sábado, 26 de janeiro de 2019

O mesmo lugar, a mesma empresa, o mesmo desastre — mais uma barragem mata no Brasil


Há 34 mortos confirmados e quase 300 desaparecidos após o colapso da barragem de uma mina perto de Belo Horizonte. Como tantas outras no país, estava no sítio errado e foi feita com materiais inadequados.
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Três anos depois da derrocada de uma barragem pertencente a um complexo mineiro em Minas Gerais que provocou um dos maiores desastres ambientais no Brasil, a tragédia repetiu-se, no mesmo estado e com a mesma empresa, a Vale. Na sexta-feira, três represas ruíram — já há 34 mortos confirmados e cerca de 300 desaparecidos.
Na manhã deste sábado, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sobrevoou a zona onde aconteceu a tragédia, Brumadinho, na região de Belo Horizonte. “É difícil ficar diante de todo este cenário e não se emocionar”, escreveu Bolsonaro no Twitter. “Faremos o que estiver ao nosso alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar os factos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias como a de Mariana e Brumadinho, para o bem dos brasileiros e do meio ambiente”, acrescentou.
Mariana foi o desastre de há três anos, em 2015, quando uma represa provocou a derrocada de outra, fazendo alastrar pela zona milhões de litros de água contaminada com níquel, ferro e sílica.
Mariana armazenava 50 toneladas de resíduos, Brumadinho apenas uma. O desastre ambiental pode ser agora menor. Uma quantidade de água equivalente ao que comportam 20 mil piscinas olímpicas criou um maremoto de lama que afogou e soterrou. 
“Depois de três anos do grave crime ambiental em Mariana, com investigações ainda não concluídas e sem responsáveis punidos, a história repete-se com a tragédia em Brumadinho. É inadmissível que o poder público e as empresas mineradoras não tenham aprendido nada”, escreveu no Twitter a ecologista Marina Silva, que foi ministra do Ambiente e se candidatou às eleições presidenciais que Jair Bolsonaro venceu no final do passado
Empresas contra meio ambiente — é esta a guerra que se trava nos estados brasileiros de grande actividade de mineração, como Minas Gerais. Sempre que há uma derrocada, o debate é reaberto, com os ambientalistas e os especialistas em segurança nas minas a alertar para os riscos que a liberdade dada às empresas sobre o modelo de barragens que constroem implica para a vida humana e para o ambiente.
Há neste momento 450 barragens em Minas Gerais e 22 delas são instáveis — a de Brumadinho estava nesta categoria —, diz um relatório da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais citado pela edição brasileira do jornal El País. Já o jornal brasileiro Folha de São Paulo conta que a reunião de Dezembro em que foi renovado o licenciamento desta barragem de três represas foi “tensa”, precisamente porque foram mencionados os riscos de colapso; ainda assim, auditorias de empresas estrangeiras consideraram-na apta.
Brumadinho, como Mariana e outras represas associadas à mineração que ruíram nos últimos anos no Brasil eram barragens de rejeição, construídas para acumular os resíduos sólidos e de água nocivos para o ambiente e que por isso devem ficar retidos. Foram construídas segundo uma perigosa política de contenção de custos que é cada vez mais usada pelas empresas de mineração no país, explicaram especialistas ao El País Brasil. Foram construídas a montante, quando deviam ser construídas a jusante. E foram feitas a partir da compactação de terra e usando os próprios resíduos, em vez de terem sido usados materiais resistentes a fugas, como pedra e argila. 
“A estrutura rompeu devido à sua própria fragilidade. Não temos noção do risco em Minas Gerais. Cidades podem desaparecer de uma hora para outra”, disse ao El País Brasil Marcus Vinícius Polignano, da Universidade Federal de Minas Gerais.
“O licenciamento ambiental é ridículo no Brasil. Para as empresas, é economicamente favorável construir esse tipo de barragens, mas elas representam um risco. Se a lei proibisse a construção de barragens a montante acima de comunidades humanas, como fazem muitos países, teríamos menos desastres”, afirmou ao mesmo jornal Guilherme Meneghin, promotor da investigação ao desastre de Mariana.
O debate vai prosseguir, sobretudo depois das palavras de Jair Bolsonaro, que tem colado a si o rótulo de não ser um presidente preocupado com o meio ambiente — ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e defende a redução de áreas protegidas a favor da sua exploração económica.
Sobrevoando Brumadinho, Bolsonaro prometeu actuar para defender os brasileiros e o meio ambiente. Depois do desastre de 2015, a Vale chegou a um acordo com o Estado para pagar prejuízos ambientais — que se estenderam por dois estados, Minas Gerais e Espírito Santo — que anulou os processos nos tribunais; as 400 famílias afectadas nada receberam. 
