Organização militar
A primeira tarefa militar da Frelimo foi treinar o núcleo do seu futuro exército. Em 1963, os primeiros cinquenta quadros moçambicanos iniciaram o treino na Argélia, país onde se encontravam já grupos de angolanos e guineenses. A estes cinquenta seguiram-se mais sessenta.
A segunda tarefa foi encontrar um país vizinho de Moçambique que servisse de base à guerrilha. A Tanzânia foi esse país, tendo a Frelimo instalado o seu primeiro acampamento perto da aldeia de Bagamoyo.
Em Maio de 1964, começaram a entrar armas e munições em Moçambique, destinadas à luta armada.
Os primeiros guerrilheiros entraram em 15 de Agosto de 1964 em Moçambique, vindos da base de Mtwara, para se internarem nas matas de Cabo Delgado. Estavam organizados em três grupos, um comandado por Alberto Chipande, para actuar nas regiões de Macomia e na direcção de Porto Amélia (Pemba), outro por Raimundo, para a região de Mueda, e o terceiro, sob o comando de António Saide, destinado à região algodoeira de Montepuez. Estes grupos encontraram situação difícil no terreno, pois a morte do padre Daniel, da missão de Nangololo, que a Frelimo atribuiu a guerrilheiros da Manu e da Undenamo, provocou a reacção das forças portuguesas, e os assaltos que esses guerrilheiros fizeram a cantinas de indianos levaram a que a presença desses três grupos fosse denunciada. Face a essa situação, apenas o grupo de Raimundo obteve sucesso na região de Mueda.
Para contrariar a imagem de banditismo e credibilizar a sua acção, a Frelimo decidiu lançar a ofensiva que marcou o início da guerra em Moçambique, em 25 de Setembro.
Segundo fontes da própria Frelimo, em 25 de Setembro de 1964 o movimento dispunha apenas de duzentos e cinquenta homens armados e equipados.
Em 1965, foram organizadas as primeiras companhias que, em 1966, se transformaram em batalhões.
Em 1967, a Frelimo reivindicou a existência de oito mil homens treinados e equipados na sua organização militar. Por sua vez, as forças portuguesas consideravam os seguintes efectivos de guerrilheiros:
- Cabo Delgado 3500
- Niassa 1000
- Tete (1973) 2000
Total 6500
A estes guerrilheiros poderão ser adicionados entre mil e quinhentos a dois mil milicianos armados, o que perfaz o efectivo de oito mil a oito mil e quinhentos homens apresentado pela Frelimo.
Em 1966, as forças militares da Frelimo foram reorganizadas, sendo criado um quartel-general sob a designação de Conselho Nacional de Comando, cujo chefe era o secretário do Departamento de Defesa do Comité Central. Esse quartel-general tinha as seguintes secções:
- operações;
- recrutamento, treino e formação;
- logística (abastecimentos);
- reconhecimento;
- informações e publicações militares (editava o jornal policopiado 25 de Setembro);
- administração;
- finanças;
- saúde;
- comissariado político;
- pessoal;
- segurança militar.
As secções do Departamento de Defesa (DD) encontravam-se divididas em dois escalões, um em Nashingwea e outro em Dar-es-Salam, e existiam ainda as delegações do DD, que actuavam como «antenas» em localidades onde se tornava necessário accionar os assuntos.
As estruturas militares e político-administrativas tinham uma quadrícula de implantação no terreno sobreposta, havendo domínio da estrutura militar, como se pode ver no organograma da estrutura da Frelimo. Na estrutura provincial do exército, os comandantes acumulavam com as funções de chefes provinciais e provinciais adjuntos, e existiam ainda um comissário político e um chefe operacional.
Altos comandos militares da Frelimo em 1973:
- presidente da Frelimo e chefe do Departamento de Defesa - Samora Machel;
- chefe nacional de Operações - Marcos Sebastião Mabote;
- secretário político nacional - Roberto Rafael Bobo.
