12.02.2019 às 19h28
“Ao precipitar-nos a entronar um ator [político], significa que estamos a dar um pretexto a outros para reconhecer o seu oposto”, afirmou o primeiro-ministro italiano perante os eurodeputados reunidos em Estrasburgo
A Itália não pode reconhecer um presidente que não tenha vencido "eleições livres e democráticas", explicou nesta terça-feira o primeiro-ministro italiano, justificando a opção por não legitimar Juan Guaidó com a intenção de evitar uma crise internacional. "Itália tem ideias claras: deixem-me recordar que, para nós, as eleições de 2018 não foram democráticas. Reconhecemo-lo publicamente. Defendemos que aconteçam novas eleições que sejam transparentes e credíveis, segundo os padrões internacionais. E queremo-las o mais rapidamente possível", disse Giuseppe Conte.
Perante as duras e inflamadas críticas dos eurodeputados, na sessão de perguntas que se seguiu à sua intervenção no hemiciclo de Estrasburgo, França, no quadro dos debates sobre o Futuro da Europa com chefes de Estado e de Governo da União Europeia, o primeiro-ministro italiano argumentou que a Itália não pode reconhecer "ninguém que não ganhe eleições livres e democráticas".
"As maiores crises internacionais do ponto de vista histórico deram-se quando entronámos um agente [político] em detrimento do outro. Ao precipitar-nos a entronar um ator [político], significa que estamos a dar um pretexto a outros para reconhecer o seu oposto", evidenciou.
Itália foi um dos poucos países da União Europeia (UE) que não reconheceu Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como Presidente interino da Venezuela com o objetivo de convocar "eleições presidenciais livres, justas e democráticas". O líder do Governo italiano rejeitou liminarmente que o seu executivo apoie Nicolás Maduro, considerando que o Presidente da Venezuela não tem legitimidade democrática. "Apenas não concordamos em reconhecer alguém que se autoproclamou Presidente", insistiu.
O líder do executivo italiano recusou ainda qualquer tipo de isolamento político de Itália no tema Venezuela. "Disse-se que Itália esteve isolada no debate político da Venezuela. Não está isolada. Itália, e isto é um facto, contribuiu para o comunicado da Alta Representante de 26 de janeiro. Foi reconhecido publicamente que o meu contributo foi essencial para aquele comunicado", disse, reportando-se à declaração na qual os 28 Estados-membros apelam a eleições presidenciais livres naquele país. Conte criticou a imprudência daqueles que querem antecipar a história, lembrando que a União Europeia não sabe qual será o desenvolvimento da crise venezuelana.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, maioritariamente da oposição, se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
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