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Nyusi distancia-se de Helena Taipo
A vez de enfrentar a justiça última
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Ndambi Guebuza Inês Moiane 7HyÀOR1KDQJXPHOH Bruno Tandane
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TEMA DA SEMANA 2 Savana 29-03-2019
S
implesmente aterradora.
É como se pode descrever
a acusação do Ministério
Público (MP) referente ao
célebre caso das dívidas ocultas. O
documento de 120 páginas, liberto
esta semana pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, mostra
como 20 arguidos delapidaram o
património do Estado, endividando o país em mais de 2 biliões de
dólares, e colocando em causa o
futuro de 28 milhões de moçambicanos.
Segundo a acusação do Ministério
Público, altas figuras do Estado e
pessoas próximas do então Presidente Armando Guebuza, formaram uma associação para delinquir,
desgraçaram o povo moçambicano
e corroeram a credibilidade do Estado prejudicando a economia nacional.
Renato Matusse, antigo Conselheiro Político de Armando Guebuza; Inês Moiane, Secretária
Particular de Guebuza, Ndambi
Guebuza, filho do então chefe de
Estado; Gregório Leão, antigo
Director Geral do SISE; António
do Rosário, funcionário sénior do
SISE; Bruno Tandane e Teófilo
Nhangumele, amigos de Ndambi
Guebuza são parte dos 20 arguidos
que receberam dinheiro do Grupo
Privinvest com o fim único de delapidar o Estado. O dinheiro em
causa foi gasto em festas, viagens,
mulheres, aquisição de imóveis e
viaturas de luxo.
O processo que ostenta o número
130/11/P/2019 já está na Sexta
Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo sob comando do
juiz Rui Daune, o mesmo que há
dias condenou Amélia Sumbana,
antiga embaixadora de Moçambique nos Estados Unidos da América, a 10 anos de prisão.
A acusação por várias vezes cita o
nome de Manuel Chang, antigo
Ministro das Finanças, como um
dos cabecilhas do escândalo, mas
tratando-se de uma figura com
fórum especial, já que é deputado
da Assembleia da República, o seu
processo será tramitado pelo Tribunal Supremo.
De acordo com a acusação, os arguidos aplicaram os valores recebidos para o pagamento de imóveis
de habitação, diversos bens e serviços. O documento descreve como
cada arguido usou o dinheiro recebido da Privinvest, a empresa beneficiária das dívidas ocultas, sediada
em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e que tem como administrador o libanês Jean Boustany,
ora preso nos Estados Unidos.
Contudo, a acusação não refere
como Ndambi Guebuza, o filho do
então estadista Armando Guebuza,
usou os USD 33 milhões que recebeu no esquema.
Renato Matusse
Conselheiro para Assuntos Políticos do antigo Presidente Armando
Dívidas ocultas
Como se gasta o dinheiro fácil
Guebuza, Renato Matusse, assumiu, de acordo com a acusação do
MP, o papel de facilitador na flexibilização dos interesses da Privinvest em Moçambique e de intermediação.
Diz a acusação que Renato Matusse conheceu os senhores Jean Boustany e Iskandar Safa, dirigentes do
Grupo Privinvest, que tinham ido à
Presidência da República para um
encontro com o Chefe de Estado.
Foi Renato Matusse que preparou e organizou a visita do então
chefe de Estado aos Emirados
Árabes Unidos, sede da Privinvest
e a França onde se localizam os estaleiros da Abu Dhabi Mar LLC,
companhia responsável pela construção dos barcos.
“Aproveitando-se da sua qualidade de conselheiro do Presidente
da República, e com pretexto de
influência sua na flexibilização dos
interesses do Grupo Privinvest em
Moçambique e de intermediação, o
arguido recebeu deste grupo o valor
global de dois milhões de dólares”,
refere.
Como forma de ocultar a sua ligação com o valor e, sobretudo, ocultar a sua proveniência, no lugar de
receber o valor directamente nas
suas contas, o arguido identificou
os bens que pretendia comprar e
remeteu as especificações das contas dos vendedores à Privinvest
que, por sua vez, transferiu os respectivos valores de compra directamente às contas dos mesmos.
Foi nessa linha que Matusse comprou de Neusa Matos, antiga assessora jurídica de Armando Guebuza, um apartamento na avenida
Julius Nyerere, na cidade de Maputo, ao preço de USD 450 mil.
Para tal, solicitou à Privinvest que
transferisse directamente da sua
conta em Abu Dhabi para as contas de Neusa Matos em Portugal e
em Moçambique. Além dos 450
mil dólares da compra da casa, Renato Matusse ordenou a Privinvest
para transferir mais 150 mil dólares
para a conta da sua antiga colega
na Presidência da República. Uma
vez recebido o valor, Neusa Matos
o reencaminhou para Matusse.
Acto contínuo, Renato Matusse ludibriou o Estado declarando às autoridades competentes que o imóvel custou 150 mil dólares. Dessa
forma, Matusse evitou pagar o valor real do SISA. Pouco depois, o
antigo assessor político de Armando Guebuza vendeu o apartamento
em alusão a uma empresa denominada Okanga Representações, ao
preço de nove milhões de meticais.
Com o dinheiro proveniente da
“venda” do imóvel, Renato Matusse vedou o seu terreno de dois hectares na sua residência rural, que
também reabilitou, em Muzingane,
distrito de Limpopo, província de
Gaza, e instalou uma moageira.
Também adquiriu prendas referenciáveis de aniversário e casamento,
desenvolveu acções filantrópicas
para pessoas próximas, organizou
torneios de futebol em Muzingane, bem como festas onde reuniu
a nata política, económica e jornalística da praça e o remanescente
gastou em viagens e festas de luxo.
Como o dinheiro era inesgotável,
Renato Matusse adquiriu um imóvel pertencente à falecida deputada
da Frelimo, Isidora Faztudo, no valor de um milhão e cem mil dólares
americanos num condomínio de
luxo na cidade de Maputo e registou a casa em nome da sua companheira, Guilhermina Ernesto Langa. Adquiriu ainda uma viatura da
marca Toyota Lexus no valor de 65
mil dólares americanos e uma outra
de marca Hyundai no valor de 53
mil dólares americanos.
Segundo o Ministério Público, Renato Matusse praticou crimes de
corrupção passiva para acto ilícito,
abuso de confiança, associação para
delinquir e crime de branqueamento de capitais
Bruno Tandane
Um caso paradigmático no uso dos
dinheiros das dívidas ocultas é o de
Bruno Tandane, que recebeu USD
8,5 milhões. Em Agosto de 2013,
Tandane comprou uma casa tipo
9 na praia de Chizavane, província
de Gaza, ao preço de USD 350 mil,
pagos por meio de transferência
da sua conta em Abu Dhabi para
a conta do vendedor em Portugal.
Mas na Páscoa de 2014 (que coincidiu com 20 de Abril), Bruno voltou a vender o mesmo imóvel ao
anterior proprietário ao preço de
USD 300 mil, tendo-lhe sido pago
9 milhões de meticais por meio de
transferências para a sua conta.
De acordo com o MP, na verdade,
o arguido Bruno Tandane nunca
teve intenção de integrar o imóvel
da praia de Chizavane no seu património. “O que efectivamente pretendia era conseguir fazer chegar
a Moçambique parte do valor que
detinha na sua conta em Abu Dhabi, efectuando aquela compra para
depois vender o mesmo imóvel ao
antigo proprietário, conseguindo
assim recuperar parte do valor da
compra anteriormente dissimulada”, refere a acusação.
Ainda em 2013, Bruno Tandane
adquiriu um imóvel tipo 3, na cidade de Maputo, a USD 220 mil.
Para não despertar atenção do
sistema financeiro moçambicano
sobre a proveniência do dinheiro,
Tandane deslocou-se a Abu Dhabi,
onde, em pelo menos três viagens,
procedeu ao levantamento, da sua
conta bancária, de valores de forma
fraccionada em numerário para o
pagamento ao vendedor.
Adquiriu um outro imóvel de três
pisos, tipo 4, a USD 1. 500 mil.
Para não despertar atenção do
sistema financeiro moçambicano
sobre a proveniência do valor, no
lugar de transferir o valor da compra directamente da sua conta, em
Abu Dhabi, para a conta bancária
do vendedor, em Moçambique, o
arguido transferiu USD 200 mil da
sua conta de Abu Dhabi para uma
casa de câmbios em Dubai que, por
sua vez, instruiu uma outra casa
de câmbio em Moçambique para
pagar o valor correspondente na
conta do arguido, no montante de
7 milhões de Meticais.
Por sua vez, Tandane transferiu os
7 milhões para a conta do vendedor
e a diferença de USD 1.300 mil foi
paga através de transferências da
sua conta bancária em Abu Dhabi.
Na cidade da Matola, adquiriu dois
apartamentos tipo 4, no condomínio Gardem Park Village, ao preço
de USD 500 mil cada. Uma vez
mais, avança a acusação, o arguido
não tinha a intenção de integrar
um dos apartamentos na sua esfera patrimonial. A sua compra e o
respectivo pagamento na Turquia
consistiu numa conversão de parte
do valor que detinha na sua conta em Abu Dhabi em imóvel que,
posteriormente, o reconverteu em
dinheiro recebido em Moçambique.
Em 2014, comprou, na África do
Sul, 845 cabeças de gado bovino
do tipo braman a USD 1 milhão
através de transferências bancárias
da sua conta em Abu Dhabi. As
cabeças encontram-se num curral
pertencente ao arguido, na localidade de Panjane, distrito de Magude. Ainda na África do Sul, adquiriu uma vivenda tipo 4 a USD
1.100 mil, através da sua conta em
Abu Dhabi. Remodelou o imóvel
a 4 mil randes e depois o vendeu
a 12.500 mil randes que lhe foram
pagos através de transferência para
a sua conta bancária em Malelane,
África do Sul.
Em Malelane, Bruno Tandane comprou um tractor Massey
Furguson, num agente da marca
Toyota, a 300 mil randes. Ainda na
África do Sul, comprou um segundo tractor também de marca Massey Furguson, ao preço de 520 mil
randes, que se encontra na propriedade de Panjane.
Comprou uma máquina enfardadeira ao preço de 350 mil randes.
Construiu um imóvel tipo 2, na sua
quinta, em Panjane, ao preço de
750 mil meticais. Vedou parte da
mesma quinta no espaço de cerca
de 5 mil hectares, a aproximadamente 700 mil randes.
Em Março de 2013, comprou uma
viatura de marca Ferrari, na África do Sul, por mais de 4 milhões
de randes e voltou a vendê-la a 3,5
milhões de randes à mesma concessionária onde a havia adquirido.
Com o valor resultante da revenda
da viatura, comprou dois camiões
de marca Nissan ao preço total de
1,55 milhões de randes.
Em Setembro de 2014, adquiriu
uma máquina retroescavadora e
um bulldozer ao preço total de
USD 71 mil. Além das aquisições,
Bruno transferiu da sua conta bancária, domiciliada nos Emirados
Árabes Unidos, o valor total de
USD 180.835 em quatro tranches
e vários outros valores transferidos
para contas de próximos.
De acordo com o MP, da mesma
forma que para não despertar o
sistema financeiro moçambicano o
arguido transferia valores significativos da sua conta em Abu Dhabi
para países como Portugal, Turquia
e África do Sul mas para aquisição
de imóveis localizados em Moçambique, Tandane não registou os
imóveis adquiridos com valores recebidos da Privinvest, deixando-os
permanecer em nome do vendedor,
de forma a ocultar a titularidade
dos imóveis.
Nas buscas efectuadas na sua residência, foram encontradas duas
armas de fogo sendo uma do tipo
pistola com 12 munições e outra do
tipo caçadeira. Dos exames balístiO parque imobiliário foi uma das preferências dos caloteiros para a lavagem do
dinheiro ilegal
TEMA DA SEMANA Savana 29-03-2019 3
cos constatou-se que as duas armas
já dispararam e estavam num bom
estado de conservação. O arguido
não tem autorização legal para deter e usar aquelas armas.
Bruno Tandane Langa é acusado
de crimes de chantagem, quatro
crimes de falsificação de documentos, uso de documentos falsos,
abuso de confiança, posse de armas
proibidas, associação para delinquir, corrupção passiva e branqueamento de capitais.
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Teófilo Nhangumele também despendeu os USD 8,5 milhões em
acções de orgia.
Comprou dois imóveis no condomínio Garden Park, na Matola, ao
preço total de 1,55 milhões de dólares. Na cidade de Maputo, comprou um imóvel tipo 3, no prédio
Deco Residence, a USD 380 mil,
transferidos da sua conta em Abu
Dhabi. Em Fevereiro de 2014,
comprava um imóvel tipo 3 USD
350 mil, também transferidos da
sua conta em Abu Dhabi. Adquiriu
uma viatura Mercedes Benz a USD
100 mil (registada em nome da esposa), uma Land Rover Evogue a
USD 90 mil (em nome da filha) e
uma Land Rover Discovery a USD
80 mil.
Adquiriu também benfeitorias
implantadas num terreno a 180
mil meticais em Bilene, Gaza. A
partir da sua conta em Abu Dhabi,
Teófilo ordenou transferências para
sua própria conta domiciliada em
Moçambique, no valor ascendente
a 164 mil USD. Outra transferência, de USD 179.940, foi para uma
terceira pessoa identificada na acusação.
De acordo com o MP, para justificar esta segunda transferência,
Nhangumele comunicou ao banco
que o valor era para o pagamento
de uma suposta aquisição de imóvel, mas, na verdade, tal compra
nunca existiu.
“A transferência (...) era uma forma
de introduzir no sistema financeiro
moçambicano o valor sem levantar
suspeitas sobre o real propósito”,
refere o MP. Nem mais. Na mesma
data que recebeu o valor, a receptora transferiu-o em duas parcelas
para contas de Nhangumele.
Da sua conta bancária no estrangeiro, Nhangumele transferiu ainda USD 23 mil e, para uma das
suas contas domiciliadas no país,
transferiu mais de 7 milhões de
Meticais.
Teófilo Nhangumele deverá responder pela prática de crimes de
chantagem, quatro crimes de falsificação de documentos, uso de
documentos falsos, abuso de confiança, associação para delinquir,
corrupção passiva e branqueamento de capitais.
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Considerado uma das peças-chave
na mega fraude, o arguido António
Carlos do Rosário decidiu comprar
um imóvel, destinado à habitação
na cidade de Quelimane, província
da Zambézia, do político Carlos
Reis.
Para ocultar a sua participação na
transação do desvio, nas suas transações, António Carlos do Rosário
ordenava a Privinvest a transferir
dinheiro para contas de terceiros.
Fabião Mabunda, também detido,
recebeu cerca de USD 9 milhões
da Privinvest, que o aplicou no interesse do casal Leão, familiares e
no seu próprio interesse. De acordo com o MP, o valor aplicado no
interesse da família Leão foi à título de pagamento do suborno ao
arguido Gregório Leão pelo seu
papel na concepção dos projectos
das empresas Proindicus, Ematum
e MAM, bem como a sua viabilização através da solicitação da emissão de garantias do Estado para a
obtenção de créditos de financiamento das três empresas.
“Para melhor ocultar o seu envolvimento, o arguido Gregório Leão
colocou à frente de todas as operações do seu interesse a arguida
Ângela Leão, sua esposa”, refere a
acusação.
Com vista a facilitar a aplicação
dos valores da Privinvest, Ângela
Leão recorreu ao arguido Sidónio
Sitoe para que este auxiliasse na
aplicação de parte daqueles valores, vendendo-lhes imóveis e recebendo valores para posteriormente
repassar-lhos em pequenas frações.
Maria Inês Moiane, antiga Secretária de Guebuza, causou prejuízos
ao Estado na ordem de 750 mil dólares americanos
Ao antigo PCA das três empresas caloteiras pesam os crimes de
abuso de cargo ou função, peculato,
associação para delinquir, corrupção passiva para acto ilícito, falsificação de outros documentos, abuso
de confiança e branqueamento de
capitais.
Outros acusados
Cipriano Mutota deverá responder
pelos crimes de abuso de confiança, associação para delinquir, corrupção passiva, branqueamento de
capitais,
Armando Ndambi Guebuza é acusado de chantagem, quatro crimes
de falsificação de documentos, uso
de documentos falsos, abuso de
confiança, associação para delinquir, corrupção passiva para acto
ilícito, branqueamento de capitais,
enquanto que Gregório Leão José
deverá responder por crimes de
abuso de cargo ou função, peculato,
associação para delinquir, corrupção passiva para acto ilícito, falsificação de outros documentos, abuso
de confiança e branqueamento de
capitais.
A sua esposa Ângela Leão é acusada de crime de falsificação de
documentos, crime de abuso de
confiança, associação para delinquir, branqueamento de capitais,
enquanto que a Maria Inês Moiane
é indiciada de prática de crimes de
corrupção passiva para acto ilícito,
falsificação de documentos, branqueamento de capitais e associação
para delinquir.
Parte do dinheiro das dívidas ocultas foi gasto na aquisição de viaturas desta
envergadura
TEMA DA SEMANA 4 Savana 29-03-2019
Oacadémico Sérgio Chichava considera assertiva
a decisão do governo de
manter a data das eleições marcadas para 15 de Outubro.
Chichava, que é também Director
Científico do Instituto de Estudos
Socais e Económicos (IESE), referiu que o executivo manteve a data
tendo em conta a realidade dos factos
no terreno, sobretudo nas zonas afectadas pelo ciclone IDAI. Sublinha
que a Comissão Nacional de Eleições
(CNE) decidiu de forma apressada.
Sabemos que, devido as cheias e
inundações que afectaram a região
centro do país, a CNE propôs ao executivo de Filipe Nyusi a alteração
do calendário eleitoral, adiando as
eleições de 15 de Outubro para Novembro ou Dezembro. No entanto,
o governo minimizou a proposta e
manteve 15 de Outubro como dia de
votação.
Nesta conversa, Sérgio Chichava
aborda a situação política actual,
sobretudo dos três partidos representados no parlamento, e conclui que a
situação da oposição é sombria e esta
não está a saber tirar proveitos da
impopularidade da Frelimo.
Diz ainda que a morte de Afonso
Dhlakama não foi boa para a democracia em Moçambique e que Ossufo
Momade precisa de fazer muito trabalho no terreno para ganhar notoriedade política.
O governo minimizou as propostas da CNE e manteve as eleições
gerais para 15 de Outubro. Ao
manter a data não terá transmitido a ideia de que a decisão da
CNE foi apressada?