A organização militar da Frelimo abrangia três níveis fundamentais: estado-maior; bases e acampamentos; unidades e grupos. As bases eram constituídas pelas casas dos chefes, onde por vezes se guardava o armamento, com uma a três casernas, armazém de alimentos, depósitos de material, cozinha, posto de socorros e prisão.
A segurança imediata das bases era garantida pela polícia da base, auxiliada pelas milícias, e a segurança afastada garantida pelas populações. As bases localizavam-se normalmente junto a cursos de água, em locais abrigados das vistas terrestres e aéreas. Os efectivos eram muito variáveis dependendo dos grupos e unidades que nelas estivessem instalados.
As bases da Frelimo estavam organizadas e hierarquizadas, segundo a sua importância e função, em:
- Bases centrais ou provinciais - uma por província (distrito na divisão portuguesa), com direcção provincial e comando operacional;
- Bases subprovinciais - serviam para instalar o comando militar das regiões militares;
- Bases gerais com efectivos apreciáveis, geralmente um batalhão;
- Bases de segurança com pequenos efectivos, instaladas junto de acampamentos de população controlada.
Dependiam das bases gerais. O seu efectivo podia variar de quatro a trinta elementos;
- Bases operacionais( ou simplesmente bases) com efectivos variáveis, cuja missão era servir exclusivamente de ponto de apoio para acções militares. As bases operacionais eram típicas da organização da Frelimo em Cabo Delgado e tinham as mesmas funções que as bases gerais típicas no Niassa;
- Bases de instrução situadas no interior de Moçambique, destinavam-se a instruir os elementos não especialistas e não destinados a quadros, que recebiam treino no estrangeiro;
- Bases logísticas - divididas em depósitos e hospitais.
As bases eram constituídas por um comando e estado-maior, dispondo de um grupo de comando, que assegurava as comunicações, vigilância, defesa antiaérea, acções de sapadores, reconhecimento e administração, e por um número variável de unidades ou grupos de guerrilheiros. As companhias passaram a fazer parte da organização da Frelimo em 1965, e os batalhões em 1966.
Em Cabo Delgado, a Frelimo tinha uma base provincial, Base Moçambique, com o efectivo de cento e oitenta homens, uma sub-base provincial, na serra do Mapé, uma base de artilharia, Base ou Batalhão Gungunhana, e as seguintes bases operacionais: Angola, António Enes, Gaza, Inhambane, Limpopo, Lúrio, Manica, Maputo-Macomia, Marrupa, Nampula e Beira. Dispunha ainda de um hospital central (Base Zambézia) e instalou um cemitério dos combatentes na zona de Mueda.
Após a Operação Nó Górdio, os órgãos políticos, militares e administrativos da Frelimo que haviam sido destruídos ou transferidos do núcleo central do Planalto durante a operação reinstalaram-se na quase totalidade nas mesmas regiões. Foram restabelecidas as bases Limpopo, Beira e Namunda, as bases Moçambique, Gungunhana e Nampula, e o sector da serra do Mapé-Macomia-Chai-sul do rio Messalo foi reforçado com o Dispositivo de Avanço para Sul, constituído pelas bases Manica e António Enes, esta com a missão de executar acções sobre a estrada Montepuez-Porto Amélia.
No Niassa, a organização militar da Frelimo estava dividia em três sectores - ocidental, oriental e sul - e, no final dos anos 1960, os seus efectivos eram os seguintes:
- Niassa ocidental 350 a 450
- Niassa sul 150 a 200
- Niassa oriental 300 a 350
Total 800 a 1000
No Niassa, o dispositivo militar da Frelimo era coordenado pela base provinciaI Gungunhana e dispunha das seguintes bases operacionais: Mepotxe, Meponda, Maniamba (depósito de material), Unango, Tete, Beira, Catur e Liconhir (base de segurança).