Neste sábado, o Governo brasileiro multou a Vale em 250 milhões de reais devido à derrocada em Brumadinho, cerca de 58 milhões de euros.
Agora, o prejuízo ambiental poderá ser menor, mas parece certo que morreu muito mais gente. “Infelizmente, neste momento, as possibilidades de encontrarmos sobreviventes são mínimas”, disse o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Quinze famílias (50 pessoas) foram encontradas pelos socorristas neste sábado — estavam sobre pequenas ilhas de terreno que ficaram acima da lama. Mas no autocarro com trabalhadores da Vale que também foi encontrado estavam todos mortos — e os socorristas ainda não chegaram à cantina da empresa, que estava cheia quando as toneladas de água e lama se libertaram. 
Um dos desaparecidos chama-se Josué Oliveira da Silva, tinha 27 anos e começara a trabalhar na Vale, como soldador, há uma semana. “O telefone toca, toca, mas...”, disse ao site G1, do Globo, o pai de Josué, José Silva. Renato Simão de Oliveiras foi encontrado pelos jornalistas da BBC quando procurava o irmão nos hospitais. “Telefonei-lhe várias vezes, mas não me responde”, disse, explicando que os familiares dos desaparecidos não sabem o que fazer ou a quem fazer perguntas. “Sentimo-nos completamente perdidos.”
  1. Não, Não, por favor, Portugal é um lixo como todos nós sabemos, mas não deixem vir estes gajos (brasileiros) para cá aos qui.os como eles agora querem vir, á conta da "segurança" do nosso país, investirem ou "refugiarem-se" (artistas e Cª Lda.), ou o "pessoal do crime". Isto é tudo farinha do mesmo saco.
    1. Perdeu uma boa oportunidade de fazer justiça ao nome.
    2. eu nem sei porque é que os brasileiros quererão sair do Brasil agora que ele está melhor governado.
  2. Vão todos agora agradecer ao pt e a "presidANTA" que em 2015 por meio de um decreto, classificou rompimento de barragem como "desastre natural" mantendo impunes os responsáveis por esse crime, não fico surpreso pois acobertar criminosos é um clássico na esquerda, Bolsonaro o presidente da república federativa do Brasil irá cobrar a ferro e fogo os responsáveis por esse crime, finalmente o Brasil tem um governo para se orgulhar.
    1. "Acobertar criminosos é um clássico na esquerda"?!!! Não sabia que os Bozonaros e os seus amiguinhos eram da esquerda... LOL...
    2. E, claro, como todo o apoiante dos Bozonaros, não prima pela honestidade intelectual, pois a história desse decreto de novembro de 2015 não é tão Linear assim como quer fazer crer a quem não sabe. Houve um motivo para a classificação de "desastre natural", era para que as vítimas do desastre pudessem sacar imediatamente o dinheiro do FGTS, mas, claro, vale tudo para defender o já galardoado "imbecil do ano" por vários órgãos de comunicação social...
    3. Ó Mário, deu-se mal e caiu na isca... Acontece aos melhores. O decreto que menciona declara rompimento de barragem como catástrofe natural enquadrado no âmbito legal da aposentadoria (FGTS), sendo sua única função permitir assim às famílias atingidas realizar saques para cobrirem gastos emergenciais que na verdade deveria ser a Vale a cobrir, mas está há 3 anos sem dar um centavo às famílias de Mariana. Melhor se informar melhor, está mesmo difícil de distinguir o que é verdade e falso.
    4. Tiago, a especialidade deles são as fake news e tudo é culpa do PT... :-)
    5. O PT, assim como o Temer e até o senado também teriam a responder, pela falta de fiscalização e pela demora na Justiça do processo de Mariana. Mas aqui ninguém responde nada. 3 anos se passaram e as famílias que usem sua aposentadoria para se levantar. É uma zombaria da desgraça dos outros sem qualquer decoro. Nem digo mais que alguém responda alguma coisa, só aprendam mesmo a disfarçar melhor!
    6. Haja paciência Abel, mas olhe que está difícil mesmo. Ontem eu também caí numa, num video onde um fulano aparentemente lê uma notícia que diz que a barragem foi sido classificada em Alto Risco de rompimento pela Agência Nacional de Águas. No momento acreditei mas depois fui ler a notícia e não o dizia. O relatório da ANA aparentemente também não, apenas classifica que os danos seriam altos. Tem que se verificar tudo hoje em dia. Por outro lado, em dezembro foi concedida a licença ao sistema que agora ruiu, com 8 votos a favor e um contra, que levantou o tema de risco de rompimento. Não faltou aviso, perdeu-se no meio do ruído das Fake News.