Foi uma decisão acertada e mostrou que a CNE tomou a decisão
sem ter tido em conta a realidade
dos factos no terreno. Aliás, na sua
justificação, a CNE nunca apresentou argumentos sólidos que
obrigassem a alteração da data das
eleições e como consequência saiu
mal na fotografia.
Portanto, sem minimizar o impacto da destruição provocada pelo
ciclone na região centro de Moçambique, sobretudo na província
de Sofala, penso que o anúncio da
CNE foi precipitado, na medida
em que, de Março até Outubro, é
um tempo suficiente para organizar todo processo eleitoral.
Na minha opinião, a CNE deveria ter aguardado por uma ou duas
semanas, verificar a realidade no
terreno e daí tomar uma decisão
concreta.
Uma coisa deve estar clara, as
pessoas perderam todo seu tecido
social. Portanto, por longos meses,
continuarão sem tecto, dispersos e
o regresso à normalidade vai levar
algum tempo. Nos termos em que
a CNE propôs ao governo, seria
num cenário em que os afectados
continuariam fora das suas residências habituais. Portanto, parte
do processo eleitoral, como é o
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O governo corrigiu a precipitação da CNE
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caso do censo será feito numa situação em que as pessoas estarão
ainda alojadas nos centros de acomodação.
Em 1999, as eleições foram realizadas nos dias 3,4 e 5 de Dezembro. Em 2004, a votação foi a 1
e 2 de Dezembro. Mas depois o
Conselho Constitucional, num
dos acórdãos, convencionou que a
votação devia ser no período seco
já que Dezembro coincide com
as chuvas. Ao propor o adiamento das eleições para Dezembro, a
CNE não incorria nos mesmos
riscos que queria evitar com o
adiamento?
Quando as eleições se realizavam
em Dezembro, tínhamos problemas logísticos devido a intransitabilidade de algumas vias, sobretudo nas regiões centro e norte do
país. Uma parte da população era
impedida de votar devido as condições climatéricas. Mas, apesar de
não concordar com o adiamento, o
mal seria mínimo, isto é, o histórico diz que o número de pessoas
que não votam devido as chuvas
não influencia no resultado final.
Acredito que desta vez não seria
diferente, mas o período seco é
sempre melhor.
A Frelimo parte para este pleito
com uma imagem desgastada por
causa das dívidas ocultas, corrupção e a degradação contínua das
condições de vida da população. A
Renamo está a refazer-se, depois
da perda do seu líder histórico.
O MDM está numa situação de
agonia, depois de ter saído ensanduichado nas últimas eleições autárquicas. Caso as eleições fossem
adiadas, quem teria mais vantagens?
É relativo e depende do ângulo de
abordagem. Por exemplo, a Frelimo, estando no poder e com uma
imagem totalmente desgastada,
podia conseguir mais tempo para
se refazer. Mas também podia
degradar ainda mais a sua pálida
imagem.
Sobre a oposição, não podemos
esquecer que esta está a fazer uma
travessia pelo deserto. A situação
da oposição moçambicana é sombria. O MDM está em derrapagem e arrisco-me a afirmar que,
nas próximas eleições, terá piores
resultados da sua história como
partido político. A única salvação
do MDM é coligar-se a um partido forte, caso contrário, vai perder
completamente a sua expressão.
A Renamo, com muita infelicidade, está a perder uma grande oportunidade de, de uma vez por todas,
aproximar-se do poder. Uma oportunidade de ser uma oposição séria
à Frelimo.
Após a morte de Afonso Dhlakama, havia receio da Renamo quebrar-se em dois. Contudo, vimos
um esforço de manter essa coesão
nos primeiros meses após a morte de Dhlakama, mas que, infelizmente, foi sol de pouca dura, e
hoje assistimos sinais de contestação à autoridade do actual presidente da Renamo, sobretudo em
regiões onde a Renamo é bastante
forte, como é o caso da província
de Sofala.
Penso que, se a Renamo não conseguir gerir esta situação, corre o
risco de ter resultados desastrosos
nas próximas eleições.
Sinceramente, com todas dificuldades que o país está a passar, com
todos erros que a Frelimo cometeu
e está a cometer na sua governação,
é o partido que está mais próximo
de vencer as eleições.
Essa vitória não resultará do mérito da Frelimo, mas porque a oposição se demitiu das suas responsabilidades. A nossa oposição está
a regredir, está cada vez mais fraca.
Está a dizer que a Renamo se ressente da morte de Afonso Dhlakama?
Infelizmente, a morte de Afonso
Dhlakama não foi boa para a democracia em Moçambique. Contudo, não podemos negar que o
próprio falecido líder da Renamo
teve culpa nisso, porque nunca
criou condições para que houvesse
uma sucessão capaz de colocar o
partido a funcionar tranquilamente.
Por exemplo, tenho certeza de que,
as convulsões das bases da Renamo
em Sofala, não aconteceriam com
Dhlakama em vida.
E como é que olha para a forma
como a oposição está a gerir a crise
humanitária na região centro?
Acho que está a ser uma grande
oportunidade para brilhar, mas
que a nossa oposição está a passar
à margem, sobretudo a Renamo,
visto que o MDM é uma partido minúsculo, é um partido que
praticamente já não existe. Temos
assistido o engajamento de Daviz
Simango na minimização do sofrimento da população afectada,
mas isso não é tudo. O MDM não
é Daviz Simango apenas. Agora, a
minha questão é, onde é que estão
outros membros?
A Renamo é que está a ser uma
grande decepção. Está a perder
uma oportunidade soberana de se
afirmar politicamente e conquistar
corações do povo eleitor.
Contudo, a apatia da Renamo não
é surpreendente, porque os grandes dossiers em que esta organização devia aparecer e fazer o seu
papel não o faz. O que a Renamo
faz é queixar-se da Frelimo. Nas
suas reivindicações, a Renamo não
está a olhar para o país, faz para
satisfazer seus egos. Quando a Renamo pede mais democracia é para
albergar seus próprios interesses.
A Renamo nunca se concentrou
nos grandes problemas que o país
tem para tirar vantagens políticas.
A única forma da Renamo fazer
oposição ao governo da Frelimo é
subir à montanha de Gorongosa,
mas isso não é perpétuo e quando
acabar como é que a Renamo vai
ser? As organizações da sociedade civil, sem armas, fazem melhor
oposição ao governo. A Renamo
não tem ideias para o país, só ideias
para si e suas elites. A questão da
descentralização e integração dos
seus homens no exército, polícia ou
SISE é mais do interesse da Renamo, é uma questão de tacho.
O povo moçambicano quer paz,
não quer partidos armados, quer
que a democracia seja mais ampla,
contudo, a forma como a Renamo
está a dirigir esse processo é mais
para responder seus anseios do que
propriamente os da maioria dos
moçambicanos.
Podemos falar tudo da Frelimo,
mas neste momento é o partido
que melhor está organizado e está
mais perto de vencer as eleições.
Os partidos da oposição falam da
democracia para ter acesso ao bolo
ou as contrapartidas económicas,
exigem mais democracia para o
país, mas internamente não conseguem implementar a democracia.
Falou da degradação da imagem
da Frelimo devido a sua incapacidade de satisfação dos anseios da
população. Esta calamidade vai
trazer vantagens ou desvantagens
para a Frelimo...
Depende. Se souber gerir devidamente esta catástrofe, devolvendo esperança para as pessoas que
perderam tudo, pode reciclar a sua
imagem. Agora, se não conseguir,
aí sairá mais prejudicada. Tudo
depende da própria Frelimo. Veja
que, depois desta calamidade, estão
a chegar muitos apoios, quer a nível interno, quer internacional, isso
pode ser usado para obter ganhos
políticos e numa situação similar
quem está no poder escolhe o seu
destino.
A Frelimo é que está a gerir toda
ajuda e está em condições de usar
este infortúnio a seu favor.
Disse que o desempenho dos partidos da oposição está cada vez
mais fraco. Onde é que mais residem as fragilidades da Renamo?
Durante muito tempo, a Renamo confundiu-se com a figura de
Afonso Dhlakama e a sua morte
deixou um grande vazio. Um dos
grandes desafios nas próximas
eleições é a Renamo fazer com
que Ossufo Momade seja um actor
credível capaz de granjear simpatias no seio do eleitorado, sobretudo aquele indeciso, visto que, é do
conhecimento geral que a Renamo
tem uma base social muito forte
que independentemente da pessoa
que estiver na liderança sempre votará nesta organização.
Outra fragilidade é a incapacidade
de trazer para o público uma agenda política com pontos importantes para a vida dos moçambicanos,
ou seja, aspectos que preocupam
a sociedade moçambicana. Por
exemplo, hoje não se sabe qual é
a agenda da Renamo para com o
país, não se sabe do que a Renamo
pensa do país, mas se sabe do que a
Renamo pensa de si própria.
Se as eleições fossem hoje, qual é
que seria o desempenho de cada
um dos partidos com representação parlamentar?
O MDM dificilmente iria manter
um deputado no parlamento. A
Renamo também enfrentaria dificuldades em razão dos problemas
que tem enfrentado em Sofala.
A Renamo tem um líder anónimo, sem muito capital político e
com um discurso limitado. Como
partido deve organizar-se muito
bem para poder alavancar o seu
candidato a par do que a Frelimo
fez com Nyusi em 2014, quando o
lançou para a corrida presidencial.
Antes de 2014, Filipe Nyusi era
um político anónimo, sem capital político e com dificuldades de
discurso. O seu partido uniu-se em
torno dele e hoje ganhou certo espaço no xadrez político nacional.
Ossufo Momade precisa de fazer
muito trabalho no terreno e, com
o tempo que falta para as eleições,
duvido que supere essas fragilidades.
Por exemplo, pela forma como Ossufo Momade está a gerir a crise
da Beira me parece que não seja
um líder estratega, porque, numa
situação desta natureza, é só fazer
valer exigências estatutárias. Contudo, Momade procura ser um líder autoritário e esquece que não
possui carisma de Afonso Dhlakama.
Se Ossufo Momade continuar por
este caminho, vai destruir a Renamo. A maioria dos moçambicanos
já não quer a Frelimo devido a um
conjunto de males que fez neste
país. Desde que Nyusi chegou ao
poder, o país está a regredir. Estamos a falar de dívidas ocultas,
aumento de índices de pobreza,
degradação do tecido social, calamidades naturais, esquadrões de
morte, restrições as liberdades fundamentais e ataques em Cabo Delgado, mas infelizmente, a oposição
não está ajudar.
Sérgio Chichava
SOCIEDADE 6 Savana 29-03-2019
Vende-se
Uma propriedade com DUAT de uso Misto,
estrategicamente localizada para a construção
de prédio para uso Habitacional, Comércio e
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A
pesar das três bancadas
que compõem a Assembleia da República (AR)
terem aprovado, por unanimidade, esta quarta e quinta-
-feira, as propostas de leis que dão
corpo ao projecto de governação
descentralizada, a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) manifestam preocupação com a perda do mandato
do governador provincial, quer por
exoneração pelo Presidente da República bem como pela dissolução
da Assembleia Provincial. Deste
modo, a oposição considera que o
pacote de descentralização não é o
melhor, mas o possível para salvaguardar a paz.
Decorrente do processo de auscultação pública em torno das propostas de leis que dão corpo ao projecto
de governação descentralizada provincial, a AR levou a cabo algumas
alterações significativas nas propostas de Leis, mas mesmo assim as
duas bancadas da oposição continuam a exigir esclarecimentos.
Trata-se da proposta de Lei que
estabelece o quadro jurídico da Organização e Funcionamento dos
Órgãos Executivos de Governação
Descentralizada Provincial; a proposta de Lei de Tutela do Estado
sobre os Órgãos de Governação
Descentralizada Provinciais e das
Autarquias Locais; a proposta de
Lei de Organização e Funcionamento da Assembleia Provincial
e a proposta de Lei para a Eleição
dos Membros da Assembleia Provincial.
As três bancadas concordam que as
leis marcam uma nova fase da democracia, pois a partir deste ano o
governador provincial passa a ser
eleito e em 2024 será o administrador. Deste modo, consideram
que, duma ou doutra forma, tinha
de se avançar com aprovação dado
ao espírito que norteou a revisão
da Constituição da República, mas
também as propostas ganharam outro alento com a inclusão de algumas propostas vindas do processo
de auscultação.
Dentre as reformas introduzidas na
Lei de Organização e Funcionamento do Órgão Executivo de Governação Descentralizada Provincial, destaque vai para eliminação
Diluição dos poderes do governador provincial
Oposição conformada
Por Argunaldo Nhampossa
na inelegibilidade dos candidatos à
data das eleições bem como as incapacidades previstas na lei.
Trata-se de um dispositivo usado
pelo MDM, em parceria com os
órgãos de gestão eleitoral, para eliminar a candidatura de Venâncio
Mondlane, nas autárquicas do ano
passado na capital do país. Os conflitos de atribuições e de competências entre as entidades descentralizadas e a representação do Estado
na província passam a ser dirimidos pelo Conselho Constitucional
(CC) e não pelo Tribunal Administrativo como estava previsto inicialmente. Igualmente, foi suprimida a
possibilidade da intervenção do Estado na governação descentralizada
provincial, em caso de alegada incapacidade comprovada. Foi também
eliminada a imposição de que só
podiam ser membros do Conselho
Executivo Provincial funcionários
da administração pública de nomeação definitiva e que preenchessem os requisitos exigidos.
Perda de mandato
A demissão do Governador Provincial pelo Presidente da República
bem como a perda de mandato derivada da dissolução da Assembleia
Provincial não colhe consenso entre
as bancadas da oposição e do partido no poder.
Para José de Sousa, Deputado do
MDM, não faz sentido que uma
figura eleita possa demitir outra,
apesar do ritual colocado de que
antes de mais o CC deve emitir o
seu parecer.
Deste modo, entende que o Governador provincial, sendo uma figura
eleita, deveria perder o mandato tal
como proposto para os membros da
Assembleia Provincial.
José de Sousa considera que as leis
revistas não são as melhores, mas
as possíveis porque os principais
aspectos foram negligenciados durante as negociações, entre o Nyusi
e Dhlakama, que resultaram na revisão da Constituição da República.
O MDM diz que este modelo de
descentralização não é o ideal, mas
é preferível uma eleição com defeitos à uma ditadura, uma clara alusão
ao actual modelo em que os governadores províncias são nomeados e
não eleitos.
A lei estabelece que, em caso de
perda de mandato do governador
de província resultante da dissolução da Assembleia Provincial, é
criada, pelo governo central, uma
Comissão Administrativa que vai
se encarregar de gerir a província.
A Comissão Administrativa é composta por profissionais de administração pública e é dirigida por um
Presidente nomeado pelo Conselho
de Ministros.
Para Renamo é preciso clarificar o
papel do partido vencedor na constituição desta comissão, pois não
pode ficar à margem.
Maria Angelina Enoque disse ser,
igualmente, importante definir com
clareza as competências do governador de província e do secretário
de Estado na província de modo a
evitar uma colisão que possa resultar em conflitos, quando esta última
figura se tornar um mero espantalho.
A Renamo diz não estar contra a
representação do Estado na província, porque visa manter a unicidade
do Estado e que Moçambique é um
país unitário e indivisível, pelo que
espera respeitar a matéria exclusiva
de competência do governo central.
Para a Frelimo, a lei vai garantir as
liberdades locais, servindo de base
a um sistema pluralista de administração pública bem como propiciar a participação dos cidadãos na
tomada de decisões. Hélder Injojo,
deputado da Frelimo, considera que
a descentralização não significa independência das províncias, pelo
que havia necessidade de se colocar
a figura do secretário de Estado que
em nada colide com o governador
provincial. Recordou que o pacote legislativo resulta de um acordo
para o resgate da paz e isso deve
servir de base de análise.
A lei não estabelece as competências do Secretário do Estado na
província, bem como a sua relação
com as entidades descentralizadas,
tendo remetido a respectiva definição para o Conselho de Ministros.
No entanto, determina os limites da
descentralização que são matérias
de exclusivas competências dos órgãos centrais do Estado como é caso
das funções de soberania, normação
de matéria de âmbito da Lei, defesa
nacional, fiscalização de fronteiras,
relações diplomáticas.
O governo central vai se encarregar
da gestão dos recursos mineiras e
energia, recursos naturais situados
no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial e na plataforma continental.
Por sua vez, a governação descentralizada vai se ocupar pela gestão
da terra, na medida determinada
por lei; transportes públicos, na área
não atribuída as autarquias; gestão e
protecção do meio ambiente; florestas, fauna bravia, água e saneamento, entre outros.
A oposição manifestou satisfação
pelo facto de se ter garantido a autonomia administrativa, financeira
e patrimonial dos governadores
províncias.
TEMA DA SEMANA Savana 29-03-2019 7
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SOCIEDADE 8 Savana 29-03-2019
Assistiu-se, no passado dia 14,a uma catástrofe que afectou milhares de cidadãos na
região Centro do país. Este desastre natural teve implicações sociais e económicas incalculáveis.
O presente Destaque Rural tem como objectivo analisar a variação dos preços dos bens
nos mercados da cidade da Beira no período imediatamente após o ciclone. Os preços
foram recolhidos pelo OMR, no dia 13 (um dia antes do ciclone) e 20 de Março no mercaGR0DTXLQLQR 'HYLGRDRGHVDVWUHQDWXUDORFRUULGRPXLWRVPHUFDGRVÀFDUDPDODJDGRV
e outros destruídos, tendo sido impossível a recolha dos preços dos mercados onde
normalmente é feita (Central, Mascarenhas, Paria Nova e Chingussura).
De entre os produtos cujos preços são recolhidos semanalmente, foram seleccionados
os seguintes produtos: (1) arroz; (2) farinha de milho; (3) amendoim; (4) coco; (5) feijão nhemba; (6) feijão manteiga; (7) tomate; (8) cebola; (9) batata-reno; (10) repolho;(11)
mandioca; (12) alface; (13)couve; e, (14) carvão. A escolha destes produtos deve-se a
suaimportância na alimentação.
*UiÀFR 9DULDomRGRSUHoRGHEHQVQRPHUFDGRGR0DTXLQLQR
DESTAQUE RURAL Nº 53
27 de Março de 2019
Variações de preços alimentares na cidade da Beira pós IDAI
Yara Nova
ç pç q
Fonte: OMR.
