O antigo secretário-geral da Frelimo e ministro na Presidência
para Assuntos Sociais, Feliciano Gundana, diz que houve um grupo de
pessoas que tentaram desestabilizar e inviabilizar a unidade na criação
da Frelimo para lutar pela independência nacional.
Falando perante cerca de uma centena de pessoas, entre quadros
seniores da Frelimo, académicos e estudantes secundários, Gundana
afirmou que a UDENAMO, um dos movimentos dos quais surgiu a Frelimo, não
queria a união com a UNAMO e MANU, e tentou desestabilizar a preparação
da luta pela independência. “Eles não queriam a unidade. Tentaram
desestabilizaram um grupo de 50 membros da Frelimo que iam treinar na
Argélia, alguns dos quais acabaram por desertar do movimento. Na
verdade, eles pensavam que a Frelimo é um movimento para produzir
dinheiro e beneficiar os membros”, afirmou.
A onda de distúrbios não parou por aí. Ainda na palestra, realizada
no âmbito dos 50 anos da Frelimo, Gundana recordou-se de um episódio em
que os combatentes que acabavam de regressar da formação militar, na
Argélia, tentaram uma deserção, exigindo subsídios de oficiais. “Eles
ouviram que os outros, do primeiro grupo, receberam um subsídio, que não
era grande coisa, e eles, como oficiais, não podiam ser tratados como
os outros soldados rasos. Por isso, depois, não queriam vir a
Moçambique, exigindo este valor. Recordo-me que lhes dissemos que a
Frelimo não tinha meios para fazer isso, e foi preciso, até, a
intervenção do grupo dos 11, um grupo da ONU, para resolver este tipo de
conflitos”, explicou.
O PAÍS – 27.02.2012