domingo, 10 de fevereiro de 2019

EUA têm falado diretamente com militares venezuelanos para convencê-los a desobedecer a Maduro


JIM YOUNG/REUTERS

Aos militares tem sido pedido para quebrar a lealdade com o regime de Nicolás Maduro. A troco de quê? Não se sabe. A informação foi revelada por uma fonte da Casa Branca próxima das negociações, que adiantou ainda que estão a ser preparadas sanções contra a Venezuela

Os EUA têm mantido conversações diretas com membros do Exército venezuelano, aos quais tem sido para deixarem de apoiar o regime de Nicolás Maduro. Além disso, estão ser a preparadas novas sanções contra o país. A informação foi avançada pela Reuters, que falou com uma fonte da Casa Branca que tem acompanhado as negociações.
A administração de Donald Trump espera, com isto, convencer o maior número possível de militares venezuelanos a quebrar a sua lealdade para com Maduro mas até agora apenas alguns membros do Exército o fizeram. “Acreditamos que essas deserções já anunciadas são apenas a ponta do icebergue. Muitas outras se seguirão”.
A mesma fonte, que falou à agência de notícias sob anonimato, admitiu, no entanto, que as conversações “têm sido muito, muito limitadas”. Não foram avançados detalhes sobre as conversas mantidas, e ainda menos sobre quem nelas tem participado do lado da Venezuela. Da Europa espera-se apoio, segundo afirmou o membro da Casa Branca, mas sabe-se que, e pelo menos que diz respeito às sanções, será difícil receberem-no. A maioria dos países da União Europeia reconheceu Juan Guaidó como presidente interino até à realização de eleições presidenciais, mas a possibilidade de impor medidas punitivas de natureza económica tem sido mantida de parte.
Os Estados Unidos mantêm sanções contra vários militares venezuelanos — incluindo o tenente-general do Exército Gerardo Jose Izquierdo Torres, e o general da Guarda Nacional Bolivariana Fabio Enrique Pabón Zavarse, bem como contra o ministro da Defesa do país, Vladimir Padrino López — e recentemente o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, admitiu que o país está a ponderar impor “sanções adicionais” para pressionar o regime de Nicolás Maduro.
As declarações do membro da Casa Branca ouvido pela Reuters são precisamente a confirmação disso. Segundo a fonte citada, “Washington tem à sua disposição todas as ferramentas necessárias para pressionar Maduro e os seus aliados a aceitar uma transição democrática legítima”. Juan Guaidó tem, ele próprio, tentado convencer os militares a desobedecer às ordens de Maduro, tendo-lhes prometido inclusivamente uma amnistia, mas os resultados são modestos. Dos dois mil generais do Exército venezuelano, apenas uns poucos o fizeram.
Nicolás Maduro tem acusado Guaidó de tentar levar a cabo um golpe militar para o destituir sob ordens diretas dos EUA e isso mesmo repetiu esta sexta-feira numa conferência de imprensa no Palácio de Miraflores, em Caracas, capital da Venezuela. “Eles não querem eleições. O que querem é fazer um golpe de Estado semelhante ao ocorrido no Chile em 1973 e pôr um Pinochet a mandar no país”, afirmou Maduro, anunciado durante o mesmo discurso a abertura de um corredor humanitário com a ajuda de “soldados e civis”.
Segundo outra fonte da Casa Branca próxima das negociações, estão ainda a ser ponderadas sanções contra militares e membros dos serviços secretos cubanos que alegadamente estarão a ajudar Maduro a segurar-se no poder.

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