Alta Comissária britânica diz que há muito a fazer para restabelecer a confiança
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Dívidas ocultas
Furacão Rita atinge Cristal Pág. 6
Pág. 2 e 3
Naíta Ussene
.
TEMA DA SEMANA 2 Savana 03-03-2017
Horas antes de ser anunciada,
pelo presidente
Filipe Nyusi, como uma
das sete diplomatas residentes
no país, que vão assessorar
o diálogo político entre o
Governo e a Renamo, a alta Comissária
do Reino Unido dava
uma entrevista ao SAVANA, na
qual, dentre vários temas, falava,
precisamente, do novo roteiro
para a paz em Moçambique,
destacando que um estado de
paz é primordial para o desenvolvimento
sócio-económico de
qualquer Nação. Em uma hora e
cinco minutos, o tema das dívidas
ocultas foi incontornável e, Joanna
Kuenssberg, uma das mais
críticas diplomatas do momento,
disse esperar que a dimensão
dos problemas orçamentais e de
insustentabilidade da dívida pú-
blica, piorados pela revelação da
dívida escondida, tenha marcado
duma maneira mais significativa
as autoridades moçambicanas
para a interrupção da má gestão
das finanças públicas. Quando
questionada sobre os esforços de
combate à corrupção pelo Governo
de Filipe Nyusi, lamenta
haver “um sentimento de que as
pessoas que mais aproveitam a
corrupção estão longe deste âmbito”.
Cita, dentre vários, os casos
das Linhas Aéreas de Moçambique
(LAM) e de embaixadores
e edis da Frelimo implicados em
corrupção, mas impunes, para
afirmar, mesmo sem citar nomes,
que, para além de falha jurídica,
há falha política por parte de um
partido que não diz “epa, nós vamos
escolher uma outra pessoa
porque não concordamos com a
conduta que foi praticada”. Encontre
mais incidências no clássico
pergunta-resposta.
A senhora iniciou as suas fun-
ções em Moçambique em Abril
de 2014, pelo que está já no penúltimo
ano de mandato. Como
é que tem sido a sua estadia em
Maputo?
Muito interessante. Tenho investido
muito de mim para o desenvolvimento
de Moçambique, em
redes de contactos e visitas, especialmente,
às províncias, onde tenho
tido o privilégio de ver trabalhos
no terreno, como é encontrar
jovens nas Rádios Comunitárias a
cumprir uma tarefa muito difícil,
mas com muita paixão, energia e
criatividade, até aos funcionários
que conseguem continuar a trabalhar
com rendimentos cada vez
menores. Portanto, estou muito
impressionada pelo compromisso
dos moçambicanos.
Muito bem. Sempre defendeu
que os desafios económicos que
o país atravessa devem merecer
muita atenção e a superação do
Alta Comissária do Reino Unido decepcionada pela tolerância à corrupção
“Confesso estar desiludida”
impasse político é crucial para
que Moçambique se concentre
nos desafios financeiros. Como
é que tem acompanhado os últimos
desenvolvimentos sobre a
paz em Moçambique?
Eu partilho do sentimento de alí-
vio do povo moçambicano com o
anúncio da prorrogação da trégua
e estamos à espera de mais prorrogação.
O Reino Unido está aberto para
colaborar neste novo roteiro de
paz traçado pelo Presidente Nyusi
e Dhlakama?
Com certeza. Nos últimos três
anos sempre disse que o Reino
Unido quer fazer tudo que pode
ser útil para acompanhar este processo
para uma paz sustentável
aqui em Moçambique. Sabemos
que toda a pesquisa mostra que a
paz é primordial para o desenvolvimento
social e económico. Para
um país cumprir os objectivos do
desenvolvimento sustentável, por
exemplo, precisa de paz. Um estado
de paz é muito importante
para uma sociedade se desenvolver.
Então, nós sempre estivemos
presentes, a partir do dia em que
acompanhei o grupo de chefes de
missão (diplomática), em Setembro
de 2014, para buscar o senhor
presidente Dhlakama, até à nossa
resposta positiva para participar da
EMOCHM (Equipa Militar de
Observação da Cessação das Hostilidades
Militares), até vários contributos
privados. Então, o Reino
Unido tem uma relação privilegiada
com esta região e estamos
muito conscientes do impacto de
uma instabilidade num país sobre
a estabilidade regional. É sempre
uma consequência negativa para os
vizinhos e nós julgamos importante
oferecer ajuda ao nosso amigo
da Commonwealth para tentar ter
um impacto positivo.
No passado, conversações entre
o Governo e a Renamo redundaram
em fracassos ou então em
soluções efémeras. Tem algum
conselho às partes para que desta
vez as conversações resultem
numa paz duradoura?
É uma boa pergunta e eu saúdo
a coragem de ambos os líderes e
dizer que queremos uma solução.
A trégua existe e cada parte parece
acreditar nela. É verdade que tem
havido alguns incidentes, mas nem
uma parte nem outra diz que a tré-
gua não existe e isto é uma indica-
ção muito positiva da boa vontade
de ambas as partes de trabalhar,
em conjunto com peritos, para alcançar
um acordo. Há o prazo das
eleições do próximo ano e ano seguinte,
então, este exercício é um
imperativo. Para mim, todas as indicações
são de que os dois líderes
querem alcançar um acordo real a
ser implementado para o próximo
ciclo eleitoral. Só queria encorajar
este compromisso para materializar
um acordo, que não vai ser
fácil, todo o processo que referiu
mostrou isso. O processo do ano
passado com os mediadores internacionais
conseguiu ventilar ideias
e criar um ambiente para permitir
mais conversas. Fala-se mais desta
ideia da paz e de um novo quadro
constitucional que poderia existir.
Agora há um princípio menos
provocador.
Numa entrevista ao SAVANA,
em Julho de 2015, a alta Comissária
classificava as relações entre
Moçambique e Reino Unido
como sólidas e profundas, destacando
o facto de, em 40 anos,
não ter havido qualquer ruptura
entre os dois países. Ora, de lá
para cá, muita água passou por
baixo da ponte, incluindo as dí-
vidas ocultas que resultaram na
suspensão do apoio financeiro
que canalizavam pelos sistemas
governamentais. Então, como é
que hoje caracterizaria as rela-
ções Moçambique-Reino Unido?
As nossas relações a nível político
são muito construtivas. Em Setembro
do ano passado tivemos
duas visitas muito diferentes, uma
do príncipe e outra do enviado
comercial que teve uma audiência
com o primeiro-ministro e
visitou vários sítios e exprimiu
publicamente a confiança do Reino
Unido no futuro de Moçambique.
Entre amigos de longa data,
é muito importante haver espaços
para falarem francamente. Podem
ter visto do jogo de futebol entre
o corpo diplomático e o Governo
que não há nenhum sentimento
de animosidade. Ainda no início
de Fevereiro deste ano, a ministra
moçambicana dos Recursos Minerais
e Energia visitou o Reino
Unido, onde teve a oportunidade
de ver, em cinco dias, a profundeza
da oferta britânica neste sector
que vai ser a pedra angular para o
desenvolvimento de Moçambique.
Ela conseguiu aproveitar esta
abordagem muito alargada sobre
toda a cadeia de valor da explora-
ção dos hidrocarbonetos. Também
temos uma experiência muito profunda
na educação e habilidades
neste sector, como universidades
e fornecedores de formação técnica
e profissional e aqui em Mo-
çambique há uma demanda muito
maior. Temos experiência que
pode ser muito útil para Pemba,
mas também para toda a economia
moçambicana aproveitar as nossas
lições.
Mas nem tudo é um mar de rosas,
senhora alta Comissária. A descoberta
das dívidas ocultas colocou
em causa a confiança entre
esses dois amigos de longa data.
Pois. Quebrou a confiança. Os
nossos ministros exprimiram muito
abertamente a desilusão sobre
este facto revelado em Abril do
ano passado e, dado o grau desta
quebra de confiança, o nosso Governo
decidiu, muito rapidamente,
sobre a suspensão do apoio ao
Orçamento, virando o foco para o
povo moçambicano. Ou seja, não
atribuímos os 25 milhões de libras
ao Orçamento, mas reforçamos
a resposta à seca neste contexto
muito grave de El Niño e somos
muito activos no grupo de parceiros
na coordenação de todos
esforços. Nos últimos 12 meses
atribuímos quase 40 milhões de
libras aqui em Moçambique.
Quando o Governo do Reino
Unido decidiu terminar o apoio
directo ao Orçamento de Estado
de Moçambique, deixou claro
que os apoios seguintes estariam
dependentes de indicadores de
boa governação. Como é que estão
esses indicadores?
Como todo o parceiro que contribui
ao Orçamento do Estado,
há um acordo bilateral entre o
Reino Unido e Moçambique, que
enumera as condições do apoio a
serem respeitadas. Então, como
todos os parceiros do chamado
G14, no ano passado, nós veri-
ficamos que o Governo não respeitou
os princípios básicos deste
memorando de entendimento,
então, cada parceiro suspendeu ao
mesmo tempo esta modalidade de
apoio financeiro. O Governo não
tinha respeitado a áreas diversas,
desde boa governação, gestão das
finanças públicas até aos direitos
humanos e para nós, infelizmente,
houve grandes pontos de interrogação
em cada área.
Lição para interromper má
gestão
Na entrevista de 2015, a alta Comissária
dizia que a EMATUM
era o exemplo de porquê o Reino
Unido insistir numa maior
transparência na gestão da coisa
pública. Com que impressão ficou
sobre o que tem sido a gestão
da coisa pública em Moçambique,
depois da descoberta da
PROINDICUS e da MAM?
Não diria o contrário. A revela-
ção de mais empresas com muito
pouca viabilidade absorvendo
obrigações, muito grandes, em
nome do Estado, só reforça o que
eu disse em 2015. Eu queria bem
que a dimensão dos problemas or-
çamentais e de insustentabilidade
da dívida pública, piorados pela
revelação da dívida escondida,
tenha marcado duma maneira
Por Armando Nhantumbo/Fotos Naíta Ussene
- Joanna Kuenssberg diz que, para além de falha jurídica, a impunidade aos corruptos é uma falha política (da Frelimo)
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TEMA DA SEMANA Savana 03-03-2017 3
mais significativa as autoridades
moçambicanas para a interrupção
desta gestão má e insustentável e
muito longe do interesse público.
Há indicações de que o Governo
percebeu a mensagem. O Governo
e o Banco de Moçambique têm
implementado medidas difíceis,
mas necessárias para gerir de maneira
menos desgastante o dinheiro
público. Por exemplo, o ministro
das Finanças faz investimento
para reduzir as possibilidades de
agências do Estado entrarem em
contratos sem um acordo prévio
do Ministério. Isto não era o caso
antes e é um elemento importantíssimo
para todo Estado, mas
para um Estado que tem menos
recursos ainda, é cada vez mais
importante. O Governo está a trabalhar,
arduamente, com o FMI,
Banco Mundial e outros parceiros
como nós que trabalhamos nesta
área da gestão das finanças. É um
caminho muito longo, mas para
recriar a confiança, em primeiro
com o povo moçambicano e só
depois com os parceiros internacionais,
é um caminho necessário
de percorrer. Não vai ser amanhã
que tudo estará feito. Há a grande
questão das empresas públicas, por
exemplo. Temos visto problemas
com a LAM, TDM, mCel e outras,
pelo que é necessário alargar
o sentimento de responsabilidade
na gestão da coisa pública e o ante-projecto
de Lei sobre a governação
corporativa, que está a ser
estudado desde já há um tempo,
que seja breve. Medias deste género
são boas, pelo que é necessário
aprova-las e implementa-las com
muito zelo.
Colocaram a auditoria como um
dos passos críticos para o restabelecimento
da confiança. Foi
seleccionada, precisamente, uma
empresa britânica para investigar
estas dívidas. Conhecendo
a Kroll, provavelmente, melhor
que muitos de nós, que esperança
dá aos moçambicanos?
A auditoria é independente. Os
auditores não respondem, nem as
autoridades moçambicanas, nem
aos outros governos, muito menos
ao governo Sueco que paga
a factura. O que eu espero é uma
auditoria aberta que explique o
que aconteceu, quanto dinheiro foi
gasto sobre o quê, e quanto dinheiro
não está contabilizado em líquidos
ou em bens. Quero bem que a
empresa tenha conseguido obter as
informações necessárias. Eu tenho
toda a confiança no profissionalismo
desta empresa para apresentar
uma auditoria bem enquadrada,
caso tenha recebido o material a
ser avaliado. Então, depois, é para
as autoridades moçambicanas se
decidirem, na base dos resultados
da auditoria, quais seriam as ac-
ções a seguir, em primeiro lugar a
Procuradora-geral e o Governo já
começou a falar com o FMI sobre
um possível programa e medidas
possíveis para melhorar as finanças
públicas e o investimento público,
então, estamos à espera.
O certo é que não está a ser fácil
investigar estas dívidas. As indicações
que temos são de que os
securocratas do SISE envolvidos
na contratação destas dívidas estão
a sabotar a Kroll que, inclusivamente,
já pediu alargamento
de prazos para fim de Março.
Tem algum recado para Maputo
sobre isso?
Como eu disse, espero que possa
apresentar um relatório de qualidade
que esta empresa costuma
fazer e depois será para Moçambique
decidir sobre as acções a seguir.
Não é só para o Governo, já referi
a Procuradora-geral da República,
mas também a sociedade civil, de
avaliar o conteúdo publicado e este
é um elemento muito importante
para a transparência. É muito importante
que o povo moçambicano
saiba o que aconteceu.
Retomar apoio? Vamos ver!
De quê vai depender o restabelecimento
do apoio financeiro ao
Governo de Moçambique? Será
da apresentação dos resultados
da auditoria em si ou das acções
subsequentes?
Na cooperação, cada país tem as
próprias decisões. O que tem sido
impressionante, nos últimos meses,
é que a unidade dos doadores
de apoio ao Orçamento influenciou
a decisão final das autoridades
moçambicanas de pedir finalmente
auditoria. Então, vamos
ver. Eu não posso falar em nome
dos outros parceiros. Mas o facto
de a auditoria ser apresentada será
muito bom. Acho que há muito
mais a ser feito para restabelecer a
confiança que foi quebrada na maneira
como foi quebrada. O presidente
da República, pessoalmente,
comprometeu-se, reconhecendo
o interesse de pedir esta auditoria,
então, quero bem que acções
relevantes possam ser esperadas
depois.
Disse, em 2016, que os Tribunais
e o Parlamento são as formas
modernas de responsabilizar
Governos. Não está a ser assim
em Moçambique e a pergunta é:
que impedimento?
Moçambique é um país jovem. O
meu país tem uma história de mais
de mil anos. Eu não estou cá para
dar receitas muito específicas que
vem da nossa história a Moçambique.
Acho que a vontade de ouvir
o público faz parte de cada Estado
moderno. No meu país isto pode
ser pelas petições. Agora temos
uma Lei que diz que se uma petição
pública, que pode ser online,
receber 100 mil assinaturas, deve
haver um debate parlamentar sobre
a questão em causa. E tem havido
exemplos, alguns sérios, alguns humoristas,
mas isto dá a impressão
de que não só os deputados, ministros,
jornalistas, tem a chave de
abrir este mundo um bocadinho
fechado. No meu país também não
temos um sistema de listas parlamentares
para deputados. Cada
circunscrição tem uma eleição
nominal. Isto quer dizer que há
uma ligação muito pessoal entre
cada eleitor e o deputado que, cada
semana, passa dois ou três dias na
circunscrição, onde tem uma audi-
ência aberta, na qual cada cidadão
do distrito pode apresentar o seu
problema e o deputado encaminha
a situação. Então, cada deputado,
incluindo os ministros, tem uma
ligação muito directa com os cidadãos
e isto reforça o sentido de
que “fazendo isto, posso provocar
uma zanga e reforça a capacidade
dos eleitores votarem numa outra
pessoa e num outro partido da
próxima vez”. Aqui isto não existe,
e acho que seria muito interessante,
sei que há listas províncias, mas
às vezes a pessoa é trazida de Tete
para Inhambane e isto interrompe
um bocadinho esta possibilidade
de manter uma continuidade.
Ainda no ano passado, no lançamento
do estudo do CIP sobre
“Os Custos da Corrupção para
a Economia Moçambicana”,
manifestou preocupação com os
níveis de corrupção no país, afirmando
que os mais pobres e vulneráveis
é que acabam por pagar
pelo enriquecimento de alguns
poucos indivíduos. O que achou
do recente Índice de Percepção
de Corrupção da Transparência
Internacional, no qual Moçambique
caiu 32 lugares, a maior
queda de sempre desde o início
“Tive confusão”
Cidadãos e organizações atentos
à governação de Filipe Nyusi
apontam como uma das grandes
decepções do actual presidente, a
falta de acções concretas contra a
corrupção. Partilha desta visão?
Eu só cheguei menos de um ano
antes da investidura do presidente
da República, então, não tenho
muita experiência do mandato
anterior. Houve alguns casos de alguns
embaixadores (N.R. Bernardo
Xerinda e Amélia Sumbana),
alguns polícias de trânsito, entre
outros casos maioritariamente levantados
pelo Gabinete Central de
Combate à Corrupção. Ainda há
um sentimento de que as pessoas
que mais aproveitam a corrupção
estão longe deste âmbito e, eu confesso
ter desilusão quando acompanho
isso, como foi em Novembro
do ano passado que houve vinte
e tal agentes da Polícia de trânsito
condenados, mas que a única
decisão era eles só mudarem de
polícia de Transito para uma outra
área da Polícia. Tive uma confucasa
do povo pode trabalhar mais
imparcialmente. Isto pode ser um
contraste com alguns meses antes
quando houve recusa de um debate
proposto pela Renamo e que
só aconteceu depois de o Comité
Central (da Frelimo) pedir debate.
Houve ao longo do ano passado
muitas preocupações com a liberdade
de expressão, com intimida-
ção ou de jornalistas, comentadores
ou sociedade civil. Acho que
este ano ainda não temos uma base
porque só temos dois meses, pelo
que não posso dizer que estamos
melhor. Mas ainda não temos no
Informe sobre o Estado Geral da
Nação… o presidente da Republica
disse, por exemplo, que não há
provas de abusos de direitos humanos
relativos aos refugiados em
Tete. Isto nove meses depois da
visita da comitiva ministerial, não
há relatório público, mas para dar
confiança – voltamos a esta questão
da confiança - é necessário não
só pronunciar a conclusão, mas
apresentar o relatório para cada um
tirar as suas conclusões. Há muito
menos moçambicanos no Malawi,
não sabemos quantos estão no
Zimbabwe, não sabemos quantas
pessoas deslocadas internamente
em Moçambique. Eu percebo
muito bem que é uma questão sensível,
mas como é que os amigos do
país podem ajudar as autoridades
do Estado, sem informação fiável?
Como é que os cidadãos podem
responder sem informação fiável?
Foi muito difícil o debate sobre
aqueles corpos descobertos em
Maio/Junho do ano passado na
fronteira de Manica e Sofala. No
lugar de dizer que há muitos corpos
lá, quem são e o que aconteceu,
houve um debate completamente
estéril sobre a terminologia (N.E.
com o governo dizendo que não
havia vala comum). Houve a primeira
Comissão que foi a Sofala
e Manica e, nas duas visitas, disse
que não conseguiu ver algo. Fiquei
muito triste com isso porque só
mostrou que estes deputados não
conseguiram responder a questão
central que é o bem-estar destas
pessoas.
Que futuro para o Reino Unido
sem a União Europeia?
O Reino Unido é e ficará um país
com mais de 60 milhões de pessoas
e com uma história muito longa,
que é um actor incontornável no
plano internacional. Nós gastamos
cerca de 7% do PIB por lei sobre
a cooperação internacional, 2% do
PIB sobre tudo o que é defesa e segurança
e ano passado, por exemplo,
duplicamos o contributo para
as acções de manutenção da paz.
Nós somos um actor incontorná-
vel em tudo o que é política de
cooperação. Então, nós vamos fi-
car um país que diz, que faz, quem
tem ideias, que contribuiu, que vai
continuar a ser uma voz muito forte
a favor do livre comércio num
contexto em que este sentimento
tem menos apoio. Uma União Europeia
forte é no interesse do Reino
Unido e do resto do mundo e
não há nenhuma incoerência entre
um Reino Unido independente e
fora da União Europeia com laços
muito estreitos e especiais com os
membros da União Europeia.
da publicação desde barómetro,
em 1995?
Esta é uma mensagem muito importante
para convencer as autoridades
a fazer algo decisivo para
mudar esta cultura e eu repito este
sentimento de que são os mais
vulneráveis que são alvos da delapidação
da coisa pública. Agora
sabemos que os salários dos funcionários
não estão a ser pagos a
100%, há problemas com os produtos
farmacêuticos nos hospitais,
combustíveis.
Há uma pergunta que a Alta Comissária
ficou por responder no
lançamento do estudo do CIP
quando dizia que a corrupção
tem outros custos que são mais
difíceis de quantificar, como são
os custos sócio-políticos, que é a
seguinte: “qual é a legitimidade
de um Estado perante seus cidadãos
se os serviços públicos são
condicionados pelo suborno, ou
se esse Estado é visto como um
espaço que foi ‘privatizado’ por
algumas pessoas”?
Eu coloquei uma questão importante.
(Risos)
são sobre qual a mensagem para o
povo. Também houve um edil em
Niassa (Saíde Amido, de Lichinga)
que foi condenado, multado e
no dia seguinte voltou ao trabalho
como edil. Isto pode ser uma falha
no quadro jurídico, mas a outra é
falha política. Uma pessoa que representa
um partido, cujo partido
não diz que “epa, nós vamos escolher
uma outra pessoa porque não
concordamos com a conduta que
foi praticada”, esta é uma resposta
completamente passiva. Para mim
foi com surpresa que ninguém tenha
dito que “pára”.
Disse ainda, ao nosso Jornal, em
2015, que em democracia deve
haver abertura do espaço para
o debate e não perseguição do
pensamento diferente. Com impressão
tem sobre este capítulo,
nestes dois anos do presidente
Nyusi?
Também não há uma avaliação
única possível. Por exemplo, a Comissão
Parlamentar de Inquérito
(sobre dívidas ocultas) ouviu muitas
pessoas e tirou conclusões muito
interessantes, mostrando que a
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TEMA DA SEMANA 4 Savana 03-03-2017
OPrimeiro-ministro, Carlos
Agostinho do Rosário,
defendeu, esta quarta-
-feira, que Moçambique
tem estado nos últimos tempos a registar
“tendências animadoras quer
do ponto de vista político quer do
ponto de vista económico”, apesar
de estar ainda a enfrentar desafios de
dimensão nacional e internacional.
Falando num encontro com jornalistas
no seu gabinete, o Primeiro-
-ministro indicou os desafios nacionais
como sendo a necessidade de
manter e preservar a paz, assim como
prosseguir com as reformas visando
aprofundar e consolidar as contas
públicas, de modo a que a economia
continue a crescer de forma equilibrada
e mais sustentável.
Acrescentou que as reformas no
sector das empresas públicas visam
torná-las mais robustas, para permitir
que contribuam para o erário
público e, ao mesmo tempo, reduzir
o risco fiscal.
O outro desafio interno tem a ver
com os esforços que o Governo deve
levar a cabo para trazer a dívida pú-
blica para níveis sustentáveis e permitir
dessa forma que o Governo crie
espaço para o financiamento do seu
plano quinquenal aprovado em 2015,
e que decorre até 2019.
No plano internacional, o Primeiro-
-ministro destacou como desafios a
necessidade de continuar com os esforços
visando restaurar a confiança
junto dos parceiros externos, com um
esforço particular visando alcançar,
ainda este ano, um acordo para um
novo programa com o Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Outro desafio internacional tem a ver
com o acompanhamento da variação
dos preços dos principais produtos
de exportação de Moçambique.
“Estamos a acompanhar a tendência
da melhoria dos preços internacionais,
a recuperação das economias
tanto avançadas como emergentes...
e queremos que essa tendência se
mantenha”, disse o Primeiro Ministro.
Carlos do Rosário notou que, do
ponto de vista macro-económico,
2017 iniciou com “tendências animadoras”,
com as principais variáveis
a comportarem-se na direcção que já
se previa quando foram aprovados
o Plano Económico e Social (PES)
e o Orçamento Geral do Estado
(OGE).
Acrescentou que a inflação baixou
dos 27 por cento registados em Novembro
de 2016 para os actuais 20,6
por cento e que a taxa de câmbio do
Metical face ao dólar, que atingira os
80 em Outubro, encontra-se agora
nos 70, e com tendência a baixar ainda
mais.
