2 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Destaques
Fernando Veloso
O MDM foi acusado no dia
03 de Fevereiro, pelo presidente
da Comissão Provincial de Eleições
de Inhambane, José Pedro,
de ter incorrido num “ilícito
eleitoral”, alegadamente por
estar “em campanha eleitoral”
no dia dos heróis e em período
de pré-campanha eleitoral para
as “intercalares”, para a escolha
do próximo edil da capital da
província de Inhambane. Disse
ainda que o partido liderado por
Daviz Simango já foi notificado
para ser advertido quando isso
era “mentira”, segundo o MDM
que admitiu apenas ter recebido
uma notificação sobre assunto
completamente diferente.
As acusações do presidente
da Comissão Provincial de
Eleições em Inhambane vieram
a público no domingo, na televisão
pública de Moçambique
(TVM), que apenas ouviu José
Pedro durante as cerimónias do
Dia dos Heróis em que o MDM
se fez representar por Luís Boavida,
SG do Movimento; do
seu candidato às “intercalares”
do próximo dia 18 de Abril,
professor Fernando Nhaca; e
um grupo de militantes devidamente
trajados com símbolos
do partido como mostraram as
imagens da TVM. O presidente
do MDM, em entrevista exclusiva
ao Canal de Moçambique,
acusou, entretanto, o presidente
da CPE de Inhambane de
estar “ao serviço dos seus patrões”
ao intervir com os propósitos
em que o fez na TVM.
Esclareceu ainda que “a notificação
que o MDM recebeu
nada tem a ver com as acusações”
do funcionário eleitoral.
O presidente da CPE de
Inhambane referiu que a comissão
de eleições já notificara
o MDM do “ilícito” a que
se referia, mas o presidente do
MDM confirmou ao Canal de
Moçambique que o MDM apenas
fora notificado para se fazer
representar na segunda-feira,
06 de Fevereiro, às 09 horas,
na Comissão de Eleições de
Inhambane, numa reunião com
o objectivo desta entidade informar
“o delegado em Inhambane
e o mandatário de campanha,
oficialmente, da Resolução
nr.1/2012, de 10 de Janeiro de
2012, do Conselho de Ministros,
sobre a data das eleições
a 18 de Abril, e da deliberação
nr.5/CNE/2012, de 12 de Janeiro
de 2012”, sobre a calendarização
do processo eleitoral.
O presidente do MDM, Daviz
Simango, diz que “essa notificação
de que falava o presidente
da CPE não existe e a que
existia não tem nada a ver com
as declarações públicas que o
presidente da Comissão Provincial
de Eleições de Inhambane
fez na TVM, em que ele acusa
o MDM de ilícito eleitoral”.
O presidente do MDM acusou,
entretanto, o presidente da
CPE de Inhambane, José Pedro,
de “difamação ao MDM”, e disse
que “ao agir como ele agiu
estava claramente ao serviço
dos seus patrões da Frelimo”.
“As imagens do MDM na televisão
são claras. As pessoas têm
camisetas com a fotografia do
candidato, mas não há nenhum
símbolo de campanha. Não está
escrito em lado nenhum vote.
São camisetas semelhantes a
tantas outras camisetas que o
partido no poder lança das suas
figuras e que estão espalhadas
pelo país afora. Quem de facto
faz campanha é o partido Frelimo.
Eu penso que deviam antes
notificar o partido Frelimo que,
quer na sexta-feira, 03 de Fevereiro,
quer no sábado, fez várias
publicidades e campanhas
políticas usando até órgãos de
informação do Estado, como a
TVM e a Rádio Moçambique”.
“Esses, sim, deviam
ser notificados”, prosseguiu
Daviz Simango.
“Na cidade de Inhambane e
outras partes do país continuam
patentes imagens publicitárias
da Frelimo onde se lê expressamente
vote. Portanto, é a esses
“O que se nota em Inhambane
é que nunca houve o hábito de
ver um partido político da oposição
a realizar normalmente
as suas actividades políticas e
o MDM aparece a fazer trabalhos
políticos. Este facto criou
certamente um susto que fez
correr o presidente da comissão
provincial de eleições que
está a querer dar a entender que
está a prestar serviço aos seus
patrões”, acrescentou o presidente
do MDM lamentando
a parcialidade de José Pedro.
“Nós entendemos ainda que
os órgãos eleitorais devem promover
o diálogo com os partidos
políticos não fazendo por
isso sentido que um presidente
de uma comissão provincial de
eleições apareça em público a
dizer que já notificou o partido
enquanto nada disso fez e
a dizer que já comunicou aos
órgãos de justiça quando ainda
nem sequer falou connosco.
Pergunto: por que é que comunica
aos órgãos de Justiça
antes de dialogar e ver primeiro
o que é que de facto aconteceu”,
adianta Daviz Simango.
