domingo, 30 de junho de 2019

PR congolês anuncia operações militares em larga escala contra violência na RDCongo


Félix Tshisekedi pretende trazer estabilidade à província de Ituri, zona noroeste do país, que tem sido assolada por graves episódios de violência direcionada à população civil.
STR/EPA
Autor
  • Agência Lusa
O Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, anunciou hoje operações militares na província de Ituri, no nordeste da República Democrática do Congo, para estabilização daquela região, com graves episódios de violência contra a população civil.
Num discurso à nação, a propósito do 59.º aniversário da independência do país, o chefe de Estado, no cargo há cinco meses, diz que o seu objetivo é a paz e a estabilização, num país com graves problemas de segurança.
Recentemente, registaram-se novos episódios de insegurança na província de Ituri, no nordeste da RDCongo, tendo Tshisekedi anunciado hoje operações em grande escala para restaurar a autoridade do Estado.
“O último caso de ressurgimento da insegurança em Ituri afeta-me profundamente porque é um grande passo atrás em termos de pacificação. Assim, ordenei às Forças Armadas que conduzissem operações em larga escala nos territórios de Djugu e Mahagi”, disse Tshisekedi, num discurso citado pela Rádio Okapi, que opera ao abrigo da missão de paz da ONU para a RDCongo (MONUSCO).
O chefe de Estado disse ainda que haverá operações do Exército também em Minembwe, na província de Kivu do Sul, para pôr um fim definitivo à atividade dos grupos armados naquela parte do país.
As comemorações da independência da RDCongo estão hoje a ser feitas em Ituri, a província fortemente afetada pela insegurança, numa mensagem de força do Estado e de solidariedade para com as vítimas da violência.
A região de Ituri foi palco de um conflito entre agricultores (Lendu) e criadores de gado (Hema) entre 1999 e 2003, que resultou num balanço de dezenas de milhares de mortos, mas os últimos incidentes semelhantes na zona remontam apenas ao início de 2018.
Tanto a província de Ituri como a de Kivu Norte estão ainda a ser assoladas por uma epidemia de Ébola.
Na passada quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou o reforço da presença dos capacetes azuis na província de Ituri por considerar “frágil” a segurança da população local.
Durante uma conferência de imprensa em Kinshasa, o tenente-coronel Claude Raoul Djehoungo, porta-voz militar da Missão das Nações Unidas no país, disse que o dispositivo de segurança foi reforçado na província de Ituri (nomeadamente nos territórios de Djugu, Mahagi Bunia e arredores), com o estabelecimento de uma equipa adicional com helicópteros de combate com um triplo objetivo: continuar a garantir a proteção das populações com uma presença preventiva e dissuasora; facilitar o acesso da ajuda aos deslocados internos com grande necessidade, e estar ao lado das Forças Armadas da RDCongo na luta contra os autores da violência.
Segundo os dados da Agência de Refugiados das Nações Unidas, desde o início de junho, a intensa violência intercomunitária no território de Djugu forçou mais de 300 mil pessoas a fugir e buscar refúgio nos territórios vizinhos.
O governador da província de Ituri, Jean Bamanisa Saidi, disse que os conflitos armados fizeram mais de 160 mortos só entre 10 e 12 de junho.
A República Democrática do Congo tornou-se independente em 30 de junho de 1960 da Bélgica.

Sem comentários: