CENTELHA por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
Na vida, os jogos estão preparados, mas ainda assim, cada um pode escolher a sua partida. Goethe citado pelo Pe. Manuel Maria Madureira da Silva
“PHAKAMA”, segundo a explicação de um amigo, é um termo de origem changana que numa tradução livre significa árvore que nasce por cima da outra. Quer dizer: árvore parasita. A sua existência depende da árvore mãe. Pode até ser uma árvore frondosa e dar frutos suculentos, mas as suas raízes não estão assentes no chão (terra). A actual crise política que ameaça colapsar o “partido do galo” tem a ver essencialmente com a sua génese.
O MDM é fruto da enxertia da Renamo e que, desde a sua turbulenta criação, não soube fazer a diferença, senão perpetuar os defeitos da “perdiz.” Tal como a Renamo, o MDM não foi capaz de construir uma única academia (escola política, para a produção do conhecimento) que servisse de local de reflexão dos problemas que afectam o país, pelo contrário, construí castelos onde cada rei (edil) tem os seus servos. É por esta razão que o MDM circunscreve-se, hoje, às autarquias locais, de tal modo que o partido não tem um eleitorado próprio.
À semelhança da Renamo, o seu eleitorado construiu-se, não com base na sua epístola política (programa do partido), mas sim assente na influência ou popularidade de determinadas figuras intocáveis do partido.
Na vida, os jogos estão preparados, mas ainda assim, cada um pode escolher a sua partida. Goethe citado pelo Pe. Manuel Maria Madureira da Silva
“PHAKAMA”, segundo a explicação de um amigo, é um termo de origem changana que numa tradução livre significa árvore que nasce por cima da outra. Quer dizer: árvore parasita. A sua existência depende da árvore mãe. Pode até ser uma árvore frondosa e dar frutos suculentos, mas as suas raízes não estão assentes no chão (terra). A actual crise política que ameaça colapsar o “partido do galo” tem a ver essencialmente com a sua génese.
O MDM é fruto da enxertia da Renamo e que, desde a sua turbulenta criação, não soube fazer a diferença, senão perpetuar os defeitos da “perdiz.” Tal como a Renamo, o MDM não foi capaz de construir uma única academia (escola política, para a produção do conhecimento) que servisse de local de reflexão dos problemas que afectam o país, pelo contrário, construí castelos onde cada rei (edil) tem os seus servos. É por esta razão que o MDM circunscreve-se, hoje, às autarquias locais, de tal modo que o partido não tem um eleitorado próprio.
À semelhança da Renamo, o seu eleitorado construiu-se, não com base na sua epístola política (programa do partido), mas sim assente na influência ou popularidade de determinadas figuras intocáveis do partido.
Existe um perigo para este tipo de governação: a zanga de um dos reis
(edis) faz estremecer a existência do partido, porque esses carregam
consigo os seus apoiantes. É
o velho problema do tribalismo, regionalismo e localismo que atacam os partidos da oposição. Como diria o meu amigo Nkulu: os membros e simpatizantes desses partidos, amam mais os párocos (os edis) em detrimento da paróquia (o partido). Infelizmente, os párocos passam, a paróquia fica. Mas há mais.
Substituem-se o papel de academias por congressos, estes por sua
natureza são restritivos e muitas vezes servem para legitimar as ideias
dos grupos dominantes que detêm o poder no seio dos partidos políticos. O
exemplo disso são os mais recentes pronunciamentos do edil de Nampula
que ameaça deixar o partido. Não quero acreditar que o mote da zanga
entre Mahamudo Amurane e o seu partido seja por causa da corrupção que
não é um fenómeno novo no país. Bem antes da sua tomada de posse como
presidente do Concelho Municipal da Cidade de Nampula, Amurane sabia que
teria de fazer cedências silenciosas e atender as fomes dos seus
companheiros de trincheira.
Em África recusar estes costumes enraizados na sociedade moçambicana é
cavar a própria sepultura política. Se estamos lembrados, Amurane
exonerou alguns vereadores parasitas indicados pelo seu partido, mas não
conseguiu ainda descentralizar e desconcentrar o poder local.