“Tudo isto mostra”, conclui,
“que há uma grande preocupação
na mesma linha das detenções
dos nossos membros e simpatizantes
que já aconteceram
em Inhambane. Esta é mais uma
forma de intimidação para verem
se impedem os membros do
MDM de realizarem livremente
as suas actividades políticas e
de visitarem bairro a bairro”,
acusa o presidente do MDM.
que a Comissão de Eleições deveria
estar preocupada em notificar”,
defendeu Daviz Simango.
“Temos assistido ao governador
da província de Inhambane
a ir bairro a bairro da cidade de
Inhambane a dizer claramente às
populações que as populações não
devem de forma alguma permitir
a entrada do MDM, chegando até
ao ponto de nos injuriar, mas isso
a CPE não vê?”, diz Simango.
“O MDM por tudo isto sente-
-se muito ofendido pela atitude
do presidente da Comissão Provincial
de Eleições de Inhambane
que mostra a sua tendência partidária
e mostra ainda que o seu
comando é o partido Frelimo.”
“Os nossos membros, que foram
mostrados na TVM, foram
à Praça dos Heróis no Dia dos
Heróis, feriado nacional, e regressaram
à nossa sede em Inhambane.
Foram a pé e voltaram a pé e
estavam na nossa sede do partido
reunidos entre os membros como
é normal em qualquer partido
político. A CPE ao acusar-nos de
ilícito eleitoral está a querer manchar
o nome do MDM, está a querer
pôr em causa o bom nome do
MDM, alegando que o MDM não
respeita as leis, mas o MDM nunca
fará coisas à margem da lei. O
MDM quer apenas ir a votos em
Inhambane, para já”, acrescentou
Daviz Simango que ao prosseguir
disse ainda que “o presidente da
PCE não mencionou que artigo
e que lei é que terão sido violados
pelo MDM para sustentar a
sua acusação de ilícito eleitoral”.
“Não mencionou nem nunca
irá encontrar qualquer artigo que
fale desses tais ilícitos eleitorais
de que ele fala em tempo de pré-
-campanha”, concluiu Daviz
Simango, presidente do MDM.
SG do MDM
Já o SG do MDM, Luís Boavida,
disse-nos esta terça-feira,
que na segunda-feira participou
numa reunião com a Comissão
Provincial de Eleições e que o
presidente do órgão, José Pedro,
recém empossado nessas
funções pela CNE, “não foi
capaz de mencionar o artigo
da lei em que se teria baseado
para nos acusar, mas acabou
por pedir-nos desculpa”.
Perguntámos a Boavida se o
MDM teria recebido alguma notificação
para tratar deste assunto
do tal “ilícito eleitoral” a que
se referiu o presidente da CPE
de Inhambane e ele disse-nos
que “não”. “Na reunião para
que nos haviam notificado, que
foi para tratar de outros assuntos
relacionados com o processo
eleitoral em si, aproveitaram
para falar do assunto do tal alegado
ilícito, mas quando solicitados
a demonstrá-lo acabaram
por nos pedir desculpas pelo
equívoco porque não conseguiram
mostra-nos que lei infringíamos”,
concluiu Luís Boavida,
SG do MDM que se instalou
na cidade de Inhambane para
promover a candidatura do professor
Fernando Nhaca a edil da
cidade capital da província com
o mesmo nome, também conhecida
como “terra de boa gente”.
(Canal de Moçambique)
“Em Inhambane nunca houve o hábito de ver
um partido político da oposição a realizar
suas actividades políticas”
– presidente do MDM
Daviz Simango, presidente do MDM, reagiu imediatamente às declarações, na TVM,
do presidente da Comissão Provincial de Eleições de Inhambane, José Pedro, e acusou-o de
estar ao serviço dos “seus patrões da Frelimo”. Acusou-o ainda de falar sem fundamentos
legais e de estar a querer difamar o MDM. Já na última segunda-feira, José Pedro “pediu
desculpas” pelo sucedido a Luís Boavida, SG do MDM.
Nervosismo nas “intercalares” em Inhambane
Presidente da CPE acusa MDM de “ilícito
eleitoral” mas depois pede desculpa
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 3
Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia
Raimundo Moiane
O porta-voz do Comando-
-Geral da Polícia diz que já
houve a detenção de um indivíduo
por alegado envolvimento
no rapto de uma empresária
de origem asiática, na cidade
de Maputo. Esta terça-feira, no
briefing semanal com a Imprensa,
Pedro Cossa anunciou que a
Polícia deteve tal cidadão que o
identificou por nome único de
Momade e disse que o mesmo
é acusado de participar no sequestro
da empresária de nome
Soraya. Pedro Cossa não deu
mais detalhes, nem da vítima,
nem do suposto sequestrador.
