Canal de Opinião por Adelino Tomóteo
Que Nyusi está mal acompanhado, não é novidade. Que ele está sem ideias, também não surpreende a ninguém. Que toda a sincronização do Governo dele resulta de improviso, já nos acostumámos a ver, parecendo uma orquestra sem alguma das suas componentes. Que, assim sendo, todo o sentido do Governo de Nyusi de funcionar como orquestra revela a falta de criatividade dos seus próprios conselheiros e dele próprio.
Que, com tantos quadros capazes, a Frelimo o tenha escolhido para ser presidente, continua a ser um caso de estudo e matéria de indignação, porque Nyusi não reúne nenhuma mais-valia que se permite apostar nele e acreditar que será melhor do que nos tem mostrado. Que Nyusi está no seu máximo, isso até os mais incautos sabem. Que é um medíocre, já não se precisa de afirmar, porque toda a gente já teve tempo de formar a sua opinião e está na cara. Senão, vejamos: Nyusi lançou-se, na semana passada, em visitas aos ministérios. A ideia do Nyusi é reeditar a “ofensiva política e organizacional”, mas é um mau cabulador, porque coloca perguntas no lugar onde deviam constar respostas. Inspirado nas passeatas da INAE e do Ministro Tsunami, do Alberto Vaquina ou mesmo do Mano Zaca, em desespero de causa, Nyusi ancorou-se nesta ofensiva como uma bóia de salvação da sua impopularidade, mais pequena por lhe faltar faro que deve orientar um dirigente na verdadeira acepção da palavra.
A ideia de nos querer recordar um Governo empenhado na busca de soluções, como nos momentos mais tenebrosos e de crise, no Governo de Samora Machel, até que podia ser frutuosa, se atendesse algum nexo de casualidade entre o que está em causa, e o que sabemos todos, a economia está em crise, mas estas visitas teleguiadas surgem descontextualizadas, por isso desconexas e intempestivas. Não melhorará a imagem de um Governo medíocre, que não sabe lidar com a economia e busca no populismo o ópio para adormecer um povo faminto.
Que Nyusi está mal acompanhado, não é novidade. Que ele está sem ideias, também não surpreende a ninguém. Que toda a sincronização do Governo dele resulta de improviso, já nos acostumámos a ver, parecendo uma orquestra sem alguma das suas componentes. Que, assim sendo, todo o sentido do Governo de Nyusi de funcionar como orquestra revela a falta de criatividade dos seus próprios conselheiros e dele próprio.
Que, com tantos quadros capazes, a Frelimo o tenha escolhido para ser presidente, continua a ser um caso de estudo e matéria de indignação, porque Nyusi não reúne nenhuma mais-valia que se permite apostar nele e acreditar que será melhor do que nos tem mostrado. Que Nyusi está no seu máximo, isso até os mais incautos sabem. Que é um medíocre, já não se precisa de afirmar, porque toda a gente já teve tempo de formar a sua opinião e está na cara. Senão, vejamos: Nyusi lançou-se, na semana passada, em visitas aos ministérios. A ideia do Nyusi é reeditar a “ofensiva política e organizacional”, mas é um mau cabulador, porque coloca perguntas no lugar onde deviam constar respostas. Inspirado nas passeatas da INAE e do Ministro Tsunami, do Alberto Vaquina ou mesmo do Mano Zaca, em desespero de causa, Nyusi ancorou-se nesta ofensiva como uma bóia de salvação da sua impopularidade, mais pequena por lhe faltar faro que deve orientar um dirigente na verdadeira acepção da palavra.
A ideia de nos querer recordar um Governo empenhado na busca de soluções, como nos momentos mais tenebrosos e de crise, no Governo de Samora Machel, até que podia ser frutuosa, se atendesse algum nexo de casualidade entre o que está em causa, e o que sabemos todos, a economia está em crise, mas estas visitas teleguiadas surgem descontextualizadas, por isso desconexas e intempestivas. Não melhorará a imagem de um Governo medíocre, que não sabe lidar com a economia e busca no populismo o ópio para adormecer um povo faminto.
As visitas de
Nyusi não trarão a eficácia para os problemas que nos enfermam como
nação, porque, se nem ele consegue produzir medidas eficazes sobre o seu
próprio filho, baixemos as expectativas em relação a esperanças.
