sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

JORNALISTAS X JURISTA... E A VEZ DA DISCUSSÃO DO SEXO DOS ANJOS


Ser - Huo


JORNALISTAS X JURISTA... E A VEZ DA DISCUSSÃO DO SEXO DOS ANJOS

Existe um ditado popular que diz algo como "CADA UM NAVEGA BEM EM ÁGUAS QUE CONHECE". É que mesmo que você faça um treino de aquecimento no terreno do outro, você não vai dominar o campo como o dono. Qualquer discussão que ignora isso, é claro que está enfermada e enviesada pelo preconceito e complexos tipicamente humanos.
No caso do dia, tanto um quanto outro pode reclamar coroação. E com razão: o jornalista pode ter olhado para o objecto com olhos de jornalista. E o jurista pode ter olhado para o objecto com olhos de jurista. E um detalhe: cada um, seja jornalista, seja jurista, não pode negar que esta complexado por sua orientação ideológica e sentido de pertença (organizacional), que não raras vezes escamoteia o olhar crítico que temos sobre as coisas. Até aí tudo bem, se entende, é de natureza humana.
Mas, há um dado que não podemos deixar de fora: reconhecer que cada um navega bem em águas que conhece. Vamos dar o exemplo de uma matéria sobre "qualidade da educação". Prefiro um tópico corriqueiro como esse, já que todos achamos que sabemos um pouco sobre educação.
Qualquer um pode escrever tanto, e tanto, e por décadas sobre isso, mas convenhamos, há que reconhecer a palavra é autoridade de quem tem formação especializada em educação. Para mim, que não sei nada de educação, a qualidade desta é péssima, sobretudo por causa das passagens automáticas, da corrupção no sector, dos directores colocados por confiança política e não por competência, dos professores semi-analfabetos, das alunas de saias curtas, etc etc. Mas, para o especialista da Educação, vamos ouvir coisas que devem roçar ao ridículo para nós: a qualidade da educação não pode ser aferida apenas pelas notas que o aluno as tem no curso. Há muito mais variáveis por se tornar em conta, que no seu conjunto vão perfazer o entorno educacional, o Projecto Político Pedagógico, a filosofia da educação, a ideia de homem a formar, os anseios da sociedade, etc etc etc. (Como disse, não sei nada de educação). Partir para cima do especialista com a ideia de que a qualidade da educação é péssima porque os professores são corruptos, só vai mudar a roda: o ridículo não será o especialista e suas verborreias, e sim, nós "achadores".
O mesmo se aplica em qualquer área: o economista está em melhor posição de falar sobre inflação, mercados, importação, poder de compra, etc. Mas não significa que o sociólogo não fale disso. Até pode. Mas há que reconhecer limitações conceituais, epistemológicas e técnicas. O mesmo se aplica ao jornalismo: todos nós podemos até nos fazer de ser informadores ou informantes, mas só o jornalista tem preparo técnico para fazer isso com a técnica e profissionalismo necessários.
É aí que iríamos para o caso JORNALISTAS X JURISTA.
Até aqui não vejo a razão de todo alarido que temos assistido. Quase todos estamos a levar o caso para a famosa discussão do sexo dos anjos, e não queremos saber o que faz o anjo ser anjo, e se nalguma hipótese, temos alguma anja.
Percebo, na minha vã leitura, que o Elísio de Sousa, enquanto jurista, achou que era pertinente expor alguns procedimentos técnicos de sua área que foram supostamente e de forma deliberada, pelo menos indo ao fundo de seus escritos, atropelados em narrativas, fazendo com que resultassem em escamotear alguma verdade processual. Não parece que esteja ele a mandar às favas o lado jornalístico de alguém, ou o profissionalismo todo de uma organização (só ele pode dizer isso). E se formos com calma e moderação, vamos encontrar alguma lógica racional nisso: como é que depois de todos aqueles relatos que davam como certa a condenação de um libanês que se dava como dos piores gangsters do presente, um júri de 12 simplesmente inocentou o gajo?
Se fôssemos justos connosco próprios, admitiriamos que ninguém, mas ninguém mesmo daqui da Pérola, até o mais douto doutor em direito, duvidava da condenação do libanês. E havia razão para esta falta de dúvida: as matérias que nos chegavam, nos davam uma e única direção. Note-se que até o próprio Elísio escreveu um texto em que dizia algo como o libanês não teria outra sorte senão a condenação. Era aquilo que nos chegava.
Se não tivéssemos estás verborreas do Elísio, hoje estaríamos ainda mais confusos: como foi possível? Não haveria uma explicação racional possível para se entender aquele veredito. É justamente aí onde reside a importância, embora pareça maquiavélica, dos testemunhos do Elísio.
Dizer hoje que ele não pode ensinar jornalismo a jornalistas, é verdade, mas é ainda mais verdade, que sendo Elísio um jurista, estava ele mais e melhor preparado para entender as matérias em tribunal que um jornalista. É ainda onde reside o ditado "cada um navega bem em águas que conhece".

