Enquanto o relógio está na sua ordem decrescente para o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na África do Sul, convocar o seu próximo congresso, em Dezembro deste ano, em Mangaung, província sul-africana de Free State, a luta pela sucessão à liderança do partido tende a intensificar, com quadros seniores a distanciarem-se da reeleição do Presidente, Jacob Zuma.
Há sensivelmente três semanas do início das nomeações de candidatos para a liderança da organização, jornais sul-africanos escrevem que muitos dirigentes viraram as costas contra Zuma, para um segundo mandato na liderança do maior movimento de libertação em África.
Pallo Jordan, veterano do ANC e ex-membro do Executivo do antigo Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, falou, há dias, sobre a necessidade de o congresso eleger dirigentes com coragem e moral e capazes de fazer face a casos de corrupção no país.
Pallo Jordan, veterano do ANC e ex-membro do Executivo do antigo Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, falou, há dias, sobre a necessidade de o congresso eleger dirigentes com coragem e moral e capazes de fazer face a casos de corrupção no país.
Além de Jordan, há ainda vozes no seio do partido que se opõem a reeleição de Zuma.
O semanário sul-africano Sunday Times, editado em Joanesburgo, diz que campanhas anti-Zuma estão sendo lançadas na sua terra natal, KwaZulu-Natal, como forma de fazer face a percepção de quele não será desafiado no congresso.
Grupos de oposição a releição reuniram – se em Sandton, arredores de Joanesburgo, onde escolheram o vice-Presidente do ANC, Kgalema Motlanthe, e Tokyo Sexwale, este último Ministro dos Assentamentos Humanos, como candidatos para Presidência e vice-Presidência do partido.
O analista político e escritor sul-africano, William Gumede, considera que o ANC está a atravessar momentos difíceis, sublinhando que a sua única esperança reside na figura do seu vice-Presidente.
Gumede é de opinião de que mais um mandato para Zuma vai resultar em “paralisia” de governação.
Ele adverte que até a realização do congresso haverá “ansiedade” e “incerteza” para os sul-africanos, prevendo se que a tragédia de Marikana seja o principal foco dos oponentes de Zuma.
Segundo ele, a reeleição de Zuma poderá tornar ainda pior o estado de paralisia da sua governação.
Motlanthe, que “desapareceu” do sistema burocrático do ANC, é apontado como alternativa para o partido.
Gumede acredita que a continuar Zuma na liderança, o ANC assistirá facções, face a contínua “desconexão” entre militantes e os seus dirigentes, situação que, segundo o articulista, elevará os protestos no país.
AIM – 09.09.2012