O estilo temerário de Samora Machel, do Ministro Tsunami e do Mano Zaca suscitavam resultavam ser eficazes. Alberto Vaquina não é temerário, mas com a sua diplomacia, impunha respeito e carisma, cultura de Estado, por isso galvanizou muito Tete. O Nyusi é um pesadelo que esperamos que termine antes de 2019. Um país que tinha um crescimento na ordem de cerca de mais de sete por cento não pode continuar a esperar de um presidente que inventa esquadrões da morte.
E isso resultou do problema de o Governo de Nyusi ser composto por gente com falta de visão e sem iniciativa, com gente que escreve discursos com problemas elementares de português. Tudo o que Nyusi faz começa sempre por ser errado e encontra sempre resistência onde pretende impor-se, porque, a começar dele mesmo, está errado no posto onde está sentado. Não era preciso ter humilhado Dhlakama para negociar um acordo em condições que toda a gente sabe como tem estado a ocorrer, porque desde o início afirmei aqui que a descentralização é a única forma de manter a unicidade do Estado. As matanças deste Governo só reforçaram a oposição contra a Frelimo. Quando se acreditava que a Frelimo abandonou esta metodologia do antanho de impor-se à base de assassinato, Nyusi foi no caixote de lixo buscar formas ortodoxas de fazer política, ressuscitando a lei de fuzilamentos.
Nyusi é um ensaio que espero que os membros do partido Frelimo com poder de decidir não o venham a repetir em matéria de candidatura, porque representa não só um pesadelo, como também um fracasso a nunca repetir. Com ele só regredimos não só na economia como também em matéria de direitos fundamentais.
Não é só no futebol onde está o talento do Nyusi, como também na sua actuação de encobridor do mandato de Alberto Chipande e das dívidas escondidas. Até conseguiu desapontar os quadros das empresas públicas de comunicação, que geralmente estão entre os moçambicanos mais satisfeitos, igualmente como profissionais de imprensa.
Está-se mesmo a ver que a estratégia de Nyusi é transformar Moçambique numa Turquia. Conseguiu afugentar os investidores e agora vai abrir as portas ao investimento turco, sabemos todos à custa de mais sacrifício em matéria de direitos elementares.
Preparem-se para jornais à maneira turca, como o do nosso tristemente célebre ladrão da AMI, que é um dos seus mais favorecidos patrocinados.
Depois não digam que não foram avisados! (Adelino Timóteo)
CANALMOZ – 13.03.2017
O estilo temerário de Samora Machel, do Ministro Tsunami e do Mano Zaca suscitavam resultavam ser eficazes. Alberto Vaquina não é temerário, mas com a sua diplomacia, impunha respeito e carisma, cultura de Estado, por isso galvanizou muito Tete. O Nyusi é um pesadelo que esperamos que termine antes de 2019. Um país que tinha um crescimento na ordem de cerca de mais de sete por cento não pode continuar a esperar de um presidente que inventa esquadrões da morte.
E isso resultou do problema de o Governo de Nyusi ser composto por gente com falta de visão e sem iniciativa, com gente que escreve discursos com problemas elementares de português. Tudo o que Nyusi faz começa sempre por ser errado e encontra sempre resistência onde pretende impor-se, porque, a começar dele mesmo, está errado no posto onde está sentado. Não era preciso ter humilhado Dhlakama para negociar um acordo em condições que toda a gente sabe como tem estado a ocorrer, porque desde o início afirmei aqui que a descentralização é a única forma de manter a unicidade do Estado. As matanças deste Governo só reforçaram a oposição contra a Frelimo. Quando se acreditava que a Frelimo abandonou esta metodologia do antanho de impor-se à base de assassinato, Nyusi foi no caixote de lixo buscar formas ortodoxas de fazer política, ressuscitando a lei de fuzilamentos.
Nyusi é um ensaio que espero que os membros do partido Frelimo com poder de decidir não o venham a repetir em matéria de candidatura, porque representa não só um pesadelo, como também um fracasso a nunca repetir. Com ele só regredimos não só na economia como também em matéria de direitos fundamentais.
Não é só no futebol onde está o talento do Nyusi, como também na sua actuação de encobridor do mandato de Alberto Chipande e das dívidas escondidas. Até conseguiu desapontar os quadros das empresas públicas de comunicação, que geralmente estão entre os moçambicanos mais satisfeitos, igualmente como profissionais de imprensa.