Em Tete, a Frelimo estruturou a sua organização militar em quatro sectores, com o seguinte dispositivo:
- Primeiro sector - a norte do rio Zambeze e a oeste do rio Capoche, dispondo de dois destacamentos no Zamboé e no Zumbo;
- Segundo sector - a este do rio Capoche e a noroeste da estrada Tete-Zobué;
- Terceiro sector - a sul do rio Zambeze;
- Quarto sector - circunscrições de Moatize de Mutarara.
A Frelimo organizou ainda a Quinta Frente, ou Frente de Manica e Sofala, enquanto a organização político-militar não justificou a criação de novo sector.
Nos distritos (províncias na designação da Frelimo) da Beira e de Vila Pery, a organização baseava-se em "focos", em número de sete, em 1973.
No início de 1974, o movimento preparava-se para abrir a frente da Zambézia.
O trânsito entre as bases e o exterior do território processava-se através de linhas de infiltração, que se mantiveram relativamente estáveis ao longo de toda a guerra.
As forças portuguesas procuravam impedir o trânsito de guerrilheiros, através de emboscadas e bombardeamentos, e estes tentavam passar por pontos diferentes e de forma dispersa.
O primeiro campo de treino da Frelimo na Tanzânia foi o de Bagamoyo.
Eduardo Mondlane descreve assim o seu início: «Há uma certa ironia histórica na localização do nosso primeiro acampamento, perto da aldeia de Bagamoyo, porque o nome Bagamoyo significa «coração despedaçado», quando esta aldeia era um dos principais pontos de partida para os portos esclavagistas da costa oriental de África». Neste campo era ministrada a primeira fase da instrução com a duração de um a três meses. Em 1966/67, foi transferido para Mpitimbi, ou New Camp.
Nashingwea foi o principal campo de treino da Frelimo, onde estiveram estacionados instrutores chineses, e tinha a possibilidade de ministrar preparação a seiscentos homens por ano.
Depois de receberem instrução, as unidades eram constituídas em campos de reunião, dos quais os mais importantes eram os de M'Bamba Bay, para a infiltração de unidades destinadas ao Niassa e que dispunha de botes de borracha, o de Mbeya, para a infiltração no Niassa, Zambézia e Tete, o de Mtwara, grande base da Frelimo, onde se realizavam exercícios conjuntos com o exército da Tanzânia, o de Nashingwea, onde a Frelimo dispunha de um batalhão (quinhentos homens), que funcionava como reserva do Departamento de Defesa e era constituído por pessoal em recuperação; e o de Songea, para formação e reunião de unidades destinadas ao Niassa ocidental.
As acções da Frelimo directamente contra as forças militares portuguesas aumentaram constantemente desde 1964, levando o comando português a comentar que a situação «revelava progressivo aumento do estado de aliciamento e do grau de apoio conferido pelas populações nas áreas da subversão violenta».
Em 1966, a Frelimo realizou 1174 acções, exercendo o seu esforço militar no Niassa, com 59 por cento das acções, das quais 71 por cento foram de fogo e 28 por cento de emprego de minas.
Em 1967, o esforço exerceu-se já em Cabo Delgado/Mueda, onde o movimento realizou 54 por cento das 1304 acções levadas a efeito durante o ano. Destas, 49 por cento foram de fogo e 45 por cento de emprego de minas. Mas em Cabo Delgado, com 696 acções, a implantação de 332 minas superou as acções de fogo, aspecto que caracterizou a guerra nessa zona.
Nas acções de fogo, a Frelimo, nomeadamente nas emboscadas, empregou, a partir de 1967, efectivos cada vez maiores, chegando a utilizar, em Cabo Delgado, grupos de sessenta a cem elementos.
As forças do movimento colocavam usualmente várias minas no mesmo itinerário, em troços entre mil a cinco mil metros, alternadamente de um lado e outro da estrada.
Os fornilhos eram dispostos em grande quantidade ao longo do caminho, tal como as minas, sendo constituídos por granadas não rebentadas, bombas de avião e explosivos.
