“Por que somos dorminhocos? Vocês não gerem bem as coisas”. Foi com estas palavras que o Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou, ontem, a sua indignação perante a acentuada degradação da Piscina Olímpica do Zimpeto. À sua chegada a este empreendimento construído em tempo recorde para acolher os Jogos Africanos, Nyusi foi confrontado com problemas seríssimos de infiltração de água na zona frontal que dá acesso à piscina principal. Uns passos para frente, novo dilema: as casas de banho estão sem água. Os sanitários estão cobertos por pedaços de caixas de água mineral. Na zona das máquinas, o mais alto magistrado da nação, que era conduzido por Celse Mabjaia, engenheiro e quadro do Fundo de Promoção Desportiva, não teve acesso, numa primeira fase, a duas salas.
Os gestores do Complexo Desportivo do Zimpeto justificaram que não tinham as chaves, algo que não foi do agrado de Filipe Nyusi. “Estes compartimentos que não estão abertos é que me interessam”, referiu Nyusi. Na sala a que teve acesso, não havia iluminação. Água a escorrer no chão. Indignação perante a degradação de uma infra-estrutura desportiva construída às pressas para acomodar os X Jogos Africanos Maputo 2011.
Na piscina de aquecimento, a água não apresenta bom aspecto, pois não é tratada há já algum tempo. “Temos enfrentado problemas de fornecimento de água. Nós temos sido fornecidos água através dos furos existentes no Intaka”, explicou Celse Mabjaia, ao que, seguidamente, o Presidente da República questionou: “Não há um carro que possa fornecer água?”. Sem pestanejar, Mabjaia respondeu: “Não, excelência, por causa dos custos”.
Segundos depois, o Presidente da República abordou com simplicidade Jossias, uma das pessoas afectas à piscina de competição. E questionou: “Esta bomba está boa? De quanto em quanto tempo é fornecida água? Quem sabe como funciona esta piscina?”. Firme, Jossias respondeu: “As nossas bombas funcionam quando há água. Se tiver água, não pára”. Perante as respostas de Jossias, Filipe Nyusi concluiu: “Estava a dizer que de quinze em quinze dias é preciso água. Então, esta piscina não é sustentável?”, questionou aos gestores. Filipe Nyusi voltou à zona das máquinas e, com as salas já abertas, deparou-se com falta de iluminação e problemas de infiltração.
De salientar que a piscina de competição (50×25 metros) tem 10 corredores e dois metros de profundidade máxima. A de treinamento, com 50×20 metros e uma profundidade de 1,5 metro, comporta oito corredores. Estas piscinas tem capacidade conjunta para 1 500 espectadores. Nyusi visitou, ainda, o Fundo de Promoção Desportiva, o Instituto Nacional do Desporto e vários compartimentos do Estado Nacional do Zimpeto.
Depois de um encontro com o movimento associativo juvenil, o Presidente da República mostrou a sua indignação perante o que viu na Piscina Olímpica. Nestas instituições subordinadas ao Ministério da Juventude e Desportos, Filipe Nyusi quis saber dos trabalhadores se efectivamente sabiam qual é o seu papel e se o têm desempenhado bem. Nyusi questionou ainda os gestores do complexo desportivo do Zimpeto sobre os contornos do arrendamento de um dos espaços de lazer, na zona da Piscina Olímpica, cujo arrendatário desapareceu com as chaves, há quase um ano. O Chefe de Estado disse não fazer sentido o estado de degradação das infra-estruturas, quando foram nomeadas pessoas capazes de fazer a sua gestão.
Já lá vão cinco ministérios visitados pelo Engenheiro Nyusi e em todos, houve coisas que enervaram o chefe do Estado. Regra-geral, é a inércia dos dirigentes nomeados para dirigirem os processos: Directores de Infraestruturas que "dirigem instalações sem energia, sem lâmpadas ou água"; Directores de Cultura que vivem reclamando de fundos ou Directores que vivem esperando que clientes paguem as suas facturas há anos, etc.; Directores que são "comidos" pelo sistema e esquemas corruptos em adjudicações a contratos de obras públicas.
Faltam ainda 17 ministérios por visitar, mas aposto que o cenário será o mesmo. E é aqui onde está o problema. Não é necessariamente a questão dos ministros ao nível pessoal. É a sua capacidade de montar e desmontar as necessárias peças para pôr a máquina a funcionar. E é aqui onde reside a podridão: como se chega aos cargos de direcção? Quais têm sido os critérios de selecção ou nomeação? Como é que o ministro do pelouro faz o seguimento do trabalho dos seus directores e dos elementos abaixo deste? E como segue o plano de trabalho aprovado?
Por exemplo, sabendo que o Presidente visitaria as instalações do Zimpeto, o Presidente ficou por algum tempo impedido de visitar alguns compartimentos por falta das chaves. O Director das Infraestruturas sabia que o PR visitaria aquele local mas não fez seu trabalho.
Portanto, quando todas manhãs, os diretores entram em seus gabinetes e tocam a falar ao celular e a whatsaapar, "fechar boladas" ou lamber a bota do "Secretário do partido local ou superior" nada mais podemos esperar senão a decepção testemunhada pelo próprio Presidente, portador da "promessa" que deve ser materializada por estes directores.
Ainda bem que o Presidente está a ver sozinho os problemas criados pelo laxismo e desleixo; é isso aí chefe o que testemunhamos e sofremos todos os dias.
Ainda bem que o Presidente está a ver sozinho os problemas criados pelo laxismo e desleixo; é isso aí chefe o que testemunhamos e sofremos todos os dias.
A estas alturas deveríamos ouvir um outro discurso; evidências de um país que está alcançar os seus propósitos de governação; relatos que mostram que, apesar das dificuldades, os homens e mulheres confiados para dirigirem o país estão a fazer o seu melhor e estão alcançar resultados incríveis! Mas nada.
E quando os outros colegas brilham nas mesmas condições, odeiam-no, ventilam fofocas de toda estirpe e montam esquemas para o "degolar lá no partido".
E quando os outros colegas brilham nas mesmas condições, odeiam-no, ventilam fofocas de toda estirpe e montam esquemas para o "degolar lá no partido".
Estão a sabotar! O país não vai avançar se cada um não fizer a sua parte. O que orgulha a um Director de Infraestruturas por exemplo gerir infraestruturas com infiltração, falta de água, sem energia...é gestor quê?
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