Será João Lourenço, o “Medvedev” de JES? - Paulo Timóteo
Luanda
- O Legado do Presidente José Eduardo dos Santos a NAÇÃO, é
asfixiante. Numa escala de valores, de 0-20, daria 04 (Quatro) valores
ao Legado do Presidente JES, por ser demasiadamente MAU e, na minha
perspectiva uma tragédia.
Fonte: Club-k.net
A Propósito do Legado do Presidente
Gosto
de João Lourenço(JL) e de Isaías Samakuva (IS), por me parecerem
politicamente honestos, naquilo que dizem, não mascaram a verdade nem
representam, aceitaria um deles como meu Presidente, se as Eleições
Gerais de 2017, fossem Justas, Livres e Transparentes.
O Legado de JES é indefensável por
maioria de razão, pois, não se compreende, que um Governo que teve como
lucros da exploração petrolífera, de aproximadamente 400 mil milhões (
400 Bilhões ) de dólares na última década e, com uma população inferior a
25 milhões de habitantes, apresente resultados socioeconómicos e
políticos ,que são manifestamente um desastre;
-Mais de 40% da população na miséria, com menos de 2 dólares dia para sobreviver.
-Mais de 40% da população sem água potável.
-Mais de 60% da população sem saneamento básico e sem luz eléctrica.
-A Fortuna pessoal de JES avaliada em 18,5 mil milhões de dólares.
-Fortuna pessoal de sua filha Isabel dos Santos, avaliada em mais de 3 mil milhões de dólares.
-Péssima qualidade de Ensino a todos os
níveis. Quarenta anos depois, o seu nível é inferior ao que era, aquando
da ascensão de Angola a Independência.
-Elevada mortalidade materna e infantil,
das mais elevadas do Mundo, que refletem objectivamente, o estado
caótico da Saúde em Angola.
- Ausência de Serviços mínimos de Proteção Social aos mais carenciados.
- Economia não diversificada, baseada exclusivamente na Petro-dependência.
- Ausência de liberdades fundamentais dos cidadãos.
- Angola ocupa o 13o lugar do Mundo, no ranking sobre Corrupção.
- Partidarização completa do Estado.
- Ausência de Independência do Poder Judicial.
- E o mais grave, uma Dívida do Estado
que compromete as Gerações futuras, nesta perspectiva vale a pena
parafrasear Carlos Rosado de Carvalho, o Economista e Diretor do Jornal
Expansão; “ Temos uma Dívida Pública Brutal e temos de ter muito
cuidado, uma vez que já estamos a gastar o petróleo das gerações
futuras. Como se não bastasse, vamos deixar a estas gerações impostos
por pagar, é uma dupla penalização”
Enfim, o Legado de JES, é a completa Falência do Estado em Angola.
JES ao longo do seu longevo consulado,
sofreu várias metamorfoses ,devendo ser realçado três fases evolutivas,
do ponto de vista da análise política;
1- A Fase de Afirmação, pois tinha na
altura 37 anos aquando da morte do Presidente Neto,em que procurou
governar por consensos e no qual, o multilateralismo foi a tónica
dominante. Apesar de ter tido ,um governo de Partido Único e em estado
de guerra, haviam à época, Contra – Poderes, nomeadamente; o Bureau
Político, o Comité Central, o Secretariado do Conselho de Ministros, a
Assembleia do Povo e o Ministério da Defesa, enquadrando-se neste
último,as Missões Militares Cubano-Soviéticas.
2- A Fase da Consolidação , iniciada com
a estória do Quadro, apresentado por Ndunduma Wé Lepi ( o então
ideólogo da carnificina do 27 de Maio de 1977, com as famosas crónicas
no Jornal de Angola; Bater no Ferro Quente)e, que serviu de pretexto
político- estratégico, para o seu isolacionismo e enclausuramento no
Futungo de Belas, criando àquilo a que se convencionou chamar; o
Futunguismo, em que o Poder deixou de ser multilateral, passando a ser
marcadamente pessoalizado ,delegando igualmente o poder aos seus Homens;
os chamados Futunguistas.
3- A última fase, a do Eduardismo ( magistralmente caracterizada pelo escritor angolano e professor universitário; Nelson Pestana Bonavena, pois foi o primeiro a defini-lo), tem inicio com a sua vitória militar contra a UNITA e a morte de Jonas Malheiro Savimbi no Leste de Angola, morte esta, ainda em condições até agora não esclarecidas, pois, todos os soldados que participaram na morte de Jonas Savimbi, foram simplesmente mortos. Os estrategos do Presidente,têm-no apelidado de magnânimo ,pela atitude então tomada, aquando da vitória militar sobre os rebeldes.Nem tanto, JES apercebeu-se que tinha obtido uma vitória militar importantíssima, que poria fim a Guerra, mais não tinha obtido uma vitória política ,nem uma vitória militar esmagadora, pois a Frente Norte da UNITA, baseada no Uíge , sob Comando do General Apolo, estava praticamente intacta e muito mais próximo de Luanda, ganharia muito mais, como o ganhou, se não radicalizasse posições, porque o inverso era igualmente verdadeiro para as posições da UNITA no Norte de Angola. Neste aspeto é de se reconhecer o mérito estratégico e o alcance politico desse posicionamento de JES, pois não Bateu no Ferro
Quente, como dizia Ndunduma Wé Lepi.
