sábado, 27 de janeiro de 2018

Os multimilionários Berry e Honey foram assassinados. Mas a polícia não sabe o aconteceu


STRINGER/ REUTERS

As mortes de Barry e Honey Sherman deixaram os mais próximos chocados. Eram pessoas “demasiado amáveis” para terem o fim que tiveram, dizem. Foram encontrados no passado dia 15 de dezembro enforcados perto da piscina que tinham numa moradia em Toronto. Desde então que as autoridades investigam o caso. Na altura, acreditavam que o casal teria cometido suicídio mas sabem agora que se trata de um duplo homícidio

Gentis. Amáveis. Prestáveis. Assim eram Barry e Honey Sherman descritos pelos filhos e amigos mais próximos. Barry, de 75 anos, era dono de uma empresa de medicamentos genéricos no Canadá e o casal tinha uma fortuna avaliada em mais de três mil milhões de euros - acredita-se que Barry fosse o 15º homem mais rico daquele país. Eram conhecidos pelos seus trabalhos filantrópicos porque, sempre que podiam, ajudavam o próximo. Mas tudo mudou no passado dia 15 de dezembro: Barry e Honey foram encontrados sentados e enforcados perto da piscina da vivenda onde habitavam. Não existem vestígios de entrada forçada na moradia nem suspeitos, mas a polícia local e investigadores privados disseram esta sexta-feira que estão perante um duplo homcídio, perpetrado por “múltiplas pessoas”.

A polícia acredita que Barry e Honey, de 70 anos, foram assassinados na noite de 13 de dezembro - dois dias antes de terem sido encontrados - porque Honey vestia a mesma roupa que tinha nessa altura. Os corpos foram descobertos por um agente imobiliário - a vivenda deles estava à venda por quatro milhões de euros. Inicialmente, a polícia afirmou que as mortes de ambos eram “suspeitas” mas não procuravam por suspeitos. Achavam que poderiam ter cometido suicício - teoria refutada pelos quatro filhos do casal, que emitiram um comunicado em que chamavam as fontes da polícia “irresponsáveis” por pensarem sequer nessa hipótese. “Os nossos pais partilhavam um entusiasmo pela vida demasiado elevado para terem cometido o que as autoridades alegam”, constava no comunicado.

Depois de algumas semanas a investigarem os 12 mil metros quadrados da moradia, local onde descobriram mais de 150 provas, a polícia disse esta sexta-feira acreditar que foram, de facto, assassinados. “Temos provas suficientes para descrever este caso como um duplo homícidio. De facto, o casal era um alvo a abater”, confirmou a polícia local, acrescentando que ainda não existem suspeitos. Ainda ninguém foi acusado pela morte do casal mas as autoridades locais dizem ter uma “lista extensa” de pessoas com quem pretendem falar nas próximas semanas.

Em 2001, Barry havia escrito num livro para o qual colaborou na altura que a concorrência o odiava. A polícia disse ainda que o homem tido como um empresário feroz tinha alguns inimigos, nomeadamente as pessoas que ele despediu da Apotex ao longo destes anos.

“ERAM PESSOAS QUE DAVAM O QUE PODIAM”

Para os mais próximos, não faltam elogios ao casal. Destacam em Barry a capacidade de liderança inata desde pequeno. Na escola, Barry era um estudante “exemplar”, com boas notas. Entrou na área farmacêutica em 1974 através do tio que detinha uma empresa farmacêutica conceituada no Canadá. Trabalhou com ele alguns anos e aprendeu a mestria do ofício enquanto andava na faculdade. Quando o tio morreu, Barry comprou a empresa e passou a comandá-la, mudando o nome para Apotex Inc - que começou por ter dois empregados e tem hoje mais de 11 mil. Barry produziu mais de 300 medicamentos genéricos através da Apotex, indica o jornal canadiano CBC.

Mas Barry não era conhecido apenas pelo sucesso na área farmacêutica. Nem Honey era conhecida apenas por ser a mulher de Barry. A generosidade de ambos é sempre lembrada - fizeram muitos donativos multimilionários a hospitais, escolas e instituições de solidariedade. “Eles tinham um sucesso extremo no que faziam mas eram também pessoas que davam o que podiam a quem precisava”, disse o político canadiano de Ontario, Bob Rae.

Uma universidade de Toronto afirma que o casal fez donativos que vão dos seis milhões aos 16 milhões de euros entre 1995 e 2003. Doaram ainda cerca de 32 milhões de euros a uma comunidade judaica em Toronto.

“ERAM GRANDES LÍDERES”

As mortes de Barry e Honey foram um choque no Canadá. O primeiro-ministro daquele país, Justin Trudeau, manifestou as suas condolências no funeral de ambos: “Estou chocado e de coração partido porque eles não mereciam uma morte tão repentina e macabra.”
O presidente da Câmara de Toronto expressou as suas condolências à família de ambos em nome de todos os habitantes da cidade.

Também Eric Hoskins, um doutor que trabalha num dos hospitais para o qual o casal fez um donativo, expressou a sua tristeza pelas perdas: “Eles eram gentis e vão fazer muita falta. O trabalho filantrópico e as contribuições monetárias que fizeram a toda a cidade colocam-nos num patamar que só a eles lhes pertence.”

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