13.02.2019 às 8h53
“Foi uma loucura. Eles queriam um golpe militar mas falharam. Estavam a jogar essa carta mas acabou”, sentenciou o Presidente da Venezuela, acrescentando que “os Governos da UE cometeram um grande erro” por só terem ouvido a oposição. Já o autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, garante que a ajuda humanitária entrará a 23 de fevereiro
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, diz que a tentativa de derrubar o seu Governo “acabou” e acusa a União Europeia (UE) de ter seguido “cegamente” os EUA no apoio ao autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó.
“Foi uma loucura. Eles queriam um golpe militar mas falharam. Estavam a jogar essa carta mas acabou”, disse em entrevista à Euronews, conduzida no palácio presidencial em Caracas e divulgada esta quarta-feira.
Além de atacar a oposição interna, Maduro também apontou o dedo à alta representante da UE para a política externa e segurança e a outros dirigentes europeus. “Acredito que Federica Mogherini e os Governos da UE cometeram um grande erro. Eles só ouviram um lado, só prestaram atenção a um lado. Não ouviram o país inteiro, que quer diálogo, compreensão, respeito. E não nos ouviram a nós, que temos uma voz de verdadeiro poder. Acredito que a Europa se associou cegamente às más políticas de Donald Trump [Presidente dos EUA]”, sublinhou.
O líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que foi reconhecido como Presidente interino da Venezuela por Washington e pela maioria das capitais da UE, esperava provocar um golpe militar mas não conseguiu o apoio do Exército, reforçou Maduro.
AJUDA HUMANITÁRIA VAI ENTRAR E “USURPADOR” TEM DE SAIR
Durante a entrevista, Guaidó falava perante dezenas de milhares de apoiantes noutra parte da capital venezuelana, exortando as Forças Armadas a desafiarem as ordens e a permitirem a passagem da ajuda dos EUA que está bloqueada na fronteira. “Quase 300 mil venezuelanos irão morrer se a ajuda não entrar. Há quase dois milhões de pessoas cuja saúde está em risco”, acrescentou, dizendo que a ajuda humanitária entraria no país a 23 de fevereiro e que “o usurpador [Maduro] tem de sair”.
Na semana passada, os primeiros camiões com ajuda americana chegaram à cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta. Os veículos estacionaram nas imediações da ponte Tienditas, que continua bloqueada pelas tropas venezuelanas.
ADMINISTRAÇÃO TRUMP, “GANGUE DE EXTREMISTAS”
Em entrevista à BBC, Madurou apelidou a Administração Trump de “gangue de extremistas” e responsabilizou os EUA pela crise no seu país, reiterando que não permitiria a entrada de ajuda humanitária americana. “Eles estão a ser belicistas para assumirem o controlo da Venezuela”, acusou.
Nos últimos anos, os venezuelanos têm enfrentado uma grave escassez de produtos básicos, como comida e medicamentos. No ano passado, os preços duplicavam, em média, a cada 19 dias. De acordo com as Nações Unidas, três milhões de pessoas, o que corresponde a 10% da população, deixaram o país desde que a economia começou a piorar em 2014.
Maduro, que assumiu a presidência do país em 2013, foi reeleito em maio do ano passado em eleições consideradas fraudulentas e não reconhecidas pela maioria da comunidade internacional.
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