Está-se mesmo a ver que a estratégia de Nyusi é transformar Moçambique numa Turquia. Conseguiu afugentar os investidores e agora vai abrir as portas ao investimento turco, sabemos todos à custa de mais sacrifício em matéria de direitos elementares.
Preparem-se para jornais à maneira turca, como o do nosso tristemente célebre ladrão da AMI, que é um dos seus mais favorecidos patrocinados.
Depois não digam que não foram avisados! (Adelino Timóteo)
CANALMOZ – 13.03.2017
Comments
1
Frank said...
"As
visitas de Nyusi não trarão a eficácia para os problemas que nos
enfermam como nação, porque, se nem ele consegue produzir medidas
eficazes sobre o seu próprio filho, baixemos as expectativas em relação a
esperanças."
Qualquer chimpanzé do Congo faria melhor do que os actuais dirigentes símios de Cabo Delgado.
Qualquer chimpanzé do Congo faria melhor do que os actuais dirigentes símios de Cabo Delgado.
13/03/2017 at 12:33
Elisioísmo VI
A semana mal começou, e eu já estou a escrever o meu último “post” da semana. O assunto é sério. Tem a ver com dois tipos de reacções à crítica que me incomodam. Chamo ao primeiro de “Maria-Queixinha” e é protagonizado por pessoas que fazem parte da corte governamental. Tem acontecido eu criticar alguma coisa feita pelo governo com a qual eu não concordo. O problema aqui é que essa coisa costuma ser da autoria dum assessor ou conselheiro qualquer que ao ver a crítica começa a transpirar de medo ao pensar que o chefe vai ficar chateado com ele por o ter exposto à crítica. Ao invés de reflectir criticamente a crítica, essa pessoa vira-se para o chefe e diz que Elísio Macamo tem alguma coisa contra o chefe. Nos últimos tempos tenho recebido ameaças de todo o tipo (incluíndo as mais graves) acompanhadas de “conselhos amigos” para não criticar os chefes. Já aconteceu a mesma coisa no primeiro mandato de Guebuza quando também criticava o seu discurso anti-pobreza e a deriva samoriana do seu ministro de saúde. Soube através de amigos que quando os Maria-Queixinhas de então foram dizer ao Guebas que eu estava contra ele, ele reagiu mal (contra essas pessoas) e falou-lhes da prerrogativa que eu como académico tinha de falar. Anos mais tarde, ele elogiou na minha presença, mas falando para terceiros, a intervenção crítica que eu fazia. Se um dia tiverem que enfeitar os vossos murais com “Je suis Elísio” não culpem (se não estiverem aliviados, claro) os chefes. Culpem a sua corte que não tem espinha dorsal para debater abertamente.
Chamo ao segundo tipo de reacção de “Choramingueiro” e é protagonizado por pessoas que vivem numa bolha conspiratória. Veem-se como os únicos defensores do povo injustiçado e confundem os seus juízos de valor com a verdade. Quando alguém os interpela, chateiam-se porque acham que a causa do povo está acima da razão e consideram inimiga do povo toda a pessoa que sujeita uma causa justa à crítica objectiva. O problema, contudo, é que raramente discutem os méritos das questões colocadas ou, quando o fazem, prefaciam tudo com choros de estarem a ser impedidos de falar ou criticar. Chegam ao ponto de recorrer à falácia da má companhia para denegrir quem os critica. Essa falácia consiste em estabelecer paralelos entre o que a gente disse e o que uma pessoa reconhecidamente má (tipo Hitler) disse ou algo mau que aconteceu (tipo baleamento de alguém) para desse modo tirar legitimidade à intervenção crítica e dar a entender que todas as reservas que possa haver contra alguma ideia seriam parte duma conspiração contra o povo e seus auto-intitulados advogados. Curiosamente, tenho mais medo desta gente do que dos zelosos “Maria-Queixinhas”, pois na sua agressividade, má-criadagem e intolerância seriam os carrascos mais implacáveis dos “inimigos do povo” se um dia estivessem próximos do poder. Vocês (bom, não todos) não estariam a enfeitar o mural com “Je suis Elísio”, mas sim com “J’étais Elísio”.
