Presidente dos EUA anuncia aumento de 54 bilhões de dólares no orçamento militar, um dos maiores rearmamentos da história do país
Washington
Os Estados Unidos se preparam para um dos maiores rearmamentos de sua
história. O presidente do país, Donald Trump, determinou à sua
Administração que prepare um orçamento de despesas com Defesa com um
aumento de 54 bilhões de dólares (9%). Esse crescimento histórico deverá
ser compensado com um plano geral de redução de outras despesas,
especialmente na área de ajuda externa. Os cortes evitam tocar nos dois
itens de despesas mais explosivos, que são as pensões e a assistência à
saúde, mas mostram que Trump está disposto a efetuar uma escalada
militar a fim de realizar seus sonhos de grandeza. “Precisamos começar a
ganhar guerras novamente”, bradou o presidente.
Trump nunca escondeu isso.
Trata-se de um falcão, que pretende resgatar a primazia militar de seu
país. “Antigamente dizíamos que os Estados Unidos nunca perdiam uma
guerra. E agora não ganhamos nenhuma. Estamos lutando há 17 anos no
Oriente Médio, gastamos seis bilhões de dólares e estamos em pior situação do que nunca. Isso é inaceitável”, afirmou.
Pensando nesse objetivo, pouco lhe importam os acordos firmados no passado. Inclusive os mais delicados. Trump não só quer avançar contra o vespeiro islâmico, como também manifestou publicamente seu desprezo pelo tratado de limitação de armas nucleares ao anunciar seu desejo de ampliar o arsenal atômico do país. “Sou o primeiro a querer ver um mundo sem armas, mas não podemos ficar para trás de nenhum país, mesmo amigo. Temos de estar à frente da manada”, declarou.
Para Trump, essa escalada militar não reflete apenas uma forma de patriotismo. O multimilionário republicano sempre a vinculou à prosperidade econômica. “Reforçar o setor militar sai mais barato quando se avalia a outra alternativa. Estamos comprando a paz e pondo em risco nossa segurança nacional. Além disso, é um bom negócio. Quem irá construir os aviões e os navios? Os trabalhadores norte-americanos”, afirmou.
Pátria, canhões e empregos. O triângulo sobre o qual se baseia a aposta de Trump foi uma de suas principais promessas de campanha. Agora, baixando essa determinação, ele pretende realizá-la o quanto antes. Para isso, determinou às agências federais que comecem a trabalhar em um modelo de orçamento que atenda aos seus desejos. A proposta não deverá estar pronta antes de meados de março. Depois disso, terá de ser negociada e passar pelo Capitólio, onde a maioria é republicana, mas onde também tudo é submetido à pressão de interesses os mais variados. Esta será a primeira grande batalha legislativa de Trump, que tem governado até o momento com base em decretos.
É nesse terreno que se verá a sua capacidade de liderança do espectro republicano e também até onde podem alcançar os seus sonhos. Em princípio, o que o presidente apresenta é algo atraente para os conservadores. Ao aumento do orçamento militar, ele pretende somar uma diminuição geral de impostos, o desmantelamento da reforma na saúde (Obamacare) e uma forte desregulamentação no setor financeiro.
É uma pauta que agrada à maioria, mas a sua aplicação poderia ser explosiva. É o caso, por exemplo, do Obamacare. Embora este tenha sido atacado por Trump e seus aliados, a promessa de acabar com a reforma na saúde assim que chegasse à Casa Branca ficou congelada. A constatação de que a sua supressão afetaria 22 milhões de pessoas e elevaria o déficit fiscal em 353 bilhões de dólares em 10 anos acabou por frear o seu desmantelamento, dando lugar a uma busca por alternativas racionais.
A elaboração do orçamento seguirá um processo semelhante: será lenta e gradual. Mas, no curto prazo, no jogo do imediatismo que ele tanto pratica, Trump emitiu um sinal claro com a proposta de rearmamento. Trata-se de uma pessoa que cumpre suas promessas e que mantém sua capacidade de sinalizar com rupturas. Esse foi o impacto almejado pelos autores do plano: o diretor do Escritório Orçamentário, Mick Mulvaney; o diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn; e o estrategista-chefe da Casa Branca, o tenebroso Stephen Bannon.
