Como alguém disse, o “messiânico” relatório da Kroll aí está! E depois?
Noto, com algum gozo, um misto de frustração e desespero. Houve quem andou a basear a sua análise na narrativa do roubo e da descomunal vontade de ver pessoas presas, custasse o que custasse. Ultrajaram pessoas e famílias, apenas na base do ódio, fofoca, intriga e senso comum, sobretudo vinda de pessoas diplomadas, cuja capacidade de análise supunha-se impoluta. Por estas horas Makuta Nkondo deve estar orgulhoso de, mais uma vez, a sua tese ter vingado: “o meu avo já dizia que vocês que estudaram muito parecem mais analfabetos…”
Hoje já é indisfarçável que para alguns não há outro caminho para a PGR senão mandar prender pessoas. Com que base e a custa de que?
Ouvi o discurso do Presidente da República, na Praça da Dipanda, carregado de muito optimismo, como resultado da publicação do relatório pela Kroll. Senhor Presidente eu bem gostaria de estar enganado, mas não acredito que o seu optimismo seja suficiente para levar o FMI e seus acólitos a retomarem ajuda a Moçambique. Acredito que leu a reacção do FMI a publicação do relatório, pelo que só posso conceber esse optimismo enquadrado numa fé que remove montanhas.
Confesso que esperava ouvir-lhe repetir o discurso da necessidade do impulso da produção nacional como condição para melhorarmos as nossas vidas, mas ouvi-lhe mais preocupado em ver os parceiros internacionais retomarem a ajuda. Não só fico na dúvida se a estratégia é produzir ou esperar, de mão estendida, o apoio dos parceiros, como também e sobretudo, esperava que no dia da nossa independência exortasse os moçambicanos a lutarem, cada vez mais, pela independência económica e nunca pela dependência do FMI e seus parceiros.
A esperança da retoma da ajuda – que se supunha acontecer em Julho de 2016 – já vai longa e tenho fundados motivos para crer que ela poderá vir, mais tarde do que se espera e, com ela, o cortejo de exigências, próprias do FMI. Que tal perguntar a Portugal e a Grécia?
Enfim, aí está o relatório, mas na terça-feira a romaria nos my love continuará, às crianças continuará a faltar pão, nos hospitais ainda está patente a falta de fármacos básicos, o poder de compra continua baixo…em suma: continuamos iguais ao dia 24 de Junho de 2017.
Espero que não se pense que a prisão de alguém – que em Direito não acontece ao sabor de quem mais grita ou instruiu a PGR – será messiânica, pois o tão esperado e aclamado relatório é um embuste!
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