposição com medo. 
"A oposição se encontra em uma situação crítica", sustenta a especialista em África pela Chatham House, de Londres, Rebekka Rumpel. "Outros integrantes de alto escalão da oposição também foram, recentemente, presos. Um consultor experiente, Ben Sanane, está desaparecido desde novembro de 2016. O medo no país cresce e a situação deve piorar", diz Rumpel.
Discussões
Tundu Lissu teve uma série de discussões com o Presidente tanzaniano, John Magufuli. Foi preso ao menos seis vezes este ano – acusado de ter insultado o chefe de Estado e por ter perturbado a ordem pública, entre outras acusações. Lissu chegou a chamar Magufuli de ditador em julho, acusou o governo de negligenciar a economia e disse que o desemprego piorou com ele no poder.
O Presidente da Tanzânia expressou choque com a tentativa de assassinato e prometeu desvendar o crime. Mas ativistas de direitos humanos acusam Magufuli de agir de forma cada vez mais autoritária. Estações de rádio e jornais foram fechados. 
Richard Chaba, da Fundação Konrad Adenauer na Tanzânia, reconhece os retrocessos na imprensa e na oposição, mas não classifica Magufuli de ditador. "Seria exagero chamar Magufuli de um governante autoritário. Nosso Parlamento e a justiça funcionam. Esses são elementos importantes", destaca Chaba.
Para a especialista em África, Rebekka Rumpel, percebe-se um grau crescente de nervosismo no partido do Governo ao longo dos anos, já que o apoio nas urnas tem diminuído nas últimas eleições. "Magufuli ficou com 58% dos votos na eleição presidencial de 2015, foi um queda em relação à eleição anterior, quando ele ficou com 80% dos votos", alega Rumpel. É o contexto, segundo a especialista, que "dá para ver que a crescente oposição significa um desafio para o partido do Governo e que Magufuli comanda a política com um tom mais forte autoritário", completa.
O partido do atual Presidente domina a cena política da Tanzânia desde a fundação dele em 1977. Apesar das críticas a Magufuli, o representante da Fundação Konrad Adenauer na Tanzânia, Richard Chaba, afirma que ele segue popular e que deve participar das eleições em três anos. Entre ações vistas de forma positiva, estariam decisões na luta para erradicar a corrupção. Magufuli, por exemplo, demitiu um amigo próximo – que era ministro da mineração –, já que o então ministro não havia agido energicamente contra a exportação ilegal de minerais.
Enquanto isso, os autores do atentado contra o político de oposição Tundu Lissu continuam desconhecidos. Sem saber quem está por trás da ação, a polícia segue a investigar.
DW – 11.09.2017

Sem comentários: