quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sucessão de Guebuza paira no X congresso

MESMO SEM SE FALAR ABERTAMENTE DO ASSUNTO

O lobby maconde da Frelimo, liderado pelo general Alberto Chipande, a quem se atribui o primeiro tiro disparado na luta contra o colonialismo português, tem dado indicações de que gostaria de ver na Ponta Vermelha o ministro da Defesa, Filipe Nyusi, um engenheiro mecânico de 53 anos, oriundo daquela etnia do Norte do país

LUIS ANDRADE DE SÁ *
O assunto está fora da agenda, mas é a sucessão de Armando Guebuza na Presidência de Moçambique que vai dominar o X Congresso da Frelimo que no domingo arranca em Pemba, no Norte do país.
O candidato da Frelimo às eleições de 2014 sairá de uma decisão posterior do comité central, órgão que será eleito neste congresso e que voltará a ser dirigido por Armando Guebuza, mas a reunião magna do partido no poder desde a independência de Moçambique, em 1975, poderá clarificar as várias posições.
Tudo indica que o candidato da Frelimo, seja ele quem for, será o próximo Presidente da República, saído das eleições de 2014, as quais a Renamo ameaça não disputar e que encontram o MDM, terceiro partido da oposição, ainda sem grande implementação fora do Centro do país, onde domina as cidades da Beira e Quelimane.
O interesse quase que reside em saber quem será o candidato da Frelimo que sucederá ao sexagenário Armando Guebuza (69 anos), impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato
Presidenciáveis
Nos círculos presidenciais, tem surgido com insistência o nome do Primeiro-ministro, Aires Ali, um discreto muçulmano que foi governador de Inhambane e ministro da Educação no último Governo de Joaquim Chissano.
Ali, de 56 anos de idade, tem mantido uma boa imagem junto dos diversos sectores, mesmo da oposição, e sabido gerir presenças pontuais em grandes eventos, como nas missas em estádios organizadas pela IURD ou na recente vitória da selecção de futebol de Moçambique sobre Marrocos.
Já o lobby maconde da Frelimo, liderado pelo general Alberto Chipande, a quem se atribui o primeiro tiro disparado na luta contra o colonialismo português, tem dado indicações de que gostaria de ver na Ponta Vermelha o ministro da Defesa, Filipe Nyusi, um engenheiro mecânico de 53 anos, oriundo daquela etnia do Norte do país (sff ver jornal Correio da manhã, edição N.° 3861, de 6 de Julho de 2012, págs. 1 e 2).
Mais fortes, os homens de Chissano ensaiaram recentemente a hipótese de Luísa Diogo, 54 anos, antiga primeira-ministra e que, com Guebuza, passou da lista das 100 mulheres mais influentes do mundo, organizada pela revista Time, para o quase eclipse político.
Outros candidatos que têm sido aventados são a actual primeira-dama, Maria da Luz Guebuza, que passou os últimos meses em presidências abertas e em viagens oficiais ao exterior, as quais, cobertas pela comunicação social como se fosse uma dirigente eleita, lhe deram grande visibilidade, o próprio Chipande e Graça Machel, a actual mulher de Nelson Mandela e viúva de Samora.
No entanto, nenhum destes presumíveis candidatos se chegou à frente, porque, apesar de pertencer ao campo social-democrata da Internacional Socialista, na Frelimo permanece a “memória leninista” do passado que impede candidaturas extemporâneas e à revelia dos órgãos centrais.

* da Agência LUSA
CORREIO DA MANHÃ – 20.09.2012