sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Uns podem, outros não!



Pré campanha eleitoral para as autarquicas de 10 de Outubro 
- Depois de Eneas Comiche fazer um mega show político no bairro da Polana Caniço, a Frelimo mobilizou a Polícia para impedir que Venâncio Mondlane e a sua Renamo fizessem o mesmo na manhã de ontem
Em mais uma ocorrência que pode, de alguma forma, dar razão às constantes e sistemáticas reclamações da oposição sobre a partidarização do Estado, a Polícia da República de Moçambique decidiu movimentar um contingente policial para, na manhã de ontem, impedir o “trabalho político” da Renamo, no bairro do Jardim, na cidade de Maputo. 
Para a Renamo, o episódio corresponde a mais uma prova inequívoca de que a Frelimo manipula e a Polícia deixa-se manipular, posicionando-se, claramente, como uma força ao serviço do partido no poder. A questão que se coloca é que, enquanto na quarta-feira, a mesma Polícia da República de Moçambique mobilizou agentes para garantir a protecção e acompanhamento da marcha organizada pelo partido Frelimo na cidade de Maputo, outra postura, completamente diferente, foi apresentada pela mesma autoridade, na manhã desta quinta. 
Simplesmente, a Polícia mobilizou-se para impedir que, com Venâncio Mondlane à cabeça, a Renamo realizasse uma actividade similar da realizada pela Frelimo, tendo à cabeça, Eneas Comiche, o polémico candidato octogenário, que está a criar fissuras visíveis no seio do partido no poder. Aliás, para impedir a actividade da Renamo, a Polícia tinha um acompanhante de peso: a Comissão Nacional de Eleições (CNE). 
E efectivamente, Venâncio Mondlane, acompanhado por membros e simpatizantes da Renamo, foi impedido, no distrito municipal de Kamubukuane, de levar a cabo mais um “trabalho político”, no bairro de Jardim, a escassos metros da Igreja Universal do Reino de Deus. Para Mondlane, a atitude do comandante distrital da Polícia da República de Moçambique e do Presidente da Comissão Distrital de Eleições, não denota outra coisa, senão uma perseguição política e um exemplo de intolerância inspirada no fundamentalismo político partidário que, na sua óptica, irá levar o país ao precipício.
“Mais um exemplo de perseguição política. Mais um exemplo de intolerância política. Mais um exemplo de um fundamentalismo político partidário que está a levar este país para o precipício. Este é o problema. O trabalho político que nós fazemos é aquele que todo e qualquer partido político faz e deve fazer. É vender a sua marca. Dar-se a conhecer junto das comunidade. Não estamos a fazer nada que seja comparado com manifestação, greve, marchas ou coisa assim parecida. Isso sim é que podia ser entendido como uma actividade que sim, precisa de uma autorização. Essa é uma actividade política normal da Renamo. Nós não compreendemos porque tanto medo, tanta esquizofrenia política”, disparou Mondlane.
Por seu turno, Caciano da Silva, presidente da Comissão Distrital de Eleições, disse que actividade que estava sendo realizada pelos homens da “perdiz” não devia continuar, tudo porque igualava-se a uma campanha eleitoral fora do período legalmente estabelecido para o efeito. Em seguida, Silva instou os militantes e simpatizantes do maior partido da oposição no país a se conformarem com o que está legalmente plasmado, isto no que diz respeito ao período reservado para a campanha eleitoral para as quintas eleições autárquicas. 
“Nenhum partido deve aparecer a fazer a campanha antes que se lance a campanha. Isto é como um campo de futebol, há regras e nós temos de cumprir as regras. Para mim, nem deviam fazer isto porque, para pessoas iletradas, subentendem que é uma campanha. Logo, não concordo que estejam a fazer este tipo de coisas”, disse Silva, sem, no entanto, explicar que diferença poderia ser identificada entre a actividade que tinha sido realizada pela Frelimo no dia anterior e a que a Renamo previa organizar. 
Na verdade, em vários cantos do país, particularmente nas cidades e vilas autarcizadas, a Frelimo tem estado a levar a cabo várias marchas e apresentações públicas dos seus candidatos, actividades que claramente equivalem a campanha eleitoral. 
Aliás, na quarta-feira, no campo defutebol 7 de Abril, o cabeça de lista da Frelimo na cidade de Maputo, Eneas Comiche, partilhou o seu programa de governação, apresentando as promessas e pedindo votos aos munícipes da capital. Lourena Nhate, a cantora que faz parte da lista para membro da Assembleia Municipal, também fez parte do “comício”. (Ilódio Bata)
MEDIA FAX – 24.08.2018

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