quarta-feira, 8 de março de 2017

Perguntas que me ocorrem fazer aos moçambicanos


Ocorre-me fazer as seguintes perguntas:
1. Por que Moçambique, com cerca de 36 milhões de hectares de terra arável e condições agro-ecológicas para o cultivo de maioria das espécies de plantas terrestres, incluindo boa disponibilidade de água para irrigação de campos agrícolas, não está sendo capaz de produzir alimentos suficientes para o consumo das suas populações, e depende da importação de cereais, principalmente de arroz e trigo?
2. Por que Moçambique, com vastas reservas de floresta nativa, incluindo espécies de plantas produtoras de madeira de excelente qualidade, e também de plantas medicinais, não tem indústria da madeira e fibra e outros produtos florestais, incluindo medicamentos, e depende quase exclusivamente de importação de medicamentos e de mobiliário doméstico, escolar, hospitalar e de escritório, ao mesmo tempo que exporta madeira em toros?
3. Por que Moçambique, com largas reservas naturais de carvão mineral e de quantidades bastantes de minérios de ferro, alumínio, crómio e urânio, entre outros, não está sendo capaz de desenvolver indústria siderúrgica e metalomecânica?
4. Por que Moçambique, com largas reservas naturais de hidrocarbonetos (carvão mineral, gás natural e petróleo), está a recorrer à exportação destes recursos energéticos e matérias-primas para a indústria petroquímica, e não tem planos claros para o desenvolvimento da sua própria indústria transformadora, incluindo a indústria química e de medicamentos?
5. Por que Moçambique, com a longa, extensa e altamente produtiva costa marítima, de cerca de três mil quilómetros, não está a desenvolver a sua indústria de captura e transformação de pescado em produtos alimentares, medicamentos, e outros produtos do mar?
6. E, por fim, por ondem andam e o que estão fazendo os graduados e pós-graduados moçambicanos nas diversas especialidades científico-técnicas, formados ao longo dos mais de 40 anos de independência nacional?

Ora, estou a pensar ser tempo de o Presidente da República, Filipe Nyusi, fazer o seguinte:
1. Convocar todos os—ou amostras bem representativas dos—graduados e pós-graduados moçambicanos das diversas especialidades científico-técnicas, residentes no país ou na diáspora, para lhes fazer as primeiras cinco perguntas colocadas acima e ouvir as suas respostas;
2. Solicitar que cada grupo de especialistas sugira caminhos para a melhor valorização dos seus conhecimentos e experiências pelo Estado moçambicano, em benefício da própria classe e da sociedade; e
3. Orientar os ministérios competentes a elaborar programas para a materialização das ideias recolhidas, com a participação activa dos autores dessas ideias.

Esta é a opinião que tenho, decorrente do facto de ter comigo que agindo da maneira descrita nos três pontos de acção precedentes, o desenvolvimento de Moçambique pode ser, efectivamente, melhor orientado e acelerado. As "conferências de especialistas" propostas na acção 1 acima poderiam constituir-se em embriões de associações de produtores de soluções para a aceleração do desenvolvimento integrado e sustentável de Moçambique. As acções 2 e 3 jogariam um papel importantíssimo no desenvolvimento e valorização conteúdo local em Moçambique.
Basta de sermos uma República de dependentes, quando há por aqui tudo o que é preciso para sermos auto-suficientes naquilo que podemos ser. O mercado moçambicano tem que ser desenvolvido por moçambicanos. Eu quero usar pasta dentífrica fabricada em Moçambique, contendo essências de "mulala"; quero que as plantas medicinais que ocorrem em Moçambique sejam transformadas em medicamentos comercializáveis; quero que os hidrocarbonetos (carvão, gás e petróleo) moçambicanos sejam usados como matérias-primas das indústrias energética e petroquímica moçambicanas; quero que as pedras preciosas moçambicanas façam nascer a indústria de joalharia moçambicana; quero que fauna moçambicana faça nascer a indústria moçambicana de curtumes; quero que a agricultura, a pecuária e as pescas moçambicanas façam nascer a indústria de alimentos moçambicana; enfim, quero que os recursos naturais e humanos de Moçambique sejam explorados e usados nas suas extensas cadeias de valor para o desenvolvimento integrado, efectivo e sustentável de Moçambique. Isto não é impossível. Aliás, é bem possível. Mas requer boa vontade, boas políticas públicas—que temos—e escrupulosa aplicação dos princípios de gestão, que muito tem faltado aos moçambicanos.
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17 comentários
Comentários
Mussá Roots
Mussá Roots Só falta pedír ao Presidente Nyusi, para se vestir de "farda" militar, e treinar aquele "tic" do dedo indicador, assobiar enquanto coça a barriga..."é ou não é?"