Arroz Farinha de
milho
Amendoi
m Coco Feijão
nhemba
Feijão
manteiga Tomate Cebola Batatareno Repolho Mandioca Alface Couve Carvão
4% 27% 17% 50% 50% 0% 100% 50% 57% 29% -17% 100% 50% 33%
1RJUiÀFR DFLPD REVHUYD VHTXH jH[FHSomRGDPDQGLRFD
RV SUHoRVYDULDUDP HP DOWD EDVWDQWH VLJQLÀFDWLYDPHQWH HP
DSHQDV XPD VHPDQD (VWD YDULDomR p H[SOLFDGD SHOR HIHLWR
combinado de uma redução da oferta destes bens no mercado
(devido ao desastre natural) e, provavelmente, um aumento
GD SURFXUD GHYLGR j HVFDVVH] H DPHGLGDV GH DTXLVLomR GH
reservas por parte de algumas famílias, oque provocou um
aumento nos preços. De notar que o mercado Maquinino se
localiza no centro da cidade, onde os compradores poderão
ter um rendimento mais elevado que a média da população.
1mRpSRVVtYHOH[SOLFDU GHPRPHQWR RFRPSRUWDPHQWRGRV
preços da mandioca e do feijão manteiga.
([LVWHRVHQWLPHQWRTXHRVDJHQWHVHFRQyPLFRVTXHYHQGHP
se aproveitam de situações anómalas que provocam variações repentinas na oferta ou procura de bens para praticar
preços em favor do vendedor. Nestas circunstâncias, o vendedor actua no quadro da racionalidade económica. Em termos
éticos e de cidadania, pode-se apreciar negativamente este
comportamento.
No prazo imediato e a médio prazo, enquanto não são restabelecidos os canais de comercialização e a da produção, as
formas de reduzir estes efeitos negativos (aumento rápido e
em grande amplitude dos preços) podem ser as seguintes:
(1) ajuda alimentar; e, para recuperar a oferta de mercado:
H[LVWLUHPLQFHQWLYRVSDUDTXHRVSURGXWRUHVGH]RQDVQmR
afectadas vendam a sua produção na Beira e aumentem a
produção a curto prazo; e,(3) importação.
OFundo Monetário Internacional (FMI) diz que
não há espaço para um
possível programa de financiamento do Estado este ano e
aponta que um eventual debate sobre o assunto só pode iniciar com o
novo governo, que sairá das eleições
do próximo dia 15 de Outubro.
A missão técnica do FMI, que terminou seus trabalhos nesta sexta-
-feira, 29, ao abrigo do programa
de consultas, explicou que a concessão ou não de financiamento a
Moçambique não está condicionada à responsabilização ou não dos
implicados no caso das dívidas das
ocultas, mas sim da sustentabilidade
da dívida.
Recordar que o avanço do processo
de responsabilização dos mentores
daquele que ficou conhecido como
um dos maiores escândalos de corrupção em África, era visto, por alguns círculos, como um sinal claro
para retoma do possível programa
de financiamento.
Desde a descoberta das dívidas estimadas em dois biliões de dólares
americanos, contraídas na administração de Armando Guebuza, o
FMI deixou claro que o apoio financeiro ao país não seria retomado,
enquanto não fossem esclarecidos
os contornos da mega operação de
corrupção, que retardou o país por
longos anos.
FMI dissipa dúvidas sobre levantamento das sanções económicas a Moçambique
Retoma de financiamento só com novo governo
Por Argunaldo Nhampossa
No entanto, esta terça-feira, Ricardo Velloso, chefe da equipa do
FMI que visitou o país, disse que o
processo está em curso, mas o seu
desfecho não pode ser visto como
condição para retoma do programa
de financiamento.
“A verdade é que o FMI não pode
emprestar dinheiro a um país cuja
dívida é insustentável. É importante melhorar a transparência e a
responsabilização. Mas não há condicionamento do tipo já que há responsabilização, o dinheiro vai sair
imediatamente”, advertiu.
Velloso recordou que o tema sempre foi e será a sustentabilidade da
dívida pública para viabilizar ou não
os empréstimos.
O chefe da missão do FMI afastou
qualquer possibilidade de um eventual empréstimo financeiro através
dos programas da sua instituição
para o presente ano, pelo facto de se
estar no fim do mandato, visto que
os programas do FMI são de longa
duração.
Assinalou que um debate sobre o
assunto só pode ocorrer com o governo que vai sair das eleições de
Outubro próximo.
Ressalvou que, antes, é preciso ver
as políticas monetárias e fiscais assim como as reformas estruturais
que o novo executivo pretenderá
fazer para de seguida serem submetidas à avaliação para ver se podem
ou não ser apoiadas pelo FMI.
120 milhões para
emergência
Velloso anunciou que devido aos
efeitos do ciclone IDAI, que há
duas semanas fustigou a região
centro do país matando cerca de
500 pessoas para além de destruir
infra-estruturas públicas e privadas,
o FMI vai considerar o pedido do
executivo moçambicano de assistência financeira de emergência ao
abrigo do instrumento de crédito
rápido da instituição.
Disse tratar-se de um instrumento
criado para responder questões de
emergência como esta em que se
encontra Moçambique e não tem
condicionalismos futuros e muito
menos metas a curto, médio e longo
prazo, tal como acontece com outros programas.
Entende que, embora seja cedo para
avaliar os efeitos macroeconómicos do ciclone IDAI, os custos de
reconstrução serão significativos e
a comunidade internacional terá
de desempenhar um papel vital na
prestação de assistência a Moçambique.
Avançou que os valores atribuídos
dependem da quota de cada país
membro da organização, sendo que
no caso de Moçambique oscila entre 60 a 120 milhões de dólares.
“Espero que seja o valor mais alto
(USD 120 milhões) devido a magnitude do que aconteceu aqui. O
nosso Conselho de Administração
vai debater e se pronunciar o mais
rápido possível para responder à situação de emergência em que o país
se encontra”, disse.
Salientou que, como se trata duma
situação de emergência, será um
empréstimo sem juros e que deve
ser pago em 10 anos.
De salientar que, inicialmente, a
missão do FMI terminava quarta-
-feira, 27, mas foi estendida até esta
sexta-feira para juntamente com a
equipa do governo medir de forma
preliminar os efeitos do IDAI sobre
a inflação, crescimento económico e
balança de pagamentos, pois dúvidas não há de que a calamidade vai
impactar sobre indicadores os arrolados.
Velloso explicou que a produção que
era para consumo e exportação foi
arrasada o que implica que o país
terá de importar produtos, trazendo
consequências na inflação e na balança de pagamentos.
Assegurou que, apesar dos prováveis
efeitos adversos do ciclone, as perspectivas apontam para uma recuperação da actvidade económica a médio prazo, com uma expansão mais
significativa com início da produção
do Gás Natural Liquefeito (GNL)
em 2023.
Apesar de considerar que o défice
fiscal global em 2018 permaneceu
elevado, o FMI louvou o esforço
empreendido para consolidação da
política fiscal nos últimos dois anos,
tendo destacado a eliminação dos
subsídios aos combustíveis e ao trigo bem como o ajustamento tarifário da electricidade e dos transportes públicos que, no seu entender,
estão mais próximos dos níveis de
recuperação de custo.
Para a instituição de Bretton Woods, a consolidação fiscal a médio
prazo mostra-se essencial para assegurar que os rácios de dívida sobre
o Produto Interno Bruto (BIP) se
mantenham numa trajectória decrescente dada a situação de sobre-
-endividamento público.
Mesmo sem conceder apoio, o FMI
considera que o financiamento orçamental deve contar com donativos e créditos altamente concessionais.
Relatório de governação e
corrupção
Ricardo Velloso considerou positiva a aprovação do regulamento da
Lei das empresas públicas que visa
torna-las auto-sustentáveis e recomendou o reforço do controlo sobre
a emissão de dívidas pelas empresas
públicas.
Encorajou o executivo de Filipe
Nyusi a tomar medidas de reforço
da governação, transparência e louvou os esforços, que contam com a
assistência do FMI, para elaboração
de um relatório de diagnóstico da
governação e corrupção nas áreas
mais relevantes da actividade económica e espera que seja divulgado
logo após a sua conclusão.
Savana 29-03-2019
9
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10 Savana 29-03-2019 PUBLICIDADE DIVULGAÇÃO
O Banco Central está promovendo a constituição do Fundo Soberano em
Moçambique. Este texto pretende referir o que é um FS, porque e em que
circunstâncias se constitui, para que serve, como deve funcionar, ajustando-se a cada realidade. Alguns países têm FS e cada um possui regras e
utilizações diferenciadas. As realidades não são similares, por exemplo,
Noruega e Timor Leste. Essas experiências estão sendo consideradas. Em
muitos casos, as lições das más experiências são também importantes,
por exemplo, para se evitarem desvios (uso indevido, desvios de dinheiro, falta de transparência na gestão, politização e controle do poder e das
suas elites).
Um FS constitui-se quando, por um determinado período, mais ou menos
longo, se esperam receitas extraordinárias em divisas. Regra geral, essas
divisas são provenientes de recursos naturais não renováveis. Existe portanto, uma ideia de partida, que é o da constituição de reservas em moeda externa, que garantam, a longo prazo, maior sustentabilidade da economia e assegurem a redução dos factores de riscos, externos e internos,
que produzam instabilidade económica e social. Pretende-se evitar que a
grande disponibilidade de divisas não provoque uma rápida apreciação
da moeda nacional, com consequências sobre a competitividade dos sectores tradicionalmente exportadores e a facilitação de importações.
Se assim não acontecer, a economia concentra-se cada vez mais nos sectores geradores dessas divisas (recursos naturais), reduzindo as relações
LQWHUVHFWRULDLVLQWHUQDVHSURYRFDQGRDGHVLQGXVWULDOL]DomRRXGLÀFXOWDQdo a industrialização local, seja por via da apreciação da moeda nacional,
como pela facilitação das importações em concorrência com a produção
nacional (é a designada “doença holandesa”). As economias nacionais e
RVFLGDGmRV QmRVHUmRRVSULQFLSDLVEHQHÀFLiULRVGDVULTXH]DV UHGX]LUi
a geração de valor interno e acontecerá a exclusão social e territorial. Simultaneamente, reforça-se a natureza extrovertida da economia e a acumulação centrada no exterior, aprofundando a natureza subdesenvolvida
da economia. Mais grave é, quando, como em Moçambique, os royaliti
HVWDEHOHFLGRVQRVFRQWUDWRVVmRPXLWREDL[RVHRVEHQHItFLRVÀVFDLVSURlongados e generosos para as empresas multinacionais, não permitem a
arrecadação potencial de receitas do Estado, se comparado com as cargas
ÀVFDLVHRVUR\DOLWLSUDWLFDGRVHPRXWUDVHFRQRPLDVULFDVHPUHFXUVRVQDturais de gás e petróleo.
O FS, tem de ter regras quanto aos procedimentos e elegibilidade de utilização dos recursos, para evitar o uso indevido dos recursos, correndo-se
o risco do que se designa por políticas de economia da abundância, com
aplicações não consonantes com os objectivos do FS.
Considerando as expectativas das receitas em gás, é importante discutir
as formas de utilizar esses recursos e das vantagens e riscos de constituição de reservas internacionais, assim como quanto aos procedimentos e
objectivos de constituição de um FS. Ajustando o conceito de FS a Moçambique, pensemos em quais são os principais riscos da economia moçambicana (a sequência que se segue não representa alguma priorização
ou grau de importância). Primeiro, a economia nacional é muito vulnerável aos choques da economia internacional, pois o sector externo tem um
importante peso na economia (exportações + importações) / PIB. Variações nos preços internacionais dos bens importados ou exportados têm
efeitos internos. Essa vulnerabilidade, cria incertezas para os investidores
HFRQVXPLGRUHV UHGX]RSRGHUGHFRPSUDGRVFLGDGmRV SURYRFDLQÁDomR
e estrangula o tecido económico nacional não directamente relacionado
FRPDVDFWLYLGDGHVEHQHÀFLiULDVGDVH[SRUWDo}HV 3RUWDQWR XPSULPHLUR
objectivo do FS poderia ser o da constituição de reservas para estabilizar
a taxa de câmbio, reduzindo os efeitos da designada doença holandesa.
Segundo, Moçambique é dos países do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas. Tudo indica que os ciclos de inundações e secas são
cada vez mais frequentes e de maior dimensão (amplitude). Existem
poucas ou nenhumas infra-estruturas que reduzam esses efeitos e existe
XPD EDL[D FDSDFLGDGH ÀQDQFHLUD SDUD VRFRUUHU DV SRSXODo}HV H SDUD D
recuperação das infra-estruturas. O FS poderia contribuir para aumentar
a resiliência através da protecção das zonas de maior risco de inundações
DESTAQUE RURAL Nº 51
25 de Março de 2019
FUNDO SOBERANO
João Mosca
(diques de defesa nas margens dos rios), a construção de barragens para
a regulação dos caudais e de regadios nas zonas de maior probabilidade
de secas prolongadas, desenvolvimento de variedades de sementes mais
resistentes à seca, entre outras medidas.
Terceiro, Moçambique tem estado sujeito a condições de imprevisibilidade quanto à estabilidade política, como por exemplo, a guerra civil, os
SHUtRGRVGHFRQÁLWRHQWUH D5HQDPRH R*RYHUQRH D VLWXDomRGH&DER
'HOJDGR $VFRQÁLWXDOLGDGHVVRFLDLVDXPHQWDPQRPHLRUXUDOSRUHIHLWRV
combinado da pobreza, do limitado acesso a serviços, devido à ocupação
de terras e aos reassentamentos e em consequência de situações laborais.
2)6SRGHULDUHIRUoDUDVDFo}HVGHSUHYHQomRHUHVROXomRGHFRQÁLWRV TXH
geralmente requerem muitos recursos, por exemplo, a desmilitarização
GDVIRUoDVGD5HQDPRTXHWHPHQFRQWUDGRGLÀFXOGDGHV TXHHQWUHYiULDV
razões, também se inclui o enquadramento na vida normal desses elementos.
O FS deveria ser acompanhado de outros instrumentos que alcancem os
três objectivos/funções acima mencionados. Por exemplo, (1) a constituiomRGHIXQGRVGHHVWDELOL]DomRGHSUHoRV )(3 GHSURGXWRVDGHÀQLU FRP
prioridade para aqueles com maior peso no orçamento das famílias (para
DPRUWHFHURVHIHLWRVGDLQÁDomR $VIRQWHVH[WUDRUGLQiULDVGHUHFHLWDVS~-
blicas, podem também ser utilizadas para investimentos que permitam a
reestruturação da base produtiva, criando infra-estruturas, e para melhoUDURDPELHQWHGHQHJyFLRHVSHFtÀFRSDUDDSURGXomRGHEHQVHVWUDWpJLcos, sobretudo para o mercado interno (alimentos, agro-processamento,
LQG~VWULDWr[WLO PDWHULDOGHFRQVWUXomR LVWRp DTXHOHVEHQVFRPLQÁXHQFLD
directa no nível de vida das famílias). Estes fundos poderiam ser constituídos, por exemplo, com as receitas dos bens doados e vendidos no
mercado interno, com retenção de parte dos direitos alfandegários de importações de bens relacionados com os produtos cujos preços devem ser
estabilizados pelo Fundo e por receitas extraordinárias do Estado. Isto é,
as reservas internacionais devem ser complementadas com reservas internas para que se estabeleçam convergências nas estratégias de desenvolvimento económico e na articulação entre a política monetária e orçamental.
O FS deve ser uma instituição independente do poder político e não politizado por via dos seus membros. Está sujeito a regras estritas de boa
governação nos processos de decisão de exclusiva responsabilidade dos
seus órgãos sociais, estar sujeito a auditorias independentes e internacioQDLVHVHUWUDQVSDUHQWH RTXHVLJQLÀFD SULQFLSDOPHQWH SUHVWDUFRQWDV
publicamente perante a sociedade; (2) possuir formas de informação à sociedade; (3) estar sujeito ao controle democrático; e, (4) obrigatoriedade
GHUHVSRVWDVjVTXHVW}HVFRORFDGDVSRULQVWLWXLo}HVS~EOLFDV SULYDGDV GD
sociedade civil ou por cidadãos em nome individual.
Como fontes de receitas próprias, os fundos podem e devem ser aplicados
HP VLVWHPDV ÀQDQFHLURV LQWHUQDFLRQDLV UHQWiYHLV H GH ULVFRV UHGX]LGRV
como forma a assegurar receitas próprias e parte da sustentabilidade do
FS, sem que, com essa prática, retire a natureza, as funções e os objectivos,
enquanto fundo de reservas internacionais.
Os órgãos sociais do FS, considerando o contexto prevalecente no funcionamento das instituições em Moçambique, devem estar presentes pessoas
GR%DQFR&HQWUDO GR*RYHUQR GRVHFWRUSULYDGRHGDVRFLHGDGHFLYLO $
JHVWmRWHPGHVHUSURÀVVLRQDOHFRPSHWHQWH $VGHFLV}HVGHYHPWHUQtYHLV
diferentes de concordância nos órgãos sociais competente (desde 50% até
dois terços, conforme as matérias e montantes envolvidos). As funções
de gestão (por exemplo, direcção/decisão, monitoria e auditoria, procurement e avaliação), devem ser realizadas por entidades subcontratadas e
independentes para cada uma das funções e independente da instituição
acolhedora do FS, o Banco de Moçambique. Estes princípios visam evitar
as promiscuidades entre política e negócios e entre o colectivo e o individual, conhecidas em muitas instituições do país, enquanto Estado de
Direito e Democrático. A constituição de um FS no contexto do funcionaPHQWRHJHVWmRS~EOLFD RQGHSHUVLVWHP]RQDVFLQ]HQWDVHDWHGHSURPLVcuidade, onde as instituições partidarizadas servem interesses de elites do
sistema político e da governação, corre um grande risco.
Savana 29-03-2019 11 PUBLICIDADE
25 - 31 Março 2019
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8ª EDIÇÃO
DA SEMANA
INTERNACIONAL
DO DINHEIRO
12 Savana 29-03-2019 Savana 29-03-2019 17
NO CENTRO DO FURACÃO
Continua na Pág. Seguinte
C
om as águas a baixarem no
Dombe, Búzi e Nhamatanda continuam sem aparecer
as dezenas de corpos que
se antecipavam nas lamas criadas
pelo ciclone Idai, muito embora os
números da tragédia sejam globalmente assustadores. As Nações Unidas consideram que há 1,8 milhões
de pessoas abrangidas nas quatro
províncias do centro do país (Sofala,
Manica, Zambézia e Tete) e o nível
de devastação causado pelo combinação dos “ventos assassinos” e as
chuvas torrenciais na cidade da Beira obrigam a pensar-se num verdadeiro “Plano Marshall” para a cidade
mártir. Do aeroporto, aberto menos
de três dias depois da passagem do
ciclone, é de onde tudo recomeça.
