terça-feira, 6 de novembro de 2018

MASSANO E OS PREJUÍZOS BOMBÁSTICOS NO BNA



É oficial. Não é uma invenção das redes sociais ou de mentes negativistas. No Relatório Anual e Contas de 2017, o Banco Nacional de Angola (BNA) regista como imparidade (significando isto que não vai recuperar a totalidade do montante) o valor de um crédito de mais de 1,5 mil milhões de dólares ao grupo de seguros estatal angolano ENSA, crédito esse relacionado com uma quantia “referente à transferência da posição contratual, mediante ‘Acordo de Pagamento’ celebrado entre o Grupo ENSA – Investimentos e Participações, S.A. e uma Instituição Financeira” (cfr. pp. 114, 115 e 125 do Relatório).
Ora, a instituição financeira em causa é o Banco Espírito Santo de Angola (BESA), sendo que a ENSA é um grupo segurador estatal angolano que interveio nas operações relativas ao banco privado angolano, comprando créditos e de um modo geral saneando as contas dessa mesma instituição (BESA).
Explicando por palavras simples, e abstraindo-nos de tecnicismos, eis o que se passa: o BESA recebeu dinheiro da ENSA, que foi buscar esse dinheiro ao BNA. Possivelmente, o BESA (agora Banco Económico) não pagou à ENSA, ou os activos “comprados” não valiam nada. Assim, a ENSA não consegue recuperar uma boa parte, se não a totalidade, do dinheiro que colocou no BESA e não paga ao BNA. No fim da linha, é o BNA quem assume o prejuízo, isto é, o povo angolano, que financia o Estado. Em termos ainda mais simples: o BNA financiou a transformação do BESA e não vai receber o dinheiro de volta.
Rafael Marques já contou detalhadamente a história do fim do BESA e da sua transformação em Banco Económico (ver aqui e aqui). O resumo dessa história é que os generais “Dino” do Nascimento e “Kopelipa”, acompanhados por Manuel Vicente, se apoderaram do BESA, numa operação de contornos ilícitos, asseguraram que o seu passivo fosse “limpo” e ficaram com um banco novo e saudável, chamado Banco Económico. Pelo meio, muitos importantes dirigentes do MPLA que deviam milhões ao banco viram as suas dívidas desaparecer na estratosfera…
Esta operação, como também já demonstrámos, só foi possível devido à colaboração de Lima Massano, então governador do BNA, que apadrinhou e encobriu, do ponto de vista técnico, os actos do famoso trio presidencial.
O pequeno detalhe é que, a partir do momento em que Angola é obrigada a ter contas transparentes para recuperar a credibilidade internacional e ter acesso a divisas, já não consegue “varrer para debaixo do tapete”, como no passado, os desmandos financeiros dos seus dirigentes.
Por isso, estando Massano novamente como governador do BNA, vê-se confrontado com o “buraco” financeiro que deixou criar por causa do BESA, em 2014. É a velha história: pecados antigos têm sombras compridas.
Torna-se por demais evidente que a história da transformação do BESA em Banco Económico e que o papel desempenhado por Dino, Kopelipa, Vicente e Massano na artimanha têm de ser investigados.
Não é só um assunto entre accionistas privados ou banqueiros portugueses e angolanos. É um assunto que vai custar aos cofres do Estado angolano, pelo menos, cerca de 1,75 mil milhões de dólares. Portanto, estamos na esfera pública e do dinheiro público.
Como se não bastasse, o BNA é confrontado com perdas associadas também ao Banco Angolano de Negócios e Comércio e ao Banco de Poupança e Crédito.
Na verdade, o BNA, relativamente a 2017, apresenta um prejuízo colossal de cerca de 425 milhões de dólares. É certo que o governador, durante a maior parte desse ano, foi Valter Filipe, hoje em prisão domiciliária devido ao processo das transferências ilegais de 500 milhões de dólares. Contudo, como vimos, o registo das perdas com a banca é feito em 2017, mas abrange operações realizadas ao longo de vários anos anteriores.
O que se está a passar é uma tentativa por parte do governo de apresentar contas públicas transparentes e que reflictam a nova vontade de gerir o tesouro estatal com probidade.