“As medidas macro-económicas que
estamos a executar estão também a
consolidar o aumento das receitas
das exportações e permitir a acumulação
das reservas líquidas internacionais”,
disse Carlos do Rosário,
destacando que Moçambique neste
momento uma capacidade de cobertura
de importações de bens não
factoriais equivalente a cinco meses.
“Estes são sinais de recuperação da
nossa economia, que nos levam a
manter a expectativa de que até ao
final do ano, os 5,5 por cento de crescimento
se possam verificar”, disse.
A crise económica e financeira que
Moçambique tem estado a enfrentar
desde princípios de 2016 tem se manifestado
na incapacidade do país de
honrar os seus compromissos com os
credores internacionais.
Depois de falhar o pagamento da
prestação dos juros da dívida da
EMATUM estimada em cerca de
60 milhões de dólares, em Janeiro
último, mantém-se a incerteza sobre
se o Governo irá conseguir honrar a
tranche da Proíndicus, prevista para
até finais de Março.
No encontro com os jornalistas,
Carlos do Rosário reiterou a determinação
do Governo de honrar os
compromissos internacionais, mas
sublinhou ser necessário apostar na
renegociação com os credores para
permitir que haja um equilíbrio entre
o pagamento da dívida e o contínuo
financiamento das actividades do
Governo.
“O elemento fundamental é que nós
queremos pagar a dívida e queremos
honrar os compromissos, mas isso
deve acontecer dentro do equilíbrio
para que se deixe espaço para termos
recursos para financiar os programas
inscritos no Plano Quinquenal do
Governo”, disse.
Explicou que a garantia do equilíbrio
no pagamento da dívida é uma das
prioridades do Governo com os credores,
facto que o levou a contactá-
-los em Outubro do ano passado
para colocá-los a par da situação macroeconómica
desfavorável do país.
“Neste momento vamos continuar
a trabalhar para trazer a dívida de
forma sustentável, o que implica o
estabelecimento de equilíbrio no
pagamento e no financiamento dos
programas governamentais”, frisou
Carlos Agostinho do Rosário.
Para além das prestações da EMATUM
e da Proíndicus, está o valor de
119 milhões de dólares e a ser paga
até 23 de Março, haverá uma outra a
favor da MAM, em Maio.
Carlos do Rosário disse ainda que o
Governo continua em conversações
com o FMI para a retomada da assistência
financeira. Repisou na tecla
do equilíbrio que deve ser assegurada
também nestas conversações, de
modo que o Governo faça as devidas
reformas para consolidação das contas
públicas e garantir a execução dos
programas governamentais.
“Queremos implementar reformas
a nível do sector público e das empresas
públicas de uma forma que
dê espaço para afectar recursos para
as áreas mais desfavorecidas como a
educação, saúde e protecção social
e esse equilíbrio é um exercício que
temos de encontrar nas negociações
com o FMI”, disse.
Sobre a auditoria às dívidas não declaradas,
que está sendo levada a cabo
pela Kroll, juntamente com a Procuradoria
Geral da República, disse que
esta estava bem encaminhada, e que
se aguardava serenamente pelos resultados
que deverão ser anunciados
até finais do mês em curso.
Carlos do Rosário disse que o Governo
espera que este ano seja melhor
se comparado com 2016, principalmente
no que toca aos investimentos
do sector extractivo, uma vez que os
preços internacionais mostram uma
tendência de recuperação.
Neste sector projecta-se um crescimento
na ordem dos 24%, que será
galvanizado pelo anúncio ainda para
este semestre da decisão final de investimento
na plataforma flutuante
de gás natural, o que vai trazer mais
divisas para o país.
Apontou também a celebração para
breve dos contratos do quinto concurso
que vão abrir espaço para entrada
de investidores internacionais
com pujança financeira como é o
caso da Exxon Mobil, entre outros.
Pagar dívidas sem prejudicar os programas do Governo
$ÀUPD&DUORV$JRVWLQKRGR5RViULR
Por Argunaldo Nhampossa
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TEMA DA SEMANA Savana 03-03-2017 5
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TEMA DA SEMANA 6 Savana 03-03-2017 SOCIEDADE
Para os agentes económicos
moçambicanos, principalmente
da capital, a Inspecção
Nacional das Actividades
Económicas (INAE) e a
sua máxima dirigente, Rita Freitas,
já são sinónimo de terror. Para os
consumidores, o benfeitor que faltava
em socorro da saúde pública.
À saga da INAE nem as até agora
impecáveis e emblemáticas casas
de pasto de Maputo escapam.
Depois de há algumas semanas ter
fechado o Continental, outrora um
palco central das tertúlias da nata
intelectual de Maputo, tocou, esta
semana, “a sorte, ao mítico Cristal
e, também, ao não menos badalado
Nautilus.
Numa atitude considerada ousada e
desafiadora, a INAE encerrou, nos
últimos 15 dias, 20 estabelecimentos
comerciais, em todo o país, devido
a problemas graves de higiene,
numa lista em que constam restaurantes
considerados do topo.
Se em finais de Janeiro, o encerramento
dos restaurantes Continental
e Estoril surpreendeu o país pelo
seu aparente requinte, o mesmo se
pode dizer do Cristal, Nautilus e
ABCF que, apesar da mediatização
das campanhas da INAE foram
apanhados em contrapé.
Através de uma ligação anónima,
mas que se supõe ser de um dos
funcionários do estabelecimento, a
Inspectora-Geral das Actividades
Económicas, Rita Freitas, deslocou-se,
esta semana, ao Café, Pastelaria
e Restaurante Cristal, um dos
mais concorridos da capital.
Como nos outros locais anteriormente
inspeccionados, no Cristal,
Freitas constatou várias irregularidades,
que vão desde a existência de
animais de estimação na cozinha,
águas negras, cheiro nauseabundo;
vestiário, refetório e casas de banho
dos funcionários desorganizados e
com infiltração de águas; inexistência
de cartões de saúde dos trabalhadores;
entre outras.
“Começámos pela cozinha, porque
é a parte mais crítica, pois, é lá onde
são confeccionados os alimentos,
enquanto os clientes preocupam-se
com o salão. Quando chegamos à
cozinha, a primeira coisa que sentimos
foi um cheiro horrível, provocado
por águas negras”, disse.
“Encontramos fossas entupidas;
caixas de resíduos sólidos, dentro
da cozinha; o armazém estava
cheio de quinquilharias; a câmara
frigorífica desorganizada; e cremes
não tampados”, descreveu Freitas,
esclarecendo que estas questões
“perigam a saúde pública e seríamos
injustos se não encerrássemos
o estabelecimento”.
Esta decisão afectou o paladar e o
estômago da “elite” moçambicana,
que tinha aquele local como seu
espaço de lazer e de recomposição
das energias.
Aliás, a nossa reportagem testemunhou
a retirada de um dos clientes,
sem terminar a sua refeição, devido
ao anúncio do encerramento do esFuracão
Rita atinge mítico Cristal
Por Abílio Maoela
tabelecimento. A gerência não quis
prestar declarações à imprensa.
Tratando-se de um espaço de lazer
da nomenklatura moçambicana, o
SAVANA quis saber da Inspectora-Geral
das Actividades Económicas
se não estava a jogar no
escuro, ao que respondeu:
“Não podemos fechar os olhos para
tamanhas irregularidades. A alimentação
é uma questão sensível e
as pessoas pagam muito caro pelo
que consomem. Por isso, também
merecem respeito”, disse, garantindo
que “nunca sofri represálias”.
INAE pede revisão de taxas
Além do encerramento, o Restaurante
Cristal e outros na mesma situação
terão de pagar as respectivas
multas, que são calculadas com base
nas infracções detectadas.
Por exemplo, pela deficiência de
higiene e limpeza, o valor fixado é
de 30 mil meticais, enquanto a ausência
de cartões de saúde custa 20
mil meticais.
Rita Freitas considera estas taxas
muito baixas e propõe uma revisão.
A mesma deverá ser feita pelos ministérios
da Saúde; Cultura e Turismo
e Indústria e Comércio.
Refira-se que a reabertura destes
estabelecimentos está dependente
da correcção das anomalias detectadas
pela equipa da INAE.
Rita Freitas diz que não se pode fechar os olhos a tamanhas irregularidades
SOCIEDADE Savana 03-03-2017 7
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TEMA DA SEMANA 8 Savana 03-03-2017 SOCIEDADE
Osistema de administração
da justiça abriu o ano nesta
quarta-feira, 01, com
discursos característicos
e próximos dos anos anteriores. A
cerimónia que não contou com a
presença do chefe de Estado, Filipe
Nyusi, do ministro da Justiça,
Assuntos Constitucionais e Religiosos,
Isaque Chande, bem como
do Presidente do Conselho Constitucional,
Hermenegildo Gamito,
foi marcada pela estreia de Flávio
Menete, bastonário da Ordem
dos Advogados de Moçambique
(OAM), que lançou duras críticas
à apatia da Procuradoria Geral da
República (PGR) perante crimes
de grande envergadura ou que envolvem
figuras da nomenclatura
bem como a Polícia da República
de Moçambique (PRM) pelo persistente
cometimento de casos de
violação de direitos humanos, bem
como do desprezo das leis em privilégios
às ordens superiores.
No discurso de estreia, Flávio Menete
não fugiu à regra dos seus
antecessores, mormente Gilberto
Correia e Tomás Timbane, e lançou
duras críticas ao funcionamento do
sistema de administração da justiça
em Moçambique.
Os “ataques” foram mais focalizados
para a PGR, entidade responsável
pela acção penal e controlo
da legalidade, bem como a PRM,
instituição que vela pela ordem e
tranquilidade públicas.
Na sua locução, Menete lembrou
que vários factos com fortes evidências
de práticas de infracções
criminais são registados no país.
Porém, poucas vezes nota-se a
pronta intervenção de quem é responsável
pela acção penal ou que
vela pelo cumprimento da lei.
Menete entende que os contribuintes
e as gerações vindouras não
podem continuar a ser sacrificados
em consequências da inobservância
da lei.
Num discurso de 11 páginas, Flá-
vio Menete referiu que os moçambicanos
financiam, através das suas
contribuições fiscais, a edificação
e implantação de várias infra-estruturas
públicas de carácter social
como escolas, hospitais, estradas,
pontes entre outras, para depois ver
o seu esforço deitado abaixo porque
passou uma tempestade.
Segundo Menete, qualquer obra é
antecedida de trabalhos preliminares
que depois definem o tipo de
engenharia a ser aplicado tendo em
conta a vulnerabilidade do terreno.
O processo de construção é acompanhado
por fiscais cuja missão é
verificar qualquer irregularidade
que possa ser cometida pelo empreiteiro
e que possa atentar à qualidade
da obra. Todos estes passos
envolvem altos custos financeiros
pagos na totalidade pelos contribuintes.
Porém, pouco tempo depois de serem
entregues, as mesmas mostram
sinais de pouca qualidade e não resistem
a qualquer adversidade.
Para Menete, o preocupante é que,
em vez de quem de direito responsabilizar
os autores pelos danos, o
contribuinte é novamente chamado
para reconstruir.
“Devido à inobservância da lei, por
várias vezes somos chamados a pagar
inúmeras vezes pelas mesmas
infra-estruturas, bem como passar
momentos de inactividade, com as
consequências daí decorrentes”, lamentou.
Dívidas ocultas
O bastonário chamou à colação a
questão das dívidas contraídas para
interesses particulares, mas com garantias
de Estado e que deixaram o
país na penúria.
Segundo Menete, é de lamentar
a instabilidade económica vivida
no país e que está a levar o grosso
dos moçambicanos, sobretudo
da renda baixa, para uma situação
de desespero e incerteza, devido à
vergonhosa situação de créditos de
mais de dois mil milhões de dólares
americanos, emitidos sem autorização
da Assembleia da República.
Para Menete, o facto dos contraentes
da dívida terem contornado
o parlamento, violando grosseiramente
a lei orçamental, é sinal bastante
da falta de transparência em
todo o processo.
Perante este negro cenário, o bastonário
referiu que a espectativa da
OAM bem como do resto dos mo-
çambicanos é de que a empresa de
auditoria contratada para investigar
os contornos dos empréstimos, bem
como o destino do dinheiro, faça o
seu trabalho com profissionalismo,
obedecendo padrões internacionalmente
reconhecidos aceites a fim
de desvendar o mito em torno dos
empréstimos.
Também apelou ao Ministério Pú-
blico (MP) para que use a informação
disponível de forma isenta
e imparcial, de modo que, havendo
indícios suficientes de cometimento
de crimes, os autores, cúmplices e
encobridores sejam exemplarmente
responsabilizados, impedidos de
continuar a beneficiar de valores,
bens e direitos adquiridos em resultado
dessa actividade criminosa,
e obrigados a ressarcir o Estado de
todos os danos sofridos.
“É momento de acabarmos com a
percepção de que a nossa justiça é
forte para os fracos e fraca para os
fortes”, advertiu.
Menete recordou a PGR que a
OAM encara com estranheza o
silêncio de quem é de direito as
notícias recorrentes sobre os benefícios
que estão a ser concedidos
pelo Ministro dos Transportes e
Comunicações, Carlos Mesquita, a
empresas de que ele próprio é sócio
ou nas quais tem interesses.
O bastonário questiona os interesses
que norteiam a governação, os
critérios usados para que os negó-
cios de Estado beneficiem apenas
o ministro Carlos Mesquita bem
como o silêncio de quem é de direito
pela constante e persistente violação
da Lei de Probidade Pública.
Polícia e abuso de direitos
humanos
No entender de Flávio Menete,
uma justiça justa é aquela que respeita
os direitos humanos e, no caso
concreto de Moçambique, o respeito
pelos direitos mais elementares
do cidadão continua uma miragem.
Segundo Menete, não se pode falar
do respeito pelos direitos humanos
num Estado onde a Polícia privilegia
a ordem em detrimento da Lei.
Sublinha que foi com tamanha preocupação
e repúdio que a OAM viu
uma cidadã estrangeira (a feminista
espanhola, Eva Moreno) a ser expulsa
do país sem obedecer os procedimentos
legais, porque estava a
cumprir-se uma ordem emanada
pelo ministro do Interior assim
como do silêncio de quem vela pela
legalidade.
Conta que há relatos de que vários
cidadãos são torturados pela polí-
cia, algumas vezes pela Unidade de
Intervenção Rápida, no âmbito das
investigações, ignorando-se o facto
desta especialidade da Polícia não
ser sua vocação investigar crimes.
“Como é que podemos apregoar
uma justiça humanista num Estado
em que a Polícia cimentou a ideia
de que o seu desempenho é avaliado
em função do número de prisões
que realiza ou de apresentações de
suspeitos de crimes à imprensa, violando
o preceito constitucional que
apregoa o instituto de presunção de
inocência, visto que a culpabilidade
de um indivíduo consubstancia-se
com a decisão judicial, cuja sentença
tenha transitado em julgado”,
frisou.
Sublinha que a corrupção na polí-
cia, no sistema penitenciário bem
como na magistratura tem contribuído
para fragilizar o sistema de
administração da justiça.
Menete apela à profissionalização
da polícia e diz que a mesma não se
resume apenas na aprovação de leis.
Disse que a criação do Serviço Nacional
de Investigação Criminal
(SERNIC) é louvável, mas não é
tudo. É preciso investir no pessoal e
em meios da mais diversa natureza,
adequados ao exercício da actividade
de forma científica.
No entanto, em nenhum momento
Menete referiu-se aos esquadrões
de morte ou as suas vítimas, mas
ironizou que não devemos ficar
indiferentes a situações em que se
põe termo à vida de pessoas, o mais
precioso bem jurídico.
O combate ao crime não é
apenas responsabilidade
da PGR
Depois de ouvir os recados do bastonário
da OAM, Beatriz Buchile
tomou da palavra e de forma flanqueada
retorquiu, afirmando que o
sucesso no esclarecimento de um
crime não pode ser responsabilidade
exclusiva do MP, entanto que
órgão titular da acção penal e que
dirige a instrução preparatória.
Para Buchile, o combate ao crime
deve contar com a intervenção e
colaboração de todos os actores e
intervenientes tendo em conta, por
exemplo, o cuidado que se deve ter
na recolha de evidências no local do
crime, no trabalho operativo, nas
diligências de instrução preparató-
ria em que participam inspectores,
magistrados, Polícia de Investiga-
ção Criminal e até os demais actores
da sociedade, como operadores
das telefonias, instituições bancá-
rias e outros.
“Somente com o envolvimento e
cometimento de todos nós é que
teremos sucesso no esclarecimento
dos crimes e podemos levar os
infractores ao julgamento e, por
conseguinte, combatermos a criminalidade
organizada. Para o efeito,
temos de continuar a fortalecer a
articulação e coesão no seio da administração
da justiça”, replicou.
Buchile manifestou a sua preocupação
com o aumento de crimes
violentos em casos relacionados
com violência doméstica e referiu
que uma justiça deve ser cultivada
antes, no seio familiar e da comunidade
onde, por vezes, ocorrem diferendos
familiares ou de pequena
dimensão local cuja resolução deve
ser feita com respeito aos valores
atinentes à condição humana.
Sublinhou que os casos de violência
doméstica ou de linchamentos que
ocorrem nas famílias e nas comunidades
revelam a ausência do respeito
pelos mais elementares direitos
humanos.
Beatriz Buchile também se mostrou
preocupada com as apresenta-
ções públicas, através dos meios de
comunicação social, de indivíduos
indiciados da prática de infracção,
o que, no seu entender, configura
uma violação de um direito humano
fundamental, alicerçado no
princípio da presunção de inocência.
Um juiz para cem mil
habitantes
42 anos depois da conquista da
independência nacional, Moçambique
ainda se ressente de défice
de magistrados judiciais, facto que
contribui na morosidade e consequente
denegação da justiça.
Segundo Adelino Muchanga, presidente
do Tribunal Supremo (TS),
em Moçambique, um juiz está para
mais de cem mil pessoas.
Isto é, numa população estimada
em cerca de 26 milhões de habitantes,
existe apenas pouco mais 250
juízes judiciais.
A exiguidade de quadros no sector
de administração da justiça obstrui
a flexibilidade do sistema.
De acordo com Muchanga, no iní-
cio do ano de 2016, nos tribunais
judiciais, estavam pendentes, em
todo o país, 153.194 processos e
para o presente ano transitou um
total de 151.086 processos.
Sob o lema: “Por uma Justiça Humanista
e Assente no Pluralismo
Jurídico”, para além do bastonário
da OAM, PGR, presidente do TS,
Presidente do Tribunal Administrativo,
Machatine Munguambe,
contou com a presença do Primeiro-ministro,
Carlos Agostinho do
Rosário em representação do governo.
Esclarecimento de crimes envolvendo tubarões
Bastonário da OAM questiona apatia da PGR
Por Raul Senda
Ilec Vilanculos
Família forense numa foto de família na abertura do ano judicial
Savana 03-03-2017 9
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PROMOVENDO A INCLUSÃO FINACEIRA E A
VALORIZAÇÃO DO METICAL
Havendo fundadas evidências de exercício de actividades não permitidas por parte de
alguns operadores de microfinanças, designadamente, a emissão de garantias
bancárias, o Banco de Moçambique comunica a todos os interessados e ao público
geral que:
1. À luz do artigo 4 da Lei das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras – Lei
nº 15/99, de 01 de Novembro com as alterações introduzidas pela Lei nº 9/2004, de
21 de Julho, a emissão de garantias bancárias é actividade exclusivamente permitida
aos bancos; e,
2. As instituições autorizadas a conceder crédito nos termos do Regulamento das
Microfinanças, aprovado pelo Decreto nº 57/2004, de 10 de Dezembro, nomeadamente,
os Microbancos, as Cooperativas de Crédito, as Organizações de Poupança
e Empréstimo e os Operadores de Microcrédito, apenas podem emitir outro tipo
de garantias que não sejam bancárias, e dentro do contexto do segmento de
microfinanças e no âmbito de actuação das condições permitidas para o exercício
da sua actividade.
COMUNICADO
Assinatura ilegível
10 Savana 03-03-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Monteiro da Silva foi colaborador
de Manuel
Boullosa, um falecido
empresário e querido
amigo que passou no jargão da Frelimo,
de financiador dos “bandidos
armados” (as novas gerações já desabituadas
às variações de epítetos
devem ler Renamo) para a designação
de “grande amigo do povo
moçambicano”, quando resolveu
contribuir com três milhões de escudos
portugueses, “um precioso
patrocínio” para o pavilhão do país
na Expo mundial de 1998, em Lisboa.
As palavras então dirigidas a
Manuel Boullosa constam de documento
(26 de Janeiro de 1999),
assinado por Jacinto Veloso, comissário
geral da Expo e pelo Embaixador
da altura, Pedro Comissário. O
mesmo Boullosa manteria nos anos
noventa uma copiosa correspondência
com Sérgio Vieira, o então
director do Centro de Estudos Africanos
(U.E.Mondlane). “Mestre” e
“exemplo do que devia ser o empresariado
luso-moçambicano” são expressões
de Sérgio Vieira dirigidas a
Manuel Boullosa num dos diversos
cartões trocados entre os dois.
Esta variação de linguagem para
designar uma personalidade como
Boullosa que nunca mudou os seus
princípios, as prioridades, as estratégias
em relação a Moçambique
prova que se trata de uma época que
está por estudar: historiadores, certamente,
mas também por políticos
e economistas.
Que esta entrevista com um dos
colaboradores directos de Boullosa
possa abrir a vontade de aprofundar
os dados sobre os finais do século
XX.
P: A influência do grupo Sonap/
Sonarep (refinaria da Matola) na
África Austral. Afinal o engenheiro
é o produto acabado do conceito
de África Austral: juventude em
Moçambique; frequência do ensino
secundário na Rodésia (Prince
Edward School) e faz os estudos
superiores na Wits (África do Sul).
Inicia a sua actividade na TZR em
Manica e Sofala. A partir de 1957
entra no mundo do petróleo, ligado
à Total e depois ao grupo Boullosa
(1964/76), como Presidente do
Conselho de Administração da
Sonarep/Sonap. Em 1996 volta a
trabalhar com o grupo centrado
no esforço para negociar indemnização/reparação
para a refinaria da
Sonarep.
R: O grupo tinha uma implantação
em todo o espaço do subcontinente.
Nós vivíamos num mundo muito
próprio, o petróleo, o sector de distribuição,
aquisição do combustível
e tínhamos uma ligação com os centros
decisores. Deixe-me contar uma
história para ver como funcionava a
diplomacia paralela dos negócios de
petróleo e que nada tem a ver com a
Monteiro da Silva, ex-PCA da Sonarep/Sonap
“Moçambique, as décadas de transição,
dias realmente estranhos”
Entrevista conduzida por António Pacheco
gradas do regime moçambicano, a
que não escapavam primeiros ministros.
Pediam conselhos, apoios para
projectos, investimentos, influências.
Boullosa era então o amigo especial,
chegando em 2000, a pedido de regime,
a escrever duas cartas a Afonso
Dhlakama, publicadas no Diário de
Notícias, aconselhando-o a aceitar os
resultados das eleições presidenciais.
P: Manuel Boullosa representava
na África Austral um mundo europeu,
português nomeadamente, e
contrariava a influência e domínio
anglo-saxónicos no subcontinente;
no circuito de distribuição do petróleo
mas também nas perspectivas
para o futuro de Moçambique. A
documentação de Manuel Boullosa
deixa perceber que ele tentou lançar
um processo de negociação para a
paz em Moçambique, já em 1985.
Ele tinha nessa altura a cobertura
das autoridades brasileiras e da secretaria
de estado, em Washington.
O que falhou, porque abortou?
R: A interferência sul-africana,
nomeadamente do ministério dos
Negócios Estrangeiros. Tinha sido
estabelecido pouco antes o acordo
de Nkomati e Pik Botha não queria
perder a iniciativa e o protagonismo.
Era a altura de lançar a estória da
“componente portuguesa da Renamo”.
Em correspondência posterior,
Boullosa acusa Pik Botha de mentir.
Quando chega ao fim o regime de
apartheid, divulgados os documentos
secretos do regime em relação a Mo-
çambique, fica provado que em nenhum
momento Boullosa financiara
a Renamo. Mas voltando a 1985: o
empresário estava na África do Sul;
falhara o encontro em Maputo com
Samora Machel, apesar do esforço de
Aquino para que o encontro tivesse
lugar. Pressões de sentido contrário
chegaram por influência dos sul-africanos
e por recados de dois jornalistas
portugueses amigos do regime.
Foi pena! Estou certo que teria sido
um momento único para a história.
De qualquer modo, Samora manda
a Pretória o seu principal conselheiro
de segurança, o coronel Fernando
Honwana, na peugada de Boullosa;
no dia 12 de Janeiro reúnem-se durante
seis horas. Manuel Boullosa
comenta depois, por escrito o encontro
e recorda Honwana como um
“homem novo, inteligente e correcto”
e acrescenta que “ele desenvolveu de
entrada os pontos negativos contra
mim: patrão de Evo, Jorge Correia e
dono da refinaria para que se haveria
de encontrar uma solução”. Analisaram
em conjunto as propostas de
negociação, um draft que tinha sido
construído a partir de Washington.
Desse encontro ficou a garantia de
que o coronel iria transmitir a conversa
“directamente” ao presidente
Machel. Mais uma vez, os sul-africanos
torpedearam a iniciativa. Há
documentação sobre esse período.
diplomacia formal: em 1967, devido
à guerra com Israel, os países árabes
decidem impor sanções de corte de
fornecimento de petróleo ao mundo
ocidental. Portugal era naturalmente
objecto dessas sanções. Mas Moçambique
não sofreu a menor beliscadura!
O Presidente da Esso para África,
George Comnas, residente em Genebra,
assegurou a Manuel Boullosa que
a Arábia Saudita não se oporia às exportações
para Moçambique. E porquê?
Porque em Moçambique, nessa
época, havia mais de um milhão pelo
menos de muçulmanos. Em 1973,
nova crise e mais sanções, envolvimento
directo de Portugal na guerra,
pela utilização pelos americanos da
base dos Açores. A Arábia Saudita
voltou a não cortar o petróleo a Mo-
çambique. O petróleo era transportado
nos barcos do grupo Sonarep, com
a bandeira portuguesa, desde o porto
de Rastanura, no golfo Pérsico, até às
instalações da Matola. Claro que este
tipo de informação não consta dos
manuais de diplomacia!
Mas voltando à sua pergunta, tí-
nhamos presença na África do Sul,
a Sonarep South Africa. Através de
outras combinações accionistas tí-
nhamos ligações à Homegas. Nas
costas do Índico, a Sonapmarítima,
com base na Matola, abastecia as instalações
de Quelimane, Porto Amé-
lia (Pemba), Mocímboa da Praia e
Nacala, também em determinadas
circunstâncias, o Malawi e todo o interland
da África Central. Isto é o esboço
da rede de serviços que cobriam
a África Austral. No Malawi, na Suazilândia,
Botswana existiam empresas
distribuidoras que eram ramificações
da Sonap.
P: Essa rede tinha possibilidades de
se alargar, como se nota de um documento
de 1974, para a Tanzânia...
R: Em Novembro de 74, depois da
assinatura dos acordos de Lusaka,
vou por iniciativa própria a Dar Es
Salaam para ter a ideia do que o presidente
da Frelimo pensava em rela-
ção ao futuro da refinaria da Matola.
Eu continuava a manter nessa altura
a preocupação no alargamento da
rede de distribuição da Sonap. No relatório
que escrevi a Manuel Boullosa
pus a hipótese do alargamento
da rede de distribuição da refinaria
para a Tanzânia Oil Corporation.
A refinaria local encontrava-se em
decadência. Se tivesse sido possível
negociar esse acordo iria também envolver
a Zâmbia que recorria ao pipeline
“Tazara” instalado pelos chineses.
Isso teria sido uma mais-valia para os
interesses da Frelimo. Mas os tempos
que então sopravam eram outros.
Socialismo internacionalista
versus presença na
região
P: Em 1974, a Frelimo que encontra
era uma. No relatório que elabora
depois do encontro com Samora,
em Novembro, em Dar, considera
que há um compromisso do Presidente
de que a refinaria “era para
manter”. Nesse relatório refere
também os nomes dos principais
conselheiros de Samora que estão
presentes: Jorge Rebelo, Óscar
Monteiro e Sérgio Vieira; escreve
ainda:” eram todos uns jovenzitos,
todos com caras de mau para assegurar
que não estavam a brincar”.
Anos depois essa mesma Frelimo
não tem contemplações e nacionaliza
(1977) a refinaria.
R: E nós estávamos e preparar a refi-
naria para os novos tempos: Manuel
Boullosa reconhece a fragilidade derivada
do facto de uma empresa estratégica
ficar nas mãos de uma gestão
dominada por capital português,
a potência colonial e entrega à sua
associada Total (detentora de 23% do
capital) a gestão da refinaria e o envio
de técnicos franceses para fazer face
ao “brain drain” que já se verificava.
Muitos dos quadros da refinaria eram
de nacionalidade portuguesa. Breve:
a gestão da empresa seria assegurada
por técnicos da Total, garantindo
a actividade normal da refinaria,
incluindo fornecimento regular de
combustível à África do Sul, zona
do Transvaal, hoje Gauteng, Suazilândia,
e Malawi. Esta influência e
presença regional… essas perdem-
-se com a nacionalização. Se a rede
de distribuição se tivesse mantido
depois, Moçambique teria hoje um
instrumento importante no espaço
“Sadc”. Hoje não tem nada!
P: Bem mas isso é a estratégia da
Frelimo...
R: Sim. Os interesses do chamado
mundo socialista internacional, na
perspectiva da Frelimo, exigiam que
a rede regional fosse desactivada,
contra os interesses de Moçambique,
tanto os interesses económicos, como
os de segurança do país. Os teóricos
da Frelimo não quiseram uma estratégia
que permitisse a Moçambique
manter-se como uma plataforma de
distribuição de combustível no Índico
e no hinterland da África Austral.
O homem dos diálogos
improváveis
P: Em 1979 é Ministro dos Transportes
do governo Pintassilgo e inicia
uma viragem dramática no relacionamento
de Moçambique com
Manuel Boullosa. (NdA: Pude acompanhar
e mesmo participar nessa aproximação;
eu saíra quase directamente de
Maputo, onde fui director adjunto do
Centro de Estudos Africanos, dirigido
pelo Aquino de Bragança, jornalista da
Afique-Asie e passei em Lisboa, para o
gabinete de Monteiro da Silva). Fale-
-me dessa “aventura”.
R: Aquino era um conselheiro precioso
mas informal do Presidente
Samora. Depois de alguns encontros,
com este finíssimo diplomata,
consegui promover a aproximação
entre Aquino de Bragança e Manuel
Boullosa. Tenha a certeza, até
baseada em documentação, que Samora
acompanhava esta nova via de
diálogo com muito interesse. Fez-se
um verdadeiro “click” entre Aquino e
Boullosa e tornaram-se amigos muito
próximos e confidentes; a paixão
de Aquino pela história imediata levou
à troca de revelações interessantíssimas
sobre aspectos fundamentais
dos acontecimentos de Moçambique.
Depois as relações alargaram-se envolvendo
figuras fundamentais da
história contemporânea de Moçambique,
desde Jacinto Veloso, Sérgio
Vieira a Pik Botha e ao Tenente
Coronel Fernando Honwana que
era na altura conselheiro especial do
presidente Samora. Em determinado
momento, a Quinta dos Pesos, residência
de Manuel Boullosa, tornou-
-se centro de romagem de figuras
$YLGDGHDOJXQVOXVRPRoDPELFDQRVFRPRpDTXLRFDVRGH0RQWHLURGD6LOYDFUX]DVHFRPD+LVWyULDGH0RoDPELTXHHPPRPHQWRVGHFLVLYRVH
dramáticos.
Monteiro da Silva foi colaborador de Manuel Boullosa e ex-PCA
da Sonarep/Sonap
Savana 03-03-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Os habituais insultos que
eram feitos em ambientes
de ódio e intolerância
política foram, nesta
segunda-feira, substituídos por
um clima de tranquilidade, ambiente
que está em sintonia com
os telefonemas no eixo Maputo-
-Gorongosa entre o Presidente da
República, Filipe Nyusi, e o líder
da Renamo, Afonso Dhlakama,
o que permitiu uma trégua que,
ao que tudo indica, caminha para
uma paz duradoura.
Num clima amistoso, as três bancadas
(Frelimo, Renamo e MDM)
apelaram à paz e evitaram acusa-
ções mútuas no arranque da V sessão
ordinária da VIII legislatura
da Assembleia da República (AR).
No entanto, o clima amistoso não
impediu a chefe da bancada parlamentar
da Renamo, Ivone Soares,
de avançar com prazos no debate
sobre a descentralização e de defesa
e segurança, bem como apresentar
a visão do seu partido sobre
os temas em causa.
“Gostaríamos que, com muita
seriedade e rapidez, esta casa do
povo, ainda neste primeiro trimestre,
aprovasse o pacote legislativo
sobre a descentralização e sobre as
questões de defesa e segurança”,
frisou.
A chefe da bancada parlamentar
da Renamo diz acreditar que o
diálogo entre a Renamo e o Governo
pode trazer soluções para
muitos problemas que afectam a
vida do povo. Apontou a descentralização
que pode ser a solução
da tensão pós-eleitoral e também
permitir que as províncias sejam
governadas por dirigentes que elas
próprias elegem.
Na óptica de Soares, a descentralização
vai contribuir para que as
províncias se tornem desenvolvidas
e que haja competitividade
governativa. Isto porque, acrescentou,
no actual modelo em que
tudo está centralizado em Maputo,
os governadores implementam
programas provenientes da capital
apenas e não há competição.
Segundo Ivone Soares, há serviços
que serão dirigidos a nível central
para garantir a unicidade do Estado.
Tomou a PRM como exemplo
e precisou que a nível provincial
teremos uma Polícia Provincial,
cuja responsabilidade é de manter
segurança da população na província
e haverá colaboração entre
a Polícia Local e a Central que se
responsabilizará pelos crimes mais
graves.
Outro ganho que se pode obter da
descentralização, de acordo com a
Renamo, é no sector fiscal; as províncias
com maior base tributária
enviarão as suas contribuições
para serem geridas a nível central
que através do orçamento geral do
Estado serão alocadas as outras
províncias para se alavancarem
economicamente.
No que toca aos assuntos de defesa
e segurança, anotou que, com o
enquadramento dos comandos da
Renamo nos lugares de chefia, o
país passaria a ter um único exército
em Moçambique, que seria
apartidário, técnico e profissional,
servindo apenas os interesses do
país e cumprindo o estipulado na
lei-mãe.
Diálogo deve ser inclusivo
Porém, a bancada parlamentar do
Movimento Democrático de Mo-
çambique (MDM) defende que
a paz não deve ser condicionada
e muito menos emprestada aos
moçambicanos, pelo que apela à
promoção de um diálogo nacional
inclusivo.
Segundo Lutero Simango, chefe
da bancada minoritária, o debate
político sobre os assuntos de interesses
nacional não pode continuar
bipolarizado, pois, assim, estar-se-
-ia a hipotecar o futuro da nação
e alimentar a apetência crescente
para arrogância e ditadura.
“Todos, independentemente das
convicções políticas, ou pertença
a esta ou aquela organização cívica,
tem uma palavra a dizer neste
processo do reencontro da família
moçambicana”, apontou.
As tréguas espontâneas, prossegue
Simango, que foram assumidas
sem declaração de compromisso
e de princípios devem servir de
plataforma para devolver a paz aos
moçambicanos para que possam
sonhar e trabalhar livremente na
reconstrução nacional e reinventar
o Estado, de acordo com os valores
de democracia, liberdade, pluralismo
político e Estado de direito.
Sublinhou Simango que a Assembleia
da República, como órgão
legislativo e representativo dos
moçambicanos, tem a co-responsabilidade
de legislar e estabelecer
normas conducentes à sustentabilidade
da paz, inclusão, participação
política e desenvolvimento
económico partilhado.
Assim, entende que para isto
aconteça é preciso que haja revisão
da Constituição da República, do
pacote eleitoral, da integração do
STAE na orgânica do CNE e dos
instrumentos que regulam o funcionamento
do parlamento.
Diálogo franco
Por seu turno, Margarida Talapa,
chefe da bancada parlamentar da
Frelimo, aponta que o seu partido
defende que a paz é a prioridade
do momento, mas para tal apela
para um diálogo permanente,
aberto, franco e despido de preconceitos,
pois só assim contribuirá
para cimentar e consolidar a
unidade na diversidade.
Mostrando sinais de abertura do
diálogo a outros intervenientes,
Talapa exortou aos partidos políticos,
organizações da sociedade
civil e confissões religiosas para
que contribuam para o restabelecimento
da paz, no espírito de
reconciliação da tolerância e unidade
nacional.
$PELHQWHFDOPRQRDUUDQTXHGD9VHVVmR
Frelimo e Renamo anestesiadas pela trégua
Por Argunaldo Nhampossa
12 Savana 03-03-2017 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE
SENHORA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚ-
BLICA,
SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO DO GOVERNO DE
MOÇAMBIQUE,
SENHORES MEMBROS DA COMISSÃO PERMANENTE
DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,
SENHORASDEPUTADAS E SENHORES DEPUTADOS,
SENHORES MINISTROS,
SENHORES VICE MINISTROS,
DIGNÍSSIMAS AUTORIDADES CIVIS, MILITARES E
RELIGIOSAS,
SENHORES MEMBROS DIRIGENTES DOS ÓRGÃOS
JUDICIAIS DE MOÇAMBIQUE,
SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL
DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORA GOVERNADORA DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORES REPRESENTANTES DE PARTIDOS POLITICOS,
SENHORES MEMBROS DO CORPO DIPLOMÁTICO,
SENHORES MEMBROS DOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL,
CAROS CONVIDADOS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
EXCELÊNCIAS,
Iniciamos hoje a Quinta Sessão Ordinária da Assembleia
GD5HS~EOLFDPDUFDQGRDVVLPRÀFLDOPHQWHRFRPHoRGD
actividade parlamentar do ano 2017, um ano por muitos
desejado que seja diferente dos últimos três.
O clamar por uma Paz efectiva, Harmonia social e o reODQoDPHQWRGHXPDPELHQWHFRQGXFHQWHDRUHVSHLWRGDV
liberdades e da vida; dos negócios e investimentos nacioQDLVHHVWUDQJHLURVGDOLEHUGDGHGHFLUFXODomRGHSHVVRDV
e bens constituem direitos e interesses legítimos de um
povo que quer construir o seu futuro e bem-estar livre das
armas e de políticas manipuladoras.
$V WUpJXDV HVSRQWkQHDV DVVXPLGDV VHP GHFODUDomR GH
compromisso e de princípios devem servir de plataforma
SDUDGHYROYHUD3D]DRVPRoDPELFDQRVSDUDTXHSRVVDP
VRQKDUHWUDEDOKDUOLYUHPHQWHQDUHFRQVWUXomRQDFLRQDOH
reinventar o Estado, de acordo com valores de democracia,
liberdade, pluralismopolítico e Estado de Direito.
2 FRQÁLWR RUD VXVSHQVR QmR Vy FHLIRX YLGDV KXPDQDV
FRPR GHVWUXLXLQIUD HVWUXWXUDV GHVORFRX SRSXODo}HV GH
umas zonaspara outras, destruiuo tecido social das famí-
OLDVSUHMXGLFRXDIRUPDomRHLQVWUXomRGHXPDFHUWDJHUDomRTXHGHFHUWH]DWHUiFRQVHTXrQFLDVQHIDVWDVDPpGLR
e longos prazos; desapareceram cidadãos nacionais e estrangeiros,
tal como aconteceu com o cidadão português
Américo Sebastião, raptado por desconhecidos, em pleno
dia, em Nhamapaza, distrito de Maringwe, na Província
de Sofala, a 30 de Maio de 2016.
3RULVVRDQRUPDOL]DomRGDYLGDGDVSRSXODo}HVQDV]RQDVGHFRQÁLWRUHTXHUXPDHVWUDWHJLDQDFLRQDOGHUHFRQFLOLDomRHIHFWLYDSDUDRUHHQFRQWURGDVIDPtOLDVHUHWRPDGD
das actividades produtivas e outras para enfrentar o dia-
-a-dia da vida socio-económica e política.
Além disso, não se pode ignorar os empresarios e outros
LQWHUYHQLHQWHV QD FRPHUFLDOL]DomR GH SURGXWRV EHQV H
VHUYLoRVTXHIRUDPOHVDGRVQHVWHFRQÁLWRYLUDPVHXVSDtrimónios
destruídos, os custos operacionais das suas acWLYLGDGHVIRUDPÀQDQFHLUDPHQWHDIHFWDGRVHSRVWRVQXPD
VLWXDomR GH QmR FXPSULPHQWR GH FRPSURPLVVRV EDQFirios.
2XWURVVLPDQRUPDOL]DomRGDYLGDGRVDIHFWDGRVSRUHVWH
FRQÁLWR H GRV DFWRUHV GLUHFWRV GHYH VHU XPD HVWUDWpJLD
BANCADA PARLAMENTAR
DISCURSO DE ABERTURA DA 5ª SESSÃO DA 8ª LEGISLATURA
GHGRPtQLRS~EOLFRSDUDSHUPLWLUVXDPRQLWRUL]DomRHPTXHD$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFD
deve assumir a sua responsabilidade.
0RoDPELFDQDVH0RoDPELFDQRVVHPTXDOTXHUGLVFULPLQDomRPHUHFHPRPHOKRUSDUD
SRGHUHPGHIRUPDHQpUJLFDGDURVHXPD[tPRQDUHFRQVWUXomRHGHVHQYROYLPHQWRGH
0RoDPELTXHHP3D]/LEHUGDGH7UDQTXLOLGDGHH6HJXUDQoD
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
$SDUWLUGHVWHSyGLRTXHUHPRVPDQLIHVWDUDQRVVDVROLGDULHGDGHSDUDFRPDVSRSXODo}HV
da Província de Inhambane violentadas pelo Ciclone Tropical Dineo que, além de ter
FHLIDGRYLGDVKXPDQDVGDQLÀFRXLQIUDHVWUXWXUDVGLYHUVDVLQFOXLQGRHVFRODVHXQLGDGHV
sanitárias, e queremos assim transmitir as nossas sentidas condolências às famílias enlutadas
e palavras de encorajamento às vítimas deste desastre natural para que tenham a
GHYLGDFRUDJHPHGHWHUPLQDomRSDUDVHUHHUJXHUHPDÀPGHUHFRPSRUHQRUPDOL]DUDV
suas vidas.
Queremos reiterar a nossa solidariedade e condolências às famílias das vítimas de afogaPHQWRQR0XQLFtSLRGH4XHOLPDQHHDSHODPRVTXHVHMDPFDQDOL]DGRVUHFXUVRVÀQDQFHLURVSDUDDFRQVWUXomRGHUDL]GHXPDSRQWHPXOWLIXQFLRQDODRORQJRGR5LR&KLSDFDSDUD
VHHYLWDUTXHVLWXDo}HVGRJpQHURYROWHPDDFRQWHFHU
No mesmo diapasão, apresentamos as nossas sentidas condolências à Bancada Parlamentar
da Frelimo pelo desaparecimento físico da Senhora Deputada Filomena Nachaque.
Paz à sua alma!
Senhora Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro - Ministro,
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Caros Convidados,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
3HUVLVWHP GHVDÀRV SDUD R UHVJDWH GD 3D] GH FULDU XP DPELHQWH FRQGXFHQWH D 'LiORJR1DFLRQDO,QFOXVLYRUHODQoDPHQWRGDHFRQRPLDQDFLRQDOUHTXDOLÀFDomRGRHQVLQRGH
PRGRDFRUUHVSRQGHUjH[LJrQFLDGRPHUFDGRHFDSDFLWDomRGHUHFXUVRVKXPDQRVWRUQDU
o sistema de saúde mais humano e de qualidade, estabelecimento de uma estratégia
LQWHJUDGDGHSURGXomRGHDOLPHQWRVHVXDFRPHUFLDOL]DomRHXPFRPEDWHVHPTXDUWHOj
FRUUXSomR
Há um consenso nacional de que a Paz não deve ser condicionada, muito menos empresWDGDDRV0RoDPELFDQRV$3D]GHYHVHUUHDOHHIHFWLYDHVHUXPDSHUWHQoDFROHFWLYDXPD
SURSULHGDGHGHWRGRVRVPRoDPELFDQRV
A sustentabilidade da Paz, da Democracia e do pluralismo político passa necessariamente
pelo Dialogo Nacional Inclusivo para que colectivamente possamos reinventar o
nosso Estado. Não podemos continuar a Bipolarizar o debate político sobre os assuntos
GHLQWHUHVVHQDFLRQDOSRUTXHHVWDUtDPRVDKLSRWHFDURIXWXURGDQDomRHDOLPHQWDUDDSH-
Savana 03-03-2017 13 DIVULGAÇÃO SOCIEDADE
tência crescente para a arrogância e ditadura. Todos – independentemente
GDVFRQYLFo}HVSROtWLFDVRXSHUWHQoDDHVWDRXDTXHODRUJDQL]DomRFtYLFD²
WrPSDODYUDDGL]HUQHVWHSURFHVVRGRUHHQFRQWURGDIDPtOLD0RoDPELFDQD
$SURPRomRGHXPDPELHQWHFRQGXFHQWHDRXPGLiORJRQDFLRQDOLQFOXVLYRpDIRUPDPDLVDFHUWDGDSDUDRHQJDMDPHQWRGHWRGDVDVIRUoDVYLYDVGD
sociedade rumo a uma paz real e estabelecimento de consensos e compromissos
para uma paz sustentável e duradoura.
$PDQXWHQomRGD3D]GHYHVHUXPSURFHVVRQDWXUDOGHHQJDMDPHQWRGH
SDUWLFLSDomRGHSHUWHQoDGHDSURSULDomRHGHUHVSRQVDELOLGDGHFROHFWLYD
que ultrapassa as barreiras partidárias.
6yFRPD3D]SROtWLFDVHSUiWLFDVGHUHFRQFLOLDomRVHSRGHFRORFDU0RoDPbique
na rota do desenvolvimento.
A Assembleia da República como órgão legislativo e representativo do
3RYR 0RoDPELFDQR WHP D FRUHVSRQVDELOLGDGH GH OHJLVODU H HVWDEHOHFHU
QRUPDVFRQGXFHQWHVDVXVWHQWDELOLGDGHGD3D],QFOXVmR3DUWLFLSDomR3Rlitica
e Desenvolvimento Económico Partilhado.
3DUDTXHLVVRDFRQWHoDD%DQFDGD3DUODPHQWDUGR0'0UHLWHUDDQHFHVVLGDGH
GD 5HYLVmR GD &RQVWLWXLomR GD 5HS~EOLFD GD 5HYLVmR GR 3DFRWH
(OHLWRUDOGDLQWHJUDomRGR67$(6HFUHWDULDGR7pFQLFRGD$GPLQLVWUDomR
(OHLWRUDOQDRUJkQLFDGD&1(&RPLVVmR1DFLRQDOGH(OHLo}HVHUHYLVmRH
DGHTXDomRGRVLQVWUXPHQWRVTXHUHJXODPRIXQFLRQDPHQWRGHVWD0DJQD
Casa.
Estamos preocupados e apreensivos pelo não depósito dos sete princípios
produzidos na mesa do diálogo. Esta demora vai criar transtornos e fragilizar
a capacidade de debate na Assembleia da República.
$$VVHPEOHLDGD5HS~EOLFDpD~QLFDLQVWLWXLomRQDFLRQDOHHOHLWDTXHSRU
H[FHOrQFLDWHPUHSUHVHQWDo}HVSROtWLFRSDUWLGiULDVSHORTXHGHYHVHUXP
verdadeiro centro do debate político e de ideais, e tem que ser uma verdaGHLUDGHPRQVWUDomRGDFRQYLYrQFLDGHPRFUiWLFDGDFRH[LVWrQFLDFRDELWDomRHWROHUkQFLDSROLWLFD
O debate tem que ser inclusivo e livre de preconceitos. A estabilidade politica
passa necessariamente pelo envolvimento de todos na busca de soluo}HVSDUDPHOKRUDURVLVWHPDGHPRFUiWLFRTXHVHSUHWHQGHFRQVWUXLU
eXPHUURSHQVDUVHTXHDVVROXo}HVGHYHPHVWDUGHDFRUGRFRPDVYRQWDGHVGHXQVFRQWUDRXWURVRXQDEDVHGHPDQXWHQomRGRVWDWXVTXR
0RoDPELTXHHPSULPHLUROXJDU
O nosso povo em primeiro lugar!
Compatriotas,
$QRVVDHFRQRPLDGHYHUHFXSHUDUHHVWDELOL]DUVHSDUDVHUHODQoDUDRXWURV
SDWDPDUHV&RPDVLQGLFDo}HVHPEULRQiULDVGRÀPGDJXHUUDQmRGHFODUDGDVHH[LJHXPDUHÁH[mRSURIXQGDVREUHRPRGHORGHGHVHQYROYLPHQWR
estratégias para garantir que a agricultura seja de facto a base de desenYROYLPHQWRH
DJHUDomRGHRSRUWXQLGDGHVSDUD DJURQHJyFLRVHPSUHJR
trabalho e combate a fome.
7RUQDVHQHFHVViULDHXUJHQWHDFULDomRHIHFWLYDGHXPDPELHQWHIDYRUiYHO
DRÁX[RGHLQYHVWLPHQWRVQDFLRQDLVHHVWUDQJHLURVQDLQGXVWULDOL]DomRGD
agricultura, do turismo e um apoio estrátegico para o Empresariado Nacional.
$SROtWLFDÀVFDOGHYHVHUUHYLVWDSRLVRH[FHVVRGHHQFDUJRVÀVFDLVSUHMXGLca
a maioria do nosso povo, que tende a perder o poder de compra, muito
por causa das dívidas não autorizadas, que colocaramo pais de “joelhos.”
$SULPHLUDPHGLGDSDUDDOLYLDURDSHUWRGRFLQWRGDVSRSXODo}HVGHYHVHU
DUHGXomRGR,9$GHSDUD
O Governo deve deixar de interferir no funcionamento do mercado e fazer
respeitar as regras de concorrência. O papel do Estado deve ser de fazer
FXPSULUDVOHLVHJDUDQWLURFXPSULPHQWRLQWHJUDOGDVREULJDo}HVGRVLQtervenientes
no mercado.
2(VWDGRGHYHFRQFHQWUDUVHQDRUJDQL]DomRGHHVWUDWpJLDVSDUDR3ODQHDPHQWR)tVLFRH6DQHDPHQWRFRQVWUXomRGH,QIUD(VWUXWXUDVQDV]RQDVSURGXWLYDVHSDUDDUHWHQomRHJHVWmRGHUHFXUVRVKtGULFRVFULDomRGHPHOKRU
FRQGLo}HV SDUD HOHYDU RV QtYHLV GH TXDOLGDGH GH HQVLQR H VD~GHSDUD R
QRVVRSRYRSURPRomRGHSROtWLFDVGHWUDQVSRUWHVS~EOLFRVHFROHFWLYRVHP
FRRUGHQDomRFRPRVJRYHUQRVPXQLFLSDLVHGHVFHQWUDOL]DomRGHGHWHUPLQDGDVUHVSRQVDELOLGDGHVSDUDTXHKDMDHÀFiFLDQDVDWLVIDomRGDVQHFHVVLGDGHV
FUHVFHQWHV GRV FLGDGmRV QD GHPDQGD GH VHUYLoRV S~EOLFRV 1HVWD
HQJHQKDULDGHVDWLVIDomRGRFLGDGmRR(VWDGRSRGHPXLWREHPLQWHUDJLU
com as comunidades religiosas para o seu envolvimento efectivo na eduFDomRIRUPDomRHVD~GHSDUDREHPGHWRGRV
$FULVHÀQDQFHLUDMiVHWRUQRXXPDUHDOLGDGHDJXGDHPFDGDIDPtOLDPRoDPELFDQD
As famílias estão sendo violentadas por esta crise e são obrigadas a adaptarem-sea
esta triste realidade em que o poder de compra de bens alimenWDUHVEDL[RXGUDVWLFDPHQWHSRLVRVSUHoRVVXELUDPQRPHUFDGRQDRUGHP
GH
Deve ser salientado que a queda do metical face ao dólar norte-americano
DRORQJRGRDQRHPPDLVGHWHPHIHLWRVLJQLÀFDWLYRHSURIXQGR
na perda do rendimento das pessoas, conduzindo-as ao seu empobrecimento.
$LQÁDomRGDQRVVDPRHGDÁXWXDQDRUGHPGHD
Estas três realidades tornaram o custo de vida elevadíssimo e penalizamao
WUDEDOKDGRU TXH SURGX] ULTXH]DV H DR FLGDGmRPRoDPELFDQR KRQHVWR
HPEHQHItFLRGHLQWHUHVVHVHÀQVLQFRQIHVViYHLV
Os efeitos negativos das dívidas não autorizadas tem peso determinante
QRFXVWRGDYLGDGRVFLGDGmRVHQDVLWXDomRHPTXHRSDtVHVWiPHUJXlhado.
3RUHVWDUD]mRDVVRFLDPRQRVjVYR]HVGHPXOKHUHVHKRPHQVPRoDPELFDQRVGHTXHRVDXWRUHVGHVVDHQJHQKDULDÀQDQFHLUDLOtFLWDGHYHPVHU
criminalmente responsabilizados.
Senhora Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Caros Convidados,
2 FRPEDWH j FRUUXSomR GHYH VHU JHQHUDOL]DGR QmR Ki SHTXHQD QHP
JUDQGHFRUUXSomR2VDFWRVLOtFLWRVGHFRUUXSomRGHYHPPHUHFHURPHVPR
WUDWDPHQWR ,QIHOL]PHQWH WHPRV DVVLVWLGR DSHQDV DSHQDOL]DomRGRV
“pilhas-galinha.”
0HFDQLVPRVGHQmR IDFLOLWDomRDFRUUXSomRGHYHPVHULPSOHPHQWDGRV
os prazos dos despachos devem ser cumpridos.
7UDQVSDUrQFLDFRPXQLFDomRHDFHVVRDLQIRUPDomRGHYHPVHUXPDSUiWLca
e do dominio público.
Espera-se de uma Procuradoria-Geral da República mais actuante e preVHQWH(VSHUDPRVTXHDLQWHUDomRFRPD3URFXUDGRULD*HUDOGD5HS~EOLFDQHVWDVHVVmRVHMDPDLVSURGXWLYDHPWHUPRVGHSDUWLOKDLQIRUPDo}HV
FRQFUHWDVHUHVXOWDGRVGDVYiULDVLQYHVWLJDo}HVTXHRSRYRTXHUVDEHD
GHVWDFDU'LYLGDV,OHJDLV6REUHIDFWXUDomRGHFRPSUDGHDHURQDYHVSHOD
LAM; Desmandos e desvios de fundos no Tribunal Fiscal da Província de
Maputo e, porquê não, a gestão danosa do dinheiro do INSS e da EDM,
no Nosso Banco.
Excelências,
Para a presente sessão, a Bancada Parlamentar do MDM tem a perspectiva
de ver os Projectos de Lei da sua autoria serem debatidos. Referimo-
-nos aos Projectos de Lei atinentes ao Regime Orgânico do Referendo,
jV5HYLV}HV3RQWXDLVGDV/HLVQVHGHGH'H]HPEUR
DÀPGHVHHVWDEHOHFHUOLPLWHVGHDFWXDomRGRVUHSUHVHQWDQWHVGR(VWDGR
QRVPXQLFLSLRVHHOLPLQDUDVREUHSRVLomRGDVHVWUXWXUDVHVWDWDLVVREUHDV
democraticamente eleitas.
E é do interesse nacional que a Assembleia da República inicie nesta Sessão
os procedimentos legais e regimentais para a Revisão da ConstituiomRGD5HS~EOLFDHGR3DFRWH(OHLWRUDOSDUDSHUPLWLURFXPSULPHQWRGRV
SUD]RVOHJDLVGHRUJDQL]DomRDGPLQLVWUDomRHFRQGXomRGRVSURFHVVRV
eleitorais.
Faremos a nossa parte para o bem da democracia pluralista em respeito
DR(VWDGRGH'LUHLWRHDLQFOXVmRVyFLRSROtWLFDHHFRQyPLFDGRV0RoDPbicanos.
Senhora Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro Ministro,
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Caros Convidados,
Excelências,
Nestes últimos tempos, a violência doméstica está atingir níveis alarPDQWHVHPYH]GDVXDHUUDGLFDomR$FXOWXUDGHYLROrQFLDHVWiDWRPDU
conta da nossa sociedade.
Devemos agir rápida e colectivamente contra este mal, resgatando valores
éticos e humanistas, e ensinar nas nossasescolas o respeito pela vida.
'HYHPRVSURPRYHUDFXOWXUDGHHTXLGDGHHLQWHQVLÀFDUDHGXFDomRGRV
valores da família, a solidariedade e a compaixão.
A nossa solidariedade para com todas as vítimas da violência doméstica.
Uma palavra especial ao nosso Povo.
Não nos deixemos distrair com agendas ocultas, concentremo-nos em
objectivos claros que possam conduzir o País a se livrar das dívidas ocultas
e da guerra não declarada, e promover um verdadeiro debate para
que a partir de 2019 haja Governadores Provinciais eleitos, materializaomRGHXPDGHVFHQWUDOL]DomRHIHFWLYDFULDomRGH7ULEXQDLVGH&RQWDVH
&RQVWLWXFLRQDOUHVSHFWLYDPHQWHUHGXomRGRVSRGHUHVQDÀJXUDGR&KHfe
do Estado e outros elementos sobejamente conhecidos e defendidos
SHOR0RYLPHQWR 'HPRFUiWLFR GH0RoDPELTXH TXH HP 'H]HPEUR GR
presente ano, nos dias 5 à 8 de Dezembro, realizará, na Cidade de Nampula,
o seu II Congresso.
$ÀQDOL]DUGHVHMDPRV D WRGRVGHSXWDGRVYRWRVGHXPERP WUDEDOKRH
0RoDPELTXHQRFRUDomR
0RoDPELTXHSDUD7RGRV
2EULJDGRSHODDWHQomRSUHVWDGD
Maputo, 27 de Fevereiro de 2017.
Lutero Chimbirombiro Simango.
Chefe da Bancada Parlamentar do MDM.
14 Savana 03-03-2017 Savana 03-03-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
As principais decisões
do Comité de Política
Monetária (CPMO) do
Banco de Moçambique
(BM), divulgadas a 13 de Fevereiro
passado, são longamente
escalpelizadas pelo economista
moçambicano Dipac Jaintilal,
agora ligado à educação superior
nos Estados Unidos da América,
país onde terminou a sua especialização
na State University of
New York em 1998.
Em entrevista por email ao SAVANA,
Dipac Jaintilal, antigo
economista sénior do Banco
Mundial e com uma importante
passagem pelo banco central mo-
çambicano, analisa as decisões do
BM em manter as suas principais
taxas de referência, a decisão de
revogar o limite anual de pagamentos
ao exterior com recurso
aos cartões de crédito e débito e a
criação de uma nova taxa de juro
de referência de Política Monetária,
que passará a ser o principal
instrumento de intervenção
do BM nos mercados interbancários,
assim como a introdução
do princípio de taxa de câmbio de
referência única. Pela relevância
dos temas não adoptámos para
o presente texto a tradicional
edição jornalística da entrevista,
publicando-a na íntegra.
Na sua primeira sessão do ano
2017, o CPMO do BM decidiu
manter as taxas de juro de Facilidade
Permanente de Cedência
em 23, 25%, da Facilidade Permanente
de Depósito em 16,25%, e
o Coeficiente de Reservas obrigatórias
em 15,50%, para grande
decepção dos pequenos empresá-
rios e analistas que achavam que
o banco central iria tornar mais
barato o dinheiro, como forma
de animar a economia. Qual é a
opinião do Dr Dipac Jaintilal em
relação a esta decisão? Acha que é
uma decisão acertada?
A decepção dos pequenos empresários
é compreensível, dadas as
dificuldades que enfrentam num
ambiente económico e de apoio a
este segmento empresarial muito
fraco. Contudo, vivem-se já há vá-
rios trimestres no País momentos
particularmente desafiadores ao
nível da gestão económica e macroeconómica,
que exigem medidas
à altura, e por um período que
assegure que os resultados que se
pretendem não se revertam.
Refiro-me a seguir a três principais
desafios colocados pela conjuntura
Últimas decisões do Banco Central na lupa do prof. Dipac Jaintilal
recente (curto e médio prazo), e
farei de passagem referência aos
problemas estruturais (de longo
prazo), que continuam por ser
resolvidos no País. Em primeiro
lugar, os défices do orçamentos
de Estado sistemáticos, anteriormente
minimizados pelos fundos
de apoio orçamental de certos doadores,
estes suspensos a partir da
vinda ao lume de certas dívidas em
montantes elevadíssimos (mais de
2 mil milhões de dólares (USD),
incluídos 850 milhões de USD da
EMATUM, que tinham sido já
consideradas muito controversas, e
que provocaram desavenças com o
grupo de doadores ao orçamento
já em 2014), contraídas por três
empresas comerciais com participação
dos serviços de Segurança
(EMATUM, Proíndicus, e MAM
criadas em 2013 e 2014), durante
os últimos anos do mandado do
presidente anterior, sendo as duas
últimas ocultas (não informadas)
aos parceiros financeiros nos termos
dos acordos existentes. Todos
os empréstimos foram avalizados
pelo Governo – inconstitucionalmente,
por falta de aprovação parlamentar
- tornando-se “responsabilidades
contingentes” do Estado
-, e o da EMATUM assumido
como obrigações soberanas após
incumprimento da empresa e subsequente
reestruturação como sob
a batuta do Ministério da Economia
e Finanças. Um aval torna estas
responsabilidades, inicialmente
“contingentes” em reais, em caso
de incumprimento, por os negó-
cios subjacentes não serem viáveis
e financeiramente, desenhados
com pressupostos irrealistas, e mal
implementados, não gerando capacidade
de pagamento da presta-
ções das dívidas nas datas previstas
nos contratos com os maiores
credores, o Credit Suisse (UK), e
VTB (Rússia). O próprio Estado
teve de entrar em incumprimento
por falta de fundos para as dívidas
que assumiu directamente na sua
maioria na renegociação em 2016,
(EMATUM+), na sua segunda
prestação de capital, em Janeiro
de 2017, o que internacionalmente
levou a que o risco representado
pelo país fosse ainda mais agravado
(e assim classificado por agências
especializadas, Moody, Fitch,
Standard and Poors, etc) do que
aquele que já era. Os outros 1.4
mil milhões de dívida continuam
responsabilidade (contingente) do
Estado, mas fora da capacidade
de pagamento tanto das empresas
como do Estado, a necessitar de reestruturação.
Os deficits orçamentais,
já de si elevados, foram agravados
com o aumento do serviço
de dívida, e o endividamento atingiu
um recorde de 130% do PIB,
em moeda nacional, ajudado ainda
pela desvalorização substancial
do Metical; (2) deterioração dos
saldos da balança de pagamentos
(contas externas) com a suspensão
de ajuda externa, que se seguiu
cronologicamente a interrupção
dos programas PSI, e do EFF
com o FMI, lotados a ocultação
dessas dívidas e resultante quebra
da confiança dos parceiros, e do
incumprimento de algumas metas
do programa do PSI e do SCF
que vinha decorrendo. As reservas
internacionais desceram aos ní-
veis mais baixos de vários anos em
termos de cobertura de meses de
importação, ajudadas pela queda
dos preços das matérias-primas no
mercado internacional com redu-
ção das receitas de exportação do
carvão e outras commodities como
o gás (Pande e Temane), alumínio,
carvão, etc., levando a uma desvalorização
da moeda nacional sem
precedentes desde a segunda metade
dos anos 80, culminando em
perda de mais de 2/3 do seu valor
comparado com (71.5% em rela-
ção ao USD em 2016); (3) a rá-
pida desaceleração do crescimento
(de cerca 7.5 % na década 2005-
2015, para 3.7% no II Trimestre
de 2016, com algumas estimativas
apontando para um crescimento
negativo no último trimestre do
ano, ficando a taxa anual em pouco
mais de 1% ), e a aceleração da
inflação (para 27% em Novembro,
com tendência para atingir 30%
no final de 2016) e consequente
aumento do custo de vida – que
afecta mais os pobres por a infla-
ção nos produtos alimentares ter
atingido os 40% -, levou a que o
ambiente económico, empresarial
e social regredisse, bem como o
instalar de expectativas negativas,
que actuam como espiral neste
processo involutivo de retrogressão.
O sector bancário ressentiu-se
com o aumento das dívidas malparadas
dos seus clientes, e alguma
má gestão em certas instituições
face aos riscos sistémicos, numa
altura em que os bancos tiveram
de aumentar substancialmente as
suas reservas obrigatórias (fundos
não disponíveis para suas opera-
ções normais) – criando um efeito
colateral negativo forte, num caso
com a liquidação, e noutro com a
intervenção do Banco Central. A
agravar tudo isto menciono, finalmente,
mas não menos importante,
os efeitos negativos na economia
e no sentimento dos agentes
económicos da não resolução do
conflito armado, e das suas causas,
que actuaram no mesmo sentido,
ou no seu agravamento.
Para pôr um travão a esta tendência
negativa dos principais indicadores
conjunturais, na ausência de
medidas na esfera do Orçamento,
e despesas em particular, rígidas
quando se trata de sua redução, na
ineficácia ou inexistência de mudanças
de longo prazo de medidas
estruturais de longo prazo no lado
da oferta, da produção sectorial e
da transformação transformativas
da economia (e dentro desta da
agricultura, onde ainda labuta a
maioria, cerca de 70%, da população)
pouco restava, para tentar
reverter expectativas negativas se
instalaram, se no lado monetário
não se tomassem algumas medidas
drásticas, mesmo que sendo
no lado da redução da procura.
Tal nunca é óptimo numa situação
ideal (que não é a presente), em que
as medidas do lado do estímulo
da oferta devem ser privilegiadas,
e em caso de sobre-aquecimento,
levar a cabo o controlo da aceleração
da inflação por via da taxa
de juros. A contração da liquidez
e de fundos disponíveis de crédito,
forçada pelo aumento substancial
das taxas de juros directoras do
Banco Central, e aumento das reservas
obrigatórias para os bancos
comerciais para 15.5%, tornou o
Metical efectivamente escasso,
levando a sua consequente revalorização
em relação ao dólar – revalorização
também é consistente
com a teoria da paridade das taxas
de juro internas e externas, quando
ajustadas pela taxa de câmbio. O
nível das taxas de juro do Banco
Central é colocada em 23.5% (na
sua FPC – taxa hoje mais significativa
na obtenção de recursos do
Banco Central pelos bancos da
praça) em Outubro de 2016, ficando
ligeiramente abaixo de ser
positiva (os juros praticados pelos
bancos comerciais são positivos
em termos reais). Contudo, o novo
Governador Rogério Zandamela
indiciou com esses agravamentos
substanciais claramente aos agentes
económicos uma mudança em
relação aos posicionamentos tí-
midos anteriores, iniciados sobre
pressão no mandato do anterior
Governador (Ernesto Gouveia
Gove), que se revelaram ineficazes
na reversão de expectativas dos
agentes económicos. Há dados
positivos na redução do déficit da
balança comercial, como efeito da
anterior desvalorização na redução
das importações, e a recuperação
do preço de certas matérias-primas
chaves na exportação. Um relatório
da EIU estima a recupera-
ção do crescimento anual em finais
de 2017 para 4.2% , e 5.2% como
média no período 2018-2021, valores,
contudo, ainda abaixo dos
históricos já alcançados.
O começo da recuperação do valor
do Metical é um sinal desta mudança
de expectativas, e tem efeitos
na travagem da aceleração da
inflação, a tal ponto que a média
anual em Janeiro de 2017 passa
a 20.6%, após de no final do ano
acabarem em 25%, abaixo das anteriores
previsões. Esta reversão
de dois indicadores importantes
nos custos das famílias e empresas
criam um novo alento, e reforçam
a credibilidade do Banco Central,
que desde há cerca de meio ano
tem à cabeça um novo quadro com
credenciais técnicas ímpares como
timoneiro na história da banca
central do Moçambique independente.
Igualmente de salientar o
reforço das Reservas Externas do
país, que já podem financiar de
novo cinco meses de importação
(excluindo os grandes projectos),
quando se tinha chegado a cerca
de metade desse nível.
Posto a decisão do CPMO de
manter as taxas em Fevereiro p.p.
neste contexto, seria bom que
fosse dado algum tempo para as
tendências e expectativas positivas
criadas se consolidarem, antes de
gradualmente as medidas monetárias
restritivas serem relaxadas
assim que os dados da evolução
vão mostrando necessárias. Relembrando,
uma aproximação
mais holística e durável requer outras
medidas fiscais, estruturais e
transformativas sejam tomadas, de
preferência num clima político-
-social pacífico e estável a longo
prazo, em paralelo a medidas do
Banco Central. A curto prazo, o
esclarecimento dos contornos das
dívidas ocultas, a tomada de medidas
para que semelhantes situações
não tenham chances de se repetir,
e o restabelecimento consequente
de relações normais com os parceiros
da comunidade internacional
são cruciais para a entrada para um
ciclo mais positivo na vida do País,
criando condições para a tomada
de medidas de transformação de
maior alcance a médio prazo.
Tenho a confiança que o Banco
Central não quererá manter taxas
de juro reais elevadas por um
tempo maior do que o necessário,
e irá acompanhando os dados de
inflação, emprego, indicadores de
confiança, e de crescimento que
vão-se colectando, pois que se
forem em termos reais muito elevadas
por um tempo grande, irão
propiciar uma desaceleração da
economia, que não se pretende. O
BM tem consciência da existência
dos desfasamentos de política
monetária (lags) - em particular, os
desfasamentos temporais entre a
tomada de medidas, e a maturação
dos seus efeitos - e vai tê-los em
conta na condução da sua política.
Melhoramentos institucionais podem
explicitar melhor a duração
desses lags.
O Banco Central revogou o limite
anual de pagamentos ao exterior
com recurso ao cartões de
crédito e débito, fixados em 700
mil meticais por pessoa e adoptou,
com efeitos a partir de 15 de
Abril, uma nova taxa de juro de
referência de Política Monetá-
ria, que passará a ser a principal
taxa de intervenção do BM nos
mercados interbancários. Que
opinião tem em relação a estas
decisões?
Esse limite cumpriu um papel, ligado
à escassez de divisas em 2016,
se bem que relativamente limitado
pelo volume que representa.
Contudo, foi essencialmente uma
medida administrativa e como tal,
convidativa a que fosse contornada
por outras vias, principalmente
pelos agentes mais poderosos – janelas
do mercado secundário, fugas
de capital, etc. Em linguagem
popular, não se diz que “o fruto
proibido é o mais apetecido”?
as direcções - não só para cima,
mas também para baixo, e isso será
importante quando o BM começar
a reduzir as suas taxas de política
monetária à medida da redução da
inflação e reversão de tendências
recessivas. Tudo isso, sem que os
bancos prescindam da prerrogativa
de estabelecer os seus spreads,
ou diferenciais (reflectindo o risco
específico) com os seus clientes, na
medida das suas percepções, a volta
da taxa “prime” (que reflectiria
o risco sistémico percebido pelo
sistema bancário no seu todo).
Interessante neste processo notar a
disponibilidade da autoridade monetária
de trabalhar com os bancos
e com a sua Associação, e outras
entidades relevantes, não só nesta
matéria, mas numa mais alargada
agenda de reformas que o Governador
considera ser pertinente
para modernizar as práticas de
banca central, incluindo a reforma
do quadro legislativo, instrumentos,
metas, indicadores de lideran-
ça, contemporâneos ou desfasados,
e sistemático uso de indicadores
de preços, de confiança dos operadores
e dos consumidores, emprego,
etc. etc., tudo isso permitindo
uma melhor performance da polí-
tica monetária. Se feito com a devida
ponderação e equilíbrio, este
é um exercício de grande interesse
numa área que, em todos os países
que optaram por uma economia
não planificada, e mista, a política
monetária desempenha um papel
importante, com todas as outras
políticas, na atenuação dos ciclos
económicos, e alcance do potencial
de crescimento sustentável
máximo.
Há bem pouco tempo o país estava
a atravessar um período turbulento,
de crescente desvalorização
do Metical e uma inflação
considerada alta. Que factores
encontra para explicar a expressiva
desvalorização recente do Metical
e uma inflação que fechou o
ano 2016 nos 25.27%.
A resposta a esta questão está largamente
contemplada na minha
resposta a sua primeira pergunta.
Aí se mencionam os factores de
longo prazo, bem como os factores
despoletadores de curto prazo
(quebra de confiança dos doadores
ao orçamento, por ocultação de
dívidas que se tornaram insustentáveis,
a crise cambial, o aumento
de déficits orçamentais, da balan-
ça de pagamento e dos rácios da
dívida, rigidez da política fiscal e
ineficácia de medidas estruturais
de transformação) que impedem
um crescimento equilibrado, sustentável
e com uma baixa inflação
da Economia nacional, que leve a
uma situação de maior pleno emprego
dos recursos humanos e naturais
do País.
