Um grupo armado intercetou uma carrinha que transportava passageiros e matou sete pessoas. O condutor foi decapitado e as restantes vítimas mortais eram mulheres. Terão sido violadas antes de morrer.
Sete pessoas morreram e outras sete ficaram feridas na sequência de um novo ataque de grupos armados desconhecidos na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, disseram este domingo à Lusa fontes locais.
O ataque ocorreu por volta das 07:00 (05:00 em Lisboa) no posto administrativo de Mpundanhar, quando um grupo armado intercetou uma carrinha caixa aberta que transportava passageiros numa estrada que liga Palma e Mpundanhar.
Depois de disparar contra a carrinha para que o motorista parasse o veículo, o grupo obrigou os passageiros a descerem, para momentos depois atacá-los com recurso a catanas e outros instrumentos contundentes, explicaram diferentes fontes ouvidas pela agência noticiosa.
No total, sete pessoas morreram, entre as quais o motorista do veículo, que foi decapitado no local pelo grupo até agora desconhecido.
Dos sete mortos, seis eram mulheres, que, segundo as fontes, teriam sido violadas antes serem assassinadas.
A Lusa contactou o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, Augusto Guta, que remeteu para segunda-feira uma posição sobre o caso.
Distritos recônditos da província de Cabo Delgado, no extremo nordeste do país, têm sido alvo de ataques de grupos desconhecidos desde outubro de 2017.
A onda de violência naquela zona começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017.
Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido dezenas de ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto.
Os ataques têm acontecido fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, na região, e cujas obras avançam com normalidade.
De acordo com números oficiais, cerca de 100 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança, morreram desde que a onda de violência começou naquela zona do país.
Na semana passada, o Ministério Público (MP) de Moçambique juntou mais cinco nomes à lista de cerca de 200 pessoas acusadas da autoria dos ataques armados em Cabo Delgado, segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso.
Na acusação do MP, que data de 24 de dezembro, o empresário sul-africano Andre Hanekom, de 60 anos, é agora apontado como “financiador, logístico e coordenador dos ataques”, cujo objetivo era “criar instabilidade e impedir a exploração de gás natural na província” de Cabo Delgado, a cerca de 2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia.