"Não vamos conseguir recuperar a nossa civilização com os bebés dos outros", afirmou o congressista republicano, numa declaração de apoio à campanha anti-islâmica do holandês Geert Wilders.
O congressista republicano Steve King, do Iowa, é um apoiante assumido de Geert Wilders, líder da extrema-direita holandesa, e voltou a manifestar o seu apoio às suas políticas anti-islâmicas este domingo, em declarações controversas que motivaram várias reacções na imprensa e dentro e fora de Washington.
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“Wilders compreende que a cultura e a demografia são o nosso destino. Não vamos conseguir recuperar a nossa civilização com os bebés dos outros”, escreveu este domingo o congressista do Iowa no Twitter, a par de um cartoon que mostrava Geert Wilders a tapar as fissuras de uma barragem identificada como “Civilização Ocidental”, sob pressão de uma “inundação” do Islão.
O cartoon tinha sido publicado por uma conta do Twitter que apoia candidatos e plataformas europeias de extrema-direita. Geert Wilders, único militante do seu Partido da Liberdade (de extrema-direita, anti-União Europeia e antimuçulmano), está na corrida às legislativas na Holanda, que se realizam esta quarta-feira, com propostas como proibir a venda do Corão, fechar mesquitas, proibir a entrada de imigrantes de países islâmicos e expulsar criminosos com dupla nacionalidade.
Os media norte-americanos recordam que King nunca escondeu a sua visão sobre pessoas que não são brancas, cristãs e nascidas nos EUA, assim como o seu apreço por Geert Wilders.
A sua tomada de posição no último domingo, no entanto, gerou novas acusações de que o congressista estaria a defender teses racistas.
O presidente do Partido Republicano no Iowa, Jeff Kaufmann, já veio deitar água na fervura. "Não concordo com a declaração do congressista King. Somos uma nação de imigrantes, e a diversidade é a força de qualquer nação e de qualquer comunidade”, afirmou, citado pelo portal The Hill.
Outras das vozes republicanas que se ergueram (poucas, nota a BBC) são a do ex-governador da Florida, Jeb Bush, que reforçou o argumento de que "a América é uma nação de imigrantes", e de Pat Garofalo, parlamentar do Minnesota, que se manifestou abertamente contra as declarações de King, acusando-o de ser um “falso conservador” e um “falso republicano”.
“Uma América tão homogénea que sejamos todos parecidos”
Esta segunda-feira, num programa da CNN, o congressista do Iowa defendeu o seu tweet a apoiar as visões de Geert Wilders. “Claro que quis dizer exactamente aquilo que disse”, declarou Steve King no programa New Day.
“Já estive na Europa e tenho dito isto há pelo menos dez anos”, afirma o congressista. “É uma mensagem clara. Precisamos aumentar as nossas taxas de natalidade ou então a Europa vai estar completamente transformada daqui a pouco mais de meio século. Geert Wilders sabe disto, e isso faz parte da sua campanha e da sua agenda”, disse.
No programa, King criticou a imigração ilegal para os Estados Unidos e os imigrantes que “não assimilam a cultura americana”.
“Viverem em enclaves, recusarem-se a assimilar a cultura e a civilização americana. Alguns abraçam-na, sim. Mas muitos ficam duas e três gerações a viver em enclaves que estão a contra-atacar agora e a resistir à assimilação”, acusou.
“Isto é um esforço da esquerda para destruir a civilização americana, a cultura americana, e torná-la algo totalmente diferente”, acusa King esta segunda-feira. “Sou um defensor da civilização ocidental e, sim, a língua inglesa é uma grande parte dela. É um portador de liberdade”, afirmou.
King também enfatizou a sua visão da “civilização ocidental” como “uma civilização superior”. “Gostava de ver uma América tão homogénea que sejamos todos parecidos, nessa perspectiva”, disse.
O congressista garante, no entanto, que a sua posição “não tem que ver com raça”. “Nunca foi sobre raça”, defende, sublinhando que já tinha defendido os seus argumentos a favor da "civilização ocidental" durante a Convenção Nacional Republicana no Verão de 2016, que descreveu na altura como tendo sido animada por “pessoas brancas ruidosas e insatisfeitas”.
Mas isso não é claro, mesmo entre os seus apoiantes. De resto, as declarações de Steve King foram subscritas por David Duke, antigo líder do grupo racista Ku Klux Klan (KKK), que apontou como um exemplo a maioria branca dos representantes eleitos por um dos distritos do Iowa, onde "a sanidade reina com supremacia".
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