A ironia é que esse esforço obriga a destapar aquilo que os dirigentes quiseram sempre esconder: a sua rapina levou as instituições públicas angolanas à falência. Foi a Sonangol que quase fechou as portas e actualmente tem dificuldades em assegurar níveis adequados de produção petrolífera, e agora o BNA, que apresenta um prejuízo superior ao invocado no próprio BESA.
Não basta destapar o estado inane em que caíram as finanças nacionais devido à constante pilhagem a que foram sujeitas. Há que exigir e apurar responsabilidades, para que nada disto se volte a repetir. 15 comentários
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CJ Likondaveka
Acho que os políticos deram um chá aos angolanos para ficarem boelos e não enxergarem a realidade. Poucos exercem a cidadania com responsabilidade, imparcialidade e honestidade. Uns vão pelos acontecimentos que marcaram a guerra civil, outros pelas cores partidárias e outros até seguem as celebridades afiliadas a certos partidos ou blocos sociais. Poucos conhecem ideologias, sistemas de governo, políticas de governação e nem sequer têm conhecimentos dos programas, dos OGE, dos relatórios de contas, etc. Mas vão a público todos os dias defender pessoas que os saqueam, que os bloquea a oportunidade de ter uma uma vida condígna, uma formação de qualidade, um emprego, um sistema de saúde capaz e outras pequenas garantias que um Estado deve dispor ao cidadão, por direito inviolável seu. Resultado: País rico, porém de miseráveis!
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Alex Brown
Farto-me de rir quando oiço dizer que Angola é um país rico. A riqueza de um país é determinada pela qualidade de vida dos seus cidadãos ok?
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CJ Likondaveka
Alex Brown Angola é, sim, um país rico em recursos naturais. É verdade que somos um país com um dos índices de desenvolvimento mais baixos do mundo, pois no que toca a Recursos Humanos, estamos na cauda mundial. Onde já se viu um Kundi Paihama é governante e frequenta curso de Governação no ENAD, onde lhe ensinam informática, gestão, oratória, contabilidade, etc, mas não aprende patavina nenhuma?! É só em Angola.
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Victorino João Miguel
Esta é uma triste realidade, não há país que consiga crescer diante de tamanhos desfalques, há que se encontrar uma solução, custe o que custar o nosso dinheiro tem de ser devolvido!
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Ricardo Luis Domingos Domingos
Os angolanos devem se lembrar que estes roubos são a razão de falta de novos empregos para os jovens , a falta de recursos humanos , materiais e financeiros nos hospitais públicos , falta de escolas em todo país e de má qualidade do ensino a todos níveis , a precaridade generalizada do estado social dos angolanos que não são da elite do partido MPLA.
Os angolanos devem se lembrar ainda que as velhas empresas não garantem empregos novos.
É com dinheiro do BNA que garante o financiamento da economia nacional noutras palavras para haver novos empregos em quantidade e qualidade , tem de haver novas empresas entre pequenas , médias e grandes.
O BNA não instituição de caridade para dar valores a quem quer que seja como donativo nem mesmo ao chefe de estado sem garantia de como vai devolver por ser dinheiro de todos os angolanos.
Foi o monopólio que produziu a estreita base tributária nacional que impõe ao estado um déficit orçamental permanente sem nunca merecer ponderação ao partido governante já que é seu propósito o apartheid sócio económico vigente.
É mais fácil dar um alvará ao estrangeiro do que ao angolano ou até da_se com facilidade um passaporte à estrangeiro do que um angolano que pretende alargar a base tributária.
O governo sempre escondeu os seus sucessivos déficit orçamentária razão do qual se agarrou a governação de concentração e centralização ,com tiorias de ordens superiores , impondo aos governos provinciais exercerem sem fundos para fazer nada .
Abrem os olhos se o BNA não fizer leilão de divisas não consegue pagar as suas despesa de base como por ex. Os salários da função pública crescente.
Não tendo reservas cambiais suficientes e continuando com leilões dessas poucas divisas , os bancos comerciais angolanos não terão motivos para financiar a economia nacional.uma vez que a sua existência dependerá da magia do BNA, o sol dourado que rende lucros em fração de segundo através do leilão.
Encontrando outras formas de gestão técnicas de reservas cambiais que inviabilize o leilão de divisas todos os bancos comercias angolanos correrão riscos de falência prematura. Quer isto dizer que esses banquitos vivem como casas de câmbio ou quinguilas oficiais exceto o BPC. Não sou economista.