Os recursos naturais abundam
no País, mas, para além de “bên-
ção”, é fácil esquecer o historial da
“maldição dos recursos” quando se
está na crista da onda – no nosso
caso, os entusiasmos foram muitos
anteriores ao timing da própria
exploração efectiva dos enormes
jazigos de gás natural (recentemente
notícias falam de descoberta
de petróleo também, em
Inhambane), levando a aplicações
malfeitas de fundos (in)existentes
– com a colaboração de bancos do
exterior que fizeram vista grossa
a sua responsabilidade de fazer
uma “due diligence”, tornando-se
co-responsáveis aos responsáveis
últimos nacionais, num processo
que pôs em causa a estabilidade
económica de um país inteiro, e
prejudicou muitos investidores
que compraram esses empréstimos
em parcelas no mercado internacional.
Felizmente, investigações
internacionais, em complemento
do inquérito parlamentar nacional,
prosseguem para se apurarem
responsabilidades accionáveis em
sede dos órgãos de direito.
Acrescentemos que, para tudo
funcionar comme il faut, é indispensável
o desenvolvimento de
recursos humanos nacionais com
capacidade técnica e científica, espírito
patriótico, crítico e de elevado
nível ético, bem como um
quadro constitucional, legislativo
e institucional forte, que permita
“checks and balances” reais, um
contrabalanço dos poderes executivos,
legislativo e judiciário mais
efectivos e independentes do que
temos no presente, e um grau de
descentralização adequado às actuais
capacidades e exigências, são
factores críticos.
Enfim, uma agenda que necessita
de uma liderança clara e forte,
inclusiva, incorrupta e incorruptí-
vel, para dar o exemplo diferente,
e erradique a mentalidade que se
instalou no serviço público, de que
“o cabrito come onde está amarrado”.
Países há que o fizeram, apesar
de limitados recursos internos,
como por exemplo a Singapura, e
não pode haver razão para que não
consigamos criar condições para
atingirmos níveis elevados de bem
estar geral na nossa sociedade.
Sabe-se que, para além de despesas
de viagem de turismo, estes
cartões até serviam para alguns
micro-empresários fazer pequenas
compras nos países vizinhos
para revenda e abastecimento nos
mercados informais, e não só, e as
alternativas para estes micro-negócios
de fronteira foram reduzidas,
contribuído para o aumento
de custos de transação, e resultante
aumento dos preços dos produtos
ao consumidor (ainda aqui, estamos
perante incapacidade de internamento
fazer as reformas que
permitam o abastecimento por
produtos nacionais substitutos).
Com a recuperação das reservas,
parece-me ser acertada a medida.
O CPMO introduziu ainda o
princípio de taxa de câmbio de
referência única, que resulta da
taxa de câmbio média aplicada
pelos bancos nas operações com
a sua clientela, que entra em vigor
a partir de 3 de Abril de 2017.
Como olha para esta decisão?
Num mercado bancário e cambial
imperfeito, com elementos de
oligopólio e concentração ainda
substanciais, as taxas de câmbio
praticadas por diferentes bancos
e dentro destes para diferentes
clientes tendem a ser muito diferenciadas,
por vezes mais do
que desejável. Não deixando de
ser uma medida com cunho administrativo,
ela foi inicialmente
testada através da obrigatoriedade
de reporte ao Banco Central, pelos
bancos, três vezes por dia, das
taxas cambiais aplicadas por cada
um deles, dadas as discrepâncias
anormais, possivelmente ligadas à
tentativa de fazer alguns ganhos
anormais, num contexto de escassez.
Medida mais importante, contudo,
foi a já anunciada entrada em
vigor a 15 de Abril, de uma taxa
directora, ou guia, da política monetária
diferente dos actuais FPC
e FPD (mesmo sem a eliminação
destas janelas), estudada em conjunção
com os bancos e a Associa-
ção Moçambicana de Bancos, que
sirva melhor na transmissão dos
mecanismos da política monetá-
ria. Ela parece surgir no contexto
da questão seguinte: porque é que
os bancos acompanham as subidas
das taxas directoras, mas não
as têm acompanhado na baixa?
Espera-se que o novo mecanismo,
com os entendimentos atingidos
com os bancos, embora ainda não
tenham sido ainda explicados publicamente,
seja efectivo em ambas
2SDtVYLYHPRPHQWRVGHVDÀDGRUHV
Dipac Jaintilal
16 Savana 03-03-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
A Eni East Africa S.p.A. (EEA) convida à todas as empresas
interessadas e experientes para submeterem a sua Manifestação
de Interesse para a prestação de serviços de tecnologias
de informação (TI) a ser executado na República de Moçambique.
As empresas interessadas poderão submeter a sua Manifestação
de Interesse para “prestação de serviços de tecnologias
de informação (TI)”, através do seu registo no nosso website
abaixo indicado (Mozambique Application), submetendo os
seguintes documentos:
&ySLD GLJLWDOL]DGD H FHUWLÀFDGD GR UHJLVWR FRPHUFLDO GR
nome da entidade jurídica e da pessoa de contacto para a
UHFHSomRGHTXDOLÀFDo}HVHLQIRUPDo}HVFRPHUFLDLV
2. Prova documentada de, pelo menos, três serviços anteriores
com clientes internacionais, preferencialmente operando
no sector de Petróleo e Gás;
3. Evidência do Sistema de Gestão de Qualidade em conformidade
com o padrão ISO 9001:2008;
%DODQoRVÀQDQFHLURV~OWLPRVWUrVDQRV5HODWyULR$QXDO
TXHSURYHDFDSDFLGDGHÀQDQFHLUDPtQLPDSDUDDUHDOL]D-
ção do trabalho;
(VWUXWXUD GD (PSUHVD*UXSR FRP D OLVWD GRV SULQFLSDLV
DFFLRQLVWDVHGRVEHQHÀFLiULRVÀQDLV FDVR DHPSUHVDQmR
esteja cotada na bolsa de valores);
6. Relatório da carteira de realização de serviços nas fases de
Transição e Transformação, bem como a operação dos seguintes
serviços (mas não limitado a):
a) Gerente Local de Entrega de Serviços;
b) HelpdeskGRXWLOL]DGRUÀQDOHVXSRUWHDRODGRGDVHFUHtária;
F,0$&3&,QVWDODU0RYHU$GLFLRQDUH$OWHUDo}HV
d) Gestão de Activos;
e) Serviços Pass-Through
f) Pessoal de Suporte de TI
g) Outros serviços de TI de back-end
7. Requisitos de HSE
As respostas devem ser limitadas à seguinte documentação
essencial necessária de SMS:
$ ,QIRUPDo}HV H GHWDOKHV GR 6LVWHPD GH *HVWmR GH 6D~GH
Segurança e Meio Ambiente (HSE) da empresa;
% ,QIRUPDo}HV RX HYLGrQFLDV VREUH D FHUWLÀFDomR ,62 H
OSHAS, se houver
&,QIRUPDo}HVRXHYLGrQFLDVGHFRQIRUPLGDGHFRPRVUHquisitos
legais aplicáveis e outros requisitos relaccionados
com os aspectos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (HSE)
das suas actividades, produtos e serviços são alguns dos principais
compromissos incluídos nas políticas da EEA.
O website para o registro está disponível no seguinte URL:
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBHQJ6XSSOLHUV4XDOLÀFDWLRQ0R]DPELTXH$SSOLFDWLRQ
(para as candidaturas em língua inglesa)
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBLWD)RUQLWRUL4XDOLILFD
Autocandidatura-Mozambico (para as candidaturas em línJXDSRUWXJXHVDLWDOLDQD
IMPORTANTE: A submissão deverá fazer referência ao códiJRGH3URGXWR6HUYLoRDEDL[RLQGLFDGR
SS04AB43 - IT SERVICES: SPECIALIST IT SERVICES
CONVITE PARA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE PARA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (IT).
PARA ENI EAST AFRICA S.p.A. NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Dentro da página da candidatura, na secção “Objecto de Candidatura”
seleccione na lista em cascata do Tipo de Candidatura a
opção “Supply of IT SERVICES in Mozambique”.
Por favor, note que as Empresas que possuem uma carta de
TXDOLÀFDomRYiOLGDGR*UXSR(QLHTXHMiVHDXWRDSOLFDUDPRX
aplicaram no passado para o mesmo serviço ou actividades siPLODUHVFRQÀUPDomRGHLQWHUHVVHHVHDSOLFiYHOGRFXPHQWDomR
requerida podem ser enviadas para O seguinte endereço de e-
-mail: eea.procurement@eni.com
Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento
com toda a documentação acima indicada, as empresas
interessadas poderão receber da Eni East Africa o Pacote de
4XDOLÀFDomR
A Eni East Africa S.p.A fará uma avaliação da documentação
acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja satisfató-
ULRLUiLQFOXLU R FDQGLGDWR QD VXD /LVWD GH )RUQHFHGRUHV FRP
vista a considerar a empresa em futuros processos de concurso
relacionados com as actividades em questão.
$SHQDVDVHPSUHVDVRXFRQVyUFLRVRX-9TXDOLÀFDGRVTXHWrP
demonstrado capacidade e experiência recente do fornecimento
do serviço acima exigido serão considerados para potenciais
propostas para o âmbito do serviço descrito acima.
A solicitação de informação e documentação tem como objectiYRLQLFLDUXPD´DYDOLDomRSDUDTXDOLÀFDomRµHGDUXPDRSRUWXnidade
às empresas seleccionadas de fornecer detalhes da sua
estrutura legal, gestão, experiência, recursos e sua capacidade
global para executar o serviço.
Este inquérito não deverá ser considerado um convite para concurso
e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa,
obrigação ou compromisso de qualquer tipo da parte
da Eni East Africa S.p.A em celebrar contratos ou acordos com
qualquer empresa que participe do presente pré-inquérito.
&RQVHTXHQWHPHQWH WRGRV RV GDGRV H LQIRUPDo}HV IRUQHFLGRV
pela empresa não deverão ser considerados como um compromisso
por parte da Eni East Africa em celebrar um contrato ou
acordo com a empresa, nem deverá possibilitar que a empresa
reivindique qualquer indeminização da parte da Eni East Africa
S.p.A.
7RGRV RV GDGRV HLQIRUPDo}HV IRUQHFLGRV QR kPELWR GHVWHLQTXpULWR
VHUmR WUDWDGRV FRPR HVWULWDPHQWH FRQÀGHQFLDLV H QmR
serão divulgados ou comunicados a pessoas ou empresas não
autorizadas, com excepção da Eni East Africa S.p.A.
O prazo para a submissão da Manifestação de Interesse através
do nosso website termina é dia 24 de Marco de 2017.
Para qualquer questão adicional por favor contacte-nos através
do seguinte endereço: eea.procurement@eni.com
Quaisquer custos incorridos pelas empresas interessadas na
preparação da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade
das empresas, as quais não terão direito a qualquer
reembolso por parte da Eni East Africa S.p.A a este respeito.
Savana 03-03-2017 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Eni East Africa S.p.A. invites interested companies to submit
expressions of interest for the supply of IT SERVICES in
Mozambique to be carried out for eni east africa activities in
the Republic of Mozambique.
Companies interested in this invitation may submit their
Expression of Interest duly signed by the authorized person
WRJHWKHUZLWKFHUWLÀHG3RZHUV RI DWWRUQH\ RU RWKHUHYLdence
of authority of such authorized person) along with
the following mandatory information and documentation
providing evidence of:
6FDQQHG DQGFHUWLÀHGFRS\RI WKH WUDGH UHJLVWHUOHJDO
HQWLW\QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀFDtion
and commercial information;
2. Documented proof of at least three previous provisions
with international customers preferably operating in
the Oil & Gas;
+DYLQJ 4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FHUWLÀFDWLRQV
DQGRU 4XDOLW\ 0DQDJHPHQW 6\VWHP FRPSOLDQW ZLWK
international Quality Standards (e.g. ISO 9001:2008);
/DVW WKUHH\HDUVRI)LQDQFLDO6WDWHPHQWVLQFOXGLQJ%Dlance
Sheets;
5. Company and group structure with the list of major
VKDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV
6. Portfolio report of realization of services in the Transition
and Transformation phases as well as the Operation
of the following services (but not limited to):
a) Local Service Delivery Manager;
b) End-User Helpdesk and Desk side support;
c) IMAC – PC Install, Move, Add and Changes;
d) IT Asset Management;
e) Pass-Through Services
f) IT Support Personnel
g) Other Back-end IT Services
7. HSE Requirements
Responses are to be limited to the following required essential
HSE documentation:
a) Information and details of the company’s Health, Safety
and Environment Management System (HSE);
b) Information or evidences about ISO and OSHAS certi-
ÀFDWLRQLIDQ\
c) Information or evidences of compliance with applicable
legal and other requirements related to the Health, Safety
and Environmental (HSE) aspects of its activities, products
and services is one of the core commitments that are
included in EEA policies.
d) -
The registration website (Mozambique Application) is
available to the following URL:
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FDWLRQ0R]DPELTXH$SSOLFDWLRQ (for application in English)
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBLWD)RUQLWRUL4XDOLÀ-
FD$XWRFDQGLGDWXUD0R]DPELFR (for application in PorWXJXHVH,WDOLDQ
REQUEST FOR EXPRESSION OF INTEREST
FOR THE SUPPLY OF IT SERVICES IN MOZAMBIQUE FOR ENI EAST AFRICA SpA ACTIVITIES
IN THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE
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SS04AB43 - IT SERVICES: SPECIALIST IT SERVICES
The submission must refer to the following commodity code (for apSOLFDWLRQLQ3RUWXJXHVH,WDOLDQ
Within the website application, under the section “Object of the
Application”, the area “Origin of invitation” shall be completed as
follows: “supply of IT SERVICES in Mozambique”
3OHDVHQRWHWKDW&RPSDQLHVZKLFKDUHLQSRVVHVVRIDYDOLGTXDOLÀFDtion
letter from Eni Group and which already self-applied or applied
LQWKHSDVWIRUWKHVDPHVHUYLFHRUVLPLODUDFWLYLWLHVFRQÀUPDWLRQRI
interest and, if applicable, the required documentation can be sent to
the following email address: eea.procurement@eni.com.
Subject to the submission and compliance of all the above documentation,
companies interested in this Expression of Interest may receiYHIURPWKHDERYHHPDLODGGUHVVWKH4XDOLÀFDWLRQ3DFNDJH
Eni East Africa will evaluate the above requested documentation
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regarding the subject activities.
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and recent experience of supplying the above required services
will be considered for potential tenders for the scope of service
described above.
The purpose of the information and documents request is to start a
´TXDOLÀFDWLRQDVVHVVPHQWµDQGWRJLYHDQRSSRUWXQLW\WRWKHVHOHFWHG
companies to provide details of their legal structure, management,
experience, resources and overall capability to perform the service.
(QL(DVW$IULFDZLOOHYDOXDWHWKDWHDFKRIWKHÀQDOVHOHFWHGFRPSDnies
have the resources, management and all the capability to act
as a single legal entity (company) in order to achieve the required
targets of quality, HSE, standards and programme.
All responses are to be supported by such narrative, organisation
charts, resource charts and other information which the company
considers necessary to substantiate the individual responses and proYLGH(QL(DVW$IULFDZLWKWKHUHTXLUHGFRQÀGHQFHLQWKHFRPSDQ\·V
capabilities and experiences.
This enquiry shall not be considered an invitation to bid and therefore
it does not represent or constitute any promise, obligation or
commitment of any kind on the part of eni east africa, to enter into
any agreement or arrangement with you or with any company participating
in this pre-enquiry.
Consequently all data and information provided by you shall not be
construed as a commitment on the part of eni east africa to enter into
any agreement or arrangement with you, nor shall they entitle your
company to claim any indemnity from eni east africa.
All data and information provided pursuant to this enquiry will be
WUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDODQGZLOOQRWEHGLVFORVHGRUFRPPXQLcated
to non-authorized persons or companies except eni east africa.
The deadline for receipt of Expression of Interest by the email address
indicated above is set at 24th March of 2017.
In this regard, any costs incurred by the companies interested in the
preparation of this Expression of Interest will be on the entire responsibility
of the companies, which will not be entitled to any reimbursement
by Eni East Africa S.p.A.
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Redacção:
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Nhampossa, Armando Nhantumbo e
Abílio Maolela
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EDITORIAL Cartoon
O capitalismo inclusivo consiste,
em última instância, em voltar
a abraçar o propósito mais
puro das empresas: resolver
problemas e melhorar a vida das pessoas.
“A ciência não conhece países”, disse o
grande químico do século XIX Louis
Pasteur, “porque o conhecimento pertence
à humanidade e é a tocha que
ilumina o mundo”. Hoje, as tecnologias
e ideias inovadoras que estão a conduzir
a Quarta Revolução Industrial pertencem
a toda a humanidade, e estão
a provar que Pasteur estava certo, de
formas que ele nunca poderia ter imaginado.
Mas, ainda que o impacto da inova-
ção tecnológica seja global, afecta diferentes
populações de formas muito
diferentes. As condições em rápida
mudança melhoraram as perspectivas
económicas de algumas pessoas; mas
deixaram outras para trás, lançando
uma sombra negra de insatisfação em
toda a economia global. Para aqueles
de nós que sabem, pela história e pela
experiência, que a inovação cria novas
oportunidades e prosperidade em todo
o mundo, é hora de redobrarmos os
nossos esforços para construir um capitalismo
mais inclusivo, para que todos
possam partilhar os benefícios do
progresso.
Historicamente, não há dúvidas de que
a inovação tecnológica e o comércio
global têm sustentado o rápido progresso
material e as melhorias substanciais
nos padrões de vida. De acordo
com os últimos dados disponíveis,
a economia global é hoje cinco vezes
maior do que há meio século, e o PIB
global per capita mais do que duplicou
neste período.
Estes números representam mais do
que um aumento dos lucros para as
empresas; também representam milhões
de empregos criados e milhares
de milhões de vidas melhoradas. Em
Capitalismo inclusivo ou fracasso
2015, o Banco Mundial estimou que a
proporção da população mundial que
vivia em extrema pobreza cairia brevemente
para menos de 10% pela primeira
vez – uma grande descida face aos
40% de há apenas três décadas.
Mas a economia global não está claramente
a servir todos por igual, e muitas
pessoas acreditam – com razão – que
não está a servi-las de todo. Em Julho
de 2016, o McKinsey Global Institute
divulgou um extenso relatório sobre os
rendimentos em 25 economias avançadas
em todo o mundo. Uns surpreendentes
65 a 70% dos rendimentos das
famílias estagnaram ou diminuíram
entre 2005 e 2014. Este valor é ainda
mais notável quando comparado com
os 12 anos até 2005, quando menos
de 2% dos rendimentos das famílias
eram estáveis ou estavam em declínio.
Assim, ninguém deveria ficar surpreendido
com o facto de a maioria dos
cidadãos em vários desses países dizerem
que a economia global já não é
uma força benéfica.
Para sustentar o progresso económico
perante a frustração generalizada - e
justificada - devemos tomar medidas
para corrigir o que está errado com a
economia global, continuando a participar
nela. Infelizmente, as recentes
disrupções políticas não vão ajudar
neste esforço. O Gabinete de Responsabilidade
Orçamental do Reino
Unido, por exemplo, estima que sair da
União Europeia reduzirá o crescimento
económico do Reino Unido em 2,4%
até 2020. A eleição de Donald Trump
nos Estados Unidos demonstra igualmente
a necessidade de tomar medidas
decisivas para tornar a economia global
mais inclusiva, ou corremos o risco de
ver mais turbulências políticas e económicas
que dificultarão ainda mais o
crescimento.
Para isso, os governos terão um papel
indispensável, tal como o sector privado.
Os líderes empresariais têm agora
uma oportunidade genuína para promover
um capitalismo mais inclusivo,
que não só gera lucros, como também
cria oportunidades e prosperidade para
todos.
O sucesso exigirá que as empresas - e
particularmente as que têm uma dimensão
global - pensem além dos
seus balanços e assumam responsabilidades
que tradicionalmente não têm
sido centrais para as suas missões. As
empresas devem fazer mais para maximizar
o seu valor, não apenas para os
accionistas, mas também para todas
as partes interessadas nas comunidades
afectadas pelos seus negócios. Os
líderes empresariais podem - e devem
- redefinir o papel das empresas na sociedade.
Evidentemente, isso não significa que
as empresas com fins lucrativos se tornem
instituições de caridade. Em vez
disso, as empresas que crescem e têm
sucesso num ambiente cada vez mais
volátil serão aquelas que criam mais valor
para a sociedade como um todo. As
empresas que irão definir o século XXI
reconhecerão que a sua licença para
operar não é simplesmente um presente
de accionistas ou governos; em
vez disso, deve ser conquistada através
de soluções reais, criando empregos e
desempenhando um papel construtivo
nas comunidades de todo o mundo.
O capitalismo inclusivo consiste, em
última instância, em voltar a abraçar
o propósito mais puro das empresas:
resolver problemas e melhorar a vida
das pessoas. Isto é especialmente importante
numa era de crise e incerteza.
Com tantos desafios globais que é preciso
enfrentar, o capitalismo inclusivo
é a única maneira de garantir que o
progresso alcançado durante o século
passado continua no próximo século e
daí por diante.
*Andrew Liveris é chairman e CEO da
Dow Chemical.
Por Andrew Liveris*
É
o que deles se espera, mas se isto pode servir de algum
encorajamento, é preciso dar os parabéns aos
deputados da Assembleia da República, pelo comportamento
cívico e elevado sentido de serviço pú-
blico que exibiram no início dos trabalhos da presente sessão
que decorre até Maio.
Desde o discurso inaugural da Presidente daquele órgão,
Verónica Macamo, passando pelas comunicações dos chefes
das três bancadas, parecia que tinha nascido uma nova
Assembleia, com novos membros e novos valores de ética
parlamentar. Que assim se mantenham, porque só assim
poderão mostrar o respeito que têm pelos milhões de
eleitores que lá os puseram, pela bandeira nacional que os
cobre e pelo hino que entoam no início de todas as suas
sessões. E só assim também merecerão o respeito e a vé-
nia dos eleitores que se espera que representem com toda
a dignidade.
Uma nova cultura de debate parlamentar baseado no respeito
mútuo, espírito de colaboração e de serviço público,
e na capacidade de distinguir o essencial do periférico será
fundamental para melhorar a produtividade da Assembleia
da República, uma vez que mais tempo será aproveitado
para analisar políticas que desaguem em legislação imprescindível
para o progresso do país.
Os deputados não podem – e nem devem – desperdiçar o
tempo e os recursos públicos que com muito sacrifício lhes
são colocados à disposição para publicitarem a raiva ou o
ódio que cada um nutre pelo outro. Partidos políticos podem
defender ideias diferentes, mas as melhores ideias só
se podem sobrepor sobre as outras através de uma clara e
mais convincente articulação dos argumentos.
Na última segunda-feira, com discursos coerentes, isentos
de baboseiras e de sentido de retidão de um ou de outro
partido, os moçambicanos ficaram melhor informados daquilo
que é a agenda da Assembleia da República como um
todo, assim como do que cada uma das três bancadas gostariam
que resultasse da sessão que agora acaba de iniciar.
Não precisaram de insultos ou de adjectivação depreciativa
contra os seus opositores políticos, estes que devem ser entendidos
apenas como possuidores de ideias e visões diferentes
ou contrárias, não necessariamente como inimigos,
a quem a contínua existência de um pressupõe necessariamente
a inexistência do outro.
Esperemos que a dignidade e o ambiente de decoro com
que foi conduzida a abertura da presente sessão do parlamento
marque o início de uma nova era em que os deputados,
apesar das suas diferenças ideológicas, das suas
perspectivas adversas sobre as várias propostas legislativas
que têm pela frente, entendam que foram mandatatos pelos
seus respectivos eleitores para fazerem o melhor para
eles, e que ao fim de todas as desavenças, o seu objectivo
final é trabalhar para que Moçambique seja uma verdadeira
democracia parlamentar, baseada num pluralismo político
que se funda no Estado de Direito.
Os benefícios de
uma nova postura
parlamentar
ÉS O
PRÓXIMO!
Savana 03-03-2017 19 OPINIÃO
518
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
T
ic tac.
A pressão do tempo.
A pressão popular sobre o veredicto.
Há muito que os casos judiciais ultrapassaram
o âmbito dos interesses
privados contrapostos para serem de
interesse público, sobretudo quando
há crime.
O crime choca e causa comoção social.
É aberto um processo. Pessoas são
acusadas e pronunciadas. Marca-se
o julgamento. Chega, por fim, a vez
de o juiz dizer da sua justiça: é o réu
culpado ou inocente?
É na audiência de julgamento que se
faz por excelência a produção de prova.
Os depoimentos das partes, o testemunho
de quem tem ciência sobre
a matéria controvertida, a avaliação
técnica dos peritos e os documentos
apresentados são meios que orientam
o tribunal a formar a sua convicção.
