Eu acho que é um erro dizer que o informe sobre a situação geral da nação, que o/a chefe de Estado apresenta na Assembleia da República, deve apresentar uma visão estratégica.
A minha opinião é fundada em três elementos. Primeiro, a lógica da questão que pode guiar a elaboração do informe está a ser ignorada ou mal formulado. Em trabalho de pesquisa acadêmica estaríam a falar da questão de pesquisa. Segundo, o erro comum de má interpretação do conceito estratégico. Terceiro e último, o mau uso abusivo do termo estratégico.
Em relação ao primeiro elemento, eu tenho a convicção de que o informe é baseada na seguinte questão de pesquisa: qual é a situação geral da nação? Esta questão remete-nos ao presente e nunca ao futuro como está a ser erradamente colocada por que advoga a necessidade de incluir a dimensão estratégica. Isto é uma consequência da ma interpretação e do mau uso abusivo do conceito estratégico.
Com efeito, hoje está na moda usar o termo estratégico em tudo quanto é documento, em tudo quanto é discurso, em tudo quanto é debate. Essa palavra, hoje, parece um recurso para demonstração de conhecimento erudito. Acima de tudo, o conceito estratégico, hoje, é um termo que está intimamente associado a acesso ao dinheiro de doadores, pois pululam por aqui e por ali planos estratégicos disto e daquilo e sei lá de que mais.
O conceito estratégico tem a sua origem na defesa e, até certo ponto, na segurança. Em termos restritos, estratégico é coisa de militares preocupados no uso eficiente dos recursos (em sentido lato) para alcançar determinados objetivos/ interesses, principalmente a vitória na guerra. Na actualidade, o conceito estratégico já não se restringe a dimensão militar. Hoje, o mundo do business, dos negócios, por exemplo, usa o conceito estratégico, sempre com o foco na maximização de objetivos/ interesses.
O conceito estratégico tem uma dimensão temporal, geralmente de médio e de longo prazo. Isto equivale dizer que os militares, os estrategas não preparam guerra e a sua vitória, de hoje para amanhã, tampouco de hoje para hoje. Acima de tudo, o conceito estratégico diz que a maximização dos objetivos/ interesses militares estão no futuro que implica ausência de guerra, forte capacidade de dissuasão e resposta pesada a qualquer agressão percebida pelos adversários. Isto em termos defensivos, mas também pode ser aplicado em termos ofensivos. No mundo do business, dos negócios, estratégico está intimamente ligado ao lugar em que as empresas querem estar no futuro, sobretudo em termos de poder e em matéria de maximização dos seus objetivos/interesses. Neste contexto, quem conhece e usa correctamente o termo estratégico sabe que os militares e as empresas não fazem planos estratégicos todos os dias, todos os anos.
Portanto, quem pede que o informe do/a chefe de Estado contemple uma visão estratégica deve saber que está (in)conscientemente a cometer o erro de dizer que todos anos o/a chefe de Estado vai apresentar visões estratégicas no seu informe sobre o estado geral da nação. Quem assim pensa está a cometer o erro de esquecer que Moçambique tem uma visão estratégica que é a agenda 2025.
Sugestão
Quem quer analisar o informe do/a chefe de Estado deve se basear no passado e no presente. Só assim se pode entender e responder correctamente a questão de pesquisa: qual é o estado geral da nação, hoje, no lugar de perguntar qual será o estado geral da nação no futuro.
Quem quer analisar o informe do/a chefe de Estado deve se basear nos objetivos/ nos interesses que estão plasmados no Plano Econômico Social (PÉS) e no Orçamento de Estado (OE). Estes instrumentos de política têm uma dimensão anual que coincide com a dimensão temporal do informe. Só aqui se pode ver a ligação entre o uso dos recursos e a maximização dos interesses/ objetivos.
Quem quer analisar o informe do/a chefe de Estado deve se basear no passado e no presente. Só assim se pode entender e responder correctamente a questão de pesquisa: qual é o estado geral da nação, hoje, no lugar de perguntar qual será o estado geral da nação no futuro.
Quem quer analisar o informe do/a chefe de Estado deve se basear nos objetivos/ nos interesses que estão plasmados no Plano Econômico Social (PÉS) e no Orçamento de Estado (OE). Estes instrumentos de política têm uma dimensão anual que coincide com a dimensão temporal do informe. Só aqui se pode ver a ligação entre o uso dos recursos e a maximização dos interesses/ objetivos.
Ps1: eu estou a dizer do/a chefe de Estado porque estou altamente conectado a sensibilidade de gênero! Só e só por isso!
Ps2: o informe é um documento e existem formas de analisar documentos...
Ps2: o informe é um documento e existem formas de analisar documentos...
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