quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Governo insiste que a greve é ilegal e continua a falar em fraca aderência

 
No terreno os factos desmentem o Governo. Nos hospitais de referência o atendimento às pessoas continua problemático.
O Governo diz que até esta quarta-feira cerca de 70 médicos continuavam em greve de um universo 320 médicos afectos àquela unidade sanitária. Mas estes números foram prontamente desmentidos pela Associação Médica de Moçambique.

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Maputo (Canalmoz) – A greve dos médicos continua apesar do Governo na sua propaganda estar a tentar fazer crer que os médicos estão a desistir. O Governo chamou ontem a imprensa não para anunciar a solução para os problemas dos médicos mas para voltar a insistir que a greve é ilegal o que, de resto, já foi desmentido por juristas que dizem que o direito à greve está consagrado na constituição e a falta de regulamentação não retira um direito consagrado na Lei mãe.
O governo no encontro de ontem com a Imprensa reafirmou a sua ameaça aos médicos em greve. Alegou que serão considerados faltosos e tratados à luz do Estatuto dos Funcionários Públicos, como forma de continuar a intimidar a classe médica que no entanto parece não vergar perante o que insistem em considerar “arrogância do governo”.
Martinho Djedje, director dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, repetiu em conferência de imprensa o mesmo discurso que o Governo mantém desde o início da greve: “Os hospitais estão a funcionar normalmente”. Questionado se o “normalmente” se aplicava ao Hospital Central, unidade onde a greve causou mais impacto” a fonte admitiu que o HCM continua a ressentir-se da greve. O Governo diz que até esta quarta-feira cerca de 70 médicos continuavam em greve de um universo 320 médicos afectos àquela unidade sanitária. Mas estes números foram prontamente desmentidos pela Associação Médica de Moçambique. Persiste a manipulação da informação sobre a greve, alegam os médicos que permanecem irredutíveis nas suas posições.
Djedje que colocou em causa a aderência dos médicos à greve, não foi capaz, através de provas reais, de demonstrar quantos médicos estão nos hospitais e quantos estão em greve no País. Apenas diz que a aderência é fraca.
Governo diz que continua aberto ao diálogo
Ontem depois de reafirmar que os grevistas são faltosos e serão penalizados, o director dos recursos humanos Martinho Djedje voltou a falar de abertura para o diálogo da parte do Governo, dando assim objectivamente a entender que de facto o impacto da greve persiste.
Sobre o que está a ser feito neste momento (para além das ameaças) por parte do executivo, Martinho Djedje disse que o governo “está a procurar soluções para problema. Só não posso dizer até quando irá resolver a preocupação dos médicos, dado que o salário dos médicos assim como de todos os profissionais da saúde não depende apenas do Ministério, mas, sim, de outras instituições do governo como o Ministério das Finanças e da Função Pública”, disse. (Raimundo Moiane)

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