Ministros do G7 ameaçam retaliações se prosseguir avanço contra Trípoli, Rússia e Egipto exigem solução política, mas marechal terá já tomado aeroporto da antiga capital líbia.
As Nações Unidas continuam decididas a realizar a Conferência Nacional sobre o futuro do Líbia, marcada para 14 a 16 de Abril, apesar da ofensiva do marechal Khalifa Haftar contra Trípoli, onde está o Governo internacionalmente reconhecido.
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“Estamos há um ano a trabalhar para esta conferência, não vamos desistir tão depressa. Sabemos que será difícil, num momento de escalada militar. Mas estamos determinados a manter o calendário, a não ser que sejamos forçados pelas circunstâncias”, afirmou o enviado especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salame, citado pela Reuters.
Espera-se que deste encontro em Gadamés, oásis berbere junto à fronteira com a Tunísia e a Argélia, das forças que dividem o poder na Líbia após a queda e morte de Muammar Kadhafi, há oito anos, possa sair um acordo para marcar eleições.
Os ministros do grupo das sete nações mais industrializadas (G7), reunidos em França, lançaram repetidos avisos ao comandante militar Haftar para que desista da ofensiva contra Trípoli – sob pena de enfrentar retaliações internacionais. O aeroporto, no entanto, estará já sob o seu controlo, apesar de as suas forças terem sido bombardeadas, segundo comunicado do Governo de Trípoli.
As ameaças dos ministros do G7 não são, no entanto, muito concretas. O italiano Enzo Moavero Milanesi afirmou que Haftar deve ceder aos avisos internacionais e não avançar para Trípoli, “se não vamos ver o que se pode fazer”.
Haftar, que é aliado da milícia que controla a cidade de Benghazi, no Leste, tem tido apoio da Rússia, e acesso a armas vendidas pelo Egipto e pelos Emirados Árabes Unidos. Descreve a sua ofensiva como um esforço para combater a presença de terroristas na Líbia, diz a Reuters. Encontrou-se com o secretário-geral das Nações Unidas na sexta-feira – e António Guterres não saiu optimista da reunião.
O marechal, que começou por acompanhar a revolução de Kadhafi, em 1969, mas depois rompeu com o coronel e se exilou nos EUA, é o actor mais forte no palco da Líbia, um país produtor de petróleo e ponto de passagem crucial para as rotas de migrantes e refugiados que cruzam o Sara e tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa.
“Um acordo político que evite uma solução militar” é, no entanto, o que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, dizem pretender, após se terem reunido em Moscovo.
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