O juiz tem, então, a oportunidade de
discutir, com os juízes eleitos, os facO
julgamento do juiz
tos alegados pela acusação e pela defesa,
e bem, assim, os que resultaram
da discussão da causa, relevantes para
saber se o réu efectivamente praticou
os factos que sobre si pesam e, se
afirmativo, se agiu com culpa. Feita
a enunciação há que perscrutar se esses
factos constituem algum tipo de
ilícito, se se verifica alguma causa de
exclusão da culpa ou da ilicitude, se
há verificação de alguns pressupostos
de que a lei faça depender a punibilidade
do agente ou a aplicação de
uma medida de segurança. Também
releva verificar se estão reunidos os
requisitos de que depende o arbitramento
da indemnização, para além
de outros elementos com interesse
para o desfecho da causa.
Repare-se que o juiz não há de ter
vivido in loco os factos sobre os quais
está a julgar. Ele não tem a habilidade
de se teletransportar no tempo até
chegar ao momento e lugar em que
ocorreram os factos. Longe disso.
Para formar a sua convicção, vai-se
basear numa coisa chamada “autos”,
que nada mais é do que o conjunto
de actos e diligências devidamente
organizados e cadenciados em caderno
judicial que exprimem todo o material
probatório recolhido pela justi-
ça para o caso em concreto. Só nos
termos dos autos pode o juiz fundar
a sua convicção. Está tudo nos autos,
nada fora dos autos. A propósito, já
ensinavam os romanos que “quod non
est in acta, non est in mundo”.
É assim que o juiz decide.
O momento anterior à elaboração da
sentença é dos mais dramáticos para
o juiz. A fase da decisão é o culminar
de uma caminhada, muitas vezes,
longa, árdua, cheia de dificuldades,
angústias, avanços e recuos. É, não
raro, um momento de extrema solidão,
desamparo, em busca da palavra
certa, justa, definitiva, esclarecedora,
que ponha termo ao litígio, que indique
o caminho certo a seguir.
Calamandrei diz sabiamente que “o
drama do juiz é a solidão, porque ele,
para julgar, deve estar livre de afectos
humanos e situado um grau acima dos
semelhantes, raramente encontra a doce
amizade que requer espíritos do mesmo
nível”.
O que quer que o juiz decida, há
sempre alguém que não vai concordar
com a decisão. Há pessoas que
aparecerão a criticar, a criticar, mas
não lêem a lei que importaria conhecer
para fundamentar a crítica.
Pessoas que sem conhecerem o processo
e até sem assistirem ao julgamento
têm opinião sobre o mesmo.
Quanto mais ignorantes sobre o
conteúdo do processo mais autoridade
aparentam ter sobre ele. Participam
em debates, criticam a decisão
judicial, põem em causa as capacidades
técnicas do juiz e até levantam
suspeitas sobre a sua integridade ética
e deontológica.
É inevitável concluir que a ignorância
tem poder. A desinformação a
que muitas vezes lhe é atrelada tem
o condão de intoxicar a opinião pú-
blica levando pessoas a ter “certezas”
de coisas que verdadeiramente não
conhecem e assim semearem debates
em terrenos movediços. Sucede que a
condição número um para haver um
debate é o conhecimento. Só pode
haver debate quando todos os envolvidos
dispõem das mesmas informações
e cada um está consciente de
que o outro também tem as mesmas
informações, só que as interpreta de
modo diferente. Todos ficam a saber
das mesmas coisas e cada um fica a
saber o que os outros sabem. Partindo,
então, de uma base comum, é que
é possível debater...
Não faz mal colocar as decisões dos
chamados processos mediáticos sob
o escrutínio público. Um dos sinais
da democracia participativa é permitir
que a sociedade tenha direito à informação
e a liberdade de expressão.
Sucede, porém, que este direito tem
de ser exercido com responsabilidade.
É importante que as pessoas busquem
o rigor dentro dos seus limites
cognitivos e façam uma apreciação
crítica assente no quadro jurídico em
vigor.
Os tribunais não são uma casa de
busca de popularidade, um local que
se pretende afirmar por simpatia
popular. Ao juiz não deve interessar
medir a maior ou menor simpatia
que as pessoas passarão a nutrir por
ele em virtude de uma decisão e do
seu impacto, nomeadamente sobre os
órgãos de comunicação social.
Não.
O juiz é um técnico do Direito. O
que se lhe exige é que domine as
leis, os princípios e institutos jurí-
dicos fundamentais. Que interprete
e aplique adequadamente as normas
legais pertinentes, que conheça e
acompanhe a evolução das correntes
doutrinais e jurisprudenciais. O juiz
deve ainda manter sempre a sua independência
e liberdade na tomada
da decisão.
A justiça é cega. É-lhe indiferente
ver se as pessoas que vai julgar são
baixas, altas, feias, gordas, ricas, de
estrato social alto ou baixo. O que a
ela interessa é ouvir a voz dos factos
e, na sequência, sobre esses mesmos
factos, dizer qual é o direito aplicável.
Ao tomar a decisão o juiz não manifesta
a sua opinião pessoal, a sua
própria vontade. O juiz manifesta
simplesmente o seu juízo sobre a
vontade do corpo legislativo num
caso concreto. Ou seja, goste-se ou
não, a sentença nada mais é do que a
vontade ou a intenção da lei traduzida
concretamente pelo juiz.
Precisamente porque a justiça é cega
e julga de acordo com a lei e a liberdade
de consciência do julgador,
vamos, então, dar-lhe o benefício da
dúvida sobre a justeza das suas decisões…
O
s populismos de extrema-
-direita estão ainda longe
de um ataque frontal às
instituições democráticas
tradicionais ou estabelecidas no
pós-guerra e nas transições democráticas
das décadas de 70, mas
acentuaram já uma guinada racista
e xenófoba na Europa ocidental.
Geert Wilders em guerra contra o
Islão e elites submissas a Bruxelas
continuará afastado do centro do
poder qualquer que seja o resultado
das eleições deste mês, mas a sua
retórica contaminou irremediavelmente
a Holanda.
A ruína dos valores tradicionais
das comunidades protestantes e
católicas que definiam a partilha
de poder, a secularização e descristianização
acompanhadas do
aumento da presença muçulmana
(4% da população) e políticas multiculturalistas
promovendo direitos
de minorias, reavivaram velhos fantasmas
de extrema-direita.
Na Holanda, como noutros estados
desenvolvidos, a perda de estatuto,
a diminuição de capacidade competitiva
no mercado de trabalho e
a estagnação ou redução de rendimentos
foram ressentidas por
muitos como traição a valores nacionais,
agravadas pelo défice democrático
da integração europeia.
Surgiu aqui terreno fértil para movimentos
populistas em ruptura
com o “status quo” e Wilders é caso
exemplar.
Apela à unidade e homogeneidade
de um povo impoluto, crisol de
superiores valores morais da pátria,
que alegadamente se reconhece
num líder carismático capaz de dirigir
o estado em comunhão directa
com a nação.
Para arrostar contra os inimigos
externos importa superar querelas
motivadas por egoísmos partidários,
alheios a um projecto de
regeneração e grandeza, e extirpar
elementos hostis ao corpo orgânico
da entidade política que representará
a nação, incluindo estrangeiros
impossíveis de integrar em posições
subordinadas.
Ao romper com os poderes institucionais
estabelecidos, mobilizando
o povo uno e impoluto, o líder
populista aspira a desmantelar todo
o sistema de democracia representativa,
repartição, independência e
equilíbrio de poderes executivos,
legislativos e judiciais característicos
de regimes democráticos.
É uma matriz de negação do pluralismo
político a que tendem
também outros grupos ultraconservadores
de extrema-direita em
busca de líderes carismáticos, caso
do Jobbik (Movimento para uma
Hungria Melhor) e que os distingue,
aliás, de forças como o Partido
dos Finlandeses, marcado por uma
mescla de reivindicações sociais em
que se reconheceriam esquerdistas
do Syriza que, por ironia, governa
aliado aos Gregos Independentes
de extrema-direita.
A matriz populista sempre alimentou,
de resto, mobilizações suportadas
por retóricas de engrandecimento
e emancipação das massas
trabalhadoras: do peronismo argentino
a partir da década de 40, ao
“marhaenisme” (exaltação do camponês
pobre) de Sukarno após a independência
da Indonésia nos anos
50 até ao golpe militar de 1966,
passando pelos desvarios de Hugo
Chávez e Nicolás Maduro.
As oligarquias resultantes destes
movimentos revelaram-se instáveis
dado o personalismo autocrático e
cleptocrático e por via da impossibilidade
de gerarem crescimento
económico sustentado capaz de
alimentar clientelas políticas alargadas.
Já as políticas de redistribuição de
receita de estado promovidas por
Thaksin Shinawatra na Tailândia
no início da primeira década do
milénio, assumindo forte pendor
populista, mas respeitando a instituição
real, resultaram no fortalecimento
da capacidade de consumo
e reivindicação política de sectores
populares tradicionalmente afastados
das esferas de decisão.
Da insânia do Presidente filipino
Joseph Estrada entre 1998 e 2001
só ficou má memória que não impediu,
contudo, a recaída de pendor
violento com a eleição de Rodrigo
Duterte no ano passado.
O populismo de ruptura na Europa
na vertente de extrema-direita
é ainda e essencialmente protesto,
sem força para ousar reivindicar o
desmantelamento das instituições
democráticas.
Ganha, contudo, terreno com Wilders,
enquanto, a extrema-direita
francesa, condicionada pelas regras
da Quinta República, esquiva-se a
assumir a ruptura em mote populista,
levando, ainda assim, água ao
seu moinho.
À esquerda, com laivo anarquista, o
populismo do Movimento 5 Stelle
cresce e ameaça em Itália.
Não há ruptura, por enquanto, mas
a erosão é devastadora.
*Jornalista e colunista do jornaldenegocios.pt
A ruptura populista
Por João Carlos Barradas*
Há indícios de novos
movimentos xenófobos
preocupantes na África
do Sul.
Hoje ainda, milhões de Sul-
-Africanos vivendo nos bairros
pobres, aguardam, com angústia
e crescente exasperação, que a
África do Sul pós-apartheid permita
a reversão da história em
seu favor e das suas famílias.
Olham com despeito e desprezo
para os estrangeiros, assumindo-
-os como intrusos que chegam
para explorar a riqueza local.
A imputação vertical na direc-
ção das classes possidentes locais
é substituída pela imputação
horizontal na direcção dos africanos
estrangeiros, como se um
racismo sem raça.
Estamos confrontados com uma
crença objectivamente falsa mas
havida como subjectivamente
verdadeira.
Porém, a xenofobia nada tem
de especificamente sul-africano.
Ela mundializa-se das mais variadas
maneiras e será tão mais
possante e letal quão mais politicamente
se puser de lado a
melhoria permanente, múltipla
e efectiva das condições de vida
das pessoas.
Xenofobia
20 Savana 03-03-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
P
rovavelmente a votação electrónica
seja a solução para que
se respeite o voto popular. Deste
modo, os vencedores sentir-
-se-iam com legitimidade para conduzir
os destinos do território para o qual
concorreram, seja ao nível da autarquia
ou do país. Não basta sentar-se à cadeira
do poder a partir de uma legalidade
forjada ou duvidosa e atribuir-se a si
próprio uma legitimidade inexistente.
É preciso que o processo eleitoral seja
respeitado, por todos, pela qualidade
de isenção e de imparcialidade.
Pensar na votação electrónica é pensar
numa provável solução segura para
um problema desgastante no país, que
é, não só a demora na divulgação dos
resultados como, de um modo geral, o
próprio processo eleitoral. Ainda que
nada esteja decidido com relação à inVotação
electrónica, precisa-se!
trodução da votação electrónica em Mo-
çambique, é de aplaudir quando quem de
direito já avança com esta matéria cuja decisão
compete ao Governo e à Assembleia
da República. A adopção de votação electrónica
poderá trazer muitas vantagens
para Moçambique, não só por permitir
que as eleições ocorram em locais recônditos
como, também, pelas vantagens económicas,
facilidades de votação, por melhorar
os níveis de adesão através do grau
de confiança (emanado do mesmo), pela
rapidez na divulgação dos resultados, entre
outros. Quanto menor for a percentagem
de abstenções maior será a fasquia de
legitimidade do vencedor. A possibilidade
de viciação de dados é o fantasma que poderá
ser incorporado ou severamente descartado,
dependendo do nível de seriedade
dos gestores e seus colaboradores.
Informatizar o sistema de votação pode
levar o seu tempo. Tem os seus custos.
Torna-se algo aparentemente difícil, mas
não impossível; logo num momento de
“murmúrios” e “lamúrias”, momento em
que nos encontramos atolados a uma
economia ainda frágil associada a uma
crise de decisão sobre se a questão da dí-
vida deve ser assumida como soberana
ou como privada/odiosa, se deve haver
responsabilização e “punição” ou somente
responsabilização. Está claro que os
“constrangimentos financeiros” estão ao
rubro. Mas, a vontade política pode superar
este problema. Os consensos políticos
precisam de ser espicaçados pela sociedade
civil e por um forte desejo de mudança.
Agradável seria se as novas tecnologias ou
os softwares fossem escolhidos em função
do equilíbrio entre os custos de aquisição
e, por outro lado, a eficiência e garantia de
eficácia do mesmo. Apesar de sermos um
país considerado como sendo da periferia
temos a oportunidade de benefi-
ciar das experiências e avanços de pa-
íses como Holanda, Alemanha, EUA,
Brasil, Índia, e tantos outros, que já
não falam em urnas de 1ª geração mas
sim em urnas de 2ª e 3ª gerações. Nessas
gerações todas o que está em causa
é a garantia de segurança e/ou fiabilidade.
Procuram-se produzir softwares
cada vez mais independentes onde o
próprio eleitor acompanha o correcto
apuramento do seu voto.
Cá entre nós: O momento actual é fértil
para que haja acolhimento desta pretensão
de introdução da votação electrónica,
desde que aceitemos analisar “sem paixões
políticas” e sem politiquices a real génese
do actual quadro económico e político do
país.
T
em sido interessante observar o crescimento
acelerado face a choques
como o referendo do Brexit no Reino
Unido e a eleição de Trump. E,
ainda assim, não é claro o que vai acontecer.
Desenvolvimentos políticos desconcertantes
nos Estados Unidos e no Reino Unido
podem levar à conclusão que a economia
mundial, que enfrenta já dificuldades, vai
enfrentar ainda mais desafios a curto prazo.
Mas à medida que 2017 avança, as provas
cíclicas sugerem o contrário.
Desde os meus dias como economista chefe
do Goldman Sachs que aceitei manter
um olho em seis indicadores mundiais que,
em conjunto, dão um retrato fiável daquilo
que a economia mundial vai parecer nos
próximos seis meses. Agora, os seis indicadores
mostram mais promessas do que têm
vindo a mostrar há algum tempo e apenas
um dos indicadores registou uma queda ligeira
depois de uma subida recente.
O primeiro indicador são os pedidos semanais
de subsídio de desemprego nos Estados
Unidos, a partir dos quais se pode aferir
a força da economia norte-americana. Os
economistas estão correctamente treinados
para tratar o desemprego como um indicador
desfasado mas estes dados podem ser
úteis na previsão do futuro a curto prazo.
Os pedidos de subsídio de desemprego nos
Estados Unidos estão sempre actualizados
porque são produzidos semanalmente e
as provas estatísticas sugerem que são um
indicador importante no que diz respeito
aos preços das acções nos EUA. Na semana
passada, os pedidos de subsídio continuaram
relativamente baixos, como estão há
algum tempo, o que é um bom presságio
para os mercados bolsistas norte-americanos.
Da mesma maneira, o Institute for Supply
Management Manufacturing Index
(ISM) dá uma boa previsão para os
três a seis meses seguintes da economia
A resiliência surpreendente da economia mundial
norte-americana, mesmo que a actividade
industrial abranja uma percentagem relativamente
pequena do PIB. Tal como os
últimos pedidos de subsídio de desemprego,
os números do ISM dão actualmente
motivos para optimismo.
Um terceiro indicador é uma sub-componente
do inquérito do ISM: as novas
encomendas à indústria e os inventários.
Actualmente, as novas encomendas estão a
crescer e os inventários a baixar, o que sugere
que as empresas vão ter, nos próximos
meses, de produzir mais para satisfazer essas
encomendas.
Olhando para além dos Estados Unidos,
o quarto indicador é o rácio dos gastos
no retalho na China em relação à produ-
ção industrial (ajustada à inflação). Estes
números dão-nos uma perspectiva tanto
sobre as tendências cíclicas como sobre o
reequilíbrio estrutural da China, que está a
afastar-se das exportações e a voltar-se para
o consumo doméstico. Isto vai ser um dos
mais importantes indicadores tanto para
a China como para o resto da economia
mundial nos próximos anos.
O rácio das vendas a retalho em relação à
produção industrial na China, embora errático,
tem vindo a subir lentamente desde
2008 e, aparentemente, ter-se-á registado
outra subida no consumo recentemente. É
por isso que estou menos preocupado do
que outros especialistas em relação aos frequentemente
citados riscos que a economia
chinesa enfrenta. Os gastos dos consumidores
chineses continuam fortes apesar de
um abrandamento na produção industrial,
no investimento e dos esforços do Governo
em reduzir os gastos com bens de luxo.
Alguns podem dizer que os dados chineses
não são confiáveis. Mas não vejo porque é
que os dados de um lado do rácio podem
ser mais ou menos confiáveis do que os
dados do outro lado. Porque é que as autoridades
chineses alteram os dados do consumo
enquanto permitem que números da
produção industrial registem uma descida.
De qualquer forma, temos de trabalhar
com o que temos.
Um quinto indicador são os dados comerciais
da Coreia do Sul, que são divulgados
no primeiro dia de cada mês – mais rápido
do que qualquer outro país. A Coreia do
Sul tem uma economia aberta e parceiros
comerciais por todo o mundo, incluindo
os EUA, China, Japão e União Europeia.
Assim, um país pode extrapolar os seus
dados do comércio para que se possam tirar
conclusões sobre o estado do comércio
mundial.
Depois da tendência de descida nos últimos
anos, desde Novembro que o comércio
sul-coreano tem dado sinais de recupera-
ção, em especial em termos do crescimento
das exportações. E em Janeiro recuperou
de forma significativa. Para ser claro, este
resultado contradiz todos os elogios sobre
a globalização que se ouvem por estes dias
e a administração Trump, decididamente
protecionista, pode fazer com que o comércio
mundial entre num retrocesso prolongado.
Mas os dados recentes da Coreia do
Sul sugerem que a globalização continua a
ter ainda alguma vida e que 2017 teve um
início decente.
De facto, e a menos que o pior cenário com
Trump ocorra, é possível que o abrandamento
no comércio internacional nos últimos
anos se transforme num fenómeno
temporário. Pode ter sido uma ocorrência
singular que reflectiu vários factores, incluindo
a crise do euro, o contínuo enfraquecimento
em muitos países da Europa, a
queda acentuada dos preços das matérias-
-primas, abrandamentos dramáticos no
Brasil, Rússia e outras economias emergentes
e uma regulação mais apertada para
bancos internacionais, o que pode ter difi-
cultado as finanças comerciais.
O último indicador principal é o índice
mensal do clima empresarial da Alemanha,
divulgado pelo Instituto Ifo, que contém
dados cíclicos úteis para a Europa no geral,
dada a centralidade da Alemanha na economia
do continente. O inquérito do Ifo
divulgou resultados positivos nos últimos
meses, embora os dados tenham sido mais
promissores em Dezembro do que em Janeiro.
Olhando para eles em conjunto, os seis
indicadores sugerem-me que a economia
mundial pode estar agora a crescer a uma
taxa superior a 4%. Este é o ritmo de crescimento
mais rápido em vários anos – embora
a taxa média de crescimento na última
década tenha sido de 3,3% e tenha ficado
ligeiramente abaixo do registado na década
anterior – e próximo do ritmo das duas dé-
cadas anteriores. Ao mesmo tempo, os seis
indicadores não podem dizer-nos nada do
que vai acontecer depois dos próximos meses.
É uma questão em aberto se o crescimento
da economia mundial vai continuar
forte, se vai ainda ficar mais forte ou se vai
começar a enfraquecer.
Tem sido interessante observar o crescimento
acelerado face a choques como o referendo
do Brexit no Reino Unido e a elei-
ção de Trump. E, ainda assim, não é claro
o que vai acontecer. Alguns poderão dizer
que a tendência é o resultado das decisões
políticas nos Estados Unidos e no Reino
Unido, mas muitos mais provavelmente dirão
que está a acontecer apesar dessas decisões.
Infelizmente, não há indicadores que
oferecem uma resposta a essa questão – só
o tempo o dirá.
Jim O’Neill, ex-presidente da Goldman
Sachs Asset Management, é professor
honorário de Economia na Universidade
de Manchester e presidente da Review of
Antimicrobial Resistance do governo britânico.
Por Jim O’Neill*
Savana 03-03-2017 21 SOCIEDADE
Milhares de moradores
de várias aldeias, que
ficaram “desertas” na
sequência do conflito
político-militar entre o Governo e a
Renamo, maior partido da oposição,
começaram a retomar às origens em
quatro distritos da província de Manica,
sugerindo que estão a dar crédito
ao fim das hostilidades militares.
“Já não há mais guerra, então regressei
com minha família, porque aqui
conseguia fazer negócios (venda de
maçaroca para viajantes) para o nosso
sustento”, disse Elisa Roque, uma
moradora de Nhamatema, no distrito
de Báruè, uma zona que foi “despovoada”
após um ataque de homens
armados da Renamo a uma comitiva
do governador e incêndio de um camião
tanque.
Numa zona largamente efectada pelo
conflito e habitada pelo silêncio assustador,
desde a introdução das escoltas,
mulheres e crianças voltaram
a acenar para viaturas com bacias
cheias de maçaroca cozida e assada,
que torna o lugar conhecido pelos cereais
ao longo da EN7, a estrada que
liga Manica e Tete.
Nas cercanias da aldeia – nos arredores
das montanhas onde sempre foram
feitas as ofensivas atribuídas pela
Polícia aos homens armados da Renamo
- também começaram a reabrir
tradicionais estações de venda de mel
e carvão vegetal, que também tinha
desaparecido com as movimentações
militares.
Várias aldeias, sobretudo no distrito
de Mossurize (sul) e Báruè, a norte
de Manica, ficaram completamente
abandonadas, devido aos confrontos
entre as forças governamentais e o
braço armado da Renamo, deixando
as zonas à sua sorte.
Contudo, desde o anúncio da trégua
de dois meses, decretada pelo líder da
Renamo em Janeiro, a população tem
ponderado o regresso às suas habita-
ções, tendo alguns iniciado a limpeza
dos escombros das casas destruídas
por fogo posto, após acusações de
apoio aos beligerantes.
“Tínhamos fugido para Catandica,
na casa de um familiar, e só estávamos
à espera de tudo acabar para regressar,
muitos continuam a vir para
cá, porque já não há guerra”, declarou
Estevão Ndinda, um morador de
Honde (Báruè), o epicentro da reedi-
ção em 2016 do conflito militar entre
as partes e severamente fustigado
pela situação.
Ndinda lembra que fugiu da casa
numa madrugada do inverno passado
sem roupas no corpo e só se
apercebeu que estava nu ao amanhecer
numa mata com a sua família, de
onde saíram a pé até chegar a Catandica.
Em Chiuala, o centro dos ataques
junto à EN7, a estrada que liga Manica
a Tete, e desta aos países africanos
do interior, uma aldeia ocupada pelas
forças governamentais para aquartelamento,
voltou a receber os moradores
que reactivaram o comércio.
“Primeiro começamos a vender mangas,
mesmo com as escoltas de carros,
mas agora a situação melhorou
e muitos já estão a voltar para casa,
porque já não há guerra”, precisou um
comerciante local, sustentando que os
militares que tinham ocupado a aldeia
retiraram-se desde o anúncio da
trégua, tendo ficado apenas um grupo
de vigilância.
Nesta aldeia, onde foi registado maior
número de ataques na EN7, ainda se
pode ver a presença de militares estatais
fardados, mas muitos de chinelos
e sem arma entre as casas rondáveis
de bloco, burro e capim.
Moçambique entrou no último período
da trégua de 60 dias decretada
pelo líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, em Janeiro, para dar espa-
ço às negociações de paz entre o Governo
e o seu partido e que termina a
4 de Março.
Apesar de ainda não serem conhecidos
avanços concretos, foram anunciados
este mês pelas partes grupos
de trabalho para preparar a nova fase
do diálogo para os assuntos militares
e da descentralização. Nesta terça-
-feira, o Presidente da República, Filipe
Nyusi, anunciou a equipa internacional
que vai assessorar o diálogo
político.
