Moscou:
Na véspera, numa reunião dos ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Alemanha, as partes concordaram que o importante hoje é parar o conflito armado no sudeste da Ucrânia. Washington tem uma visão diferente. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, continua a afirmar que Kiev tem o direito de usar a força.
Kiev e Donbass devem procurar desenvolver acordos mutuamente aceitáveis, acredita Moscou. Ao mesmo tempo, o Ocidente deveria incentivar esse diálogo em vez de apoiar cegamente tudo o que o partido da guerra em Kiev faz, fechando os olhos para violações flagrantes dos direitos humanos, ilegalidade descarada e crimes de guerra.
Não existe alternativa aos acordos de Minsk, estão convencidos o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Infelizmente, palavras reforçadas por assinaturas em papel nem sempre são concretizadas na prática, frisa o presidente do Instituto de Estratégia Nacional, Mikhail Remizov:
“Os acordos de Minsk, embora permaneçam uma fórmula para diplomatas, não definem a lógica e a motivação das partes em conflito, especialmente de Kiev. Por isso, a retomada da ofensiva por Kiev é uma questão de tempo. A Rússia considera isso inaceitável, e o Ocidente está tentando pressionar a Rússia para que essa futura ofensiva de Kiev seja mais bem sucedida do que as anteriores”.
Neste contexto, chama atenção a declaração do vice-presidente dos EUA, Joe Biden. Na véspera da sua visita à Ucrânia (em 20-21 de novembro), ele frisou a necessidade de cumprimento dos acordos de Minsk por todas as partes, mas ao mesmo tempo destacou o direito de Kiev de usar força para autodefesa.
Sem dúvida, todos têm esse direito, ele está prescrito na Carta das Nações Unidas. Mas neste contexto isso soa não apenas provocante: Washington está indicando diretamente que apoiará Kiev em suas intenções agressivas. E o fato de que Kiev tem uma atitude beligerante já não suscita dúvidas nenhumas após a última entrevista do presidente da Ucrânia Piotr Poroshenko ao jornal alemão Bild. “A Ucrânia está preparada para a guerra!”, afirmou ele. No entanto, ele notou que o apoio do Ocidente será necessário ao país.
A julgar pelas declarações de Biden, Kiev receberá esse apoio. Pelo menos político e financeiro: na véspera da sua visita, Biden informou que iria falar de ajuda econômica adicional para a Ucrânia. Ajuda militar não foi anunciada. Mas, como se costuma dizer, quando há dinheiro, há possibilidade.
Na quarta-feira (19 de novembro), o serviço de imprensa do Ministério da Defesa da Ucrânia informou a mídia de que unidades do exército ucraniano que estão operando no leste do país irão receber poderosos sistemas de artilharia 2S7 Pion.
Para que poderão ser precisos obuses de 203 milímetros, capazes de disparar mísseis com ogivas nucleares, numa zona de trégua, de onde, pelo contrário, é preciso retirar armamentos, não se relata. Mas parece que esta questão foi acordada com o Ocidente, uma vez que apenas à Rússia ocorre levantá-la.
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