Há uma verdadeira ponte aérea internacional a funcionar para fazer
chegar à Beira homens, equipamentos e víveres para as centenas de milhares de necessitados criados pelo
Idai. Na terça-feira foi registado o
pico de operações com 144 aterragens e decolagens, qualquer coisa
como oito movimentos por hora, se
considerarmos um período útil de 18
horas. No domingo à noite, quando
cheguei, havia 10 aviões estacionados na placa, para além dos 18 helicópteros da operação (agora são 22).
Apesar da N6 ser “passável” desde
domingo, uma má notícia para os
comerciantes sem escrúpulos na cidade da Beira, a comunicação com
os distritos é feita por helicóptero.
E há excepção dos “MI-8” ucranianos fretados pelo PMA (Programa
Mundial de Alimentação), as outras
aeronaves têm capacidades muito
reduzidas de carga. O que aumenta
os níveis de ansiedade nos locais
cercados pela água. Como em Nova
Sofala, uma localidade a sul da Beira
junto à costa, onde 14.000 almas esperam por ajuda alimentar que não
pode chegar a partir da vila do Búzi,
apesar do rio estar agora confinado
ao seu “leito normal”.
A vila, em termos de população,
divide-se entre a Beira, que recebeu
os resgatados por ar pela Força Aérea sul-africana e os acomodados em
Guaraguara, rio acima para oeste,
transportados pelas lanchas rápidas
da marinha de guerra indiana. Na
vila sonâmbula, o campo de futebol
perdeu os espectadores que a metáfora descreveu como “assistindo à sua
própria desgraça”, há um grupo de
paramilitares portugueses que tenta
desesperadamente reparar o sistema
de abastecimento de água à vila. Celso Correia, que conjuntamente com
Max Tonela, são os czares da “equipa
de crise” instalada no aeroporto, quer
ver a estrada para o Búzi a funcionar
na próxima semana. Diminui custos,
elimina as operações conta-gotas
dos helicópteros, afasta tensões e ansiedades na distribuição de comida
e utensílios de emergência, numa
área que vota tradicionalmente na
oposição.
O aeroporto solidariedade
Por estes dias Daviz Simango, o edil
da Beira que desapareceu das câmaras de televisão, é criticado por
apertar a mão às foto-oportunidades
da Frelimo que vieram à Beira na
sua indumentária de trabalho: botas, jeans, camisa aberta por cima de
uma t-shirt branca. Celso Correia, o
ministro que Nyusi despachou para
Beira, tem de diferente o colete vermelho que o INGC (Instituto Nacional de Gestão das Calamidades)
distribui para os gestores da crise. Por
decisão do “czar” Correia, no aeroporto há três áreas distintas. A operação comercial continua na sua normalidade possível. Nos extremos da
aerogare, a sala VIP funciona como o
gabinete operacional do INGC. No
outro extremo funcionam os “clusters” operacionais coordenados pelas
Nações Unidas: salvamento, voos,
alojamento, comida, água e saúde.
Sebastian Stampa, o irlandês que
as Nações Unidas colocou na Beira,
diz que não há equívocos na coordenação das operações – “o ministro
está no comando”.
E ali é preciso decidir tudo. Isenções
de taxas de aeroporto, camiões que
habitualmente não entram na placa,
quem vai de barco ao Búzi, refeições
para o pessoal voluntário que trabalha sem horário. Ou suspender a
entrada do camião tanque da estatal
Petromoc, porque tem pneus carecas
e, apesar de ser vital o abastecimento
de combustível às frotas multidisciplinares, não se pode comprometer
os “standards” mínimos da operação
aeroportuária.
Uma parte das equipas internacionais vive nos terrenos em volta do
aeroporto numa pequena aldeia de
lona. A base aérea, mesmo ao lado,
no passado uma das referências militares do país, está completamente
inoperacional. Todos os tectos dos
hangares e camaratas voaram com o
Idai. A pista de acesso está há muito
inoperacional, o que torna impossível utilizar o espaço como extensão
da operação de emergência. Sexta
e sábado, logo após a passagem do
ciclone, a custo, disponibilizaram
uma força para guarnecer o perímetro do aeroporto, evitando os saques
que aconteceram por toda a cidade.
Na aerogare, continuam a funcionar os dois bares. Sem mãos a medir.
Os preços já eram caros antes. Um
refresco a 70 meticais, um quarto
de frango com arroz, 250 meticais.
Há dois ATM sem grande bicha,
três banquinhas para recargas de
telemóvel, um quiosque que vende
sorvete. Com top de chocolate ou
caramelo. O cone de bolacha está
a 100 meticais. Para “a primeira cidade a ser totalmente devastada pelas
mudanças climáticas”, como alguém
disse, é mesmo obra de “beirenses
resilientes”.
A cidade em desespero
Fora da ilha de conforto chamada
aeroporto começa o inferno e o desespero. Na Munhava, o bairro a
meio caminho entre o centro da cidade e a pista internacional, quartafeira, foram confirmados cinco óbitos por cólera. Sem surpresa. Aqui
vive-se ainda com água até ao joelho.
Cheira mal, os poucos pertences das
famílias pobres secam por de cima
dos escombros das paredes que não
ruíram totalmente. Não há água. Há
telemóvel mas não há energia para os
carregar. Os “tchovas” trazem “chapas
em segunda mão” para quem procura
desesperadamente repor o telhado.
Até à próxima ventania. Crianças e
adolescentes estão atentos às informações sobre armazéns e lojas com
comida disponível. Mesmo que seja
necessário enfrentar as “balas para o
ar” de polícias impotentes.
A cidade mais formal não está no
chão. Mas é difícil encontrar um
telhado que não tenha recebido um
selo da fúria do Idai. A comunidade
empresarial está a fornecer camiões e
máquinas escavadoras para remover
o lixo da cidade. Sobretudo as árvores que desabaram e são milhares.
O barulho das moto-serras, logo pela
manhã, confunde-se com os helicópteros que sobrevoam a cidade.
Os militares, como as pontes articuladas do INGC, são os grandes
“desaparecidos em combate” nesta
operação gigantesca. Dificilmente
há uma imagem de militares trabalhando nas ruas e nos bairros. Por
oposição às imagens que chegam
do Zimbabwe, um país que está a
braços com a mesma catástrofe na
zona de Chimanimani. No aeroporto, nos destacamentos lá colocados para ajudarem na estiva da ajuda
e na montagem de tendas, há greve
de zelo permanente. “Estão a toda a
hora a dizer que estão com fome”, diz
uma voluntária civil da Manga que,
desde que começou a crise, só chega
a casa depois das 20 horas. “Ontem
(segunda-feira), houve um avião que
chegou muito tarde, só cheguei depois da meia-noite. E os militares ali
a ver, sentados no chão”. Os oficiais
do governo, sobre o assunto, balbuciam respostas esfarrapadas. Como
sobre as pontes articuladas.
Desde segunda-feira, uma das principais lojas de ferragens e materiais de construção reabriu as portas.
Parcialmente. Durante uma semana
remontaram o telhado, a instalação
eléctrica e os circuitos dos computadores.
Os portões só deixam passar cinco
clientes de cada vez. “Não temos
ainda capacidade”, explica contrariado Barry Johnson. O que está a sair?
“Chapas de zinco, lusalite, ibr, telhas,
barrotes, ripas, pregos de todas as dimensões”. Não há ruptura de “stock”.
O cliente tem direito a factura emitida a partir do computador. Maputo
fez seguir para a Beira dois camiões
Dez dias depois da passagem do Idai
Um aeroporto solidário numa cidade em desespero
Um herói improvável
Por Fernando Lima, em Sofala
com mais materiais. A seguir vai
avançar a reabilitação do armazém
do Dondo. Tal como na Beira, é
precisa uma reconstrução quase de
raiz. Os seus competidores tinham
acabado de fazer novos armazéns. Os
tectos ruíram por completo. “Perdas,
nem conseguimos pôr os números,
mas são muitos milhões”. Tal como
a maior superfície comercial de retalho. Às destruições seguiram-se os
saques.
A resposta de Maputo
À Beira chegaram na noite de domingo os 98 contentores da solidariedade da capital para com a cidade
rebelde. Um movimento inusitado
que teve como epicentro o porto de
Maputo. “Tentaram politizar o movimento, resistimos e o resultado está
aqui”, explica-me um dos organizadores, tudo pessoal jovem, sem cor
partidária.
Na Beira, os burocratas e sanguessugas associados aos movimentos
portuários entraram em acção, dificultando num primeiro momento a
entrega dos contentores. Havia “falta
de documentos”. Giberto Correia,
um advogado beirense, “minimizou
os impactos”.
Por consenso entre os organizadores,
onde esteve em peso a comunidade
muçulmana, estabeleceu-se que apenas uma parte da “solidariedade de
Maputo” seria entregue ao INGC.
“Há uma grande desconfiança em
relação ao governo e nós queremos
que os bens cheguem a quem deles precisa”, explica outro advogado
beirense. Das 2000 toneladas contentorizadas, o maior volume será
Aeroporto da Beira esta quarta-feira
Augusta Maita, Directora do INGC ajustando os números da catástrofe no terreno A água chegou no campo de futebol do Búzi. Agora, os residentes podem cuidar da sua própria desgraça Crianças em Nova Sofala assistindo à chegada dos helicopteros enquanto a escola não recomece
C
hama-se Domingos Rodrigues e nasceu
há 56 nas margens do Zambeze. Na terra
do açucar, no Luabo.
Mas fez toda sua vida na Beira.
Na quinta feira, 14, fez o que considera ser as rotinas de um responsável de aeroporto.
Preparou os colegas e a infra-estrutura para resistir aos ventos do Idai.
Nada a fazer com as luzes e aparelhos na pista.
Mas uma operação importante para salvar o equipamento na torre de controlo. Há as operações de
aterragem e descolagem, mas há também as operações de apoio à navegação aérea das aeronaves
que fazem o sobrevoo do território nacional.
Uma operação que rende uma assinalável receita
à “Aeroportos de Moçambique”.
Tal como os inúmeros relatos recolhidos, o Idai
chegou em duas fases. A que começou às 19 horas. E depois, a mais devastadora, a que “atacou”
por volta da 01.30h da madrugada. “Aquela a que
nos arrasou”, conta Rodrigues. E deu também o
golpe final em grande parte das habitações da cidade.
O aeroporto conseguiu resistir com meios próprios de energia. Mas muito do equipamento foi
preventivamente desligado. Numa das salas partiu-se o vidro. Montou-se uma lona e os técnicos
trabalharam debaixo do encerado.
Apesar da borrasca, o aeroporto durante toda a
tempestade continuou a fornecer, sem parar, as
rádio-ajudas para a navegação aérea internacional.
Sexta de manhã, depois de uma noite de insónias para Domingos Rodrigues e o pessoal que o
acompanhou na torre, foi a hora de se fazerem à
pista para avaliar os estragos. Havias chapas por
todos os lados vindas dos bairros das redondezas.
A vedação e os muros de protecção estavam derrubados. Um incentivo ao saque de equipamentos
e outros bens no perímetro do aeroporto.
Os bombeiros fizeram um trabalho notável na
limpeza da pista. Havia meia dúzia de lâmpadas a
substituir. Arrancadas pela fúria dos ventos.
Com a cidade de rastos, o director do aeroporto
sabia que seria por ali que viria grande parte da
ajuda para toda a região. Maputo, via outras aeronaves, foi informada da situação. Mas também do
cometimento em abrir domingo. Três dias depois
dos ventos que chegaram aos 200 km horários.
E assim foi. Nesse dia chegaram os primeiros
voos comerciais, um helicóptero e a equipa de
voluntários sul-africanos que chegou à Beira por
terra.
Domingos não se sente na pele de herói. Fez o
necessário.
Agora, que as coisas melhoraram, no aeroporto,
é tempo de ir para casa. Fazer o inventário do
muito que foi destruído.
E apoiar a família.
(FL)
canalizado à Cruz Vermelha, Comunidade de Sant’Egideo e “a outras organizações humanitárias com
credibilidade”.
Até quarta-feira, nas quatro províncias atingidas pelo Idai, haviam sido
criados 161 centros de acomodação
albergando 135.827 refugiados. Os
mortos oficiais são 468.
Todo o mundo teme que os números
continuem a subir. Como as epidemias e a fome.
Enquanto espreita à porta um novo
ciclone com nome de mulher. O
Joaninha.
Savana 29-03-2019
EVENTOS
13
0DSXWR GH0DUoRGH $12;;9,1o 1316
EVENTOS
No quadro da sua
linha de responsabilidade social, o
Grupo C.Mondego
S.A., uma empresa de capitais moçambicanos que opera na área de construção civil
desde de 1997, juntou-se às
vítimas do ciclone IDAI, que
matou cerca de 500 pessoas e
deixou milhares de feridos e
Grupo Mondego junta-se
às vítimas do IDAI
desalojados para além de destruir
várias infraestruturas de índole
público e privado.
Sensibilizado com a triste realidade das vítimas das cheias, o
Grupo Mondego juntou-se ao
movimento solidário e em resposta ao apelo do presidente da
República (PR), Filipe Nyusi,
contribuiu com 100 toneladas de
produtos alimentícios não perecíveis. O grupo C.Mondego
também ofereceu mil sacos
de cimento de construção e
mil chapas de zinco para a
reconstrução de várias unidades sanitárias destruídas pelo
ciclone. A contribuição em
materiais de construção foi
entregue à Confederação das
Associações Económicas de
Moçambique (CTA).
“A iniciativa da nossa empresa surge em resposta ao
apelo do PR, que depois de
viver no terreno o desastre
humanitário provocado pelo
ciclone IDAI, a todas forças
vivas da sociedade para que
contribuíssem, prestando o
seu apoio às vitimas afectadas, pelo que a Mondego não
podia ficar indiferente perante o sofrimento dos nossos
irmãos”, disse Manuel Pereira, Administrador Delegado
do Grupo C.Mondego.
De acordo com Pereira, a sua
empresa tem consciência de
que o apoio é insuficiente
face à grandeza da catástrofe, mas o gesto representa um
grande passo.
Com um volume de negócios
sustentável e guiando-se pelo
lema: a Mondego, Qualidade, Rigor e Profissionalismo,
o Grupo C.Mondego é uma
empresa virada essencialmente para o ramo imobiliário e de obras públicas.
A empresa emprega neste
momento cerca de 850 trabalhadores, dos quais 99.8%
são moçambicanos.
Opresidente do Conselho
Autárquico de Maputo,
Eneas Comiche, uniu-se
ao projecto das organizações da Sociedade Civil (SC), no
âmbito do seu programa governativo, que visa fazer da edilidade um
lugar aprazível de estar.
Trata-se de um projecto que visa
combater o mau hábito de urinar
na via pública, que passa por investir na reabilitação e construção
de novos sanitários públicos. O
projecto é coordenado pela AGECAP (Agência de Colaboração em
Descentralização e DesenvolviMunicípio de Maputo
e SC unidos pela
higiene pública
mento Local) em parceria com outras organizações da sociedade civil,
agentes económicos e com o departamento de águas e saneamento da
edilidade.
De acordo com a AGECAP, a
ideia passa por investir em sanitários com recurso a fundos do orçamento participativo ou orçamento
anual da autarquia aprovado pela
Assembleia Municipal. A autarquia deverá estabelecer os requisitos para o licenciamento da actvidade, fiscalização e educação cívica
que deverá levar à cabo juntamente
com as organizações de modo acabar definitivamente com o hábito
de urinar na via pública.
AInternational Youth
Foundation (IYF) assinou, recentemente,
um memorando de entendimento com o Instituto Nacional do Emprego (INEP) e o
Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto
Cassimo (IFPELAC).
O acordo visa, dentre vários aspectos, o reforço da capacidade
institucional e técnica. À luz do
referido instrumento, as duas insIYF disponibiliza USD
4.4 milhões para
Educação Profissional
tituições do ensino profissional
vão receber USD 4.4 milhões,
que vai beneficiar de forma directa cerca de 4.750 jovens moçambicanos.
Fundada em 1990, a IYF cria e
mantém uma comunidade mundial de organizações governamentais, de negócios e da sociedade civil, apostada no reforço
da capacidade dos jovens para
se tornarem cidadãos saudáveis,
produtivos e empenhados. (C.C)
Numa corrida contra o tempo, no
que diz respeito a
construção de habitação no presente quinquénio (2015-2019), o presidente da República, Filipe
Nyusi, lançou, na passada
sexta-feira, no distrito de
Marracuene, o projecto de
construção de 1840 casas
para habitação.
Localizado no bairro ZinGoverno constroi 1840 apartamentos
tava, cerca de 25 quilómetros do
centro da cidade, o projecto resulta da parceria firmada entre o
Fundo para o Fomento de Habitação (FFH) e a empresa privada
Construções Cooperação China
Moçambique Limitada (CCM)
que vai desembolsar USD 96
milhões para financiar as obras.
Na ocasião, o presidente da República afirmou que o arranque
daquele projecto constitui a resposta do governo aos anseios da
juventude que sempre o confronta com pedidos de habitação. Assinalou que os jovens
sãos os principais alvos das casas
e espera que façam as devidas
poupanças para poderem aderir
ao projecto.
Nyusi apelou as populações vizinhas a serem vigilantes contra
actos que possam atrasar a execução das obras, bem como evitar conflitos de terra e criminalidade naquela zona.
As 1840 casas a serem construídas serão de tipo II e III, em edifícios de quatro pisos, num condomínio fechado de 21 hectares
e vai obedecer duas fases.
A primeira compreende a construção de mil unidades habitacionais em 12 meses, enquanto
que na segunda serão edificadas
840 casas a partir de 2020.
Foram anunciados três mecanismos de acesso aos apartamentos
que passam pela comparticipação nos custos da construção, pronto pagamento no
valor de 3.8 milhões de meticais para casa do tipo III e
2.9 milhões de meticais para
casa tipo II. A última opção
passa pelo arrendamento
com opção de compra sendo
que a mensalidade foi fixada
em 12 e 22 mil meticais para
casas de tipo II e III, respectivamente, a serem pagos
durante 25 anos.