Uma boa recepção dessa mensagem seria importante para um presidente que entrou em parafuso no seu relacionamento com a imprensa que tem as pesquisas de opinião contra si. Preocupados com sua avaliação negativa, Trump e seus assessores querem passar por cima dos filtros midiáticos e atingir seu eleitorado diretamente. A transformação dos primeiros vaivéns orçamentários em uma declaração política de alto potencial atende a essa finalidade. E também antecipa aquilo que constará de seu discurso sobre o Estado da União, marcado para a noite desta terça-feira. Nessa fala, a primeira em que o presidente estará cara-a-cara com as duas câmaras, deverá mostrar a senadores e deputados o futuro que ele almeja para os EUA. Até agora, sua opção foi pelas armas e pelo barulho.
Pensando nesse objetivo, pouco lhe importam os acordos firmados no passado. Inclusive os mais delicados. Trump não só quer avançar contra o vespeiro islâmico, como também manifestou publicamente seu desprezo pelo tratado de limitação de armas nucleares ao anunciar seu desejo de ampliar o arsenal atômico do país. “Sou o primeiro a querer ver um mundo sem armas, mas não podemos ficar para trás de nenhum país, mesmo amigo. Temos de estar à frente da manada”, declarou.
Para Trump, essa escalada militar não reflete apenas uma forma de patriotismo. O multimilionário republicano sempre a vinculou à prosperidade econômica. “Reforçar o setor militar sai mais barato quando se avalia a outra alternativa. Estamos comprando a paz e pondo em risco nossa segurança nacional. Além disso, é um bom negócio. Quem irá construir os aviões e os navios? Os trabalhadores norte-americanos”, afirmou.
Pátria, canhões e empregos. O triângulo sobre o qual se baseia a aposta de Trump foi uma de suas principais promessas de campanha. Agora, baixando essa determinação, ele pretende realizá-la o quanto antes. Para isso, determinou às agências federais que comecem a trabalhar em um modelo de orçamento que atenda aos seus desejos. A proposta não deverá estar pronta antes de meados de março. Depois disso, terá de ser negociada e passar pelo Capitólio, onde a maioria é republicana, mas onde também tudo é submetido à pressão de interesses os mais variados. Esta será a primeira grande batalha legislativa de Trump, que tem governado até o momento com base em decretos.
É nesse terreno que se verá a sua capacidade de liderança do espectro republicano e também até onde podem alcançar os seus sonhos. Em princípio, o que o presidente apresenta é algo atraente para os conservadores. Ao aumento do orçamento militar, ele pretende somar uma diminuição geral de impostos, o desmantelamento da reforma na saúde (Obamacare) e uma forte desregulamentação no setor financeiro.
É uma pauta que agrada à maioria, mas a sua aplicação poderia ser explosiva. É o caso, por exemplo, do Obamacare. Embora este tenha sido atacado por Trump e seus aliados, a promessa de acabar com a reforma na saúde assim que chegasse à Casa Branca ficou congelada. A constatação de que a sua supressão afetaria 22 milhões de pessoas e elevaria o déficit fiscal em 353 bilhões de dólares em 10 anos acabou por frear o seu desmantelamento, dando lugar a uma busca por alternativas racionais.
A elaboração do orçamento seguirá um processo semelhante: será lenta e gradual. Mas, no curto prazo, no jogo do imediatismo que ele tanto pratica, Trump emitiu um sinal claro com a proposta de rearmamento. Trata-se de uma pessoa que cumpre suas promessas e que mantém sua capacidade de sinalizar com rupturas. Esse foi o impacto almejado pelos autores do plano: o diretor do Escritório Orçamentário, Mick Mulvaney; o diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn; e o estrategista-chefe da Casa Branca, o tenebroso Stephen Bannon.
Uma boa recepção dessa mensagem seria importante para um presidente que entrou em parafuso no seu relacionamento com a imprensa que tem as pesquisas de opinião contra si. Preocupados com sua avaliação negativa, Trump e seus assessores querem passar por cima dos filtros midiáticos e atingir seu eleitorado diretamente. A transformação dos primeiros vaivéns orçamentários em uma declaração política de alto potencial atende a essa finalidade. E também antecipa aquilo que constará de seu discurso sobre o Estado da União, marcado para a noite desta terça-feira. Nessa fala, a primeira em que o presidente estará cara-a-cara com as duas câmaras, deverá mostrar a senadores e deputados o futuro que ele almeja para os EUA. Até agora, sua opção foi pelas armas e pelo barulho.
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