Há quem possa pensar que o Eduardo Magalhães é uma caricatura de ficção no universo da política e da sociedade, em geral, na Re(i)pública da Angola do MPLA. Não! É mesmo uma daquelas personalidades que copia e inventa muitos malabarismos para continuar a gozar das boas graças dos Senhores da Guerra, os comandantes-chefes da oligarquia angolana.

Por Domingos Kambunji
O Eduardo demorou um enorme volume de parágrafos para elogiar o último congresso extraordinário do MPLA, que teve nada de extraordinário. À semelhança de análises anteriores, classificou este congresso de histórico.
Ele dizia exactamente o mesmo sobre os congressos e outros espectáculos de comédia política do MPLA no tempo do José Eduardo dos Santos. Estamos em crer que se o convidassem para fazer a apologia das campanhas políticas do Donald Trump, do Putin, do Rodrigo Duterte das Filipinas, do Obiang da Guiné Equatorial, do Nicolás Maduro da Venezuela… diria exactamente o mesmo que diz sobre João Lourenço, só trocaria o nome do actor principal da tragicomédia.
Exactamente como em congressos anteriores, o Eduardo classifica o último congresso extraordinário do MPLA como histórico. De facto esses congressos têm sido sempre muito históricos por conduzirem o país para a proliferação de histórias muito tristes, que contribuíram e contribuem para que Angola continue entre os países mais atrasados do mundo inteiro, situando-se no lugar 141, entre os piores dos piores, de acordo com a avaliação do Legatum Institute.
Nem o facto de o general Disciplina ter colocado as Forças Armadas Angolanas ao serviço do MPLA, em “prontidão combativa elevada”, acorda o Eduardo Magalhães das alucinações tão disparatadamente fanáticas.
É por isso que, no futuro, as pessoas não ficarão espantadas se após os próximos congressos do MPLA lerem exactamente a mesma crónica do Eduardo Magalhães, onde será substituído o nome do presidente do MPLA pelo nome do que vier a seguir, se o João Lourenço não der ordens superiores ao “paraLamento” para reescrever a Constituição, com o objectivo de ser presidente vitalício, tal como fizeram os chineses com o Xi Jinping.
Então vamos tirar algumas fotografias do pensamento anquilosado do Eduardo Magalhães e comentá-las:
1. O Eduardo disse que, durante o congresso extraordinário do MPLA, João Lourenço falou para toda a nação. Onde é que está a novidade? Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos também falaram para toda a nação e essa demagogia não impediu a prática de crimes pelos presidentes e dirigentes do MPLA, nem contribuiu para que a Re(i)pública da Angola do MPLA abandonasse a posição que ocupa entre os países mais atrasados e injustos do mundo inteiro.
2. O Eduardo disse que o MPLA é o partido com maior capilaridade no nosso país? Essa capilaridade não obedece ao princípio dos vasos comunicantes das leis da Física. É por isso que na Re(i)pública da Angola do MPLA sobrevivem tantos milhões com muitíssimo pouco e vivem poucos com muitíssimos milhões.
3. João Lourenço com o discurso no congresso atingiu em cheio os anseios dos angolanos, nas mais variadas vertentes? Criou quantos empregos? Melhorou quantos hospitais? Construiu quantas escolas? Acabou com a epidemia de sarna na Huíla? Exonerou as mortes devido à fome no Bié, no Cunene, no Cuando Cubango?… Exonerou a malária? Melhorou o Sistema de Ensino nas escolas elementares e universitárias? Pagou as dívidas do fiado no estrangeiro? Interrompeu a desvalorização cavalgante do kwanza?…
4. João Lourenço acrescentou mais membros ao Comité Central do MPLA… O que tem isso de inovador num país em que todos obedecem apenas às ordens superiores de uma só pessoa, o presidente-rei com todos os poderes?
5. O Eduardo diz que o João Lourenço falou da renovação do partido? Quantas renovações já fez o MPLA desde a sua fundação “como factor inseparável à superação dos novos desafios no nosso país”, para depois se manter na prática a implementar os sempre mesmos vícios antigos?
6. O Eduardo disse que João Lourenço é fiel aos princípios que norteiam o MPLA? Será que ele queria dizer aos valores que desnorteiam? Quais são esses valores que norteiam ou desnorteiam o MPLA, um partido que muda de ideologia mais vezes do que um ser humano, com higiene apurada, muda de roupa interior? Serão os princípios dos acordos de Alvor? Serão os princípios quando decidiu iniciar a guerra civil em Angola? Serão os princípios quando decidiu fuzilar muitas dezenas de milhar de angolanos do 27 de Maio de 1977? Serão os princípios quando finalmente conseguiu a paz para os seus generais e dirigentes roubarem o dinheiro do Estado?…
7. O presidente sabe que a economia é a base que o sustentará como um politico forte? Então até agora, com tantas desvalorizações do kwanza e com os paupérrimos salários mínimos nacionais, o presidente está-se a revelar um político muito fraco!
8. João Lourenço defende a diversificação da economia, tornando-a cada vez menos dependente das receitas da exportação do crude? Então porque é que em vez de andar a plagiar os discursos do Zédu não diversificou ainda? João Lourenço prometeu fazer mais com menos dinheiro. Até agora é famoso por viajar muito para pedir mais e mais fiado.
O respeito pela Liberdade de opinião não nos obriga a aceitar como lógicas as lengalengas absurdas e fanáticas de bocas de aluguer, como é o caso do Eduardo Magalhães.
Adaptando para esta situação um poema de um poeta muito conhecido, fica no ar a pergunta: “Se o MPLA diz que quer fazer porque é que não quer fazer” e gasta o tempo todo só a prometer?