O líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, diz que não ordenou ataques dos últimos dias contra viaturas no centro de Moçambique. Mas ameaça com violência para a tomada de posse de Filipe Nyusi.
Mariano Nhongo nega a autoria dos ataques dos últimos dias nas estradas do centro de Moçambique, mas ameaça recorrer à violência no dia tomada de posse do Presidente Filipe Nyusi, prevista para 15 de janeiro.
Em entrevista pelo telefone à DW África a partir do seu esconderijo, Nhongo lembra que os homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e os da "Junta Militar" usam fardas da mesma cor. Por conseguinte, poderia ser a outra parte a orquestrar os ataques.
"Não me pode entrevistar sobre ataques, não sei sobre ataques. Você perguntou a quem está a fazer os ataques? Vocês não sabem que aí nas matas há pessoas armadas?"
Nhongo acrescenta que há "soldados da RENAMO" que ainda estão armados e assegura que a "Junta Militar", o grupo que lidera, "nunca comprou armas, nem nos países estrangeiros, nem tem essa capacidade de buscar armas."
A RENAMO tem rejeitado sucessivamente estar por trás da violência, apontando o dedo ao grupo de Nhongo.
Ataques sem rosto?
O líder da autoproclamada "Junta Militar" diz que também quer conhecer os autores dos ataques e dos sequestros, que alega estarem a ocorrer em algumas regiões do centro de Moçambique: "Quem são esses que andam a raptar e a matar a população? Na semana passada, foram levadas seis pessoas de Gorongosa e foram mortas em Dombe. De Nhamatanda foram levadas três pessoas e foram mortas em Mutindir. Porquê isso?"
Nhongo afirma que é da inteira responsabilidade do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) apurar a identidade dos atacantes.
Sobre uma possível negociação com o Executivo, o líder da "Junta Militar" diz que ainda não teve qualquer resposta a uma carta que enviou a Maputo em setembro, em que apresentou as suas exigências.
"Junta Militar" ameaça atacar viaturas
Nhongo, de 51 anos, lidera a "Junta Militar" da RENAMO desde agosto, após a sua eleição numa conferência realizada na Gorongosa.
Agora, ameaça recorrer à violência no dia da tomada de posse de Filipe Nyusi, eleito Presidente da República de Moçambique a 15 de de outubro, prevista para janeiro. O líder da "Junta Militar" diz que vai atacar e incendiar viaturas que passarem pelas estradas do centro do país, caso Nyusi tome posse.
"Quem tiver carro é melhor guardá-lo", adverte.
Quanto aos 20 processos-crime que a Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou contra alegados homens da "Junta Militar", detidos nas províncias de Zambézia, Manica e Sofala, Nhongo diz que prefere ver para crer. Mas assegura que "a pessoa que tem arma não é condenada".
Os pronunciamentos de Mariano Nhongo surgem numa altura em que se intensificam os ataques na Estrada Nacional 1 (N1), com registo de feridos e mortos. Na região, fala-se em emboscadas entre as forças opostas e no rapto de vários cidadãos acusados de acomodar homens armados.
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- Data 12.12.2019
- Autoria Arcénio Sebastião (Beira)
- Assuntos relacionados Afonso Dhlakama, Armando Guebuza, Conflito entre RENAMO e Governo de Moçambique, Direitos Humanos em Moçambique, Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Moçambique, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Eleições em Angola, Eleições em Cabo Verde, Eleições em São Tomé e Príncipe
- Palavras-chave Moçambique, Junta Militar da RENAMO, Mariano Nhongo, ataques armados, RENAMO, FRELIMO, Eleições, Filipe Nyusi
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