Integram o grupo de contacto sete
personalidades, designadamente, o
embaixador da Federação Suíça (presidente
do grupo), embaixador dos
Estados Unidos da América (co-presidente),
embaixador da República
Popular da China, embaixador do
Reino da Noruega, alto-comissário
da República do Botswana, alta comissária
do Reino Unido da Grã-
-Bretanha e Irlanda do Norte e o
chefe da missão da União Europeia
em Moçambique.
Segundo a nota da presidência da
República, a equipa de contacto vai
prestar assistência financeira e técnica
coordenada, bem como realizar
outras tarefas indicadas nos seus termos
de referência.
Em recente entrevista, Afonso
Dhlakama manifestou esperança de
ver encontrada uma solução para a
equação da paz antes do término do
prazo da trégua, apesar das denúncias
de violações.
O centro e o norte de Moçambique
estavam a ser assolados há mais
de um ano pela violência militar, na
sequência da recusa da Renamo em
aceitar os resultados das eleições gerais
de 2014, exigindo governar em
seis províncias onde reivindica vitória
no escrutínio.
Camiões incendiados
Dezenas de camiões incendiados
nas bermas da estrada, sobretudo em
Chiuala, a sul de Catandica e Nhampassa,
a norte, denunciam o perigo
a que se tinha transformado a EN7,
onde continuam a nu centenas de
casas, barracas e igrejas queimadas e
abandonadas, enquanto outras zonas
começaram a repovoar.
Timidamente, o comércio voltou a
“ressuscitar” no troço da EN7, de
Vanduzi a Changara, centro de Mo-
çambique, outrora sujeito a escoltas
obrigatórias do exército, com o levantamento
das colunas devido à trégua,
disseram comerciantes e moradores.
“Os carros já param para comprar
carvão, malambe ou mesmo refrescos
e outras bebidas nas bancas, então
voltamos a apanhar (ter) dinheiro.
Isso era impossível na época das escoltas,
porque os militares proibiam
paragens e até movimentos de pessoas
durante a passagem”, declarou
Moza Gimo, um comerciante de
Chigoza, próximo da zona onde partia
a escolta em Tete.
O medo e a monotonia da vida tra-
çam o perfil da opressão no rosto de
milhares dos moradores ao longo do
troço, que se manifestou com fugas -
de vários grupos de jovens e adultos
que conversavam nas bermas da EN7
- durante as nossas paragens para reportagem.
Renamo regressa
A Renamo retomou, em Manica, as
actividades políticas normais e reabriu
as suas sedes, a maioria destruí-
das na sequência do conflito político-
-militar com o Governo, anunciou ao
SAVANA o delegado.
A reabertura das sedes e a retoma da
normalidade das actividades políticas
do principal partido da oposição
resulta do pacote de entendimento
alcançado entre o seu líder, Afonso
Dhlakama, e o Presidente da Repú-
blica, Filipe Nyusi.
“Já foram retomadas as actividades
políticas do partido Renamo aqui na
província de Manica, após encontros
com o governador e o comandante
provincial da Polícia”, disse Sofrimento
Matequenha, assegurando
que as primeiras reactivações das
sedes iniciaram no princípio do mês
corrente.
Desde 6 de Fevereiro, prosseguiu,
foram reabertas e içadas bandeiras
nas sedes dos distritos de Gondola,
Manica, Chimoio, Macate, Vanduzi
e Báruè (centro) e Mossurize (sul),
e está prevista para os próximos dois
dias a reabertura das sedes de Guro,
Macossa e Tambara, no norte de Manica.
“Em Gondola, a sede estava nas matas
e içamos a bandeira. Fui a Mossurize,
apesar da sede estar destruída
içamos a bandeira. Em Báruè, o delegado
ainda não tinha saído das matas
(do seu esconderijo), mas içamos a
bandeira, assim como em todos os lugares
que passamos”, precisou Sofrimento
Matequenha, sustentando que
as actividades têm sido dinamizadas
com reuniões públicas com centenas
de membros.
O político reconheceu que persiste
medo entre os quadros do partido,
afiançando que foi alcançado um
acordo com as autoridades governamentais
e policiais no sentido de se
travar perseguições aos membros do
partido.
“A situação do medo dos dirigentes
ainda continua, mas já não é a 100
por cento, porque acompanharam o
acordo com a Polícia”, disse Sofrimento
Matequenha, sublinhando
que do acordo a Polícia vai intervir
com carácter urgente onde se registar
problemas com os nossos membros.
Ainda segundo o responsável, as pessoas
já começaram a sair das matas,
até “há vezes que reúno com 400 ou
200 pessoas. Mesmo em Manica a
própria delegada só saiu (do esconderijo)
no dia da reunião”.
Apesar de ainda não serem conhecidos
avanços concretos, foram anunciados
este mês pelas partes grupos
de trabalho para preparar a nova fase
do diálogo para os assuntos da descentralização
e militar.
Pelo menos três crianças
morreram e três postos
administrativos estão submersos,
devido às intensas
chuvas que caíram entre domingo
e segunda-feira na cidade da Beira,
capital da província de Sofala.
O pico das precipitações chegou a
atingir 223.9 mm só em dois dias.
Segundo o presidente do Município
da Beira, Daviz Simango, a
precipitação que caiu sobre a segunda
maior cidade moçambicana
atingiu níveis diluvianos, chegando
a alcançar 223.9 mm de queda pluviométrica,
contra a média do mês
de Fevereiro, 446.8 mm, e Janeiro,
que foi de 208.6 mm.
Vários bairros ficaram inundados,
principalmente nos postos administrativos
da Munhava, Manga
Loforte e Nhaminzua, zonas baixas
e propensas a inundações.
O edil da Beira adiantou que os
bairros de cimento, nomeadamente
Palmeira, Macurungo, Macute,
Matacuane, Chaimite, Esturro e
Pioneiros ficaram com as ruas submersas.
Algumas instituições públicas e
privadas viram os seus escritórios
inundados.
A subida do nível do mar, que atingiu
6.1 metros, obrigou os técnicos
do novo sistema de drenagem da
Beira a não abrirem as comportas
até às 7:00 de segunda-feira.
“A cidade da Beira possui um estilo
característico propenso a inunda-
ções, pois as comportas de drenagem
abertas às águas do mar iriam
invadir o continente e criariam,
desta maneira, situações mais complicadas
ainda. Estamos a trabalhar,
ensaiamos a abertura das comportas
para diminuir a água que se encontrava
na cidade e já está a resultar”,
disse.
Na sequência das intempéries, três
crianças perderam a vida, incluindo
uma de apenas sete meses, vítimas
de afogamento.
“As mortes ocorreram no período
nocturno, quando as suas residências
ficaram inundadas sem que os
seus progenitores se apercebessem
de nada. O Conselho Municipal da
Beira está a par de toda esta situa-
ção”, afirmou Daviz Simango.
Simango acrescentou que ainda
não foram calculados os estragos
que as inundações provocaram, havendo
apenas uma ideia preliminar
sobre a dimensão dos prejuízos.
“Nós estamos no terreno a avaliar
os estragos, a qualquer altura, iremos
actualizar os dados sobre a situação
da cidade em torno das chuvas
que se fazem sentir”, declarou.
Chuvas intensas
Mortes e bairros inundados na Beira
Por Jorge Malangaze, na Beira
No quarto período da trégua que vence domingo em Manica
Aldeias voltam a repovoar após meses “desertas”
Por André Catueira, em Manica
22 Savana 03-03-2017 DESPORTO
D
irigente desportivo multifacetado
(já construíu as
bancadas do mítico campo
7 de Abril, no bairro da Polana
Caniço), apoia o futebol, boxe
e a cultura, Benjamim Wamusse, ou
simplesmente Big Ben, diz que vai
se candidatar para a sua própria sucessão,
de modo a consolidar o trabalho
que vem realizando. Explica
que, sob a sua direcção, a modalidade
ganhou mais visibilidade, apesar
de várias tentativas de sabotagem
protagonizadas por pessoas bem
identificadas. Apela à mudança de
atitude por parte dos que se acham
donos da modalidade. Seguem-se
os excertos da conversa.
O senhor vai ou não recandidatar-
-se à presidência da FMBoxe?
-Bem, não posso defraudar as espectativas
de algumas associações
que pediram para que me candidate
pela segunda vez, mas também
estou em condições de continuar
a consolidar o projecto do último
quadriénio, pois se o primeiro
mandato foi de adaptação, o segundo
será de afirmação da pró-
pria federação, até porque primeiro
tínhamos que estruturá-la para em
seguida colocar algumas acções em
frente.
Pontos fracos
Quais foram os vossos pontos fracos?
-Falhamos em dois aspectos, o
primeiro foi a não qualificação aos
Jogos Olímpicos por dificuldades
financeiras e o segundo foi não
conseguirmos resgatar algumas
províncias ao movimento base, mas
há contactos ao nível de algumas
províncias através das respectivas
direcções para a criação de associações
de boxe. Este é, para já, o
nosso propósito para o próximo
mandato à semelhança da necessidade
de captação de novos talentos
para se garantir o futuro do boxe,
uma vez que os pugilistas que estão
neste momento a competir, daqui a
quatro anos já não estarão em altura
de participar nos Jogos Olímpicos.
Mas, convenhamos, que a
outra dificuldade prende-se com as
infra-estruturas, uma vez que a modalidade
não tem campo de jogo, o
que condiciona a realização regular
das competições internas e melhor
prestação além-fronteira. Temos
um bom ringue mas é usado de vez
em quando.
No próximo mandato vamos capitalizar
o marketing de modo a buscar
finanças que possam sustentar
mais projectos, porque o dinheiro
que o Governo nos dá, ainda que
seja bem vindo, não chega para
cobrir 20 ou 30 por cento do que
precisamos para movimentar a
Não fazem nada, não deixam fazer, nem aceitam reformar
“Há pessoas que se julgam donas do boxe
em Moçambique”
$ÀUPD%LJ%HQSUHVLGHQWHGD)0%R[H
3RU3DXOR0XEDOR
modalidade. Continuo a dizer que
quando em casa falta pão todos
ralham, mas ninguém tem razão,
todos choram para o pai, mas este
vezes há em que não tem dinheiro.
Em termos de realizações, claramente
conseguimos cumprir o que
estava planificado, diria até que 70
por cento do nosso manifesto foi
cumprido
Quer dizer que 2016 foi um ano
bom, apesar de ter sido atípico na
esfera económica?
O balanço do ano transacto foi
positivo porque fizemos acima
daquilo que eram as expectativas.
Logramos, em todas as competi-
ções internacionais em que participamos,
trazer medalhas e, hoje,
nos firmamos a nível da África
como uma potência. Estivemos
em competições da Commonwealth
e ficarmos em terceiro lugar
e, obviamente, a nossa bandeira foi
hasteada na terra da Sua Majestade,
o que para nós foi uma honra.
Tratou-se de uma competição protagonizada
por mais de três mil
atletas. Também participamos nos
Jogos do SCASA, Jogos Africanos
e da Zona e em quase todos
saímos medalhados, algo que antes
não acontecia. Sempre fazemos
valorizar o nosso país a despeito
das dificuldades financeiras, mas o
maior problema está relacionado
com as infra-estruturas, pois neste
momento não temos espaço para as
competições.
´$OJXPDVSHVVRDVQmRYDOR- rizam o esforço dos outros”
Como é dirigir uma modalidade
num contexto de crise financeira?
-Bem, a determinada altura cheguei
a pensar que se soubesse que
era para pôr os meus parcos recursos
não me iria candidatar à presidência
da FMBoxe, preferia ficar na
associação da cidade, porque tinha
um parceiro e a cidade de Maputo
era uma coisa simples. Mas sou
homem de desporto e não me sinto
a perder quando apoio o desporto,
mas às vezes é preciso que as pessoas
saibam valorizar. É aí onde dói
quando algumas pessoas não sabem
valorizar o esforço que a pessoa faz.
Tenho tirado algum dinheiro do
parco salário que ganho, que devia
usar para sustentar os meus filhos,
para fechar esta ou aquela lacuna na
própria federação.
Com mais dois candidatos à presidência
da FMBoxe perspectivam-
-se eleições renhidas...
-Antes, queria apelar ao fair play
por parte dos concorrentes e que
os presidentes das associações não
se sintam influenciados. A família
de boxe vive mudando de presidente
e alguns não chegaram ao fim
do mandato por divergências em
ideias com algumas pessoas. Espero
que nesse pleito que se avizinha
cada um use, de forma civilizada, as
armas de que dispõe para convencer
o eleitorado. Claramente que serão
eleições renhidas, mas que vença o
melhor, aquele que vai continuar a
credibilizar a federação. Presentemente
esta instituição goza de uma
boa imagem e algumas pessoas
que nem sequer conheciam o boxe
passaram a conhecê-lo a partir do
momento que eu passei a dirigir a
federação. Como diz um velho adá-
gio popular, em casa onde há fome
todos ralham mas ninguém tem
razão, mas no caso vertente, apenas
uma ala bem identificada, com objectivos
inconfessos é que ralha.
“Há união na família do
ER[Hµ
Fala-se de alegada falta de união na
família do boxe. Confirma?
-Quando numa cidade onde se pratica
o boxe falta união não se pode
generalizar, dizer que a família do
boxe não está unida. Eu articulo
com todos os presidentes das associações
dia e noite e essa alegada
falta de união talvez faz-se na cidade
de Maputo, por razões que mais
tarde vou escalpelizar. Eu não sou
presidente da cidade de Maputo,
sou da FMBoxe, e se os presidentes
das associações me contestassem,
aí, sim, aceitaria que falta união,
mas esse grito vem de Maputo. Lamento
ter de dizer isto: se algumas
pessoas não mudarem de comportamento
e atitude mesmo trocando
sucessivamente os presidentes, os
problemas não vão passar. Infelizmente
há pessoas que acham que
são donas do boxe, e desde que entrei
neste desporto sempre estiveram
lá, e tudo fazem para estar em
todos os mandatos. Algumas dessas
pessoas queriam estar na minha
lista, mas não é possível que todas
façam parte. E há mais: algumas associações
que conhecem quem são
essas pessoas e como agem chegaram
a condicionar o seu voto a não
inclusão destas no meu elenco, daí
a dor do cotovelo.
Insisto, quem são essas pessoas?
-São pessoas que querem estar na
federação, mas também não fazem
nada e nem deixam fazer. O boxe
é desporto de porrada e se há barulho
ninguém vai nos apoiar, porque
vão achar que somos confusos.
Eu fiquei um ano sem dar entrevista
para evitar responder às más
línguas. Sou pacífico e só quero o
bem do boxe. Desde cedo apoiei o
desporto e a minha imagem impoluta,
diga-se, não foi feita no boxe.
Mesmo se não votarem em mim
continuarei no desporto. As pessoas
não podem imaginar coisas, não
podem ser como veteranos da guerra
que não querem estar na reserva.
Se quisessem criar uma associação
de conselheiros dava-lhes nota vinte.
Não querem ser mudados, ora
são treinadores que não querem
ser mudados, querem formar uma
monarquia, e o boxe teria de esperar
até que morressem todos para
haver mudanças.
Está a dizer que há pessoas que se
acham donas do boxe?
-Há indivíduos que pensam que
o boxe é deles, as pessoas que fomentam
isso ficam de fora. Eu quis
ser muito social, reunia com eles
mensalmente para conhecer as suas
preocupações, incluindo na cidade,
mas é engraçado que algumas pessoas
por detrás dos candidatos que
hoje estão a propor dizem outra
coisa quando estão comigo.
Pode-se concluir que o Big Ben é
alvo a abater?
-Bem, só posso dizer que essas pessoas
gostam de manipular tudo e
todos. Algumas dessas pessoas que
me colocaram já estão a cavar a
minha sepultura, estão a cavar por
baixo. Mas há uma coisa que não
deixa de ser uma verdadeira palha-
çada. De tanto procurarem pessoas
para se candidatarem à presidência
da federação, de tanta palhaçada de
procurar pessoas na praça, foram
encontrar o Gabriel Júnior! Isso,
sim, é uma verdadeira palhaçada.
Antes tentaram convencer o Balú,
mas este declinou o convite envenenado,
não aceitou. Repare que essa
campanha começou no princípio
do ano passado, e até queriam que
as eleições tivessem acontecido no
ano passado. É triste o que estamos
a assistir, há quem cria uma academia
e dias depois reclama apoio da
federação. Eu percebo que é fome,
mas é estranho, por exemplo, que
um clube de Maputo reclame à federação
sabendo da existência do
presidente da associação. Eu sou
dono de uma escola de jogadores há
10 anos e nunca fui pedir dinheiro
a quem quer que seja, uso os meus
recursos e o dia que não tiver mais
meios vou fechar, mas aqui reclama
por tudo, o que acaba por influenciar
até os atletas.
A confusão começa em Maputo,
eles tentam, influenciar os do norte.
Há vezes que ligam e dizem que
há uma rubrica que diz no contrato
de programa deve dar dinheiro x às
associações, mas eu mando os contratos-programas
assinados para as
províncias para dissipar equívocos.
A
o longo da conversa deu-me a impressão de que há atletas
que se deixam perder. Confirma?
Em 2014, em Pretória, alguém sabotou a disputa dos lugares
cimeiros por troca de cem dólares. Nós trabalhamos com as pessoas
visadas. Ao nível da zona IV estamos entre os três primeiros
e em femininos somos campeões. Os nossos atletas são influenciados
pelos donos do boxe. Não é possível uma selecção colocar
oito atletas numa final e no fim perderem todos ou ganharem dois.
Deixam-se perder a troco de cem dólares, até cem randes. Vezes
há em que é o próprio treinador que diz que os nossos adversários
vão ganhar três mil randes enquanto nós não vamos ganhar nada
e então deixam-se fragilizar. Há os que a duas horas do início do
combate inventam uma espécie de greve, alegando estarem moralmente
bem por falta de incentivo monetário. Muitas coisas dessas
sabemos nos bastidores. Quando voltamos em 2014 para Pretória,
( tínhamos conseguido o terceiro lugar n Botswana) fomos para lá
(Pretória) e caímos para o quarto lugar. Eu até prometi prémio de
cem dólares por pessoa para quem conseguisse o ouro e 50 dólares
por prata e foi aí que recuperamos o terceiro lugar. Enfim, temos
de estar no mesmo barco, porque no alto mar mesmo aquele que se
acha melhor pode afundar, no boxe deve haver harmonia. A confusão
começa em Maputo, eles tentam influenciar os do norte, até
nos ligam para saber o que se passa. Há vezes que ligam e dizem
que há uma rubrica que diz no contrato de programa que deve dar
dinheiro às associações. Nesses contratos de programa, eu mando
para as provinciais quando assino.
Sabotagem no boxe
Big Ben, o candidato à sua própria
sucessão
Savana 03-03-2017 23 PUBLICIDADE DESPORTO
24 Savana 03-03-2017 CULTURA
O
grupo PALOP-TL, constituído
por Moçambique,
Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, São Tomé
e Príncipe e Timor-Leste comemora
este ano o 25º aniversário do
programa de cooperação regional
com a União Europeia, PALOP-
-TL/EU.
Para contribuir para o reforço da
identidade comum dos PALOP-
-TL, esta celebração incluirá uma
série de actividades de natureza
cultural e académica.
Para marcar o início da celebração,
a Delegação da União Europeia em
Moçambique e o Gabinete do cordenador
Nacional de Moçambique
realizou, no dia 15 de Fevereiro,
na Delegação da União Europeia,
uma conferência de imprensa para
apresentação do programa de comemorações
e lançamento oficial
do Concurso de Curtas-metragens,
que decorre desde 10 de Fevereiro a
26 de Março de 2017.
O concurso pretende reforçar o conhecimento
sobre a diversidade e
semelhanças entre as várias culturas
nacionais, no contexto de uma
história e língua oficial comuns,
proporcionando oportunidades de
formação, Residência Artística, e
promoção de jovens artistas e das
suas narrativas, produção e difusão
das curtas e promovendo a igualdaConcurso
de curta-metragem impulsiona cineastas
de de oportunidades de género.
O concurso tem por objectivo geral
oferecer uma visão das relações
entre as realidades sócio-político-
-culturais dos Estados membros,
contribuindo para o reforço da
identidade comum dos PALOP-
-TL1 através da produção e difusão
de conhecimentos sobre as origens
e os laços comuns actuais entre os
PALOP-TL.
O concurso é composto por um
único eixo programático, a saber:
a selecção de projectos inéditos de
curta-metragem, de jovens realizadores
de Moçambique, Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste,
para participação numa Residência
Artística, em Maputo, com duração
de 10 dias, na qual serão desenvolvidos
os projectos e o planeamento
de produção.
As obras resultantes do concurso
terão teledifusão nos canais públicos
e privados de televisão dos seis
países, assim como nos festivais de
cinema destes países, da restante
comunidade lusófona e de cinema
africano.
Os seis filmes serão tratados como
um pacote programa e poderão vir a
ser compilados em DVD para distribuição
não comercial.
O júri é constituído por João Ribeiro,
cineasta moçambicano de documentário
e ficção, que começou
a carreira no Instituto Nacional de
Cinema, em 1987. Ribeiro especializou-se
em Realização e Produção,
em Cuba e tem vasta experiência no
desenvolvimento de projectos, co-
-produção e produção executiva em
África, Europa e na América Latina.
A sua primeira longa-metragem
“O Último Vôo do Flamingo” teve
estreia comercial em seis países e
recebeu importantes prémios e nomeações.
Foi produtor e realizador
de programas para três canais de
televisão moçambicanos, onde desempenhou
funções de gestão. É
membro fundador de associações
profissionais do sector, director da
Semana de Cinema Africano de
Moçambique e contribui activamente
para a divulgação do cinema
nacional e para a formação de novos
cineastas.
Carla Henriques nasceu em Mo-
çambique e vive em Portugal. É
jornalista, exercendo funções na
RTP-RDP África, estação onde
foi coordenadora de informação
durante 12 anos. Realiza e produz
o programa semanal sobre cinema
nos países de língua portuguesa –
GRANDE PLANO e é curadora e
júri convidada de festivais de cinema
nos PALOP, Brasil e Portugal.
Formada em Ciências da Comunicação
na variante de jornalismo, frequentou
o Mestrado em Relações
Internacionais.
Margarida Cardoso nasceu em Portugal
e viveu a infância em Moçambique,
até 1975. Estudou Imagem
e Comunicação Audiovisual, em
Lisboa e trabalhou vários anos em
França e Portugal como fotógrafa
e assistente de realização. Desde
1995 que desenvolve um trabalho
entre a ficção e o documentário e
a sua primeira longa-metragem
“A Costa dos Murmúrios” estreou
no Festival de Veneza, em 2004.
Afirmou-se com “Natal 71”, “Kuxa
Kanema - O Nascimento do Cinema”,
“A Costa dos Murmúrios” e a
sua última longa-metragem “Yvone
Kane”. Na Universidade Lusófona
de Lisboa é professora de Cinema,
Vídeo e Comunicação Multimédia
e membro do Conselho Académico
do mestrado Docnomads.
Zezé Gamboa nasceu em Luanda e
é considerado uma referência do cinema
angolano. Entre 1974 e 1980
dirigiu os programas noticiários da
Televisão Pública de Angola. Formou-se
como engenheiro de som
em Paris. Trabalhou no cinema, em
Portugal e estreou-se na realização
com a curta-metragem Mopiopio,
um documentário de 1991. Em
2004, realizou o filme O Herói,
apresentado em vários festivais internacionais
onde ganhou diversos
prémios. O seu filme O Grande
Kilapy, de 2012, foi nomeado para
Melhor Filme nos Globos de Ouro
de 2015 e passou por vários festivais
internacionais. A.S
Acto do lançamento do concurso de curta-metragem
O
fotógrafo moçambicano,
Mário Macilau, acaba
de ser seleccionado pela
LensCulture como um
dos vencedores da The LensCulture
Exposure Awards 2017, em
Londres, Inglaterra.
The LensCulture Exposure Awards
é um concurso anual que visa
descobrir e exibir os melhores fotógrafos
contemporâneos do mundo
- incluindo todos os géneros de
fotografia e de diversas culturas em
todos os continentes. Agora, em
sua 8ª edição, a competição vai ajudar
os fotógrafos de todos os níveis
a ganhar reconhecimento global e
avançar criativa e profissionalmente.
O júri internacional seleccionou
seis grandes vencedores, bem como
oito escolhas de jurados, 25 finalistas
e cinco holofotes de estudantes.
Neste contexto, Mário Macilau
foi escolhido pelo corpo de jurado
que se reuniu na semana passada,
em Londres, para apurar de entre
milhares de concorrentes de todo o
mundo que tinham submetido seus
trabalhos a este concurso.