O braço-de-ferro que impõe contra a liderança do MDM acontece porque
Amurane conseguiu sair do anonimato, tem obra feita, firmou-se
politicamente e possui algumas gorduras financeiras. De contrário, teria
sido excomungado e trucidado politicamente pelo sistema. É uma hipótese
que tenho estado a meditar: se de facto o edil de Nampula decidir
abandonar o partido, o futuro candidato do MDM dificilmente conseguirá
resultados satisfatórios no processo eleitoral autárquico que se
avizinham. Mas a existência de uma academia do partido abriria espaços
de concorrência e formaria pupilos do amanhã e não vaidosos adamastores
do presente.
Outro erro que o MDM comete é de entregar cargos de chefia a
malandros, fanfarrões e sabichões que outrora foram varridos no palco da
vida da Renamo. Conforme escreveu o padre Manuel Maria Madureira da
Silva, o curriculum não mencionam as deficiências, razão
pela qual confia-se cegamente cargos de responsabilidade a aselhas,
corruptos, espiões, etc., que mais tarde criam um clima de crispação no
partido.
Por outro lado, atribui-se, igualmente, cargos de chefia a pessoas que carregam um ódio visceral contra a Frelimo.
Como é óbvio, o ódio não ajuda a pensar positivo, pois distorce a
mente e mina qualquer possibilidade de diálogo e reconciliação entre as
partes. Como a falsa santidade não dura, quando a estiagem lhes acaba e o
preço da fama lhes é caro, tornam- -se um animal perigo não só para o
partido, mas também para o país, porque muito deles dirigem a coisa
pública.
Eu não diria que o MDM tenha acabado ou que esteja à beira de
colapsar (primeiro porque não sou vidente, além de que os furúnculos na
carne humana não significam a sua amputação, pois os conflitos servem
para amadurecer os processos de relacionamento e de decisão) mas uma
coisa, porém, é certa: estão a ser criadas todas as condições
necessárias através de decisões erradas e políticas aberrantes de
“dividir para reinar”, para que o MDM deixe de ser a terceira força
política do país.
Se na Renamo o poder está nas mãos do seu líder Afonso Dhlakama e dos
seus familiares; no MDM são os irmãos Simango que comandam o game, pese
embora, do ponto de vista no político, sejam anões comparativamente a
alguns colossos do partido.
Não se conhece por exemplo nenhum pensamento político (frases
marcantes) de Daviz ou de Lutero, ao contrário do que acontece com as
lucubrações mentais e intervenções acutilantes de Araújo e de Amurane).
Ignorantes? Longe de mim este pensamento.
Mas nesta altura de campeonato em que o presidente Nyusi aumenta o
caudal da sua popularidade devido a métodos de governação samoriano
virados para o povo, outra liderança no MDM e no parlamento (se o
regimento o permitir) exige-se. Caso contrário, a liderança e a
actuação do clã Simango afastará os melhores militantes do MDM, basta
que continue essa “ditadura” (eu sou, eu posso, eu mando). Enquanto for
este o figurino, de familiarização do seu partido, como também acontece
com a Renamo, haverá descontentamento e fricção.
Se é verdade que Dhlakama é um leão sem dentes e que a sua idade está
a entrar no poente para continuar a sonhar com a presidência da
República, não é menos verdade que Simango deve se acostumar com a ideia
de deixar o município da Beira, onde é um verdadeiro imperador, e vir
instalar-se em Maputo para fazer política activa e não esconder-se por
detrás da edilidade, se quiser que os prognósticos do meu conterrâneo
Vaz estejam errados.
Não se engane pelos resultados que teve nos últimos anos, quando o
MDM conquistou mormente algumas autarquias, porque o MDM só existe
politicamente porque a Renamo assim o quer. O MDM é um partido “Phakama”
da Renamo e a sua sobrevivência como tal, como várias vezes disse
Dhlakama, depende da Renamo.
Eternos exemplos de comportamentos negativos e desviantes que
conduzirão o MDM ao colapso seriam aqui elencados, mas, por ora, são
muitos os afazeres académicos e profissionais que vencem com maioria
absoluta o tempo que dispunha para escrever este texto.
Zicomo e um abraço nhúngue a Maria, a Lorena e a Eunice.
WAMPHULA FAX – 13.03.2017
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