Desde os cinco anos a viver em Portugal, Kadijatu Djandy viu a sua renovação de residência negada aos 19 anos por ter ficado na Guiné-Bissau mais de seis meses a apoiar a família. Há quase um ano que espera resposta do SEF.
Kadijatu Djandy tem 19 anos, é guineense, e vive em Portugal desde que tem cinco anos. Tinha uma autorização de residência temporária, por isso de dois em dois anos ia renová-la ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A viver com a mãe, que entretanto recebeu a nacionalidade portuguesa, e o irmão que já nasceu em Lisboa, Kadijatu Djandy foi a Guiné-Bissau pela primeira vez em Julho de 2014.
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Durante as férias, a avó adoeceu, e a sua mãe decidiu ficar a tomar conta dela. Não tendo meios de subsistência em Portugal, Kadijatu Djandy manteve-se na Guiné-Bissau com a família: então com 17 anos, inscreveu-se na Escola Portuguesa. Regressou em Setembro de 2015, mas quando foi pedir a renovação da sua autorização de residência, em Maio, o SEF negou-a.
Dias depois da recusa, Kadijatu Djandy enviou uma justificação ao SEF, já que a lei diz que que quem tem autorização de residência temporária não se pode ausentar do país por mais de seis meses. Desde então que o seu pedido esta em análise.
Mas entretanto a jovem, agora matriculada na Escola Secundária Marquês de Pombal, teve que escolher um curso (Multimédia) que não queria frequentar pois a sua primeira opção era Comércio e não encontrou um lugar com esse curso que a aceitasse. Ela e a mãe Aissatu Baio percorreram, aliás, várias escolas, conta a mãe ao telefone.
Não pode passar até mostrar o documento
Na escola, se não apresentar a autorização de residência até ao final do ano lectivo, em Junho, é como se não tivesse frequentado o ano – não pode passar até mostrar esse documento, confirma o director, Jaime Carlos.
“Fiquei assustada, estou a estudar e todo o ano pode ser em vão”, lamenta. A jovem achava que iriam ser apenas uns quatro meses, no máximo, até lhe entregarem a renovação, mas até agora continua a não ter os descontos no passe social (já pagou várias multas porque não tem dinheiro suficiente para pagar o passe cujo valor é um quarto dos 200 euros que o pai lhe envia mensalmente). Também não consegue ter desconto na cantina da escola para almoçar. Nem consegue trabalhar sem título de residência. “Já fui ao SEF tantas vezes. Dão-me uma folha a declarar que pedi a renovação. Estou em casa da minha tia, que não tem muitas condições. Porque a minha mãe não arranjava trabalho e foi para a Alemanha. O meu irmão está na Guiné com o meu pai”.
Está “em choque” com o que lhe aconteceu: “Nunca pensei que isso me pudesse afectar tanto no meu dia-a-dia.” Mas não quer desistir de Portugal. “Cresci aqui, sinto-me daqui”, afirma.
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