Sendo ainda tais bancos propriedades dos defensores do apartheid económico , os senhores do MPLA tenham certeza que não vão dar créditos aqueles que não são do MPLA salvo se surgirem bancos comerciais estrangeiros.
Eles não vão autorizar aberturas de outros bancos de indivíduos que não sejam do MPLA ,se bem o novo PR disse não vai nomear para altos cargos do governo os que não são nossos , linguagem do MPLA.
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Paulo Caetano
Se queremos ter uma banca forte, esse com certeza não é o caminho a seguir. Mas do que nunca é hora de romper de uma vez por toda com o passado.
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Pedro Henrique
Portanto, esses factores comportamentais estão a comprometer o seu desempenho na banca e interferir os resultados, por isso, esteja preparado a qualquer altura deveras ser chamado na PGR.
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Tamara Monteiro
Não foi o BNA que financiou o BESA, mas sim o senhor Massano fez esse favor, então só mesmo ele para ser responsabilizado. Quando a justiça chegar, ninguém vai se meter.
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Manuel da Piedade
Não sei qual é o bicho que nos mordeu que faz com que até agora vivemos essas turbulências.
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CJ Likondaveka
É o bicho da ignorância! Acho que os políticos deram um chá aos angolanos para ficarem boelos e não enxergarem a realidade. Poucos exercem a cidadania com responsabilidade, imparcialidade e honestidade. Uns vão pelos acontecimentos que marcaram a guerra civil, outros pelas cores partidárias e outros até seguem as celebridades afiliadas a certos partidos ou blocos sociais. Poucos conhecem ideologias, sistemas de governo, políticas de governação e nem sequer têm conhecimentos dos programas, dos OGE, dos relatórios de contas, etc. Mas vão a público todos os dias defender pessoas que os saqueam, que os bloquea a oportunidade de ter uma uma vida condígna, uma formação de qualidade, um emprego, um sistema de saúde capaz e outras pequenas garantias que um Estado deve dispor ao cidadão, por direito inviolável seu. Resultado: País rico, porém de miseráveis!
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Ricardo Luis Domingos Domingos
CJ Likondaveka
O chá que o partido no poder deu aos angolanos para ficarem assim tão boelos é :
Falta de ensino de qualidade , falta de serviço de saúde de qualidade e falta de alimentação de qualidade em quantidade suficiente.
Para se estar no poder sempre e sempre tem de corromper as forças da defesa e segurança nacional , construir uma ditadura apoiada por um sistema de informação falaciosa , de bajulação e fomentar e exaltar sistematicamente os actos que diminuem a inteligência dos cidadãos.
Uma pessoa gerida com fome , cresce com fome desnutrido , mal educada e antes de morrer de fome , mal informada ou com informação ocultada e invertida , antes de morrer de fome é certamente um boelo ,,, ,,,,
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Herculano Dos Santos
Jura que vou ficar maluco. No anterior Executivo, quando os Governantes eram acusados de corruptos se defendiam e levavam para as barras do tribunal os denunciantes. Agora com tanta acusação de corrupção .... só silêncio ! o k se passa ?
Pedro Lemos Lemos
Tanto que se fala deste senhor Massano em participar ou mesmo branquear e pecular o dinhneiro do estado, o mesmo continua no lugar. O que se espera do seu afastamento? Provas; ja temos o suficiente à pertir dos arquivos do Makaangola.
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Sançao Celestino
Se você ,sabe dizer apenas sim e não teres opção de dizer não você não é livre és escravo.
Jonas Savimbi
Ramiro Da Costa Costa
mas com tanto espaço que existe na terra, esses larapios so tinham que nascer mesmo aqui?
poooooxas..... cadeia para todos pah.....
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Costa Campos Dulce
Verdade....pobre País ,
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Malheiro Aires De Melo Kalutsecudy
Um povo que lê pouco e fala muito português é facilmente ser aldrabado.
Sançao Celestino
Quanto mais estendo as minhas mãos em busca da paz o governo do MPLA mostra-se relutante em cooperar por isso senhor jornalista não me restam dúvidas a guerra está a enriquece-los e a marterizar o povo.
Jonas Savimbi
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David H Junjuvili
A nossa Angola é certamente o país do mundo mais desgraçado pelas suas elites governantes. Aida assim estamos longe de alcançar a metade de toda a verdade sobre a roubalheira MPLISTA.
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