terça-feira, 7 de agosto de 2018

Ex-general que sugeriu golpe militar é o candidato a vice de Bolsonaro


O candidato de extrema-direita que lidera as sondagens para as eleições de Outubro escolheu o general na reserva Hamilton Mourão para o acompanhar na “chapa”.
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Bolsonaro vai ter outro ex-militar ao seu lado na campanha presidencial RODOLFO BUHRER/REYTERS
O candidato às eleições presidenciais brasileiras, o ultraconservador Jair Bolsonaro, escolheu o general na reserva Hamilton Mourão para o acompanhar como candidato a vice-presidente. Tal como Bolsonaro, Mourão defende posições muito controversas e chegou a apoiar publicamente a deposição do Governo através de um golpe militar.
Mourão foi a escolha de Bolsonaro depois de várias tentativas falhadas em garantir um nome para acompanhar o ex-capitão do Exército na “chapa” (termo que designa a dupla de candidatos às eleições presidenciais) para as eleições de Outubro. O general na reserva António Heleno e a advogada Janaína Paschoal, que apresentou a queixa que deu origem ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, tinham já sido sondados pela candidatura de Bolsonaro, mas recusaram ser candidatos.O anúncio da decisão foi feito por Bolsonaro no domingo, durante a convenção do Partido Social Liberal (PSL) em São Paulo. “No momento, eu deixo de ser capitão, o general Mourão deixa de ser general. Nós somos agora soldados do nosso Brasil”, declarou o candidato presidencial de extrema-direita.
PÚBLICO -
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Hamilton Mourão é general na reserva do Exército brasileiro DR
Há algumas semanas, o próprio Hamilton Mourão tinha recusado acompanhar Bolsonaro, mas, de acordo com a imprensa brasileira, terá sido a insistência da chefia do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) a levar o general reformado a aceitar o convite.
A entrada de Mourão na “chapa” de Bolsonaro reforça a natureza radical da candidatura que, de acordo com as sondagens, lidera as intenções de voto nos cenários em que não figura o ex-Presidente Lula da Silva – cuja candidatura está em causa por causa da condenação no âmbito da operação Lava-Jato.
Mourão tornou-se uma figura de impacto nacional quando começou a defender publicamente a necessidade de uma intervenção armada para derrubar o Governo por causa do envolvimento de vários dirigentes em casos de corrupção - algo que outras altas chefias militares também sugeriram, de forma mais ou menos declarada.
Numa palestra em 2015, enquanto desempenhava a chefia do Comando Militar do Sul, disse ser necessário “um despertar para a luta patriótica”, numa altura em que a Administração de Dilma Rousseff se via acossada pela ameaça de destituição.
As declarações do general valeram-lhe o afastamento da posição e a colocação num cargo administrativo em Brasília. No ano passado, Mourão voltou a sugerir a possibilidade de um golpe militar poder ser a solução para os problemas políticos do Brasil. “É óbvio que quando olhamos com temor e com tristeza os factos que nos cercam, a gente diz: porque não vamos derrubar esse troço todo?”, afirmou na altura.
O Governo de Michel Temer pediu a exoneração de Mourão do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército, mas o processo alongou-se e o general conseguiu manter-se em funções até à reforma em Março. 
As manifestações de apoio a golpes de Estado têm um forte impacto no Brasil, que em 1964 viu o Governo democraticamente eleito de João Goulart ser derrubado pelos militares, que instauraram uma ditadura que iria governar o país durante as duas décadas seguintes.
Mourão também é conhecido pelos elogios ao coronel Carlos Brilhante Ustra, responsável por um dos principais centros de repressão durante a ditadura, onde os presos políticos eram objecto de tortura. Na cerimónia que assinalou a sua passagem à reserva, o militar descreveu Ustra como um “herói”, tal como Bolsonaro, quando lhe dedicou o seu voto a favor da destituição de Dilma no Congresso dos Deputados, em Abril de 2016
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