A primeira tarefa militar da Frelimo foi treinar o núcleo do seu futuro exército. Em 1963, os primeiros cinquenta quadros moçambicanos iniciaram o treino na Argélia, país onde se encontravam já grupos de angolanos e guineenses. A estes cinquenta seguiram-se mais sessenta.
A segunda tarefa foi encontrar um país vizinho de Moçambique que servisse de base à guerrilha. A Tanzânia foi esse país, tendo a Frelimo instalado o seu primeiro acampamento perto da aldeia de Bagamoyo.
Em Maio de 1964, começaram a entrar armas e munições em Moçambique, destinadas à luta armada.
Os primeiros guerrilheiros entraram em 15 de Agosto de 1964 em Moçambique, vindos da base de Mtwara, para se internarem nas matas de Cabo Delgado. Estavam organizados em três grupos, um comandado por Alberto Chipande, para actuar nas regiões de Macomia e na direcção de Porto Amélia (Pemba), outro por Raimundo, para a região de Mueda, e o terceiro, sob o comando de António Saide, destinado à região algodoeira de Montepuez. Estes grupos encontraram situação difícil no terreno, pois a morte do padre Daniel, da missão de Nangololo, que a Frelimo atribuiu a guerrilheiros da Manu e da Undenamo, provocou a reacção das forças portuguesas, e os assaltos que esses guerrilheiros fizeram a cantinas de indianos levaram a que a presença desses três grupos fosse denunciada. Face a essa situação, apenas o grupo de Raimundo obteve sucesso na região de Mueda.
Para contrariar a imagem de banditismo e credibilizar a sua acção, a Frelimo decidiu lançar a ofensiva que marcou o início da guerra em Moçambique, em 25 de Setembro.
Segundo fontes da própria Frelimo, em 25 de Setembro de 1964 o movimento dispunha apenas de duzentos e cinquenta homens armados e equipados.
Em 1965, foram organizadas as primeiras companhias que, em 1966, se transformaram em batalhões.
Em 1967, a Frelimo reivindicou a existência de oito mil homens treinados e equipados na sua organização militar. Por sua vez, as forças portuguesas consideravam os seguintes efectivos de guerrilheiros:
- Cabo Delgado 3500
- Niassa 1000
- Tete (1973) 2000
Total 6500
A estes guerrilheiros poderão ser adicionados entre mil e quinhentos a dois mil milicianos armados, o que perfaz o efectivo de oito mil a oito mil e quinhentos homens apresentado pela Frelimo.
Em 1966, as forças militares da Frelimo foram reorganizadas, sendo criado um quartel-general sob a designação de Conselho Nacional de Comando, cujo chefe era o secretário do Departamento de Defesa do Comité Central. Esse quartel-general tinha as seguintes secções:
- operações;
- recrutamento, treino e formação;
- logística (abastecimentos);
- reconhecimento;
- informações e publicações militares (editava o jornal policopiado 25 de Setembro);
- administração;
- finanças;
- saúde;
- comissariado político;
- pessoal;
- segurança militar.
As secções do Departamento de Defesa (DD) encontravam-se divididas em dois escalões, um em Nashingwea e outro em Dar-es-Salam, e existiam ainda as delegações do DD, que actuavam como «antenas» em localidades onde se tornava necessário accionar os assuntos.
As estruturas militares e político-administrativas tinham uma quadrícula de implantação no terreno sobreposta, havendo domínio da estrutura militar, como se pode ver no organograma da estrutura da Frelimo. Na estrutura provincial do exército, os comandantes acumulavam com as funções de chefes provinciais e provinciais adjuntos, e existiam ainda um comissário político e um chefe operacional.
Altos comandos militares da Frelimo em 1973:
- presidente da Frelimo e chefe do Departamento de Defesa - Samora Machel;
- chefe nacional de Operações - Marcos Sebastião Mabote;
- secretário político nacional - Roberto Rafael Bobo.
