Em defesa da honra de Espanha
Autor
O movimento independentista catalão não é democrático e isso
ficou bem demonstrado neste referendo que foi aprovado por uma lei que
viola a Constituição e o próprio Estatuto de Autonomia da Catalunha.
Tenho acompanhado os acontecimentos sobre a Catalunha pela
televisão espanhola e só esta semana comecei a prestar mais atenção às
noticias em Portugal e fiquei chocado com a parcialidade de algumas
noticias. Quarta-feira, por exemplo, assisti a uma entrevista do
representante da Catalunha, Sr. Ramón Font, que mais não é do que um
representante do movimento independentista catalão pago pelo erário de
todos os espanhóis. Nessa mesma entrevista a jornalista referiu-se
várias vezes ao governo de “Madrid” e à detenção de políticos catalães
ordenados pelo referido governo. Informação esta repetida hoje nas capas
dos jornais lusos.
Vejo-me por isso, como espanhol, descendente de galegos e bascos, a defender a honra de Espanha desmistificando os seguintes pontos:
(i) Não foi o governo de “Madrid” (ou melhor de Espanha) que mandou prender políticos catalães: a ordem de prisão veio do Juzgado de Instrucción nº 13 de Barcelona, ou seja um tribunal catalão, que mais não fez do que cumprir a lei e mandar deter titulares de cargos públicos por alegadamente terem cometido três crimes p.e.p no código penal, em concreto por malversación de fondos (o nosso peculato), por prevaricação e desobediência;
(ii) O movimento independentista catalão não é democrático: o movimento independentista catalão está representado, em geral, por três partidos com maioria parlamentar (mas não a maioria dos catalães), que são o Convergència, Esquerra Republicana de Catalunya e a CUP. O primeiro é um partido impregnado de escândalos de corrupção, a Esquerra Republicana é um partido de extrema esquerda, e a CUP, um partido anarquista, anticapitalista e anti-sistema. A falta de democraticidade deste movimento ficou demonstrada neste referendo que foi aprovado por uma lei que viola a Constituição, o Estatuto de Autonomia da Catalunha e o próprio Regulamento do Parlamento Catalão. Que não haja dúvidas, foi um golpe de Estado como o assistido na Venezuela;
(iii) A Catalunha nunca foi um Estado Soberano: A Catalunha nunca foi independente, sempre estando sobre a “alçada” de Reinos, passando a fazer parte de Espanha por testamento de Fernando de Aragão que deixou à sua filha, Juana la Loca, e ao seu neto, o imperador Carlos V, o Reino de Aragão [Fernández Álvarez: 1999, pp.63-69]. A Catalunha tem desde o séc. XV como línguas o Castelhano e o Catalão. Estes dois idiomas fazem, pois, parte da identidade cultural catalã. Sem mencionar o facto de que todos os espanhóis sentem a cultura catalã como própria. Gaudí, Dalí, Miró, etc. todos são património cultural dos espanhóis.
Dito isto, sem dúvida há necessidade de começar um processo de revisão da Constituição de 1978, ora seja revendo os Estatutos das Autonomias, ora seja permitindo um referendo para a independência, mas isto tem que ser decidido pelo conjunto de todos os espanhóis e não por uma minoria barulhenta como a que se vê na Catalunha. O Sr. Carles Puigdemont recusou-se a falar no Congreso de los Diputados. Que o faça!
Termino o presente artigo de opinião com as últimas palavras de Salvador Dalí: Viva el Rei, viva Espanya, viva Catalunya.
Advogado, trabalha em Lisboa, descende de bascos e galegos
Vejo-me por isso, como espanhol, descendente de galegos e bascos, a defender a honra de Espanha desmistificando os seguintes pontos:
(i) Não foi o governo de “Madrid” (ou melhor de Espanha) que mandou prender políticos catalães: a ordem de prisão veio do Juzgado de Instrucción nº 13 de Barcelona, ou seja um tribunal catalão, que mais não fez do que cumprir a lei e mandar deter titulares de cargos públicos por alegadamente terem cometido três crimes p.e.p no código penal, em concreto por malversación de fondos (o nosso peculato), por prevaricação e desobediência;
(ii) O movimento independentista catalão não é democrático: o movimento independentista catalão está representado, em geral, por três partidos com maioria parlamentar (mas não a maioria dos catalães), que são o Convergència, Esquerra Republicana de Catalunya e a CUP. O primeiro é um partido impregnado de escândalos de corrupção, a Esquerra Republicana é um partido de extrema esquerda, e a CUP, um partido anarquista, anticapitalista e anti-sistema. A falta de democraticidade deste movimento ficou demonstrada neste referendo que foi aprovado por uma lei que viola a Constituição, o Estatuto de Autonomia da Catalunha e o próprio Regulamento do Parlamento Catalão. Que não haja dúvidas, foi um golpe de Estado como o assistido na Venezuela;
(iii) A Catalunha nunca foi um Estado Soberano: A Catalunha nunca foi independente, sempre estando sobre a “alçada” de Reinos, passando a fazer parte de Espanha por testamento de Fernando de Aragão que deixou à sua filha, Juana la Loca, e ao seu neto, o imperador Carlos V, o Reino de Aragão [Fernández Álvarez: 1999, pp.63-69]. A Catalunha tem desde o séc. XV como línguas o Castelhano e o Catalão. Estes dois idiomas fazem, pois, parte da identidade cultural catalã. Sem mencionar o facto de que todos os espanhóis sentem a cultura catalã como própria. Gaudí, Dalí, Miró, etc. todos são património cultural dos espanhóis.
Dito isto, sem dúvida há necessidade de começar um processo de revisão da Constituição de 1978, ora seja revendo os Estatutos das Autonomias, ora seja permitindo um referendo para a independência, mas isto tem que ser decidido pelo conjunto de todos os espanhóis e não por uma minoria barulhenta como a que se vê na Catalunha. O Sr. Carles Puigdemont recusou-se a falar no Congreso de los Diputados. Que o faça!
Termino o presente artigo de opinião com as últimas palavras de Salvador Dalí: Viva el Rei, viva Espanya, viva Catalunya.
Advogado, trabalha em Lisboa, descende de bascos e galegos
"Tenho
acompanhado os acontecimentos sobre a Catalunha pela televisão
espanhola e só esta semana comecei a prestar mais atenção às noticias em
Portugal e fiquei chocado com a parcialidade de algumas noticias".
A opinião de Iñaki Carrera Y Araujo.
A opinião de Iñaki Carrera Y Araujo.