Savana 29-03-2019 EVENTOS
14
Standard Bank, INSS, Galp e Karpowership solidários
OInstituto Nacional de
Segurança Social (INSS)
efectuou, na quinta-feira
passada, a entrega de um
cheque no valor de 350 mil meticais
ao Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC), como sua
contribuição ao apoio às vítimas do
ciclone Idai, que se abateu sobre a
região centro do país, na semana
passada.
Através deste acto de solidariedade,
o Instituto Nacional de Segurança
Social espera contribuir para aliviar
o sofrimento das vítimas do ciclone
Idai e garante que gesto será replicado ao nível das delegações provinciais.
Conforme explicou o presidente
do Conselho de Administração do
INSS, Francisco Mazoio, todas as
delegações têm um orçamento específico para assistência social, sendo que as da zona Centro já foram
orientadas a destiná-lo a acções de
apoio às vítimas do Idai.
“A nossa solidariedade será contínua
e mais ampla. Vamos prestar apoio
aos pensionistas e beneficiários do
Sistema de Segurança Social nas
zonas afectadas. Neste momento,
estamos a fazer o levantamento e
vamos levar a cabo acções concretas
para apoiar estas pessoas a nível local”, reiterou o presidente do Conselho de Administração do INSS.
Por seu turno, e com vista a suprir as
necessidades das vítimas do ciclone
IDAI, o Standard Bank doou, na
sexta-feira finda, em Maputo, bens
alimentícios, material de higiene,
entre outros.
Na ocasião, o administrador delegado do Standard Bank, Chuma
Nwokocha, explicou tratar-se de
um gesto de solidariedade para os
afectados pela intempérie, no centro
do país, e que faz parte de um leque
diversificado de acções a serem desenvolvidas pelo banco.
“Há mais acções que estamos ainda
a coordenar, com vista a ajudar às vítimas do ciclone Idai e, deste modo,
salvar vidas, incluindo a mobilização
dos colaboradores do banco, no sentido de abraçarem esta causa nobre”,
frisou.
Para já, o banco está igualmente a trabalhar com o Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) para identificar
a melhor forma de apoiar, e ainda abriu, uma conta solidariedade (MZN 1128281411004, NIB:
000301120828141100496, IBAN:
MZ59000301120828141100496,
SWIFT: SBICMZMX), através da
qual todos os seus colaboradores,
clientes, parceiros e demais interessados podem depositar o seu contributo, visando minorar o sofrimento
dos afectados pelo ciclone Idai.
Consta ainda do conjunto de acções
desenvolvidas por esta instituição financeira, conforme indicou Chuma
Nwokocha, o lançamento, na última
quarta-feira, 20 de Março, em Maputo, de uma campanha de recolha
de bens alimentares não perecíveis,
vestuário, material escolar, redes
mosquiteiras e lençóis, que deverão
ser encaminhados às agências do
banco.
Enquanto isso, a Karpowership
doou bens alimentares e equipamentos de primeira necessidade
como arroz, farinha, açúcar, óleo,
feijão e água, bem como kits de higiene, sacos-cama, velas, pilhas, fósforos e mantas.
Estes bens considerados essenciais
para auxiliar às vítimas da tempestade tropical, já que para além das
culturas que foram destruídas, muitas famílias perderam todos os bens
que tinham em casa.
Os bens oferecidos foram entregues à plataforma da sociedade civil Unidos por Beira e ao Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades
(INGC).
Para Cumhur Aksoy, director geral da Karpowership Moçambique,
ninguém consegue ficar indiferente
a tão grave desastre humanitário,
sendo por isso importante auxiliar
às vítimas do Ciclone o mais depressa possível, fazendo-lhes chegar
comida e outros bens de primeira
necessidade.
“O objectivo é levar até às comunidades atingidas alimentos e outros
materiais que, nesta altura, possam
diminuir de alguma forma o impacto causado pelo Idai. Como sempre,
dedicamo-nos a apoiar a comunidade em que operamos”, afirmou o
director.
Esta iniciativa da Karpowership enquadra-se no âmbito das acções de
responsabilidade social e apoio que
tem desenvolvido a Moçambique. A
empresa tem vindo a concretizar um
conjunto de acções de apoio à educação, desporto e saúde e também às
comunidades do Distrito de Nacala,
A Karpowership é uma empresa que
fornece energia à cidade de Nacala
e à região norte do país, enquanto
fortalece a rede eléctrica em toda
aquela área.
Face à situação de calamidade que
se está a viver no país, a Fundação
Galp vai disponibilizar bens de
emergência à Cruz Vermelha no valor de EUR150.000 para apoiar as
operações de socorro às vítimas em
Moçambique com foco na província
de Sofala.
N
o passado dia 15 de Março
de 2019, o país, concretamente as províncias de Sofala, Zambézia e Tete , foram afectadas pelo Ciclone IDAI.
O ciclone tropical IDAI, deixou
um rastro de destruição, com maior
incidência para a cidade da Beira, e
outras vilas nas províncias de Sofala,
Tete e Manica, tendo já provocado
a morte de centenas pessoas e desalojado milhares de compatriotas
moçambicanos.
Com intuito de minimizar o impacto desta que é considerada a
maior catástrofe natural que já se
MRM doa USD 100 mil
para vítimas do IDAI
abateu sobre o país, a Montepuez
Ruby Mining (MRM), um empresa do Grupo Gemfields, doou, esta
quinta-feira, USD 100,000.00 para
ajuda humanitária na região centro
do país.
O valor foi canalizado ao Instituto
Nacional de Gestão de Comunidades (INGC).
A Montepuez Ruby Mining encoraja ainda o Governo de Moçambique, as organizações das nações unidas, as organizações humanitárias
e a sociedade civil moçambicana, a
continuar com os seus esforços na
dura batalha de resgate, salvamento
e assistência as populações afectadas.
Savana 29-03-2019
EVENTOS
15 RELATÓRIO E CONTAS
17
Bayport Financial Services Moçambique (Mcb), S.A.
Av. 25 de Setembro, Nº 1147, 3º Andar, Bairro Central, Maputo, Moçambique
Telefone: +258 21 420 260/1/2
www.bayportfinance.com
31.5 Risco de taxa de juros
O objectivo do processo de gestão de risco de taxa de juros do Banco é gerir e controlar a exposição da taxa
de juros para optimizar o retorno sobre o risco, mantendo um perfil de mercado consistente com a missão
da entidade.
O risco de taxa de juros é o risco de os movimentos nas taxas de juro reduzirem o rendimento ou o capital
do Banco.
A parte principal da gestão de risco de taxa de juros do Banco é o acompanhamento da sensibilidade
do rendimento líquido de juros projectado sob diferentes cenários de taxa de juros (modelagem de
simulação). O Banco tem como objectivo, através da sua gestão de risco de taxa de juros, mitigar o impacto
dos potenciais movimentos nas taxas de juros, que poderiam reduzir os resultados futuros e o capital.
Análise de sensibilidade - Aumento/redução de 10% na margem líquida de juros
A análise de sensibilidade de riscos de taxas de juro é baseada nos seguintes pressupostos:
% Alterações nas taxas de juros de mercado que afectam o rendimento ou os encargos de juros de
instrumentos financeiros variáveis,
% Alterações nas taxas de juro de mercado que afectam apenas o rendimento ou os encargos de juros
em relação aos instrumentos financeiros com taxas de juros fixas se estes forem reconhecidos pelo
seus justos valores,
% As alterações nas taxas de juro terão um efeito sobre activos e passivos sensíveis a juros e, portanto,
a modelagem de simulação é aplicada aos instrumentos financeiros que são sujeitos a taxas de juros
variáveis,
% As projecções incluem outros pressupostos, incluindo todas as posições executadas até a maturidade.
A tabela abaixo resume o impacto sobre o lucro corrente e o capital próprio de um aumento de 10% e de
uma redução correspondente em todas as curvas de rendimento no início no exercício financeiro iniciado
em 1 de Janeiro de 2018.
31 de Dezembro de 2018 Montante
Cenário 1 Efeito
após o aumento
de 10% nas taxas
de juros variáveis
Cenário 2 Efeito
após a redução de
10% nas taxas de
juros variáveis
Lucro após impostos 277,956,978 266,990,278 288,923,676
Capital próprio 1,624,557,439 1,613,590,739 1,635,524,137
31 de Dezembro de 2017 Valor
Cenário 1 Efeito
após o aumento
de 10% nas taxas
de juros variáveis
Cenário 2 Efeito
após a redução de
10% nas taxas de
juros variáveis
Lucro após impostos 144,148,638 131,612,764 156,684,512
Capital próprio 856,440,462 843,904,587 868,976,335
Assumindo a falta de acções de gestão, uma subida diminuiria os lucros após impostos do Banco e o
capital próprio em MT 10,966,700 (2017: MT 12,535,874) enquanto uma redução aumentaria os lucros
após impostos e o capital próprio nas mesmas quantias.
31.6 Gestão de risco de capital
A estrutura de capital do Banco consiste em capital próprio atribuível aos accionistas que compreende o
capital realizados e os lucros acumulados. O Banco revê, regularmente, a estrutura de capital. O Banco não
está sujeito a nenhuns requisitos de capital externamente impostos.
A estrutura de capital do Banco consiste em dívida, que inclui os empréstimos bancários divulgados nas
notas 20 e 21, valores a pagar aos accionistas divulgados na nota 22, caixa e equivalentes de caixa divulgados
nas notas 10, 11 e 18 e o capital próprio conforme divulgado na demonstração da posição financeira. De
modo a manter ou ajustar a estrutura de capital, o Banco pode ajustar o montante dos dividendos pagos
aos accionistas, retornar o capital aos accionistas, emitir novas acções para reduzir a dívida. Tal como as
outras entidades no sector, o Banco monitora o capital em função do rácio de alavancagem.
Rácios
Os rácios de alavancagem em 31 de Dezembro de 2018 e 31 de Dezembro de 2017 foram os seguintes,
respectivamente:
Total de empréstimos
Depósitos de clientes 17 988,423,360 9,150,100
Empréstimos 21 2,413,467,923 545,172,636
Locação financeira 10 2,386,157 2,622,364
Empréstimos dos accionistas 22 2,272,032,365 2,916,761,185
5,676,309,805 3,473,706,285
Menos: valor líquido de caixa e
equivalentes de caixa 10,11&18 (387,720,937) (49,462,498)
Dívida líquida 5,288,588,868 3,424,243,788
Total do capital próprio 1,624,557,439 856,440,461
Total do capital 6,913,146,307 4,280,684,249
Rácio de alavancagem 77% 80%
31.7 Risco cambial
O Banco possui certos empréstimos em moeda estrangeira e está sujeito a riscos cambiais decorrentes de
várias exposições cambiais. Consequentemente, o Banco está exposto ao risco de os valores contabilísticos
desses activos e passivos denominados em moeda estrangeira poderem alterar devido a flutuações nas
taxas de câmbio.
A posição cambial do Banco é a seguinte:
31 de Dezembro de 2017 MZN USD ZAR Total
Activos
Caixa e disponibilidades no Banco
Central 204,472,926 - - 204,472,926
Depósitos em outras instituições
de crédito 293,538,646 94,408,131 13,699 387,960,476
Empréstimos a adiantamentos a
clientes 6,140,883,937 - - 6,140,883,937
Outros activos 23,660,575 - - 23,660,575
Investimentos em outros activos
financeiros 6,960,302 - - 6,960,302
Total de activos financeiros 6,669,516,386 94,408,131 13,699 6,763,938,216
Passivos
Depósitos de clientes 988,423,360 - - 988,423,360
Recursos de instituições de
crédito 1,540,345 - - 1,540,345
Outros passivos 234,835,806 - 103,318 234,939,124
Locação financeira 2,386,158 - - 2,386,158
Empréstimos 2,413,467,923 - - 2,413,467,923
Empréstimos dos accionistas 1,194,938,512 1,077,093,853 - 2,272,032,365
Total dos passivos financeiros 4,835,592,104 1,077,093,853 103,318 5,912,789,275
Posição financeira líquida 1,833,924,282 (982,685,722) (89,619) 851,148,941
31 de Dezembro de 2017 MZN USD ZAR Total
Total de activos financeiros 3,859,612,855 4,177,689 118,100 3,863,908,644
Total dos passivos financeiros (2,751,724,579) (952,839,754) (5,642,500) (3,710,206,833)
Posição financeira líquida 1,107,888,276 (948,662,065) (5,524,400) 153,701,811
O objectivo do processo de gestão de risco cambial do Banco é gerir e controlar a exposição cambial para
optimizar o retorno sobre o risco, mantendo um perfil de mercado consistente com a missão da entidade.
O risco cambial é o risco dos movimentos das taxas de câmbio reduzirem os rendimentos ou o capital do
Banco.
A parte principal da gestão de risco cambial do Banco é o acompanhamento da sensibilidade dos ganhos
futuros e do capital para diferentes taxas de câmbio. O Banco tem como objectivo, através da sua gestão
de risco cambial, mitigar o impacto das flutuações cambiais, que poderiam reduzir os resultados futuros e
o capital.
Riscos cambiais - apreciação/depreciação do Metical face a outras moedas em 10%
A análise de sensibilidade de riscos cambiais baseia-se nos seguintes pressupostos:
% As exposições cambiais representam posições cambiais líquidas de todas as moedas diferentes do
Metical,
% A análise de sensibilidade de moedas é baseada no pressuposto de que todas as posições cambiais
líquidas são altamente eficazes,
% A moeda base em que os negócios do Banco são realizados é o Metical.
A tabela abaixo resume o impacto sobre o lucro corrente e o capital próprio de uma redução 10% e de um
aumento correspondente em todas as moedas estrangeiras no início do exercício financeiro iniciado em 1
de Janeiro de 2018.
Assumindo a ausência de acções de gestão, uma série de tais reduções e aumentos afecteria os ganhos
futuros e o capital, conforme ilustrado na tabela abaixo:
31 de Dezembro de 2018 Montante
Cenário 1 Efeito após
a apreciação de 10%
em MZN
Cenário 2
Efeito após a
depreciação de
10% em MZN
Lucro após impostos 277,956,978 344,838,379 211,075,577
Capital próprio 1,624,557,439 1,691,438,839 1,557,676,037
31 de Dezembro de 2017
Montante
Cenário 1 Efeito após
a apreciação de 10%
em MZN
Cenário 2
Efeito após a
depreciação de
10% em MZN
Lucro após impostos 144,148,638 209,033,318 79,263,958
Capital próprio 856,440,461 921,325,142 791,555,782
Assumindo a falta de acções de gestão, uma apreciação do Metical aumentaria o lucro após de impostos
e o capital próprio do exercício em MT 66,881,401 (31 de Dezembro de 2017: redução da perda após
impostos e do capital próprio em MT 64,884,681), enquanto uma depreciação no Metical diminuiria o lucro
após impostos e o capital próprio em MT 66,881,401 (31 de Dezembro de 2017: aumento da perda após
impostos e do capital próprio em MT 64,884,681).
32. Risco de mercado
Risco de mercado é o risco de que o justo valor ou fluxos de caixa futuros de instrumentos financeiros irá
variar devido a alterações das variáveis do mercado, tais como taxas de juros, taxas de câmbio, e os preços
das acções. O risco dos preços das acções não se aplica à instituição.
Savana 29-03-2019 EVENTOS
16
18
Bayport Financial Services Moçambique (Mcb), S.A.
Av. 25 de Setembro, Nº 1147, 3º Andar, Bairro Central, Maputo, Moçambique
Telefone: +258 21 420 260/1/2
www.bayportfinance.com
33. Risco operacional
O risco operacional é o risco de perdas decorrentes de falhas de sistemas, erro humano, fraude ou
acontecimentos externos. Quando ocorre uma falha nos controlos, os riscos operacionais podem causar
danos na reputação da instituição, ter implicações legais ou regulamentares ou dar origem a perdas
financeiras. A instituição não pode esperar eliminar todos os riscos operacionais, mas através de um
quadro de controlo e de vigilância e respondendo aos potenciais riscos, a instituição é capaz de gerir os
riscos. Os controlos incluem uma efectiva segregação de funções, acesso, autorização e procedimentos de
reconciliação, formação do pessoal e processos de avaliação.
34. Mensuração do justo valor
As informações abaixo apresentam a forma como o Banco determina o justo valor dos diversos activos e
passivos financeiros.
Os instrumentos financeiros que são mensurados após o reconhecimento inicial pelo justo valor, são
agrupados em Níveis 1 a 3 com base no grau em que o justo valor é observável:
Nível 1: Preços cotados (não ajustáveis) em mercados activos para os activos e passivos financeiros idênticos.
Este nível inclui valores mobiliários cotados e instrumentos de dívida na bolsa de valores (por exemplo,
Bolsa de Valores de Moçambique).
Nível 2: Inputs, além dos preços cotados, incluídos no nível 1 que são adoptados pelo mercado para o activo
ou passivo, seja diretamente (ou seja, como preços) ou indirectamente (ou seja, derivados dos preços).
Nível 3: Inputs para o activo ou passivo que não são baseadas em dados observáveis de mercado (inputs
não observáveis). Este nível inclui investimentos de capital e instrumentos de dívida com componentes
não observáveis significativos.
Justo valor de activos e passivos financeiros do Banco que são mensurados pelo justo valor numa
base recorrente
Excepto quando divulgado em outra parte, os Administradores consideram que a quantia escriturada dos
outros activos financeiros se aproxima dos seus justos valores.
Justo valor de activos e passivos financeiros que não são mensurados pelo justo valor numa base
recorrente (mas cujas divulgações do justo valor são necessárias)
O Banco utiliza o modelo do valor presente líquido a fim de obter o justo valor de activos financeiros. As
taxas de juros utilizadas para o desconto são observáveis no mercado e correspondem às taxas de juros dos
Bilhetes do Tesouro, dependendo das datas de maturidade.
O justo valor de instrumentos não cotados, empréstimos bancários e outros passivos financeiros é estimado
pelo desconto dos fluxos de caixa futuros usando taxas actualmente disponíveis para dívidas em condições
similares, risco de crédito e maturidades remanescentes.