A organização militar da Frelimo abrangia três níveis fundamentais: estado-maior; bases e acampamentos; unidades e grupos. As bases eram constituídas pelas casas dos chefes, onde por vezes se guardava o armamento, com uma a três casernas, armazém de alimentos, depósitos de material, cozinha, posto de socorros e prisão.
A segurança imediata das bases era garantida pela polícia da base, auxiliada pelas milícias, e a segurança afastada garantida pelas populações. As bases localizavam-se normalmente junto a cursos de água, em locais abrigados das vistas terrestres e aéreas. Os efectivos eram muito variáveis dependendo dos grupos e unidades que nelas estivessem instalados.
As bases da Frelimo estavam organizadas e hierarquizadas, segundo a sua importância e função, em:
- Bases centrais ou provinciais - uma por província (distrito na divisão portuguesa), com direcção provincial e comando operacional;
- Bases subprovinciais - serviam para instalar o comando militar das regiões militares;
- Bases gerais com efectivos apreciáveis, geralmente um batalhão;
- Bases de segurança com pequenos efectivos, instaladas junto de acampamentos de população controlada.
Dependiam das bases gerais. O seu efectivo podia variar de quatro a trinta elementos;
- Bases operacionais( ou simplesmente bases) com efectivos variáveis, cuja missão era servir exclusivamente de ponto de apoio para acções militares. As bases operacionais eram típicas da organização da Frelimo em Cabo Delgado e tinham as mesmas funções que as bases gerais típicas no Niassa;
- Bases de instrução situadas no interior de Moçambique, destinavam-se a instruir os elementos não especialistas e não destinados a quadros, que recebiam treino no estrangeiro;
- Bases logísticas - divididas em depósitos e hospitais.
As bases eram constituídas por um comando e estado-maior, dispondo de um grupo de comando, que assegurava as comunicações, vigilância, defesa antiaérea, acções de sapadores, reconhecimento e administração, e por um número variável de unidades ou grupos de guerrilheiros. As companhias passaram a fazer parte da organização da Frelimo em 1965, e os batalhões em 1966.
Em Cabo Delgado, a Frelimo tinha uma base provincial, Base Moçambique, com o efectivo de cento e oitenta homens, uma sub-base provincial, na serra do Mapé, uma base de artilharia, Base ou Batalhão Gungunhana, e as seguintes bases operacionais: Angola, António Enes, Gaza, Inhambane, Limpopo, Lúrio, Manica, Maputo-Macomia, Marrupa, Nampula e Beira. Dispunha ainda de um hospital central (Base Zambézia) e instalou um cemitério dos combatentes na zona de Mueda.
Após a Operação Nó Górdio, os órgãos políticos, militares e administrativos da Frelimo que haviam sido destruídos ou transferidos do núcleo central do Planalto durante a operação reinstalaram-se na quase totalidade nas mesmas regiões. Foram restabelecidas as bases Limpopo, Beira e Namunda, as bases Moçambique, Gungunhana e Nampula, e o sector da serra do Mapé-Macomia-Chai-sul do rio Messalo foi reforçado com o Dispositivo de Avanço para Sul, constituído pelas bases Manica e António Enes, esta com a missão de executar acções sobre a estrada Montepuez-Porto Amélia.
No Niassa, a organização militar da Frelimo estava dividia em três sectores - ocidental, oriental e sul - e, no final dos anos 1960, os seus efectivos eram os seguintes:
- Niassa ocidental 350 a 450
- Niassa sul 150 a 200
- Niassa oriental 300 a 350
Total 800 a 1000
No Niassa, o dispositivo militar da Frelimo era coordenado pela base provinciaI Gungunhana e dispunha das seguintes bases operacionais: Mepotxe, Meponda, Maniamba (depósito de material), Unango, Tete, Beira, Catur e Liconhir (base de segurança).