    7. A situação é muito mais complexa do que isso e as "explicações" não cabem aqui neste espaço. Uma coisa é certa, está mal e vai piorar. Infelizmente outras tragédias virão, principalmente se a tragédia deste (des)governo continuar, o Bozonaro não tem condições de presidir sequer um reunião de condomínio, quanto mais um país de tamanha complexidade como o Brasil...
    8. Tiago, a quadrilha das fake news, no caso do Brasil, actuou impunemente nos últimos
    9. Tiago, a quadrilha das fake news, no caso do Brasil, actuou impunemente nos últimos 10-15 anos pavimentando uma narrativa que desembocou naesgraça que aí está. A situação mudou, já há muitos e bons canais novos no YouTube, por exemplo, com muito boa gente a trabalhar para desconstruir todas as baboseiras dessa corja, mas, haja paciência...
  3. Para um (des)governo cujo líder diz que licenciamento ambiental atrapalha os negócios e tem um ministro que tutela a junção de dois ministérios, ambiente e "agronegócios", que foi condenado em tribunal por favorecimento à empresas mineradoras, será um excelente teste para expor publicamente as suas "competências' e repensar ou não as políticas estapafúrdias e criminosas que pretende "inventar" para o sector. É bom que tenham em mente que isso que está a acontecer é uma reincidência que será seguida de outras e que isso não é um desastre ambiental é, sim, um crime ambiental. Os Jumenaros têm aqui mais uma oportunidade para confrontarem o seu Messias...
  4. A culpa só pode ser do Bolsonaro
  5. Pronto, já querem politizar o episódio atribuindo a culpa a Bolsonaro. Bolsonaro não ganhou as eleições, foi a esquerda que perdeu. Enquanto a esquerda continuar com esse comportamento e atitudes, ainda vai perder muitas eleições! Talvez algum dia aprendem!
    1. A culpa do desastre não é do Bolsonaro, seu governo apenas é responsável pela forma insultosa como já aplicou uma miséria de multa a uma empresa que, em 3 anos, é reincidente em tragédias humanas e ambientais. A Vale foi agora condenada a pagar 3/4 do valor da multa aplicada pelo desastre de Mariana, que já era insultuosa, 1/200 do lucro que entretanto arrecadou, sendo que nem se contabilizou os danos materiais, mas a contagem de pessoas que perderam a vida já vai a caminho do dobro, mais duas centenas de desaparecidos. Só essa culpa, a de aplicar uma multa mais leve pela reincidência mais grave do mesmo crime, uma multa (ou será recompensa?) bem cabível para a Vale. Macho para o povo, frouxo com as grandes empresas.
    2. E já agora, qual esquerda qual carapuça. Se essa ou outra lhe serve, faça bom proveito. Eu cá prefiro os cabelos que ainda tenho bem livres.
  6. Fiquem tranquilos que este Governo vai "tomar todas as medidas cabíveis"! Já começou por aplicar, antes mesmo de saber a dimensão das mortes e prejuizos materiais, uma multa de 250 milhões de reais, equivalente a 0,5% do lucro obtido nos últimos 3 anos, mais um bilhão bloqueados pela justiça estadual, num total de aproximadamente 3% dos lucros obtidos desde a tragédia de Mariana, ou seja, uma multa perfeitamente cabível no bolso da criminosa e reincidente Vale. Muito provavelmente, nem um centavo chegará às famílias das vítimas, como não chegou em Mariana, mas fiquem tranquilos que o bônus do presidente está garantido! Só acho que mais de 40 bilhões de lucro e só 29 mortos é pouco. Tem que trabalhar para matar mais, Presidente!
    1. Tiago? O "nosso" Tiago?
    2. Acredito que sim, mas sendo vosso e eu apenas um, quem confirmará é a maioria além de mim. Ainda aqui, não tarda aí.
    3. Pois Tiago, não sou a maioria. Sou apenas a Sandra, que lhe reconheceu as palavras. Quanto ao tema em questão, uma catástrofe, obviamente.
    4. Que catástrofe. Que vergonha. Que tristeza. Só não digo "que surpresa". Realmente sairei com um aperto no coração por quem deixo para trás. Que tristeza.
    5. Em todo o caso, saudações Sandra. Não sei se deveria agradecer o reconhecimento, levando em conta que são palavras de indignação, mas enfim... Obrigado!
    6. Sandra
        Lisboa 
      É só a minha forma de ser. Indignada é com esta tragédia. Quanto ao Tiago, gosto muito de o voltar a ver por cá. Detesto que as pessoas desapareçam. O Abel já sabe como é que eu sou. Acho eu...
  

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