A tabela a seguir mostra uma análise dos instrumentos financeiros registados ao custo amortizado pelo
nível da hierarquia de justo valor:
2018 2017
Quantia
escriturada
MZN
Justo valor
MZN
Quantia
escriturada
MZN
Justo valor
MZN
Activos financeiros ao custo amortizado
Empréstimos e contas a receber
- Empréstimos e adiantamentos a
clientes 6,140,883,937 6,140,883,937 3,790,817,902 3,790,817,902
Justo valor através de outro rendimento integral
Investimento em outros activos
financeiros 6,960,302 6,960,302 - -
6,147,844,239 6,147,844,239 3,790,817,902 3,790,817,902
Passivos financeiros ao custo amortizado
- Depósitos de clientes 988,423,360 988,423,360 9,150,100 9,150,100
- Locação financeira 2,386,158 2,386,158 2,622,364 2,622,364
- Empréstimos 2,413,467,923 2,413,467,923 545,172,637 545,172,637
- Empréstimos dos accionistas 2,272,032,365 2,272,032,365 2,916,761,185 2,916,761,185
5,676,309,806 5,676,309,806 3,473,706,286 3,473,706,286
Hierarquia do justo valor em 31 de Dezembro de 2018
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Total
MZN MZN MZN MZN
Activos financeiros ao custo
amortizado
- Empréstimos e adiantamentos a clientes - - 6,140,883,937 6,140,883,937
Justo valor através de outro rendimento integral
Investimento em outros activos
financeiros - - 6,960,302 6,960,302
Total - - 6,147,844,239 6,147,844,239
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Total
MZN MZN MZN MZN
Passivos financeiros ao custo amortizado
- Depósitos de clientes - - 988,423,360 988,423,360
- Locação financeira - - 2,386,158 2,386,158
- Empréstimos - - 2,413,467,923 2,413,467,923
- Empréstimos dos accionistas - - 2,272,032,365 2,272,032,365
Total - - 5,676,309,806 5,676,309,806
Hierarquia do justo valor em 31 de Dezembro de 2017
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Total
MZN MZN MZN MZN
Activos financeiros
Empréstimos e contas a receber
- Empréstimos e adiantamentos a clientes - - 3,790,817,902 3,790,817,902
Total - - 3,790,817,902 3,790,817,902
Nível 1 Nível 2 Nível 3 Total
MZN MZN MZN MZN
Passivos financeiros ao custo amortizado
- Depósitos de clientes - - 9,150,100 9,150,100
- Locação financeira - - 2,622,364 2,622,364
- Empréstimos - - 545,172,637 545,172,637
- Empréstimos dos accionistas - - 2,916,761,185 2,916,761,185
Total - - 3,473,706,286 3,473,706,286
35. Gestão de Capital
O Banco mantém uma gestão activa do capital para cobrir os riscos inerentes ao negócio. A adequação
do capital do Banco é monitorado usando, entre outras medidas, as regras e os rácios estabelecidos pelo
Banco de Moçambique. Os principais objectivos da gestão de capital são os que visam que a Bayport:
% cumpra com os requisitos de capitais impostos pelo Banco de Moçambique;
% mantenha uma forte e saudável notação de rácios de capital, a fim de apoiar o seu negócio; e
% tenha a capacidade de operar segundo o pressuposto da continuidade, a fim de proporcionar o
máximo retorno, e maximizar o valor aos accionistas.
A Bayport cumpre com os requisitos emanados pelo Banco de Moçambique, estando sujeito a um
acompanhamento contínuo diário das posições cambiais e numa base mensal, no que diz respeito ao Rácio
de Adequação de Capital tal como à Solvabilidade e à Concentração de Crédito. O Banco de Moçambique
exige a cada banco para manter o nível mínimo do capital regulamentar de 8% dos activos ponderados
pelo risco. Por este facto, o Banco não poderá aumentar o património de activos, de acordo com o Aviso 6/
GBM/2007 e a capacidade de continuidade pode estar em cousa.
A tabela a seguir resume o cálculo do índice de adequação de capital da instituição para a exercício findo
em 31 de Dezembro de 2018 e 2017 de acordo com as exigências do Banco de Moçambique:
Fundos próprios de base (Tíer I)
Capital social realizado 1,905,808,000 1,905,808,000
Reserva legal 21,622,296 -
Reservas elegíveis e resultados transitados (1,158,544,401) (1,281,070,743)
Activos intangíveis (68,617,358) (53,349,271)
Gap na imparidade de crédito (129,587,939) (141,115,512)
Fundos próprios de base (Tíer I) 570,680,598 430,272,474
Fundos próprios complementares (Tíer II)
Outros 735,603 492,412
Fundos próprios capital Complementares ( Tíer II) 735,603 492,412
Capital Elegível (Tíer I e Tíer II) 571,416,201 430,764,886
Activos Ponderados pelo Risco (APR)
Na Posição financeira 5,884,826,914 3,939,297,320
Na Posição extrapatrimonial - -
Risco operacional e de mercado 88,237,085 135,682,398
Total dos activos ponderados 5,973,063,999 4,074,979,718
Rácios de adequação de Capital
Tíer I 9.55% 10.56%
Tíer II 0.01% 0.01%
Rácio de solvabilidade 9.57% 10.57%
Rácio de solvabilidade (Mínimo Exigido) 8.00% 8.00%
36. Acontecimentos após a data do balanço
Não houveram eventos significativos após a data de relato que exigissem a divulgação ou ajustamento nas
demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de Dezembro de 2018.
RELATÓRIO E CONTAS
18 Savana 29-03-2019 OPINIÃO
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Cartoon EDITORIAL
Escreveu num poema o senegalês Birago Ismael Diop: «Escuta mais amiúde/ as coisas que
os seres./ A voz do fogo ouve-se,/
ouve a voz da água,/ escuta no vento / a
copa que soluça./ É o sopro dos ancestrais.
// Os que estão mortos nunca partiram, /
estão na sombra que se aclara/ e na sombra que se espessa, /os mortos não estão
debaixo da terra: / estão na árvore que
estremece / estão no lenho que geme,/ estão na água que corre, / estão na água que
dorme,/ estão na caverna, estão na multidão: /os mortos não estão mortos. // Escuta
mais amiúde/ as coisas que os seres. (…)»
Este poema tem oitenta anos e nele
o poeta mostra como todas as coisas
estão em relação umas com as outras,
o macro com o micro, as coisas vivas
entre si e as existentes com os mortos
(ou espíritos), o visível com o invisível,
etc., nada está isolado mas entrançado.
Este poema, como o de tantos clássicos
africanos, revela a consciência sistémica que hoje está por detrás do pensamento ecológico.
Todavia, este era um momento em que
se acreditavam ainda no que as tradiçoes têm de mais vivo e que nos podem
ensinar.
Nos dias de hoje, de Trump a Bolsonaro, passando por muitos líderes políticos africanos, assistimos à ascensão
de uma geração de políticos que antes
encara a natureza como uma coisa
fora-de-nós, que se domina, e sob o
viés da vantagem económica que os
recursos naturais possam trazer, uma
geração arredada de qualquer vínculo
ou participação afectiva seja na ordem
social ou na relação com o mundo. O
que interessa é a rentabilidade, o lucro,
se possível rápido.
Moçambique foi desmatado, desflorestado selvaticamente, contra todas as
quotas legais e as da prudência, na última década em nome do interesse de
alguns e isso repercutiu-se na magnitude do desastre que acolheu o ciclone.
A natureza ficou desprovida das suas
As regras do jogo
defesas e à mercê dos elementos e o
sinistro alcançou uma escala que não
teria em tendo-se observado o equilíbrio ecológico.
Como sustentou Agualusa numa excelente entrevista as ajudas internacionais a Moçambique deveriam ser
consideradas indemnizações, devidas
pelos crimes sobre o ambiente e que
desequilibram o clima do modo incomensurável a que temos assistido.
É preciso mudar esta mentalidade
predatória, através da educação. Trata-
-se de antecipar e inverter duplamente
tanto o ciclo apocalíptico das manifestações naturais, quer este uso distorcido como a natureza tem sido sinónimo
de insensibilidade e saque.
Li esta semana no jornal Le Monde
um artigo onde a autora se debruça sobre a necessidade de se empreender um
combate contra o que ela chama a iliteracia ambiental. É um bom conceito.
E a autora propunha alguns programas
para desenvolver nas escolas, tornando
as crianças desde logo mais preparadas
para uma compreensão do ambiente
como estrutura sistémica, responsável
e partilhada. É preciso absolutamente
que as novas gerações cresçam de antemão com uma maior consciência de
que se agirem como os pais, conduzindo-se como formigueiros de gula inflamada, a natureza riposta e isso pode ter
resultados funestos para todos.
Uma das coisas bonitas que aconteceu
em Portugal nas últimas semanas foi
aquela iniciativa de muitos milhares
de jovens fazerem greve à escola para
engrossar uma manifestação em que
exigiam uma mudança de atitude face
ao ambiente.
Essa consciência, por aqui, infelizmente, ainda está muito carecida. Já
contei como se notam os estragos, em
aumento do lixo, na Macaneta, depois
de inaugurada a ponte, numa atitude
próxima ao comportamento das massas nos fins-de-semana na Costa do
Sol: iliteracia ambiental.
Creio que a inércia que se seguiu ao
alerta vermelho dado pelas instituições
à aproximação do ciclone derivem do
mesmo problema: iliteracia ambiental.
Ninguém em seu perfeito juízo se tivesse plena consciência do que poderia
o ciclone trazer conservaria a mesma
inércia e irresponsabilidade. A irresponsabilidade da inconsciência.
Daí ser vital que um novo tipo de educação ganhe cidadania.
É preciso voltar a um jogo que tenha
regras – a começar pelo que se desenvolve na relação do homem com a natureza.
E isto deve começar em casa, connosco.
Creio que na semana passada, ao querer dizer que a Beira estava há algum
tempo numa rota de decadência, com
efeitos psicológicos e culturais negativos - e isto muito também devido ao
abandono a que o centralismo excessivo do sistema político moçambicano
condenou a cidade - fui desastrado e
inoportuno. A coisa estava deslocada
no contexto, além disso cometi uma
injustiça flagrante.
Não me lembrei de que a Casa do Artista e a sua responsável, a Maria Pinto
Sá, lutam há 16 anos contra uma inércia acabrunhante e que esse espaço tem
sido um respiradouro para quem anseia
para devolver à Beira a aura cultural
que já teve.
O meu pronunciamento negativo padecia de cretinice. Acontece. À Maria e
aos beirenses que se sentiram injustiçados o meu pedido de desculpas.
Escrever crónicas é como pintar um
fresco, não há por vezes tempo para
refazer a pincelada. Mas depois da
borrada feita, o que não é corrigível,
devemos ao menos reconhecer o erro
e apontá-lo.
Porque há necessidade de que volte a
haver regras do jogo que não só tornem o futuro sustentável como delineiem um pensamento ecológico que
deve ser crítico mas ter uma postura de
decência e valores. Voltar às regras da
probidade.
Era preciso não deixar os créditos em mãos alheias, e assim sendo, mesmo no meio de uma catástrofe humana, lá teve que se
inventar uma briga doméstica. O presidente do Conselho Municipal da Beira, Daviz Simango, era suposto estar presente na
reunião do Conselho de Ministros realizado na sua cidade, diz que não
foi convocado, o que é alvo de contestação pela outra parte.
No meio de acusações mútuas, a principal vítima é a verdade. Nunca se saberá o que realmente aconteceu. O facto é que o presidente
do município da cidade mais fustigada pelo ciclone IDAI não esteve
presente num encontro de tamanha importância, que tinha como objectivo avaliar a dimensão dos danos causados à sua cidade e encontrar
formas de lidar com a catástrofe. Alguma coisa pode ter falhado, como
por exemplo, uma comunicação mais eficaz que teria evitado todo este
hullabaloo. Simango, como autoridade eleita no seu território, talvez
necessitasse de uma formalidade para participar no encontro de um
órgão de que não faz parte. Terá essa formalidade sido cumprida? E se
foi, terá o edil tomado uma atitude de desafio à autoridade central do
Estado? Não se sabe, e talvez nunca se venha a saber.
Mas tudo isso à parte, é preciso reconhecer que o IDAI, com todo o seu
rasto de devastação e morte, apanhou todos de surpresa, mesmo que as
várias previsões meteorológicas tivessem advertido sobre a catástrofe
que se aproximava.
Do lado das autoridades, incluindo os especialistas do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), havia a indicação de que algo
de extraordinário se aproximava da região costeira do centro de Moçambique, mas a resposta foi a mesma rotina de sempre, sem qualquer
nível de entendimento de que este não era apenas mais um ciclone,
apesar dos avisos que vinham circulando ao nível da imprensa internacional. Na previsão meteorológica de uma grande cadeia internacional
de televisão, o repórter dizia, numa rara reportagem sobre o estado do
tempo em Moçambique: “Receio que isto será desastroso, e haverá necessidade de ajuda humanitária internacional nesta região. Estão nisto,
da forma mais cruel”. E cruel foi mesmo.
E como é que se pode explicar que com todo este cenário já desenhado
com uma antecedência de dias, a reação tenha sido uma extraordinária
passividade, superada apenas pelas formalidades do alerta vermelho?
Parte da resposta pode residir na ideia fatalista de que mesmo que houvesse vontade para que alguma coisa se fizesse para minimizar os danos,
as condições materiais não permitiriam uma acção de vulto para evitar
as centenas de vítimas que resultaram deste ciclone. A prontidão deste
país para fenómenos desta magnitude simplesmente não existe.
A primeira acção que deveria ter sido tomada era a evacuação de toda
ou grande parte da população da cidade da Beira, estimada em cerca
de 600 mil habitantes, e mais outras centenas que habitam os distritos
circunvizinhos, todos eles localizados abaixo do nível médio das águas
do mar. Mas para evacuar toda esta massa de gente exigia meios de
transporte aéreo e terrestre, que simplesmente não existem. A solução
seria solicitar ajuda internacional, mas quem estaria disposto a prestar
tal ajuda?
E mesmo que essa evacuação se materializasse, ainda seria necessário
garantir uma capacidade infraestrutural suficiente para albergar todas
as pessoas, em condições de segurança.
Países com uma longa costa como Moçambique, localizado numa região onde este tipo de fenómenos são cíclicos, precisam de investir mais
em meios e sistemas de inteligência para se protegerem de situações
catastróficas como o IDAI. Com uma infinidade de significativas bacias
hidrográficas, há que investir em sistemas seguros de controlo do fluxo
de água. Com uma força aérea adequadamente apetrechada, pequenas
embarcações de resgate posicionadas em pontos estratégicos, uma força
especial de intervenção rápida (não confundir com a FIR), um serviço
de previsão meteorológica de alto nível, e um melhor modelo de assentamentos humanos, é possível garantir que haja um sistema credível de
prevenção e gestão de desastres naturais.
Mas tudo isso requer uma melhor organização e planificação estratégica que envolva não só o governo central, mas também os governos provinciais, as autoridades distritais e dos municípios, num modelo de governação participativa que leve as pessoas a perceberem que está no seu
próprio interesse ter uma atitude mais simpática em relação à natureza.
Uma atitude mais simpática
em relação à natureza
Savana 29-03-2019 19 OPINIÃO
625
Email: diariodeumsociologo@gmail.com
Portal: https://oficinadesociologia.blogspot.com
Há efectivamente um mal-estar na civilização, para resgatar
o título de um famoso livro de Freud.
Esta é, certamente, a era da insegurança social total, ampliada pelo contacto tornado possível e lesto pelas novas
técnicas de informação e comunicação. Era de insegurança social
total que tem no terrorismo uma das suas alavancas, um das suas
correias de transmissão.
Em nome de um deus, de um credo, de uma cartilha e, não poucas
vezes, de uma nação, organizações terroristas que se multiplicam
liquidamente pelo mundo assassinam o futuro e as suas sementes,
as crianças, transformando medo e morte em cultura normalizada.
A liberdade, a democracia, o direito à vida sem medo e a busca
de um futuro mais digno estão verdadeiramente em perigo neste
mundo de senhores da guerra terrorista, de risco sem fronteiras e
de morte banalizada.
Mal-estar na civilização
N
ão há risco existencial
para o Reino Unido nesta
saída da União Europeia.
Não há conflito militar.
Há apenas a consternação, a divisão profunda dos britânicos, o
medo do desconhecido e a incerteza sobre o futuro.
Os paralelos que a história sabe
construir são surpreendentes. No
filme A Hora Mais Negra (e no
livro com o mesmo nome) é relatada a crise do gabinete de guerra do Reino Unido, liderado por
Winston Churchill, que ocorreu
entre 25 a 28 de Maio de 1940.
Nesses dias, como se sabe, o corpo
expedicionário britânico estava
encurralado no norte de França
à volta de Dunquerque e corria o
risco de ser esmagado pelo avanço das tropas da Alemanha nazi.
A 20 de Maio, o exército inglês
começa a planear a retirada das
tropas de Dunquerque – a “Operação Dynamo”. Esse plano é implementado entre 26 de Maio e
4 de Junho. A expectativa do governo inglês era que seria possível
evacuar apenas 45 mil soldados
de Dunquerque (Churchill refere 20 a 30 mil no seu discurso
no parlamento), uma fracção das
tropas cercadas em Dunquerque.
A crise vivida no gabinete de
guerra de oito elementos, numa
altura em que se receava a destruição desse exército, resultou da
posição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Halifax,
apoiado pelo antigo primeiro-ministro, Neville Chamberlain, que
defendiam um acordo com a Alemanha nazi. Entre 26 e a 27 de
Maio, Churchill terá considerado
“Brexit”: A hora mais negra?
Por Ricardo Cabral *
a hipótese de procurar a paz, em
parte porque Lord Halifax ameaçara demitir-se, possivelmente
precipitando a queda do governo.
O desfecho é conhecido. Em condições difíceis, quando a derrota e
destruição da Inglaterra e a morte
de muitos milhões de britânicos
era o resultado mais provável, um
Churchill com dúvidas inspirou
ministros, parlamentares e povo:
o conselho de ministros alargado
uniu-se na rejeição de um acordo
de paz, que o parlamento britânico a 4 de Junho apoiou ruidosamente. E a maior parte do corpo
expedicionário britânico foi resgatado de Dunquerque: 338 mil
soldados aliados no total, incluindo 140 mil soldados franceses e
belgas.
À beira da derrota e numa situação muito má o Reino Unido
soube unir-se, não ceder aos seus
medos optando pelo caminho
mais difícil e penoso, pelo caminho irracional até, com quase
toda a Europa ocidental continental prestes a cair sob o controlo do regime nazi.
Os paralelos com a história terminam aqui. Não há risco existencial para o Reino Unido nesta
saída da União Europeia. Não
há conflito militar. Há apenas a
consternação, a divisão profunda
dos britânicos, o medo do desconhecido e a incerteza sobre o
futuro.