Em Tete, a Frelimo estruturou a sua organização militar em quatro sectores, com o seguinte dispositivo:
- Primeiro sector - a norte do rio Zambeze e a oeste do rio Capoche, dispondo de dois destacamentos no Zamboé e no Zumbo;
- Segundo sector - a este do rio Capoche e a noroeste da estrada Tete-Zobué;
- Terceiro sector - a sul do rio Zambeze;
- Quarto sector - circunscrições de Moatize de Mutarara.
A Frelimo organizou ainda a Quinta Frente, ou Frente de Manica e Sofala, enquanto a organização político-militar não justificou a criação de novo sector.
Nos distritos (províncias na designação da Frelimo) da Beira e de Vila Pery, a organização baseava-se em "focos", em número de sete, em 1973.
No início de 1974, o movimento preparava-se para abrir a frente da Zambézia.
O trânsito entre as bases e o exterior do território processava-se através de linhas de infiltração, que se mantiveram relativamente estáveis ao longo de toda a guerra.
As forças portuguesas procuravam impedir o trânsito de guerrilheiros, através de emboscadas e bombardeamentos, e estes tentavam passar por pontos diferentes e de forma dispersa.
O primeiro campo de treino da Frelimo na Tanzânia foi o de Bagamoyo.
Eduardo Mondlane descreve assim o seu início: «Há uma certa ironia histórica na localização do nosso primeiro acampamento, perto da aldeia de Bagamoyo, porque o nome Bagamoyo significa «coração despedaçado», quando esta aldeia era um dos principais pontos de partida para os portos esclavagistas da costa oriental de África». Neste campo era ministrada a primeira fase da instrução com a duração de um a três meses. Em 1966/67, foi transferido para Mpitimbi, ou New Camp.
Nashingwea foi o principal campo de treino da Frelimo, onde estiveram estacionados instrutores chineses, e tinha a possibilidade de ministrar preparação a seiscentos homens por ano.
Depois de receberem instrução, as unidades eram constituídas em campos de reunião, dos quais os mais importantes eram os de M'Bamba Bay, para a infiltração de unidades destinadas ao Niassa e que dispunha de botes de borracha, o de Mbeya, para a infiltração no Niassa, Zambézia e Tete, o de Mtwara, grande base da Frelimo, onde se realizavam exercícios conjuntos com o exército da Tanzânia, o de Nashingwea, onde a Frelimo dispunha de um batalhão (quinhentos homens), que funcionava como reserva do Departamento de Defesa e era constituído por pessoal em recuperação; e o de Songea, para formação e reunião de unidades destinadas ao Niassa ocidental.
As acções da Frelimo directamente contra as forças militares portuguesas aumentaram constantemente desde 1964, levando o comando português a comentar que a situação «revelava progressivo aumento do estado de aliciamento e do grau de apoio conferido pelas populações nas áreas da subversão violenta».
Em 1966, a Frelimo realizou 1174 acções, exercendo o seu esforço militar no Niassa, com 59 por cento das acções, das quais 71 por cento foram de fogo e 28 por cento de emprego de minas.
Em 1967, o esforço exerceu-se já em Cabo Delgado/Mueda, onde o movimento realizou 54 por cento das 1304 acções levadas a efeito durante o ano. Destas, 49 por cento foram de fogo e 45 por cento de emprego de minas. Mas em Cabo Delgado, com 696 acções, a implantação de 332 minas superou as acções de fogo, aspecto que caracterizou a guerra nessa zona.
Nas acções de fogo, a Frelimo, nomeadamente nas emboscadas, empregou, a partir de 1967, efectivos cada vez maiores, chegando a utilizar, em Cabo Delgado, grupos de sessenta a cem elementos.
As forças do movimento colocavam usualmente várias minas no mesmo itinerário, em troços entre mil a cinco mil metros, alternadamente de um lado e outro da estrada.
Os fornilhos eram dispostos em grande quantidade ao longo do caminho, tal como as minas, sendo constituídos por granadas não rebentadas, bombas de avião e explosivos.