O Eduardismo, caracteriza-se por um Poder Absoluto, quase Monárquico, enviuzado de democrático , é em sintese uma Cleptocracia que teve o seu epicentro, com a aprovação da Constituição de 2010. Caracterizar por isso em toda sua latitude, o Eduardismo é demasiadamente redutor, pois vivê-mo-lo todos os dias. Para a sua consolidação, os estrategos apostaram na absoluta iliteracia do Povo angolano, não permitindo a aparição de massa crítica e intelectual,fora dos marcos da bajulação, aliada a desestruturação propositada do Ensino e da Saúde e, o primado da mono-dependência ao petróleo, como condição sine qua non, para garantia de fidelidades politicas absolutas, em detrimento da diversificação económica, que criariam forças centrífugas, incapazes de serem controladas e domesticadas e, que teriam poder económico e financeiro com elevada capacidade reivindicativa; quer social como política.
O Eduardismo do ponto de vista da
análise económica, é um desatre para a Nação angolana, mais não o é,
para os seus estrategos, que acumularam primitivamente,enorme capital
financeiro com a Petrodependêcia. A Petrodependência foi igualmente
propositada, porque
utiliza para a sua produção, pessoal
expatriado altamente qualificado sem capacidade reivindicativa interna,
em detrimento da nacional que teriam essa prerrogativa.
Entretanto, o Estrategos do Presidente,
para além de nos deixarem, O Eduardismo como Legado absolutamente
desastroso, querem por interposta pessoa ,continuar a dirigir os
destinos do País, num sistema de governação Bicéfalo. Pois as afirmações
encomendadas do Ministro e Chefe do GRECIMA, Manuel Rebelais (MR),
aquando da conferência de imprensa de Luís Gomes Sambo, o Ministro da
Saúde, são demasiadamente elucidativas; JES tem legitimidade e vai estar
a frente do Partido até 2021 “dixit”,reconheçamos que MR foi
deselegante para com JL, porque quem necessita de ser potenciado é o
actual Candidato, a quem MR não teve uma palavra de exaltação e de
apreço e, a pergunta que se impõe fazer é;
Será João Lourenço o “MEDVEDEV” de JES?
Obviamente que não, por mais que os Estrategos do Presidente o queiram, simplesmente porque o Tempo político de JES esgotou-se, por razões já sobejamente conhecidas. Se JES o fizesse há 15 anos atrás, quando afirmara pela primeira vez em Cabo Verde, que o próximo candidato não se chamaria JES, aí sim, lembremo-nos de que então, JL de maneira ingénua em entrevista igualmente encomendada a TPA, pelos estrategos do Presidente, afirmara de forma categórica; “ Quem é o Soldado, que não aspira a ser General”? Naquela altura poderiam tê-lo feito.
Creio por isso, que ele será um “Yelsin” para JES, como Yelsin o foi para Gorbachov, caso o MPLA ganhe as Eleições Gerais de 2017, por duas razões;
- O MPLA nunca em toda a sua existência, teve uma liderança Bicéfala, como seu Modus Operandi e, não o terá agora, ainda por cima com um novo dirigente sexagenário, que se quer afirmar lider da maior organização politica do País.
- JL sabe, que no máximo terá somente
dois mandatos, caso vença os dois , terá de deixar um legado; o de repor
o funcionamento das Instituições da República, despartidarizando-as e
não permitir a extinção no longo prazo do MPLA, face ao desastre que se
tornou o Legado de JES e, que é manifestamente o Eduardismo. A sua frase
sobre os “Generais do Desenvolvimento”, no dia 10 de Dezembro de
2016,não foi inocente, porque representa uma roptura, face ao Eduardismo
em versão II que o querem impor e, é claramente um marco contra a
Bicefalia. A sua travessia no deserto e a respectiva humilhação com que
passou, permitiram-lhe ter noção exacta do PODER e, ele quere-o.
Volto a pergunta, João Lourenço será o “Medvedev” de JES? Obviamente que não, será o seu “Yelsin”.
PS: A ausência gritante da OPOSIÇÂO
aquando das mordeduras dos Kambúas ao Grupo do Luaty e companhia , neste
fim de semana, em protesto contra a inclusão de Bornito de Sousa como
no 2 da lista de candidatos a Deputados pelo MPLA e, Candidato a
Vice-Presidente da República, apesar de não ser a questão fulcral do
combate á Fraude Eleitoral, demonstrou uma inação estratégica na
marcação da Agenda Política por parte da Oposição, que paradoxalmente
continua a pertencer ao MPLA. É preciso compreender que a Comunidade
Internacional dará o seu aval, aos resultados das Eleições em Angola,
enquanto a OPOSIÇÃO não fizer o seu trabalho de casa. Compreende-se por
isso, o isolamento estratégico a que o MPLA pretende votar a UNITA o seu
verdadeiro adversário politico, ao ter kafricado a CASA-CE numa espécie
de KO Técnico ao ter inviabilizado a sua transformação, em Partido. É
que pode haver um Plano B a ser accionado, em situação de completa
adversidade ao MPLA, é que os mesmos Partidos que foram ao TC dizer que
não queriam ser extintos poderão apoiar Quintino Moreira e inviabilizar a
participação da CASA do ABEL , fazer política é também isso, os fins
por vezes justificam os meios, mesmo que nos pareçam eticamente
reprováveis.
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