Nos primórdios da minha formação escolar “consumi” um livro de leitura que nele vinha contido um texto cujo título era “ Quando eu for grande”. O aludido texto contava história de um grupo de quatro meninos que frequentavam a primeira classe do ensino primário e que sentados à sombra do quintal na casa de um deles a saborearem umas doces papaias oferecidas pelo pai do anfitrião que se dedicava a agricultura. Num desses dias nasce entre eles uma pequena discussão em volta do futuro, sendo que cada um perguntava: o que é que tu gostarias de ser quando fores grande?
Dos quatro, um queria ser Agricultor, um professor, outro enfermeiro e mais um que dizia querer ser cozinheiro. A conversa foi acesa, pois cada um queria evidenciar a importância da profissão escolhida, mas ao Gaspar que escolhera o de cozinheiro todos não perdoavam, alegando que apenas escolhera a cozinha porque já era um bom garfo. Para serenar os ânimos o pai do Samuel veio a terreiro para explicar aos meninos que todos tinham feito correctas escolhas e que a sociedade se fazia combinando as várias actividades, pensamentos, entre outros e que era importante que todos definissem uma orientação quanto cedo para o seu futuro pois grande parte do que seremos amanhã dependia largamente das escolhas que fizéssemos hoje. Esta é a história do livro de leitura que vos confesso só entendi a cerca de 30 anos depois.
Pessoalmente parti de um projecto de querer ser Engenheiro Civil, nem sabia bem que curso devia seguir para tal, passei por tantas e terminei Advogado. Conheço um amigo que começou mecânico de escola industrial feita e hoje é formado e exerce Economia e muito bem.
Ora Vamos fazer a transposição da história do Gaspar e colegas para uma dimensão macro do tamanho dum País. O futuro de um País será sempre o que os seus perspectivarem e fizerem no presente já disseram os pensadores como Mahatma Ghandi ou melhor só se pode viver com sentido quando se for alimentado por uma Utopia.
Os Movimentos de Libertação produziram uma razão da sua luta que era a conquista da Independência e construção de uma sociedade justa e de igualdade de direitos para todos. Por esta, conseguiram unidade suficiente para combaterem e obtiveram a independência e ficou a igualdade, mas estão por lá. Depois no meu caso conheci dirigentes do País que tanto lutaram por ele e que sempre orientaram o seu sentido de luta recorrendo ao mesmo principio, apenas para lembrar alguns: fazer da escola base para o povo tomar o poder, fazer da Década 80/90 década da vitória sobre o sub-desenvolvimento, Unango a cidade do Futuro e fazer do Regadio do Chókwè o celeiro da Nação. Um outro veio e disse tanto mas, resumindo dizia: “Trabalhem comigo que o futuro será melhor.” Mais um chegou e disse: “Vamos erradicar a pobreza absoluta e depois a simples pobreza.”
Disto tudo tanto se pode dizer entre elas: eliminamos a nostalgia operária definida por Lenine; conseguimos tornar filho de camponeses em médicos, engenheiros, entre outros; continua a luta pelo desenvolvimento; hoje estamos melhores do que ontem; já não somos a nação mais pobre do mundo; temos o País ligado por estrada, do Rovuma ao Maputo; este ano concluiremos o sonho do Cecil Rhodes; temos todas sedes Distritais electrificadas, melhor rede de estradas, Universidades em todas Províncias; já temos alguns silos agrícolas, Centrais Termoeléctricas, uma Costa melhor protegida, enfim de absolutamente pobres já nada temos.
Aqui eu encontro o sentido de Utopia e ainda a pertinência do texto do meu livro da Primeira classe: Moçambique o que você quer ser quando for grande? Não desistamos de ser utópicos e nem aceitemos que alguém nos faça desistir. Escolhamos o que almejamos ser e vamos à luta; ninguém deve medir a nossa ousadia, temos que ter sim os nossos slogans, nem que seja à moda Obama: “Yes, we can”! O povo precisa disto: palavras de ordem, princípios e ideias a seguir e isto deve tomar um sentido original de casa.
Oh! Eu quando for grande quero ir passar férias num hotel na cidade de Unango! Como é bom sonhar…
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