O concurso The LensCulture Exposure
Awards é promovido pela
Lens Culture, uma rede de fotografia
e revista especializada apenas
em fotografia contemporânea na
Mário Macilau distinguido na
LensCulture Awards 2017
arte, mídia, política, comércio e culturas
populares em todo o mundo.
Além da sua rede de revistas e publicações,
a LensCulture tem organizado
anualmente revisões de portfólio
de fotografia em Paris desde
2010, contando com a intervenção
de diversos intelectuais da fotografia
e das outras artes.
Macilau nasceu em Maputo (Mo-
çambique), onde vive e trabalha. É
um artista multidisciplinar, mais
conhecido como fotógrafo, mas por
vezes escreve poesia, pinta, faz ví-
deo arte e instalações. O trabalho
de Macilau tem sido regularmente
apresentado em exposições individuais
e colectivas, tanto em Mo-
çambique como no estrangeiro. Recentemente,
foi um dos três artistas
presentes no Pavilhão do Vaticano
na 56ª Bienal de Veneza (2015),
com trabalhos que também foram
apresentados na Volta NY (2016),
AKA Art Fair em Paris 2016, Johannesburg
Art Fair 2016. A.S
Fotos de Mário Macilau conquistaram o evento
O
escritor Mbate Pedro
participou na 18a
edição das Correntes
d’Escritas, Encontro de
Escritores de Expressão Ibérica,
que decorreu de 21 a 25 de Fevereiro,
na Póvoa de Varzim, em
Portugal.
O autor foi inserido numa mesa
de debate, com os escritores
Afonso Cruz, Marta Bermadez
e João Gobern, cujo tema é “De
um jogo frágil de palavras se faz
a literatura”. Neste evento, onde
serão apresentadas mais de uma
dezena de livros, Mbate Pedro
irá lançar o seu novo livro, Vácuos,
editado pela Cavalo do Mar.
Foram cinco dias dedicados à
promoção do livro, da leitura e
ao encontro com os autores. Diversas
figuras ligadas à literatura
e às artes marcarão presença na
edição das Correntes d’Escritas
deste ano, um evento que conta,
ano após ano, com os principais
nomes da literatura em português.
Assim, mais de 80 escritores de
13 nacionalidades diferentes (incluindo
as estreias de Macau e
da Venezuela) vão participar naquele
que é o mais antigo e mais
importante Encontro de Escritores
em Portugal e que já atingiu
uma notoriedade no mundo
Mbate Pedro nas
Correntes d’Escritas
lusófono, ibérico e não só, como
por exemplo os escritores Ana
Luísa Amaral, Eugénio Lisboa,
Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia,
João de Melo, Manuel Rui,
Michael Kegler, Ondjaki, Válter
Hugo Mãe, etc.
Debates, lançamentos de livros,
teatro, exposições, recitais de
poesia, concertos e uma feira
do livro são outras actividades
que acontecerão ao longo dos
cinco dias desta 18a
edição das
Correntes d’Escritas. Outro dos
momentos marcantes e de elementar
importância é o encontro
dos escritores com alunos de
diferentes escolas.
Como habitualmente, mais uma
edição da revista das Correntes
d’Escritas, a 16a
neste caso, será
lançada durante a cerimónia de
abertura do evento e o homenageado
será o escritor Eugénio
Lisboa. No mesmo encontro
será anunciado o vencedor do
prémio literário Casino da Pó-
voa, no valor de 20 mil euros.
Desde a sua criação, já participaram
nas Correntes d’ Escritas os
escritores moçambicanos, Mia
Couto, Ungulani Ba Ka Khosa,
Paulina Chiziane, Luís Carlos
Patraquim, João Paulo Borges
Coelho, Ascênsio de Freitas e
Guita Júnior. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1208 DE MARÇO DE 2017
2 Savana 03-03-2017 SUPLEMENTO Savana 03-03-2017 3
GLFDVSDUDQLQJXpPGHVFRQÀDUTXHR
seu restaurante foi encerrado pelo INAE
Savana 03-03-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) A
s situações que fazem com que alguns compatriotas e camaradas tenham
o despautério de fazer pronunciamentos generalizados sobre posicionamentos
pessoais em alguns momentos caiem mal no seio dos outros
integrantes.
Talvez os que estão habituados a fazer esse tipo de pronunciamentos, que são
seguidos sem questionar, têm de passar a tomar alguma cautela para não passar
pelo ridículo.
Alguma luz em termos de democracia no seio dos condiscípulos brilhou no fundo
de algumas mentes?
Acreditamos que causou alguma surpresa quando rapidamente apareceu o Secretário
Geral da Frelimo, Eliseu Machava, a dizer que os pronunciamentos de
Eduardo Mulembwe, que diziam que todos os frelimistas estavam juntos com
o actual presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, como candidato para o próximo
mandato como Presidente da República. Era um sentimento pessoal do antigo
presidente da Assembleia da República, o homem que, quando era Procurador
Geral da República, disse, na altura, que iria apresentar a lista de corruptos. Até
hoje aguardamos serenamente.
Esses pronunciamentos, de que Nyusi tinha já garantido um segundo mandato,
causaram algum momento de gargalhada entre alguns membros desta agremia-
ção política. Na cavaqueira escambada nesta primeira imagem vimos que Rosário
Muaria está a zombetear ao que Eneas Comiche diz sobre o comportamento de
Eduardo Mulembwe. O Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José
Pacheco, ainda conseguiu controlar a zombaria.
Controlar a piada não é um acto hábil para todos. Podemos tentar controlar,
mas quando não temos a capacidade não nos contemos. Desatamos a rir de uma
forma descontrolada. Foi o que aconteceu com a deputada Lucília Hama quando
Eduardo Mulembwe passou pela sua frente.
Pelo gesto de Eduardo Mulembwe, os ventos que sopram do norte não soaram
bem desta vez.
As tecnologias também foram usadas para partilhar alguns posicionamentos. O
assunto parece que caiu como uma bomba para alguns. Vejam como o porta-voz
da Frelimo, António Niquice, escuta seriamente o que ouve do seu telemóvel.
Como se soubesse o que estava a ouvir o adido de imprensa da Presidência da
República, Arsénio Henriques. Enquanto ao seu lado, Chakil Abubacar procura
ainda compreender o que está a ocorrer.
Nisso, outras individualidades do partido aproveitaram para dar um chega ao
comportamento do seu camarada. Como se dissessem para ele pensar por todos.
A chefe da bancada da Frelimo na Assembleia da República, Margarida Talapa,
aparenta dizer que dá nisso tomar iniciativas, pensar pelos outros, para a Presidente
da Assembleia da República, Verónica Macamo.
Enquanto uns ridicularizavam-se, houve festa, sábado antepassado, na Escola
Secundária Nelson Mandela, no bairro de Juba, distrito de Boane. Era uma homenagem
merecida feita por amigos do basquete ao capitão Freitas Baloi, pela
passagem do segundo ano após o seu desaparecimento físico. Freitas era um dos
expoentes máximos na dinamização de Basquete recreativo na Matola e Boane.
Pelo segundo ano consecutivo, a taça ficou em casa, ganha pela Mozal Players,
equipa de que Freitas foi um dos fundadores e animadores. Para o ano, há mais...
Não foi infeliz?
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF.BSÎPEFt"/099*7t/o
1208 Diz-se... Diz-se
Naíta Ussene
Uma acção governamental,
denominada “Operação
tronco”, foi levada a cabo
em simultâneo nas províncias
de Cabo Delgado, Nampula,
Zambézia, Tete, Manica e Sofala,
nesta quarta-feira, permitindo o
rastreio de cerca de 700 mil m3
de
madeira ilegal, avaliada em 20 mil
milhões de meticais.
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Rastreados 700 mil m3 de madeira ilegal
Governo desencadeia
operação tronco
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(Redacção)
Operação Tronco visitou também estaleiros de chineses
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Savana 03-03-2016
EVENTOS
1
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EVENTOS
A
Embaixada de Portugal
em Moçambique procedeu,
nesta terça-feira, à
entrega de pelo menos
uma centena e meia de camisetas
aos alunos da Escola Secundária
Estrela Vermelha (ESEV),
localizada na cidade de Maputo.
Esta doação feita pela embaixada
enquadra-se na visita de estado
efectuada pelo Presidente da República
Portuguesa, Marcelo Rebelo
de Sousa a Moçambique, em
Maio passado, onde este escalou
Embaixada de Portugal
apoia Estrela Vermelha
várias instituições, incluindo a
ESEV.
Durante a sua visita àquela instituição
de ensino, Marcelo Rebelo
de Sousa e os alunos tiveram a
oportunidade de trocar várias impressões,
motivo pelo qual o Presidente
ficou encantado e resolveu
oferecer uma lembrança aos
visitados como forma de agradecimento
pela hospitalidade.
Falando na ocasião, após a entrega
simbólica das camisetas, o
director da ESEV, Gilberto Reis,
referiu que esta é uma demonstração
de que entre Moçambique
e Portugal existe uma relação de
irmandade, neste caso por via da
educação. “Este é gesto muito
gratificante, gesto de uma pessoa
por quem nutro muito respeito,
ele prometeu na sua vinda a Mo-
çambique e hoje ele está honrado
com este compromisso”, disse.
Por sua vez, a embaixadora de
Portugal em Moçambique, Maria
Helena Paiva, reiterou a disponibilidade
em apoiar a escola e disse:
“sinto-me muito satisfeita por,
em nome do Presidente, proceder
à entrega das T-Shirts. Penso
que esta é uma relação de parceria
que certamente vai continuar
por muito mais tempo, o que vai
para permitir que os alunos desta
escola possam levar a bom termo
os seus estudos, vamos continuar
apoiando”.
Refira-se que, desde 2016, os
alunos desta escola têm estado a
trabalhar com os seus homólogos
da escola Portuguesa na área
de bibliotecas escolares, onde estes
primeiros possam aprender e
colher a experiência dos outros.
O alunos serão formados como
bons gestores de biblioteca, uma
vez que o ensino é centrado no
estudante”, disse Reis.
A Escola tem estado a implementar
outros projectos com
vista à melhoria da qualidade de
ensino através do apetrechamento
das bibliotecas, para que os
alunos possam ser eles a fazer um
trabalho independente mesmo na
ausência do professor.
Savana 03-03-2017 EVENTOS
2
O
Grupo Odebrecht foi autorizado
pelo Ministério
Público Federal do Brasil
a celebrar e renovar contratos
com instituições públicas e
privadas, na sequência da implementação
do seu compromisso
com a ética, integridade e transparência,
em todos os seus negócios.
A Odebrecht tem vindo a implementar
todos os mecanismos de
controlo interno e externo para
prevenir e mitigar a probabilidade
de ocorrência de quaisquer desvios,
começando pelo rígido Programa
de Compliance aplicável a todos
os negócios do Grupo, em todos os
países onde está presente.
Com efeito, o Ministério Público
Federal do Brasil tem emitido,
através de certidões, declarações a
terceiros sobre os compromissos
que a Odebrecht assume perante a
Justiça do Brasil, dos Estados Unidos
e da Suíça.
Dentre estes compromissos, destacam-se
o de adoptar as melhores
práticas de Integridade, Ética
e Transparência e o de sujeitar-se
ao monitoramento independente
relativo a tais práticas.
Alguns dos destinatários dos cerOdebrecht
autorizada
a celebrar contrato
tificados emitidos são: o Banco
Nacional de Desenvolvimento
Económico e Social – BNDES,
a Petrobrás e o Tribunal de Contas
da União (TCU) e é resultado
do Acordo de Leniência firmado
entre a Odebrecht e o Ministério
Público Federal, já devidamente
homologado pela 5ª Câmara de
Coordenação e Revisão do órgão.
Ficam assim criadas as condições
para a retomada do curso normal
das relações empresariais, nomeadamente
a celebração e a renovação
de contratos da Odebrecht
com terceiros, incluindo institui-
ções financeiras públicas e privadas,
e clientes, também públicos e
privados, actuais ou em prospecção.
Em paralelo, a Odebrecht no Panamá,
responsável pela construção
da linha dois do metro daquele
País, em parceria com a empresa
espanhola FCC, num Projecto de
dois biliões de dólares norte-americanos,
apresentou a documentação
necessária aos bancos internacionais
para o financiamento de
1,8 bilião de dólares do Projecto.
Estes recursos vão financiar a conclusão
das obras do metro do Panamá,
que se encontra em cerca de
33 por cento de progresso físico.
O
Banco Comercial
e de Investimentos
(BCI) e a Escola
Portuguesa de
Moçambique_ Centro de
Ensino e Língua Portuguesa
(EPM_CELP), procederam,
nesta segunda-feira,
na cidade de Maputo, à
assinatura do Protocolo
de Cooperação para Fornecimento
e Utilização de
Cartão Multifuncional que
beneficiará a comunidade
da EPM-CELP.
De acordo com o Presidente
da Comissão Executiva
do BCI, Paulo Sousa, “este
Cartão EPM, inovador e
diferenciador no mercado
moçambicano, distingue-se
pela versatilidade, uma vez
que incorpora quatro valências
distintas: Identificação
do seu titular (foto e dados
Escola Portuguesa com cartão
inovador e diferenciador
adicionais); controlo de acessos
às instalações da Escola; função
bancária, valência que integra o
pagamento de compras, mensalidades
e matrículas exclusivamente
em POS do BCI, instalados
e parametrizados para os
devidos efeitos nas instalações
da Escola; e Controlo da requisição
de livros na biblioteca”. O
PCE indicou ainda que o cartão,
entretanto já lançado em Novembro,
“teve uma forte adop-
ção e aceitação no universo de
Encarregados de Educação, Colaboradores
e Alunos da EPM,
um facto duplamente positivo
para estes últimos, uma vez que
inicia-os nos serviços financeiros
e cria-lhes, simultaneamente,
hábitos de poupança”.
Por sua vez, a Directora da Escola
Portuguesa, Dina Maria
Trigo de Mira, considera que,
para além de permitir o acesso
à escola e assegurar a identifica-
ção dos alunos, dos encarregados
de educação, dos
professores, do pessoal não
docente e dos pais, “o cartão
permite a substituição da
circulação de dinheiro dentro
do recinto nos diversos
serviços que a escola tem
e cria alguma responsabilidade
nos encarregados de
educação e nos alunos na
forma de gerir este meio e
no acompanhamento dos
alunos”.
Refira-se que a EPM é um
estabelecimento público de
educação e ensino do sistema
educativo português,
que se inscreve numa política
de cooperação entre
o Governo Português e o
Moçambicano. Conta com
cerca de 1500 alunos, desde
o pré-escolar até ao 12º ano
de escolaridade.
J
á se passaram 20 anos desde
que a agência de publicidade
Ogilvy Moçambique abriu as
suas portas pela primeira vez.
Como parte de uma rede multinacional
de agências, que é a Ogilvy
& Mather, a filial Moçambicana
segue o legado deixado por uma
das personalidades mais marcantes
do marketing em todo o mundo,
David Ogilvy. A agência comemorou
o seu vigésimo aniversário
num evento realizado na última
quinta-feira, nas suas instalações e
em “família”, ou seja, maioritariamente
com os seus clientes e com
a visita do seu fundador, João dos
Santos, e da direcção da Ogilvy em
África.
Este aniversário coincide com uma
altura em que a agência consolida e
reforça a sua área de estratégia 360º
e digital, através de uma parceria
estratégica com a Ogilvy África do
Sul. Um novo desafio que promete
trazer para o mercado uma oferta
integrada de soluções digitais, que
permitirão alavancar as marcas
de forma inovadora e permitindo
também à agência, chegar a novas
audiências com o suporte de uma
Ogilvy comemora
20º aniversário em
Moçambique
equipa alargada de excelentes profissionais.
A 2M, a Castle Lite e a
Coca-Cola são algumas das marcas
que já fazem parte do portfólio de
marcas que trabalham a sua área
digital integrada numa estratégia
de comunicação 360º, com a Ogilvy
Moçambique.
Passadas duas décadas, a Ogilvy
Moçambique traz consigo uma
história de crescimento, inovação
e conquistas que fazem da agência
uma referência no mercado
nacional e na network mundial
reafirmando o seu posicionamento
enquanto a agência mais local das
internacionais e a mais internacional
das locais estabelecida em Mo-
çambique.
Com uma equipa jovem mas de
excelência, a agência tem no seu
leque de clientes grandes marcas
com algumas das quais tem relacionamentos
de mais de 15 anos.
Mais conhecida no mercado por
sempre ter sido a agência da marca
2M, a Ogilvy Moçambique tem
um portfólio rico e diversificado do
qual fazem também marcas como a
Manica, a Impala, a Castle Lite, a
Coca-Cola, a Fanta, a Milo, a Ricoffy,
entre muitas outras.
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5(''
Repetição às 12 horas aos sábados e às 21 horas aos domingos
Savana 03-03-2016
EVENTOS
3
A
Actis, fundo de private
equity internacional focado
em mercados emergentes,
anunciou, recentemente,
um investimento imobiliário de
96 milhões de dólares americanos
na construção de um centro
comercial na cidade de Maputo.
O BAÍA MALL está em construção
na Av. Marginal e contará
com uma área total de 30.000
m2, um hotel, mais de 100 lojas,
restaurantes, área de serviços e
mais de 900 lugares de estacionamento,
um projecto que criará
mais de 2.500 postos de trabalho.
A Actis conta com um portfólio
de investimentos com mais de
200 projectos em 44 países, espalhados
pelo mundo, num total de
9 mil milhões de dólares de capital
investido. Desde 2004 a Actis
investiu no desenvolvimento de
11 projectos imobiliários em sete
países da África Subsariana. Por
outro lado, a Actis tem uma vasta
experiência no desenvolvimento
de espaços comerciais em África
como é exemplo o The Junction
Shopping Mall em Nairobi. Em
2006, o fundo investiu na construção
do primeiro centro comercial
da Nigéria o The Palms
que foi precedido, em 2008, pela
construção do mais moderno
espaço comercial e de lazer do
Gana o Accra Mall. Já em 2012
a Actis investiu na construção do
maior espaço comercial do Qué-
BAÍA MALL vai custar 96 milhões de dólares
nia o Garden City.
O BAÍA MALL será o primeiro
investimento da Actis em Mo-
çambique. Para Louis Deppe,
Partner da Actis East Africa
Real Estate, “há muito tempo
que olhamos para Moçambique
como um mercado estratégico
à procura de boas oportunidades
de investimento, uma vez
que acreditamos no potencial de
crescimento económico do país.
O BAÍA MALL representa um
projecto de grande escala e nível
internacional que vem dar resposta
às necessidades do mercado.
Contamos muito brevemente
anunciar novos investimentos
em Moçambique.”
Os investimentos da Actis em
Moçambique estão a ser desenvolvidos
em parceria estratégia
com a Source Capital, boutique
de private equity que opera em
Moçambique.
O BAÍA MALL é um projecto
promovido pela ATCM (Automóvel
& Touring Clube de Mo-
çambique) com a Actis (empresa
de private equity) e a RPP Developments
(empresa de referência
em desenvolvimento imobiliá-
rio).
O centro comercial contará com
marcas de retalho de referência
como o Super Spar, o Game e
o Woolworths. Estão em curso
negociações com grandes marcas
nacionais e internacionais que
pretendem entrar no mercado
moçambicano. Neste momento,
mais de 50% dos espaços comerciais
já estão alugados num processo
que está a ser gerido por
empresas de referência na mediação
imobiliária como a Foundation
Capital, a Broll e a JLL.
Os trabalhos de construção do
centro comercial já estão em curso,
envolvendo actualmente mais
de 600 trabalhadores, a inauguração
está prevista para o final de
2017.
Quarta edição do
curso de mestrado
Tutoreado conjuntamente pela ESAEN e ISEG
A
Universidade Politécnica,
através da Escola
Superior de Altos Estudo
e Negócios-ESAEN
em parceria com o Instituto
Superior de Economia e Gestão
da Universidade de Lisboa-
-ISEG realizam, a 10 de Março,
a abertura da 4ª edição do Curso
de Mestrado em Contabilidade,
Fiscalidade e Finanças Empresariais.
Esta formação contará com a
participação de 25 estudantes
previamente seleccionados e terá
a duração de 507 horas, sendo
336 horas de aulas presenciais e
as restantes 171 de disponibiliza-
ção de apoio tutorial através do
ensino à distância aos estudantes.
A 4ª edição do Mestrado em
Contabilidade, Fiscalidade e Finanças
Empresariais terá lugar
na cidade de Maputo, na Escola
Superior de Altos Estudos e
Negócios-ESAEN, uma unidade
da Universidade Politécnica. Este
curso observará dispositivos previstos
na legislação moçambicana
para os cursos de Pós-Graduação.
O ISEG será o responsável pela
coordenação científica e pedagó-
gica deste mestrado, sendo que
as aulas serão ministradas por
docentes das duas instituições de
ensino superior.
Importa referir que a realização
deste curso surge como resultado
do protocolo assinado entre
a Universidade Politécnica e a
ISEG a 18 de Abril de 2013, com
o objectivo de promover o intercâmbio
e a cooperação técnico-
-didáctico-científico e cultural,
bem como o estabelecimento de
mecanismos para a sua realização
entre as duas instituições de ensino
superior.
Savana 03-03-2017 EVENTOS
4
A
Suécia e o Ipas iniciaram,
em Dezembro de
2016, uma colabora-
ção que visa expandir
o acesso das mulheres e raparigas
aos serviços abrangentes de
aborto seguro e contracepção
em Moçambique, no âmbito da
implementação da Lei de Acesso
ao Aborto Seguro aprovada
pelo Parlamento em 2014. O
programa vai trabalhar no sentido
de aumentar o conhecimento,
as oportunidades e a capacidade
das mulheres e raparigas para
que tomem decisões informadas
e seguras em relação ao aborto,
cuidados e meios contraceptivos.
O Ipas é uma organização internacional
sem fins lucrativos que
trabalha para aumentar a capacidade
das mulheres de exercer
os seus direitos sexuais e reprodutivos
e reduzir a mortalidade
materna causada por abortos
inseguros. Em Moçambique,
o Ipas trabalha em estreita colaboração
com o Ministério da
Saúde (MISAU) e é membro
do Grupo Técnico do Aborto
no MISAU, contribuindo para
o desenvolvimento do regulamento
e das normas e directrizes
para a prestação de serviços
Suécia apoia aborto seguro em Moçambique
abrangentes de aborto.
Segundo dados estimados pelo
Ministério da Saúde, cerca de
11% da mortalidade materna é
devido ao aborto inseguro e à
natureza clandestina desta actividade.
Actualmente, os serviços
de prestação do aborto
seguro estão disponíveis apenas
nas províncias urbanas do sul
do país. O presente programa
focalizar-se-á nas províncias de
Nampula e Zambézia, onde há
pouco ou nenhum serviço de
prestação de abortos e alguns
dos piores indicadores de saúde
sexual e reprodutiva.
No âmbito deste programa, será
realizado um esforço significativo
para garantir que as partes
interessadas do sistema de saú-
de sejam sensibilizadas, estejam
comprometidas e possuam conhecimentos
e habilidades necessárias
para prestar serviços de
aborto acessíveis e de boa qualidade.
Os serviços abrangentes de
prestação do aborto seguro -
incluindo o aborto seguro induzido,
tratamento de complicações
resultantes do aborto,
contracepção pós-aborto e tratamento
da dor - e os serviços
de anticoncepcionais (dirigidos
também para os adolescentes)
são necessários porque permitem
que mulheres e raparigas
tenham a capacidade de decidir
sobre a sua própria reprodução,
que é um precursor necessário
da sua habilidade de participar
plenamente na sociedade, inclusive
frequentar a escola, ter
acesso a um emprego digno e
participar activamente na esfera
política.
“A saúde e direitos sexuais e reprodutivos
são direitos humanos
fundamentais para a consecução
da igualdade de género, redução
da pobreza e desenvolvimento
sustentável. Este apoio é uma
parte fundamental da política
externa feminista da Suécia.” –
Irina Schoulgin Nyoni, Embaixadora
da Suécia em Moçambique
Este programa terá a duração de
três anos (Dezembro 2016- Dezembro
2019) e conta com uma
contribuição sueca de aproximadamente
USD 5 milhões de
dólares norte-americanos.
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos
e feriados /18h30
“Pátria de Esperança”
Xima Bar
Todas Sextas e Sábados, 21h
Musica ao Vivo & Banda
Xitende
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dançante
com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música internacional com
Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante / California
Todas Quintas, 18h
KARAOKE & mais surpresas
Ferrov. Baixa
Sexta, 03/03 20h
C4Pedro & mais surpresas
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