Há outros tipos de reacção que não vêm ao caso agora. Só dois rapidamente. Há quem quando não concorda com alguma crítica pede ou para que se faça crítica constructiva ou para que se não critique aquilo que na sua opinião é bom (colocando-se desse modo como o grande juiz do que é bom ou mau). Há também aqueles que acham que um académico não deve ter preferências políticas (sobretudo se essas preferências forem diferentes das suas) e que isso é razão suficiente para que o que ele diz deixe de fazer sentido. Em bom xangan, mas usando o trocadilho de Wazimbu para nâo ferir sensibilidades, a gente diz “sva mambatxi lesvo”.
A semana mal começou, e eu já estou a escrever o meu último “post” da semana. O assunto é sério. Tem a ver com dois tipos de reacções à crítica que me incomodam. Chamo ao primeiro de “Maria-Queixinha” e é protagonizado por pessoas que fazem parte da corte governamental. Tem acontecido eu criticar alguma coisa feita pelo governo com a qual eu não concordo. O problema aqui é que essa coisa costuma ser da autoria dum assessor ou conselheiro qualquer que ao ver a crítica começa a transpirar de medo ao pensar que o chefe vai ficar chateado com ele por o ter exposto à crítica. Ao invés de reflectir criticamente a crítica, essa pessoa vira-se para o chefe e diz que Elísio Macamo tem alguma coisa contra o chefe. Nos últimos tempos tenho recebido ameaças de todo o tipo (incluíndo as mais graves) acompanhadas de “conselhos amigos” para não criticar os chefes. Já aconteceu a mesma coisa no primeiro mandato de Guebuza quando também criticava o seu discurso anti-pobreza e a deriva samoriana do seu ministro de saúde. Soube através de amigos que quando os Maria-Queixinhas de então foram dizer ao Guebas que eu estava contra ele, ele reagiu mal (contra essas pessoas) e falou-lhes da prerrogativa que eu como académico tinha de falar. Anos mais tarde, ele elogiou na minha presença, mas falando para terceiros, a intervenção crítica que eu fazia. Se um dia tiverem que enfeitar os vossos murais com “Je suis Elísio” não culpem (se não estiverem aliviados, claro) os chefes. Culpem a sua corte que não tem espinha dorsal para debater abertamente.
Chamo ao segundo tipo de reacção de “Choramingueiro” e é protagonizado por pessoas que vivem numa bolha conspiratória. Veem-se como os únicos defensores do povo injustiçado e confundem os seus juízos de valor com a verdade. Quando alguém os interpela, chateiam-se porque acham que a causa do povo está acima da razão e consideram inimiga do povo toda a pessoa que sujeita uma causa justa à crítica objectiva. O problema, contudo, é que raramente discutem os méritos das questões colocadas ou, quando o fazem, prefaciam tudo com choros de estarem a ser impedidos de falar ou criticar. Chegam ao ponto de recorrer à falácia da má companhia para denegrir quem os critica. Essa falácia consiste em estabelecer paralelos entre o que a gente disse e o que uma pessoa reconhecidamente má (tipo Hitler) disse ou algo mau que aconteceu (tipo baleamento de alguém) para desse modo tirar legitimidade à intervenção crítica e dar a entender que todas as reservas que possa haver contra alguma ideia seriam parte duma conspiração contra o povo e seus auto-intitulados advogados. Curiosamente, tenho mais medo desta gente do que dos zelosos “Maria-Queixinhas”, pois na sua agressividade, má-criadagem e intolerância seriam os carrascos mais implacáveis dos “inimigos do povo” se um dia estivessem próximos do poder. Vocês (bom, não todos) não estariam a enfeitar o mural com “Je suis Elísio”, mas sim com “J’étais Elísio”.
Há outros tipos de reacção que não vêm ao caso agora. Só dois rapidamente. Há quem quando não concorda com alguma crítica pede ou para que se faça crítica constructiva ou para que se não critique aquilo que na sua opinião é bom (colocando-se desse modo como o grande juiz do que é bom ou mau). Há também aqueles que acham que um académico não deve ter preferências políticas (sobretudo se essas preferências forem diferentes das suas) e que isso é razão suficiente para que o que ele diz deixe de fazer sentido. Em bom xangan, mas usando o trocadilho de Wazimbu para nâo ferir sensibilidades, a gente diz “sva mambatxi lesvo”.