Dito isso, acho que podemos aceitar que o o problema do Elísio foi ou é outro: mexeu com a sensibilidade e o âmago de uma classe que não pode ser tocada. Uma classe com mais poder que as armas juntas da Junta de Nhongo.
O exercício do Elísio pode se enfermar de um e outro problema ideológico, mas não deixa de ser importante e útil. E ele convida os outros para lhe rebaterem. É aí que podíamos muito bem, se tivéssemos postura de Estado, aguardarmos, e se preciso, exigirmos esse rebate. Mas não. Preferimos achincalhar, recorrendo a um princípio típico de BBQ ou de Bar: "first come first serve". Ou seja, quem chegou primeiro é que sabe das coisas, quem chegou primeiro é que tem autoridade. Mas esquecemos de uma outra máxima: há velhos com atitude de crianças, e crianças bem crescidas. Não é o tempo ou idade que deve ditar a verdade, não é a esperteza nem a vastidão de recursos que devem ditar uma leitura ou sentença.
Mas, yena Elísio aya kwuni? Não sabia ele que não era para se meter nesse papo? Espião!


Luisa Almeida E assim vamos navegando em águas de bacalhau...

Sic Spip Nāo não e nãoooooo . Água De Atum! 🤭😉

Jabento Quetxoaio Nós como " telespectadores do caso Brooklin devia ser nós a colhermos a verdade e a mentira

Mauro Da Crise Mauro O jurikiwista, Elísio de Sousa peca pelo facto de ter reprovado todo o esforço empreendido pelos jornalistas.
Ser - Huo Mauro Da Crise Mauro, so para eu entender, o que significa "jurikiwista"?

Mauro Da Crise Mauro Ser - Huo Significa jurista bajulador

Ser - Huo Mauro Da Crise Mauro, parece que não entendeste um dado: não era para responder, e sim, para perceberes que EU NAO GOSTO DE TERMOS DEPRECIATIVOS, PELO MENOS EM MINHA "CASA". Cada um sabe porque tem conta social. A minha não é para propalar indelicadezas. Se não sabe debater sem chamar nomes, então, perdoa, mas aqui não. Tem algum ponto útil, marque, menos nomes.

Elisio Macamo é isto. e é claro que ele pode criticar. no seu último texto chama atenção para que o jornalista não opine, mas informe. essa é uma distinção que os jornalistas mais barulhentos da pérola do índico têm dificuldades em fazer. só para ver a dimensão do problema: há jornalistas que publicam fotos do elísio de sousa em vestes da frelimo. já li textos de jornalistas a festejarem a detenção de alguém. claro que podem fazer isso, mas como esperar que eles no futuro reportem com isenção sobre as pessoas de quem se riem? não é preciso ter feito curso de jornalista para saber que há um conflito ético aí.

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