O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou nesta segunda-feira (23.12) que está em contacto com Ossufo Momade, líder da oposição, RENAMO, para conter os ataques no centro do país.
"Ainda esta manhã falei com o Presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), por iniciativa dele, para vermos a situação do centro do país", disse Filipe Nyusi na Escola do Partido Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em evento para celebrar a proclamação pelo Conselho Constitucional dos resultados das sextas eleições gerais, nas quais foi reeleito para um segundo mandato, com 73% dos votos.
Em causa estão os ataques que têm sido registados nas províncias de Manica e Sofala, nos dois principais corredores rodoviários do país, a EN1, que liga o Norte ao Sul do país, e a EN6, que liga o porto da cidade da Beira ao Zimbabué e restantes países do interior da África Austral.
Incursões
As incursões, que já causaram pelo menos 11 mortos desde agosto deste ano, acontecem num reduto da RENAMO e as autoridades moçambicanas tem acusado os guerrilheiros do partido que permanecem na região, apesar de oficialmente o principal partido de oposição afastar qualquer ligação aos ataques.
"Ele [o líder da RENAMO] comprometeu-se também a trabalhar para compreender o que é isto e qual é a essência", disse Filipe Nyusi.
No novo mandato que vai começar a 15 de janeiro, o chefe de Estado moçambicano garante que a "paz vai continuar a ser prioridade" e os responsáveis pelos ataques serão identificados.
"Há casas queimadas em Manica e desconhecemos os responsáveis, mas vamos atrás para descobrir quem são essas pessoas", acrescentou.
"Grupo dissidente"
Apesar de rejeitar qualquer ligação, um grupo dissidente considerado "desertor" pela RENAMO, e liderado por Mariano Nhongo, permanece entrincheirado na região reivindicando melhores condições de desmobilização. Exigem a renúncia do atual presidente do partido, Ossufo Momade, e ameaçam pegar em armas.
Além da reeleição de Filipe Nyusi para um segundo mandato, os resultados proclamados nesta segunda-feira (23.12) pelo CC deram a maioria absoluta da FRELIMO nas três eleições em todos os círculos eleitorais - 11 no país, mais dois no estrangeiro (África e Resto do Mundo).
No Parlamento, a FRELIMO reforça a maioria e vai passar a ter mais de dois terços dos lugares. Cabendo-lhe assim 184 dos 250 deputados, ou seja, 73,6% dos lugares, restando 60 (24%) para a RENAMO e seis assentos (2,4%) para o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Entretanto, a RENAMO não aceita os resultados e anunciou ontem (23.12) que, em repúdio, vai convocar "manifestações à escala nacional", e defendem que o processo foi manchado por várias irregularidades.
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