03 de Janeiro 21h14 - 39 Visitas
2018 é um ano eleitoral e as disputas começam relativamente cedo, com a eleição intercalar de 24 de Janeiro, em Nampula. Severino Ngoenha prefere antecipar os alertas antes do início da agitação política que tem marcado os processos eleitorais. E um dos alertas é o risco de surgimento de conflitos devido à intolerância política, que se manifesta quando um partido político quer manter a todo o custo o seu lugar no poder ou quer a todo custo chegar à governação utilizando todos os meios. “Tolerância política significa que eu submeto à apreciação do povo aquilo que são as minhas ideias, os meus valores, os meus objectivos de governação e deixo que as pessoas sejam capazes de dizer que o candidato que vai nos governar nos próximos tempos é este”, definiu.
Na entrevista a O País, o filósofo e reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM) criticou a fraca qualidade de debate político, quer no Parlamento, quer nos partidos políticos. Ngoenha defende que mais do que as cores dos partidos, é a forma como cada um articula os problemas da sociedade que interessa. E os partidos políticos só podem participar num debate democrático se eles próprios forem democráticos. “E o que eu assisto é um défice de democracia no interior dos partidos. Temos partidos políticos que são oligarquias e que têm de participar como democráticos num debate alargado. Oligarquias nunca foram democráticas, nunca foram capazes de fazer democracias”, sentenciou.
Durante a entrevista, o académico criticou também a falta de pensamento autónomo por parte da sociedade civil. Ainda assim, fez questão de notar que nem toda a sociedade civil responde a imperativos externos, “por isso mesmo tem que se dar mais espaço e palavra para que elas tenham mecanismos de participar numa democracia que não seja uma partidocracia, que não seja um diálogo entre partidos políticos”.
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