A 13 de Março, os membros do
parlamento britânico primeiro votaram 312 vs. 308 contra o
“Brexit” sem acordo (seguida de
outra votação relacionada, com
uma maioria algo mais expressiva). O que é sintomático da disposição de muitos britânicos de,
se necessário, sair da UE em confronto com os restantes 27 países
membros.
Nos 27 países membros da UE,
a generalidade da população não
se apercebe da “aflição” do Reino Unido. O tema “Brexit” tem
dominado a agenda política do
Reino Unido nos últimos anos.
O encerramento de fábricas de
multinacionais e o movimento de
parte do sistema financeiro para
Frankfurt e outras praças teve já
consequências reais na vida de
muitas pessoas. Há receio que
escasseiem alimentos e medicamentos. As empresas aumentam
os stocks de quase tudo, com receio de um “Brexit” caótico. Os
serviços públicos e as forças militares preparam-se para cenários
de quase emergência. Muitos
cidadãos britânicos entretanto
adoptaram a nacionalidade de um
outro Estado-membro da UE.
Em contraste, nos restantes 27
países membros é como se nem
sequer nos apercebêssemos que o
Reino Unido vai sair da UE. O
quase pânico sentido no Reino
Unido contrasta com a quase calma no resto da UE.
Na reunião da última quinta-
-feira do Conselho Europeu, em
Bruxelas, houve algum progresso. As posições intransigentes de
Emmanuel Macron e de Michel
Barnier, negociador chefe europeu para o Reino Unido, não prevaleceram.
A posição do primeiro-ministro
português parece ter sido a mais
construtiva, ao defender que o
Reino Unido deve ter o tempo
que quiser para sair da UE, desde
que participe nas eleições europeias de Maio.
E Angela Merkel terá tido a palavra determinante numa reunião a
sós com Emmanuel Macron, que
“quase” resultou em discussão, ao
recusar uma saída sem acordo e
ao defender uma posição similar à
do primeiro-ministro português.
Alguns efeitos do “Brexit” na
economia
A UE pode até “ganhar” as negociações no curto prazo, impondo
a sua vontade, e dando um exemplo a todos os potenciais candidatos a uma saída da união. Mas
é a UE que mais tem a perder
com a saída do Reino Unido, nomeadamente porque este país, a
quinta maior economia do mundo, regista um elevado défice da
balança corrente (-5% do PIB no
3T 2018), num mundo em que
demasiados Estados registam excedentes.
A UE é o principal parceiro comercial do Reino Unido, representando 44% das suas exportações e 53% das suas importações.
O Reino Unido importa mais dos
restantes países da UE do que
exporta registando, em 2017, um
défice da balança de bens e serviços com a UE de 67 mil milhões
de libras (3,3% do PIB) e um défice da balança de bens de 95 mil
milhões de libras.
Uma saída sem acordo tenderá a reduzir o volume de trocas
comerciais entre Reino Unido e
UE porque, nesse caso, nas trocas
comerciais entre UE e o Reino
Unido passariam a ser adoptadas
as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), as
quais definem taxas aduaneiras
para grupos de produtos e serviços, além de enquadrarem outros
tipos de barreiras às importações.
Por exemplo, os carros importados pelo Reino Unido de outros
países da UE passariam a estar
sujeitos a uma taxa aduaneira de
10%, quando hoje não estão sujeitos a quaisquer taxas aduaneiras.
Em caso de “Brexit” sem acordo,
o Governo britânico planeia reduzir para 0%, temporariamente, as taxas alfandegárias sobre
87% das importações não só da
UE como também do resto do
mundo. O objectivo seria evitar
um enorme choque nos preços,
nomeadamente nos preços dos
alimentos.
Por outro lado, a economia britânica é suficientemente grande
(10.º maior exportador mundial)
para adaptar-se ao choque do
“Brexit”. A médio e longo prazo,
é provável que o seu desempenho
melhore e que a sua economia se
torne mais auto-suficiente.
Ou seja, é provável que o défice
da balança comercial do Reino Unido baixe, nomeadamente
através da substituição de importações por produção doméstica.
Tal ajustamento externo tenderá a colocar as exportações dos
restantes membros da UE para
o Reino Unido sob pressão. Por
isso é que a UE tem muito a perder com o “Brexit”, talvez mesmo
mais que o Reino Unido.
Mas neste débâcle do “Brexit”
não são as questões económicas
que devem ser prioritárias: é necessário saber chegar a um acordo
porque temos de ter presente a
perversão da história e a ingratidão que representaria que o Reino
Unido, que entre Junho de 1940 e
Junho de 1941 combateu praticamente sozinho pela libertação da
Europa, fosse agora deixado isolado dessa mesma Europa!
Economista*
E
m Abril deste ano está previsto o arranque da rede
móvel 5G, que promete
revolucionar - de novo - o
já de si revolucionário progresso
tecnológica que o mundo tem vivido nas últimas décadas.
Mas o seu lançamento pode estar comprometido. É que quem
vai à frente na corrida é a China
e os Estados Unidos não querem
que isso aconteça. E percebe-se,
porque é o futuro da humanidade
que está em jogo.
A rede 5G vai ser 100 vezes mais
rápida o que vai tornar realidade
a tal “internet das coisas”. Virtualmente todos os objetos do
mundo podem estar ligados uns
aos outros. Falar uns com os outros. O frigorífico vai pedir ao
carro para ir comprar comida,
enquanto você fica em casa tranquilamente a ver um filme. Vai
A guerra contra a China
Por José Manuel Diogo
haver nano sensores a circular
no nosso sangue que vão avisar o
médico assim que uma das nossas
células se estrague e logo depois
vão “consertá-la” sem ser preciso dizer a ninguém. A medicina
vai transformar-se radicalmente, a vida em sociedade também.
O aumento real da esperança de
vida dos novos seres humanos 5G
vai mesmo aumentar.
É sempre por causa da tecnologia
que o homem avança em termos
de raça. Foi o polegar oponível,
o silex e a roda que estiveram na
origem da extinção do Homo
Sapiens e no advento do Homo
Sapiens Sapiens. Da mesma forma, como nunca antes aconteceu,
as alterações que a tecnologia 5G
vão introduzir na sociedade humana, tem este potencial transformador e um Homo Tri-Sapiens, capaz de se auto regenerar
e praticamente não envelhecer,
está ao virar da esquina.
A capacidade transformadora e,
claro, a quantidade de novos negócios que o 5G vai gerar são virtualmente impossíveis de calcular.
Há quem diga que, por exemplo,
a nova rede vai permitir a ligação
simultânea de 7 trilhões de dispositivos, mais ou menos mil por
cada habitante da terra.
Só que o problema principal do
5G não é técnico, é político, porque não é nenhum dos habitués
a liderar a descoberta tecnológica.
Nem a Europa, nem o Japão nem
os Estados Unidos. Desta vez é a
China.
O que está em jogo é tanto que
vai valer tudo para evitar que o
gigante asiático ganhe a liderança
da tecnologia que vai transformar
o mundo. Tudo. Até tirar olhos.
*Especialista em media intelligence
20 Savana 29-03-2019 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
Ainda que tenha havido algum
cepticismo relacionado com a
canalização da ajuda humanitária (nacional e internacional)
parece existir, agora, consciência/conformismo de que a mesma passa pela coordenação governamental. Mas dizer isto
não basta. Há uma crença generalizada
de que a ajuda humanitária compõe-se de
dois campos bem distintos: um primeiro
onde se elencam os produtos alimentares,
medicamentos, roupas e outros bens e, um
segundo, onde as desconfianças continuam
firmes, que tem a ver com o destino dos
dinheiros anunciados para as vítimas do
“IDAI” em Moçambique.
Quanto ao primeiro campo não há razões
(de momento) para crer que os referidos
bens sofram desvios. Mais do que tais “razões” há mesmo uma forte vontade para
que os mesmos cheguem sem perturbação
de espécie alguma a esses mesmos destinatários. Entretanto, partindo de experiências anteriores, similares a esta do “IDAI
Controlar para ajudar
(ainda que tenham sido de menor envergadura
em termos comparativos), a memória colectiva
ainda retém que os mercados locais chegaram
a “oferecer” aos consumidores produtos que se
sabia que haviam resultado de doações para
minimizar o sofrimento de uns tantos moçambicanos. Significa que já estivemos numa
situação de défice no controlo ou mesmo relaxamento em algum ponto da cadeia que devia
fazer chegar a ajuda humanitária aos necessitados. O rompimento nessa cadeia de controlo
significou não só a desvalorização do trabalho
de todos aqueles que se envolveram em aturadas campanhas, visando a ajuda humanitária
como, também, por outro lado, revelou a insensibilidade para com o sofrimento, o estado de
penúria, de todos aqueles que não se aperceberam da ajuda e que provavelmente acreditaram
que a mesma dificilmente abarcaria a todos.
Avaliando o histórico é caso para apelarmos
fortemente a um controlo rígido, respeitando
quem de coração aberto se preocupou ou se
prontificou em ajudar.
Quanto ao campo dos dinheiros canalizados
é perceptível que o mesmo seja considerado
sensível, daí que se recomende que o nível de
“firmeza” dos gestores esteja acima de qualquer
suspeita. De vários organismos e países está a
ser canalizada ajuda para Moçambique. Os de
“mãos leves” já esfregam a ganância, musculando-a. A China, por exemplo, anunciou que
vai disponibilizar um bilião de dólares norte
americanos. Ainda que não se trate de um crédito, o valor para assistência às populações necessitadas, como pretendem, deverá ser usado
respeitando as prioridades do Governo. Longe
da cadeia de controlo vão sendo contabilizados
os valores monetários anunciados a partir da
imprensa para ajudar o centro do país a reerguer-se. Longe dessa mesma cadeia os mais
pessimistas e ou desconfiados produzem argumentos para sustentar o seu cepticismo. Um
deles é o facto de o Governo do dia ter criado “sarna para se coçar” a partir do momento
em que deu a entender que estava claramente
a arrastar (2015-2018) a questão das dívidas
ilegais devido a imensas dificuldades em lidar
com a mesma, ou seja, em lidar com o peso dos
envolvidos. Um outro aspecto tem a ver com
as eleições que se aproximam, sejam elas em
Outubro, em Dezembro ou mesmo num
outro momento. Aqui o ponto é a questão da imagem desgastada que terá que ser
reabilitada a todo o custo. Nesse processo,
alguma “mão leve” poderá entrar em acção.
Estando esta na fonte fica-se, então, com a
ilusão de controlo total, independentemente
da possibilidade de qualquer tipo de auditoria aos dinheiros. Resultado: o ideal de ajuda humanitária pode não ser minimamente
alcançado.
Cá entre nós: o momento de aflição por que Moçambique está a passar desafia todos moçambicanos a serem mais coerentes com os seus princípios
de honestidade e irmandade. Ninguém apareceu a apelar a “unidade nacional”. A verdade é
que, de facto, qualquer moçambicano, qualquer
ser humano que acompanhou a devastação do
“IDAI”, sentiu-se também vítima deste evento
da natureza. Esperamos que a ajuda humanitária chegue às mãos de quem necessita e que seja
fortemente desincentivado qualquer tipo de roubalheira, qualquer tipo de falta de carácter.
C
oncluí no dia 24 de Março a deslocação à cidade da Beira, no contexto da
grave catástrofe natural que assolou a
província de Sofala, onde vivem 2500
concidadãos portugueses. Encontrei muitos
deles num espírito marcado pela ansiedade e
angústia, o que é compreensível perante as circunstâncias extremas vividas.
Foram dias muito intensos, marcados por um
trabalho multidimensional centrado no esforço conjunto do Estado Português e da União
Europeia, para apoiar o povo moçambicano e
as suas instituições, “país irmão” que chora a
perda de inúmeras vidas humanas e sofre com
os imensos prejuízos materiais.
Esse esforço foi conduzido com o apoio, o envolvimento e a determinação da comunidade
portuguesa na Beira, prioridade no nosso trabalho quotidiano. Que me inspirou e deu alento, com o seu exemplo de solidariedade, partilhado com o povo moçambicano que faz parte
das suas vidas.
O trabalho pode ser sintetizado em cinco dimensões.
O primeiro esforço esteve concentrado na criação das condições políticas e operacionais para
que as equipas de busca, salvamento, proteção
civil e emergência médica pudessem ser bem
integradas no Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades de Moçambique, no mecanismo
europeu de proteção civil e na relação com as
Nações Unidas (PAM e UNICEF).
Em segundo lugar, procurámos repor rapidamente as condições materiais de funcionamento do consulado, que sofreu danos que
comprometeram o seu desempenho (telhado,
eletricidade e comunicações). Recuperada que
está a capacidade operacional, arrancaram a 25
de março as obras de reparação do edifício.
A equipa de trabalho já foi reforçada com uma
missão do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), com seis elementos que têm
funções consulares, sociais e na área da informática. Por decisão do Ministro dos Negócios
Estrangeiros foi também determinado que não
será cobrado qualquer valor pelos serviços dos
consulados da Beira e de Maputo (emolumentos consulares), durante um período de três
meses, passível de renovação.
Conseguimos, também, com o Exército, a
Na Beira, em apoio dos portugueses e dos moçambicanos
José Luís Carneiro*
AMI e a Cruz Vermelha um conjunto de respostas para a comunidade portuguesa. O consulado irá receber sessões sobre saúde pública,
haverá lugar a vacinação de cidadãos nacionais
e atendimento médico regular.
Procedemos à repatriação para Portugal dos
cidadãos que a requereram; e estamos a dar
resposta a pedidos de apoio alimentar, social e
na habitação.
As instituições da Beira não foram esquecidas.
A nossa missão pôde visitar a Escola Portuguesa da Beira e o Hospital da cidade e ambas as entidades têm já previstos apoios muito
concretos, vindos de entidades públicas e da
sociedade civil portuguesa, nomeadamente de
autarquias.
Reunimos com dezenas de empresas portuguesas na Beira e elaboramos listas de necessidades. Discutimos ainda os termos em que
poderá ser delineado um instrumento de apoio
a estas empresas.
Contei nesta missão com o apoio precioso e
qualificado da Embaixada de Portugal em
Maputo, dos nossos serviços consulares, das
forças militares, da proteção civil e do INEM,
bem como do Instituto Camões na vertente da
cooperação, a que se juntou o trabalho metódico do adido de defesa, do oficial de ligação do
MAI e das delegadas da AICEP e de cooperação em Moçambique. A todos devo uma palavra de reconhecimento. Do mesmo modo que
não posso esquecer uma palavra de apreço pelo
trabalho de coordenação realizado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, na pessoa
do seu presidente General Mourato Nunes.
O acompanhamento da situação no terreno
pelo Governo português está a ter continuidade por via da presença do meu colega Secretário de Estado da Proteção Civil José Neves.
Devemos prosseguir e aprofundar este trabalho, que a sociedade civil portuguesa tem impulsionado. Para o bem da nossa comunidade
residente na província de Sofala, dos cidadãos
moçambicanos que nela vivem e dos elos históricos, culturais linguísticos e afectivos que
unem as nossas duas nações.
*Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
O
ciclone IDAI demonstrou-nos, da
forma mais crua, a nossa vulnerabilidade perante tais fenómenos climáticos.
É com enorme tristeza que escrevo este artigo ainda sem conhecimento da localização de
centenas de moçambicanos e de dezenas de
portugueses. O ciclone IDAI demonstrou-
-nos, da forma mais crua, a nossa vulnerabilidade perante tais fenómenos climáticos. Com
o agudizar das alterações climáticas – fruto da
acção humana, maioritariamente provocadas
pelos países (e indústrias ou empresas) ditos
desenvolvidos – estes eventos tornam-se mais
regulares e intensos. Por cá, os municípios já se
estão a mobilizar para apoiar este país nosso
irmão, sendo que, diplomaticamente, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa já partilhou a
nossa solidariedade e apoiou o envio de forças
militares para ajudar nos resgates.
Da União Europeia vêm uns tímidos 3.5 milhões de euros, do qual faz parte o ainda mais
Ciclone IDAI, Moçambique e as
Alterações Climáticas
Por Francisco Guerreiro
outro lado do oceano, dois líderes mundiais,
Jair Bolsonaro e Donald Trump, juntaram-se
para falar de alianças económicas e militares.
Não é de estranhar que estes negacionistas das
alterações climáticas nada tenham a acrescentar nesta matéria. Talvez uma visita a Moçambique lhes mostrasse o cataclismo social e os
reais efeitos destrutivos de continuarmos a negar os dados científicos em torno do impacto
das alterações climáticas no frágil equilíbrio da
biodiversidade local, regional e global.
O papel da União Europeia na geopolítica internacional serve também para contrariar estes
fenómenos extremados na política internacional. Devemos, como europeus, estar na vanguarda da protecção ambiental e superar o que
temos proposto nas metas climáticas de Paris.
Haja coragem e vontade política em travar os
negacionistas e pôr em prática a tão urgente
transição económica, social e cultural para uma
sociedade realmente sustentável e responsável.
tímido contributo nacional (não me deixa de
vir à memória os mais de 14 mil milhões de
euros, de todos nós, que já foram enterrados
em Portugal para salvar bancos, e não vidas).
Paralelamente, a nível global, até agora e compilados os dados, já se estima que a ajuda financeira possa chegar aos 52 milhões de euros
(também aqui não deixo de pensar na lista da
Forbes que tem no seu topo um senhor que
“vale” 162 mil milhões de dólares. Algo de
muito errado se passa com este sistema social
e económico).
De ressalvar que, segundo os dados do The
World Factbook, Moçambique tem uma taxa
de desemprego de 24.5% (dados de 2017),
46.1% da sua população vive abaixo do limiar
de pobreza (2015) e a sua dívida pública ronda
os 102.1% do PIB (2017). Estes dados mostram o quão vulnerável o país está a destabilizações estruturais decorrentes de fenómenos
com esta gravidade.
Relacionado, nesta mesma semana, mas do
Savana 29-03-2019 21 PUBLICIDADE
22 Savana 29-03-2019 DESPORTO
O
afastamento dos Mambas do
CAN, depois de consentir
um empate a duas bolas diante da Guiné-Bissau, abriu espaço para um forte debate em torno
da necessidade de continuidade ou
não do seleccionador nacional Abel
Xavier, este que assumiu as culpas no
cartório pelo desaire, não fosse ele o
responsável técnico pela equipa .
E a direcção da federação acaba apanhando por tabela, pois, foi este organismo chefiado por Alberto Simango
Júnior que contratou o luso- moçambicano.
