Sente que o Conselho de Estado é um órgão moribundo?
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Não há vontade política para que este órgão funcione, de facto. Há quem
pense que eu quero que se reúna o Conselho de Estado (CE). Negativo.
Quanto mais tempo livre me dão, melhor para mim, de forma a ocupar-me de
outras coisas, e se calhar, ate mais importantes para o Pais. Outros
pensam que o membro do CE ganha 50 mil meticais, o que não é verdade,
pois, nem um cêntimo de dólar recebem para fazer cantar um cego. Há que
se respeitar o preceituado na Lei-Mãe. A tragédia de Malhazine e o crime
violento que tomou conta do País, são motivos suficientes para se
convocar o CE. O actual Chefe de Estado é prepotente e arrogante. Se
quisesse ver o País a andar, havia de ouvir aqueles velhos que perfazem o
CE. Mas ele se intitula sabichão e omnisciente. Como sabe, nós só
reunimos uma única vez, para tratarmos da questão do regimento interno,
cartão de identificação, e de lá a esta parte, não sabemos o que se
passa com o CE. Ele diz que Moçambique está a mudar. Sim, está a mudar,
mas para o abismo. Moçambique está a regredir em termos de democracia.
Tirando a questão da sua saúde, vozes há que dizem que Dr. Aloni está a ser isolado no seu partido...
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Não é verdade. Na Renamo há democracia. Sou membro do Conselho
Nacional, e lá digo aquilo que penso e ninguém me trava a palavra.
Igualmente, estou no governo sombra, onde ocupo a pasta de ministro da
Indústria e Comércio. Tenho liberdade de pensar e dizer o que eu quiser
na Renamo. Portanto, não estou isolado.
Fala-se na figura de David Aloni ou Davis Simango como os prováveis sucessores de Afonso Dhlakama. Pensa em candidatar-se?
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Recuso-me a ocupar esse lugar, porque a idade já não me permite correr.
Deixo este tipo de cargos para jovens, porque a vida deste País está
nas mãos da juventude.
Acha que a liderança de Afonso Dhlakama chegou ao fim?
-Recuso-me a responder a essa pergunta.
Na
qualidade de ministro “sombra” da Indústria e Comércio, qual é o
comentário que faz em torno da integração económica na Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral?
- É
sobejamente visível que vamos ser engolidos, até porque já o estamos.
Houve uma precipitação em se querer meter neste processo, sem fazer um
sério trabalho de casa. Em que sector vamos ser competitivos, se não se
produz nada competitivo? Faliram os sectores têxteis e do caju, onde
havia sinais de nos impormos na região. É claro que se a Renamo
governasse, tudo faria para revitalizar estes sectores. Podíamos criar
formas de actualizar, em formação e capacitação, o exército de
trabalhadores que tanto produziu quando estava no activo. Podíamos criar
formas competitivas de produção de batata como as produzidas em Moamba e
em Angónia. São saídas viáveis...
*(nelo_mz@yahoo.com.br)