Bom...se for esse o melhor caminho, sigamos...
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Bernardino Dos Santos Mandlate
Bernardino Dos Santos Mandlate Eu ia responder de forma que, ainda superficial que é pela ausência de investimento nestes sectores. A quantidade de investimento ainda é reduzida e não só, grande parte deste é desviado para saciar interesses que não são de um todo, os critérios de financiamento não estão claros, existem muitos produtores sérios mas que tem enormes dificuldades em aceder a um crédito. Eu levantaria uma outra questão, porque não ter serviços de carpintaria e afins ligados ao governos que serviria para produção de carteiras e outro mobiliário? Há muitas questões que aqui podem ser levantadas mas também podemos observar que os nossos engenheiros só tem a literatura mas a prática revela o caos que reside na educação
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Nelson Badaga Badaga
Nelson Badaga Badaga Eu cá na residência ainda estamos a comer arroz da época passada e na dispensa ainda tem muitos sacos que ainda não foram abertos.
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Herminio Ricardo
Herminio Ricardo A única resposta real desprovida de falácias é que sempre fomos dirigidos por um governo incompetente e corrupto.
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Julião João Cumbane
Julião João Cumbane Isto (acima) é resposta de alguém que se compara a um cão sem treino para ser bom amigo do Homem...! Primeiro ilustra que o autor da mesma não leu atentamente o texto do 'post' e, segundo e por fim, que o mesmo autor não entendeu o sentido das perguntas no 'post'. Não gosto de lidar de pessoas como o autor deste comentário (acima), aqui no meu mural!
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Buene Boaventura Paulo
Buene Boaventura Paulo Professor achas que a incompetência e a corrupção não podem ser as causas desse atraso no despertar para o desenvolvimento?
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Mauricio Guiamba
Mauricio Guiamba O problema do professor ele quer colocar questões mas ao mesmo tempo não admite a crítica do partido no governo
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Estevão Wa Ka Nhabanga
Estevão Wa Ka Nhabanga 900 milhoes em dolares pode financear muitos projectos de producão de comida e de geracão de emprego e tornarmo-nos auto suficientes. A uma altura dessas o post do Professor não teria espaço
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Simões António José
Simões António José E para onde foram os 900 milhões ó Nhabanga? Não foram engolidos pelos crocodilo? Um corrupto que rouba milhōes, mata milhões. Ntsém!
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Guilherme Mussane
Guilherme Mussane Julião João Cumbane Eu responderia com uma pergunta: Por que é que o Japão, não tendo essa vastíssima lista de recursos naturais é uma das maiores potenciais económicas do Mundo? Por que é que a Coreia do Sul que nos anos 60 do século passado tinha uma situação económica similar a do Gana, hoje, é uma potencia económica e o Gana continua com os mesmos problemas de pobreza, mendicidade, analfabetismo e outros males sociais? O que é que os japoneses e os sul-coreanos fizerma e n´so ainda não nos demos tempo de pensar e fazer?
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Egidio Vaz
Egidio Vaz A minha suspeita é que somos pobres porque ainda sofremos de uma dependência da qual não nos livramos ainda. A dependência de ideias. Professor Julião João Cumbane, essa graduados, até CV copiam modelos europeu, lattes ou alemão. Atenuar dizerem o que é quem são precisam copiar de alguém! Segundo, é o intervencionismo só sistema internacional. A nossa dependência económica e a imaturidade de todo um povo, seduzido pelas luzes do mundo desenvolvido, coloca os governos num dilema sério, entre aproveitar as oportunidades fáceis de alcançar do dinheiro disponível e do multilateralismo ou enfrentar a fúria popular por sacrifícios que não querem assumir. 
A ajuda pública internacional é quanto a mim responsável pela pobreza e corrupção. Explico. Dois terços de moçambicanos não pagam imposto, incluindo alguns aqui do Facebook que batem no peito e dizem "meu imposto". A evasão fiscal é galopante e esse fosso é preenchido pelo doador a quem o estado presta mais conta. Mas a verdade é que se quisermos ser sérios teríamos que assumir riscos e sofrimento por algum tempo para fazermos exatamente o que sugere. 
Suspeito que a receita que oferece pode acabar mal. O primeiro passo é mesmo perguntar ao povo se está pronto para consentir problemas sérios, se estás tá disposta a deixar de comer pão de trigo até que a produção local chegue a todos , se esta disposto a deixar de comer arroz do Vietname até conseguir o seu ou se está disposto a deixar de comer a batata até que sejamos autosuficientess. Se disser que NÃO então o estado não terá outra alternativa senão subsidiar ou mesmo comprar esses produtos de fora. Nesse processo irá endividar-se, o produto importado continuará a ser competitivo que o local e no final estaremos nesse ciclo de pobreza
