Primeiro-ministro Mark Rutte é o claro vencedor, enquanto o segundo lugar era disputado pela extrema-direita, democratas-cristãos e liberais. A esquerda tem uma enorme subida e os sociais-democratas uma grande queda
A descida dos grandes partidos é a principal novidade das eleições na Holanda: o vencedor, do primeiro-ministro Mark Rutte (centro-direita), conseguiu cerca de 20% dos votos e apenas 31 deputados num Parlamento de 150 segundo as sondagens à boca das urnas divulgadas pela estação de televisão NOS. A grande subida da extrema-direita de Geert Wilders acabou por ser menor do que o antecipado, e segundo as sondagens à boca das urnas, o seu Partido da Liberdade surgia empatado com dois outros, o CDA (democratas-cristãos) e o D66 (liberal), todos com uma projecção de 19 deputados cada.
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Outro partido que se destaca é a Esquerda Verde (GL), do jovem Jesse Klaver, que aos 30 anos consegue levar o partido ao seu melhor resultado – de 4 deputados no Parlamento anterior, o partido de esquerda deverá conseguir 16, um claro quinto lugar.
Para formar Governo o próximo primeiro-ministro precisa de uma maioria de 76 deputados, ou seja, quatro partidos no mínimo mas eventualmente mais, dependendo das possibilidades de harmonização dos programas de cada um e de quanto está disposto a conceder.
Durante meses, o político de extrema-direita Geert Wilders esteve a liderar as sondagens, com valores que chegaram aos 20% das intenções de voto, graças à descida vertiginosa dos partidos do Governo, o Partido da Liberdade e Democracia, do primeiro-ministro Mark Rutte (centro-direita) e o Partido Trabalhista (PvdA). Mas nas últimas duas semanas Wilders desceu e Rutte subiu, e nas últimas sondagens da véspera das eleições os números eram tão díspares que ninguém se atrevia Wilders reagiu aos resultados no Twitter: "Rutte não se viu ainda livre de mim".
Segundo analistas, a posição de Rutte face à Turquia – recusando a vinda do ministro dos Negócios Estrangeiros para fazer campanha – deu-lhe mais força - assim o partido do primeiro-ministro parece ter-se saído menos mal do que o antecipado. Apesar dessa recuperação, fica com menos dez deputados. A queda que se confirma é a do Partido Trabalhista (PvdA), que terá conseguido eleger apenas 9 deputados (de 38 no Parlamento cessante). Parceiros de Rutte no Governo, terão pago a participação no programa de austeridade, contrária aos valores do partido.
Os liberais do D66, cujo líder, Alexander Pechtold, se assumiu como um claro opositor a Wilders, acabam empatados com este. Conseguem mais 7 deputados, enquanto o partido de Wilders obtém apenas mais 4 do que na última votação (e menos do que em 2010, quando chegou a ter 24 deputados).
Entram ainda vários outros partidos no Parlamento, do Partido dos Animais ao Denk, formado por imigrantes, mas que tem mostrado algumas posições pró-Presidente turco Erdogan, o que o tornou polémico.
A participação nas eleições, feitas a uma quarta-feira por várias razões, incluindo a objecção dos protestantes ortodoxos a que se realize ao domingo, foi maior do que nas anteriores: 81% dos eleitores participaram. A Holanda facilita muito a votação, permitindo que o eleitor vote pessoalmente ou entregue o seu voto a outra pessoa, desde que identificada. O boletim de voto é individual e recebido pelo correio.
Os eleitores podem ainda escolher o local de voto que lhes seja mais conveniente desde que na mesma cidade em que estão registados – e só em Amesterdão há cerca de 400, explica um dos membros da mesa de voto numa escola (os membros da mesa não pertencem a partidos). Tradicionalmente há muitos partidos a concorrer, mas este ano, com 28, o número é ainda mais alto do que o habitual. Com um mínimo de 0,67% de votos para obter representação parlamentar (a Holanda é, a par de Israel, um dos sistemas mais representativos do mundo), esperava-se que 14 destes partidos elejam deputados para o Parlamento (a câmara baixa ou Tweede Kamer).
Estes locais de voto são o mais variado possível: das clássicas escolas até bibliotecas, lares de idosos, supermercados, estações de comboio ou mesmo igrejas. A atmosfera é muito descontraída: na zona centro há pessoas a votar numa sala enquanto na porta ao lado se ouvem gargalhadas da audiência de uma peça de teatro.
Outra marca do processo eleitoral é a obrigatoriedade do voto ser assinalado a vermelho. As assembleias de voto têm um lápis vermelho em cada cabina, mas pode ser feito com qualquer cor encarnada: “Uma eleitora usou mesmo um batom para votar”, conta o membro da mesa de voto, a rir.
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