Abel Xavier assinou, com a federação, um contrato por objectivos, o que
equivale dizer que falhado o apuramento para o CAN não há mais nada
a discutir, se não a formalização do
divórcio.
Claramente é um assunto que ainda
vai continuar a fazer correr muita tinta, porquanto, por iniciativa própria,
Abel Xavier nunca vai tomar a iniciativa de pôr o seu lugar à disposição.
Com a derrota, Alberto Simango Júnior e seu staff ficaram muito fragilizados, pois, estes assumiam a qualificação ao CAN como a bandeira do
seu programa de governação.
Para além da qualificação ao CAN2019, os Mambas falharam uns tantos
eventos, como o CHAN-2018 e COSAFA 2016, 2017 e 2018, não sendo
de estranhar, que alguns segmentos
não poupem a actual direcção da federação pelo descalabro e, de forma
titubeante, começam a exigir o afastamento não só de Abel Xavier, mas por
tabela de toda a direcção da FMF.
Na verdade, custou aos adeptos aceitarem, de ânimo leve, o afastamento
dos Mambas, sobretudo tendo em
conta a forte campanha de marketing
realizada pela federação.
Efectivamente, tanto nesta última
partida diante da Guiné-Bissau, como
nas anteriores, a FMF procurou, dentro das suas limitações financeiras,
criar todas as condições possíveis por
forma a que as almejadas vitórias e
consequente apuramento ao CAN
acontecessem o mais rapidamente
possível.
Claramente, nunca se assistiu um movimento tão forte de apoio aos Mambas, movimento esse que contou com
vários segmentos da sociedade.
Exceptuando a jornada dupla contra a Namíbia, onde nas redes sociais
circularam, com alguma insistência,
informações que davam conta de alguns atropelos alegadamente protagoPara não variar, Mambas afastados do CAN
Em queda livre
Por Paulo Mubalo
nizados pela federação, na preparação
dessa jornada, como o facto de as passagens para alguns jogadores seleccionados não terem chegado a tempo aos
seus actuais locais de residência e o
adiamento da primeira sessão de treinos, nas restantes partidas não se ouviu uma única palavra de reclamação.
Sinal inequívoco de que a federação
fez, e bem, o seu papel.
Ou seja, não se pode relacionar o fracasso dos Mambas com a provável falta de condições, pois, como já fizemos
referência, na história da participação
de Moçambique nos jogos de apuramento ao CAN, nunca houve tanto
apoio do público como nesta, ainda
que, grosso modo, tenha sido na vertente moral.
O público acompanhou com vivo interesse os treinos dos Mambas e nos
jogos realizados em Maputo marcou
presença em grande número no campo, gritando, ovacionando e dando
força e alento aos nossos jogadores.
Porém, estes, incompreensivelmente,
não conseguiram retribuir a confiança
que lhes foi depositada, pois não rubricaram exibições de encher o olho,
nem sequer ganharam as partidas.
Os números da vergonha
Efectivamente, socorrendo-nos do
resumo trazido pelo semanário Desafio, Abel Xavier ganhou 10 jogos em
28 partidas, o que não deixa de ser
negativo.
Um facto inegável é que o sector defensivo continuou, para usar a hermenêutica popular, a meter muita água,
sendo este um dos que contribuiu, em
grande medida, para a desgraça que se
abateu sobre o país desportivo.
Com efeito, ainda que seja maioritariamente constituído por jogadores
que militam em campeonatos mais
competitivos, a verdade é que a presença destes ilustres jogadores não
trouxe mais-valia para o grupo.
Abel Xavier afirmava, amiúde, que as
escolhas por esses jogadores se prendiam ao facto de serem os que dão
melhores garantias, uma vez que interpretariam melhor as ideias e filosofia da equipa técnica.
“Esta é uma selecção que nos satisfaz.
São jogadores que nos dão garantias.
Têm padrões de avaliação não só do
momento, mas também de continuidade”, sublinhou Abel Xavier.
Para a qualificação ao CAN de 2019,
Moçambique somou oito pontos, em
resultado de duas vitórias frente a
Zâmbia, por uma bola sem resposta, e
dois empates diante da Guiné-Bissau,
por dois golos, para além de duas derrotas diante da Namíbia, por uma bola
contra duas e uma bola a zero, na primeira e segunda volta.
Para o Cosafa de 2016, Moçambique
sofreu duas derrotas, frente ao Congo,
por uma bola a zero e frente à Namíbia, por três bolas sem resposta.
Para o Cosafa de 2017, Moçambique somou duas derrotas, diante do
Zimbabwe, por quatro bolas sem resposta e Madagáscar, por uma bola
contra quatro. Mas venceu, por duas
bolas a uma, as Seychelles.
Enquanto isto, para o Cosafa de
2018, Moçambique obteve duas vitórias diante das Comores, por três bolas
sem concorrência, e frente às Seychelles, por duas bolas a uma, e uma derrota por um tento contra dois,
diante do Madagáscar.
Para o CHAN 2018, Moçambique
perdeu contra o Madagáscar, por duas
bolas sem resposta, e um empate com
o mesmo adversário, a dois golos.
Referir que o CAN-2019, o qual os
moçambicanos assistirão no sofá,
contará, pela primeira vez, com 24 selecções.
Por ocasião da passagem dos 10 anos
do seu desaparecimento físico, sua
HVSRVD0DUWD-RmR3DXOLQR ÀOKRVHLUmãos, comunicam a celebração da missa em sua memória, na próxima quarta
IHLUD GLD GH$EULO SHODV KRUDVQD
LJUHMD QRVVD 6HQKRUD GDV 9LWyULDV GD
0DOKDQJDOHQHHGHSRVLomRGHÁRUHVQD
sua campa no dia 27 de Abril pelas
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António José Elias
(Tony)
(10 anos de eterna saudade)
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Savana 29-03-2019 23 PUBLICIDADE DESPORTO
24 Savana 29-03-2019 CULTURA
Oteatro é “em si mesmo,
um grande território onde
cabe o mundo inteiro” lê-
-se na mensagem oficial
da UNESCO para a celebração do
dia Mundial do Teatro, que foi assinalado na passada quarta-feira. Essas palavras são de Carlos Celdrán,
dramaturgo e encenador cubano,
escolhido, este ano, para se juntar a
tradição de reflexão sobre esta arte
milenar e sempre tão presente na
vida do Homem.
Celdrán dirige o grupo Argos Teatro,
de Havana, e é o primeiro homem
do teatro de cuba a ser convidado
para escrever a mensagem do Instituto Internacional do Teatro (ITI),
criado no âmbito da Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO),
noticiou a Lusa, na terça-feira (26).
A mensagem, que inicialmente se
dedica aos mestres, aqueles Homens,
que embora muitas vezes anónimos,
dão a sua vida ao teatro, nos lembra
também sobre o poder que esta arte
tem de nos fazer viver instantes de
pura verdade, muitas vezes tão raros
de se encontrar na vida quotidiana.
Por isso, o palco acaba sendo o lugar
mais sublime e mais elevado da vida.
Foi em celebração a vida que no
nosso país, concretamente na cidade
de Maputo, se basearam as temáticas das festividades do dia Mundial
do Teatro, que iniciaram na passada
Dia Mundial do Teatro e suas Peripécias
Por Venâncio Calisto
segunda-feira (25) e vão até sábado
(30). A Associação Moçambicana de
Teatro (AMOTE) foi protagonista,
juntamente com a Escola de Comunicação e Artes da Universidade
Eduardo Mondlane (ECA-UEM) e
Centro Cultural Municipal Ntsyndza, de uma mostra de teatro itinerante que aconteceu de 25 a 27 de
Março, e contou com a participação
de diversos grupos de teatro. Foi para
falar sobre este evento e reflectir sobre esta efeméride que conversamos
com Dadivo José, actor e Director,
pela segunda vez, do Curso de Licenciatura em Teatro, na ECA-UEM e
membro fundador da AMOTE.
Para Dadivo José, as celebrações do
dia Mundial do Teatro, este ano,
acontecem numa altura especial para
o país, primeiro por ser o primeiro
aniversário da AMOTE, uma organização cuja criação foi adiada durante décadas, por conta da falta de
consensos entre os praticantes desta
arte, e que finalmente pode agregar
valor ao teatro feito no país e ser um
alicerce para apoiar grupos emergentes. Por outro lado, por estarmos
a sair da ressaca do ciclone IDAI,
que devastou a zona centro do país,
esta data serve de um momento de
reflexão sobre o papel terapêutico e
transformador do teatro, como forma
de plantar esperança no seio daquelas
comunidades que viram o vento e a
chuva destruírem - num instante - as
suas vidas.
Debate
A reflexão, neste caso, o pensar os
dilemas técnicos e estéticos do teatro
e seu contributo para a construção
duma sociedade mais culta e justa,
tem merecido especial destaque nas
festividades deste ano. À título de
exemplo, temos a terceira edição do
Colóquio “Teatro em Nós”, organizado pelos estudantes do curso de
Teatro da ECA-UEM, que este ano
aconteceu no próprio dia 27 de Março e numa mesa redonda que juntou
Rogério Manjate, actor, encenador,
escritor e docente de teatro, Joaquim
Matavel, encenador e director do
Festival Internacional de Teatro de
Inverno (FITI), Zeca Tsamba, docente da ECA e Ernesto Langa, encenador do grupo de teatro Makwero,
sob moderação de Dadivo José, para
falar da influência da complexidade
da Produção Teatral na Sobrevivência dos Grupos Teatrais.
Um tema bastante pertinente, na medida que, em última instância, reflecte
sobre o problema da falta de continuidade no teatro moçambicano. Por
causa das adversidades ligadas a falta
de espaço para ensaios ou apresentação dos espectáculos, o problema da
profissionalização e comercialização
do teatro, entre outros, fazem com
que muitos grupos de teatro acabem
desistindo, impedindo desta forma
um desenvolvimento contínuo e mais
substancial desta arte. Os actores são
sempre novos (de idade e experiência) e, quando surgem promessas, o
ciclo se repete. Quantos actores tiveram de abandonar a sua arte e paixão
em troca de poder ter pão à mesa?
Performances
Espectáculos de teatro foram o que
não faltou durante esta semana, na
cidade de Maputo. E os palcos estenderam-se do centro da cidade até a
periferia. E o destaque vai para “Culpado: combati um bom combate” e
“DESmascarado”, dois espectáculos
apresentados no dia 27 de Março no
Teatro Avenida e Centro Cultural
Franco Moçambicano, respectivamente.
“Culpado: combati um bom combate” escrito e representado por Dadivo
José, que se deixa acompanhar por
Horácio Guiamba, um dos actores
mais brilhantes da nova geração, nos
fala da guerra dos 16 anos, dos seus
horrores e segredos mais medonhos.
Tudo chega-nos a partir das alucinações dum ex-guerrilheiro, personagem protagonista, que invade a vida
dum jovem, que a semelhança de
muitos, concebia a vida como a tranquilidade imperturbável e instala o
caos. O homem (de gestos selvagens,
de aspecto assustador, como uma
múmia fugida do calabouço) chega-
-lhe à casa e reivindica paternidade e
o jovem, surpreso e aterrado, por ter
nascido e educado dentro de uma outra verdade, talvez mais romântica e
ilusória, vê o seu mundo ruir. É sobre
a desmistificação da verdade que se
tem da vida e que muitas vezes não
nos deixa ver as coisas numa outra
perspectiva, o assunto deste espectáculo, criado há mais de cinco anos e
que conta com a encenação de Maria Atália, um dos grandes nomes do
nosso teatro, actualmente a dublar
filmes na China.
Por sua vez, “DESmascarado”, peça
escrita e encenada por mim, interpretada pelas talentosas actrizes Rita
Couto e Sufaida Moiane, é uma discussão sobre o conflito de género, na
perspectiva da luta pelo poder, que o
homem e a mulher disputam desde
os primórdios, não só dentro do lar,
mas na sociedade em geral. No ringue da “existência”, em representação aos homens e mulheres de todos
os tempos, temos o casal Arcanjo e
Amélia que abrem a janela do seu
quotidiano e nos deixam vivenciar
os seus conflitos diários, as tensões
e todos condimentos que compõem
sua problemática relação, fortemente
influenciada pelo ponto de vista da
tradição “machista” versus a luta pela
emancipação da mulher defendida
pela modernidade.
Este espectáculo tem a particularidade de usar o mito e a performance
do Mapiko como o ponto de partida
para a criação textual e cénica, mesmo a propósito de fazer do teatro um
lugar do diálogo entre épocas da história da humanidade e entre culturas.
Assim têm sido as celebrações do Dia
Mundial do Teatro. Não perca hoje e
amanhã os últimos espectáculos da
mostra de teatro do Centro Cultural
Brasil-Moçambique.
Savana 29-03-2019 25 PUBLICIDADE
O Fundo das Nações Unidas para População - UNFPA, é uma
agência internacional de desenvolvimento que trabalha em
prol de um mundo onde cada gravidez é desejada, cada parto
é seguro e o potencial de cada jovem é realizado. O UNFPA
VROtFLWDFDQGLGDWXUDVGHFLGDGmRVPRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRV
e experientes para as seguintes vagas:
Posto # e título: Posto nº 21962, Gestor do
Projecto - Censo
Tipo de contrato: Fixed Term Appointment, NOC
Local de Trabalho: Maputo
Duração: 12 Meses
Prazo de Candidatura: Submissão de candidaturas
até 29 de Março de 2019
Link para Aplicação:
https://www.unfpa.org/jobs/national-post-project-manager-census-maputo-mozambique-no-c
Requisitos:
*UDX XQLYHUVLWiULR DYDQoDGR HP GHPRJUDÀD HVWDWtVWLFD GHsenvolvimento social e/ou outro campo de ciências sociais reODFLRQDGDV &LQFR DQRVGHH[SHULrQFLDSURÀVVLRQDOHPJHVtão/ coordenação de projetos nacionais ou seus componentes;
Mínimo de cinco (5) anos de experiência no trabalho com instituições governamentais, organização de desenvolvimento bilateral / multilateral e / ou ONU; Fortes habilidades de análise
quantitativa de dados; Excelentes conhecimentos em construção de parcerias, coordenação de doadores e gestão/ relatórios
baseados em resultados; Excelente comunicação oral e escrita
em inglês e português.
3URÀFLrQFLDQDVPDLVUHFHQWHVDSOLFDo}HVGHVRIWZDUHGHHVFULtório, incluindo aquelas usadas para processamento de dados
do Censo; Capacidade de tecnologias de informação para se
familiarizar com o sistema ERP (por exemplo, PeopleSoft, SAP)
ou outro sistema integrado baseado na web.
Para mais informações relacionadas com os termos de referência, os interessados podem tê-las através do link acima mencionado.
Como se candidatar: As aplicações/candidaturas devem ser
submetidas através do link. Não há nenhuma cobrança de taxa
de candidatura, processamento ou de outra natureza. O UNFPA não solicita ou procura obter informações dos candidatos
quanto ao seu estado de HIV ou SIDA e não discrimina com
base na situação de HIV e SIDA.
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
Anúncio de Vaga
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 131629 DE MARÇO DE 2019
Savana 29-03-2019 27 OPINIÃO Venâncio Calisto (Texto) Naita Ussene (Fotos) Duas semanas depois do carrasco IDAI ter bombardeado a zona
centro do país, com ventos e chuvas fantasmagóricas, perigosíssimas armas da natureza, ainda não se tem as reais dimensões desta
catástrofe, considerada uma das piores de todos os tempos no hemisfério sul. O que se tem certeza é que há milhares de moçambicanos sem
abrigo, sem pão, sem água e na mira de possíveis epidemias pós-cheias. A
situação está tão feia que nem a mais fértil das imaginações pode conseguir
reconstituir a monstruosa vida que levam os nossos irmãos. Por isso, todos
apoios são bem-vindos.
O mundo e os de cá, foram todos tocados pelo espírito de solidariedade e
nestes últimos dias, vive-se, um momento deveras especial, em que através
do movimento de solidariedade, que se estende por todo país, finalmente,
temos a demonstração de que somos todos irmãos, independentemente da
tribo ou lugar de origem. E estão todos a dar o exemplo, empresários, artistas, membros da sociedade civil, enfim, é de salutar o gesto e apelar para
que a corrente continue.
Deve ser o mesmo engajamento metaforizado nesse aperto de mão entre esses dois expoentes do empresariado nacional, Agostinho Vuma, Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique
(CTA) e Salimo Abdula, que dentre vários cargos que ocupa se destaca o
de Presidente da Confederação Empresarial da CPLP.
E porque a nossa galeria, hoje, está recheada de uma diversidade de figuras
da política e das artes, temos, logo a seguir, Fernando Sumbana Júnior,
antigo ministro do Turismo e actual presidente da Federação Moçambicana do Judo, de certeza a negociar a compra do livro de Samuel Matusse,
o “teórico” da Marrabenta, que não perde a oportunidade de disseminar a
cultura.
Stwart Sukuma, conceituado músico da nossa praça, que também tem sido
uma das figuras de cartaz nas campanhas de solidariedade desencadeadas
pelos artistas, não escapou ao self das suas lindas fãs, Ellen (Zimbabué) e
Mpho (Botswana), as duas professoras da Escola Internacional, que num
coro de sorrisos emprestam mais luz a nossa tela. Há outro coro aqui, mas
agora de vozes e, pela expressão de Jacinto Loureiro, edil do Município de
Boane e do seu comparsa João Ferreira, Edil do Município de Chimoio,
deve ser uma linda canção e quiçá em homenagem às vítimas do IDAI.
E porque a vida não é de todo trágica a nossa galeria informal de hoje encerra com uma imagem, que embora retrate uma atmosfera séria, inegavelmente pode, com um pouco de criatividade por parte do leitor, servir de um
bom motivo para sorrir. Pois, não é todo o dia que um fotógrafo capta uma
foto tão bela e ao mesmo tempo tão perturbante. Nela destacam-se Gilberto Chirindza e Herminio Morais, membros da Renamo. Que o sorriso seja
uma canção entoada por todos nós em homenagem às vítimas do IDAI.
Sorriso, uma canção em
homenagem às vítimas do IDAI
À HORA DO FECHO
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1316 Diz-se... Diz-se
IMAGEM DA SEMANA
À
contas com a justiça moçambicana, acusada de
ter desviado cerca de 100
milhões de meticais do
Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS), Helena Taipo foi
exonerada do cargo de Embaixadora de Moçambique na República de Angola.
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Justiça com caminho livre para actuar sobre a antiga governante
Nyusi desblinda Taipo
Helena Taipo
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