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Zuneid Esmael
Zuneid Esmael Professor Julião João Cumbane..... as escolas em África têm estudantes africanos, Professores Africanos, porém uma grande parte dos livros e conteúdos programáticos são europeus ou por outra do Ocidente e, inclusive as línguas faladas nessas escolas são também europeias/Ocidentais....uma clara colonização das mentes para a dependência económica, política. .etc e dificilmente despertar. ..
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Guidione Simiao Ndona
Guidione Simiao Ndona Eu respondo também com certas questões:
1-É possível praticar a pesca ou agricultura no escritório? Se os graduados nessas áreas são colocados nos escritorios...
2- Os biólogos, químicos,agrónomos... São colocados como gestores não nas suas áreas de formação e limitam-se a elaborar planos de importação de serviços e produtos para operacionalizar a sua área de colocação.
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Joaquim Constantino
Joaquim Constantino Ganhamos mais em seremos pobres, porque as doações sempre chegam ao país....quando tentamos pensar e produzir, as doações se afastam de nós, e como queremos dinheiros, devemos estas na condição da pobreza....
Ps: Melhor seremos pobres, e cont
inuamos a receber doações. Se faltar algo, vamos pedir para importarem.
Ps1: Os nossos académicos, são trabalhadores da pobres, estudam para a pobreza , pois no final do dia devem fazer relatório, para justificar o que fez com dinheiro doado....
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Álvaro Xerinda
Álvaro Xerinda Primeiro o governo tem que assumir seriamente. É previso um Banco virado à Agricultura. Políticas do seguro agrário
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Sergio Baloi Sergio
Sergio Baloi Sergio professor ma governação não tem mais nada nisso presidente Samora mesmo com dificuldade financeira que tinham, o seu governo há gente tínhamos alimentos ate pao era fabricado na fabrica o famoso matolinha tínhamos comida produzida na nossa machambas
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Sergio Baloi Sergio
Sergio Baloi Sergio a frelimo de hoje professor esta cheio de gente corrupta ja não ama o povo a frelimo ja foi partido do povo preocupado em alimentar povo ti nham Madale, xinavane, marumeu, maragra nao digo empresa de comidas que tínhamos em manica olha fruta hoje eu como fruta de África do sul ate tomate isto esta de mais temos um ministro de agricultura arrogante que espera do pelouro.
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Alexandrina Da Fonseca Moteiro
Alexandrina Da Fonseca Moteiro Voltemos para operação produção
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Alexandrina Da Fonseca Moteiro
Alexandrina Da Fonseca Moteiro Esta demais, o governo deve criar condições, lá no distrito para escoamento dos produtos agrícolas, escolas públicas nossos filhos, hospitais com respectivos medicamentos e pessoal médico, para não estarmos todos na cidade... a depender da venda de roupa usada/doces ou outra coisa... Para sustentar muita gente nas casas, pagar aluguer, etc, etc.
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Junior Arnaldo Arnaldo
Junior Arnaldo Arnaldo Prof Julião João Cumbane de facto as questoes que referiu pertinentes. Na minha opiniao falta vontade politica por parte governo. Ora vejamos o ex-ministro da agricultura helder muteia teve varios encontros com especialistas nacionais e internacionais em ciencias agrarias visando elaborar um programa agricola adequado as condicoes agro-ecologicos nacionais. Apos a sistematizacao das opinioes dos especialistas, os que detem o poder afirmaram que o pais esta disprovido de recursos de recursos financeiros para a materializacao
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Junior Arnaldo Arnaldo
Junior Arnaldo Arnaldo Materializacao desse projecto. O mesmo acontece no sector da energia, pesca,etc em que falta vontade politica do nosso governo. Creio que se o governo elaborar politicas publicas serias,realistas viradas ao desenvolvimento socio-economicas do pais como um todo, buscando parcerias internacionais para o financiamemto e execucao dos grandes projectos, o pais estaria num estagio de desenvolvimento aceitavel
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Yan De Narvik Milange
Yan De Narvik Milange Uma Pergunta que so crian¢a pode fazer, nao um academico renomado na praça!
Yan De Narvik Milange
Yan De Narvik Milange Isto é, pork a resposta é obvio!

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