Não disse se o suspeito é nacional
ou estrangeiro, mas a Polícia
insiste no discurso de que
este tipo de crime vem de fora.
Cossa explicou que tal caso
de rapto aconteceu cerca de 19
horas, da última segunda-feira,
numa das avenidas da cidade
de Maputo. Pedro Cossa não
aceitou dar mais informações,
mesmo com a insistência de jornalistas
em querer saber do local
e circunstâncias do sequestro.
Depois do sequestro, de acordo
com Pedro Cossa, os raptores
telefonaram para os familiares
da vítima para exigir o dinheiro
do resgate. Cossa recusou ainda
a falar do montante exigido pelos
raptores para o resgate da vítima.
Também não disse se a vítima
já está em liberdade. Cossa
também não referiu o que terá
sucedido aos raptados a semana
passada, mas fontes próximas
dizem-nos que o tio foi libertado,
mas o sobrinho mantém-
-se em cativeiro dos raptores.
Com este sequestro da segunda-feira,
da senhora Soraya, a
Polícia diz que subiu para 10
o número de casos de raptos
confirmado pela Polícia nos últimos
meses, e confirmou que
todas as vítimas têm sido empresários
de origem asiática,
de confissão islâmica e hindu.
“Raptores serão detidos
e julgados”
À semelhança do que o Comandante-Geral
da Polícia,
Jorge Khalau, disse semana passada
em entrevista exclusiva ao
Canal de Moçambique, Pedro
Cossa reiterou esta terça-feira
que a Polícia irá prender todos os
raptores e entregá-los à justiça.
“Vamos esclarecer todos esses
casos, vamos varrer com todos
esses (sequestradores)” disse
Jorge Khalau a semana passada
ao Canal de Moçambique.
Esta semana, Pedro Cossa
repetiu o mesmo discurso
usando apenas alguns termos
diferentes: “Nós prometemos
esclarecer dentro em breve todos
estes casos. O Comando-
-Geral da Polícia de Moçambique
já elaborou um plano
visando a detenção de todos
os autores destes sequestros”.
Pedro Cossa afirmou ainda
que a corporação já tem pistas
da quadrilha de raptores que
aterrorizam os empresários, mas
disse que não é altura para dar
detalhes. Aproveitou, no entanto,
para fazer apelo aos moçambicanos
para denunciarem todos
futuros casos de raptos, descrevendo
os seus protagonistas.
“Sem denúncia é quase impossível
tomarmos conhecimento
dos casos desta natureza, daí o
nosso apelo a todas forças da sociedade
para colaborarem com
a Polícia, para a neutralização
desta rede”, disse Pedro Cossa.
“O que nós notamos é que
as vítimas são coagidas pelos
criminosos para não os denunciarem.
E a Polícia não tem
como agir, por isso os níveis
alarmantes do número de casos
registados em apenas dois
meses”, justificou o porta-voz
do Comando-Geral da PRM.
Recorde-se que na entrevista
que o Comandante-Geral da Polícia
da República de Moçambique
concedeu a semana passada
em exclusivo ao Canal de Moçambique,
que foi o primeiro
jornal a trazer este tema dos raptos
seguidos de resgate, Jorge
Khalau disse que alguns casos
de sequestros podiam ser esquemas
inventados para os implicados
justificarem a exportação
ilegal de dinheiro. Khalau chegou
mesmo a questionar por que
razão as vítimas de sequestros
“mantêm milhões de dólares em
casa”. Não provou que assim é.
Tais declarações do principal
oficial da hierarquia da
PRM levantaram um clima de
enorme indignação não só nas
vítimas e suas famílias, como
das organizações religiosas, sobretudo
muçulmanas e mahometanas,
que levou alguns, nos
seus comentários em círculos
sociais, a falarem mesmo de incompetência
e até a proporem
a demissão de Jorge Khalau.
Apesar destas declarações,
agora de Pedro Cossa, porta-voz
do Comando-Geral da PRM,
mantém-se na comunidade empresarial
o sentimento de que
só pelo facto do assunto ter-se
tornado do interesse público a
Polícia decidiu a agir. Duvida-
-se de que alguma vez se venha
a chegar a conclusões reais e
mantém a convicção de que assim
será. Continuam a insinuar
que há elementos da corporação
ao mais alto nível envolvidos
nos raptos e que possam ainda
haver elementos sob custódia no
comando do grupo criminoso.
As vítimas, seus familiares e
amigos continuam a manter um
silêncio sepulcral, com receio de
consequências. Fontes próximas
revelaram-nos que o seu silêncio
encontra justificação em alguns
factos que ocorreram quando
os primeiros raptados acabaram
de colaborar com as autoridades.
(Canal de Moçambique)
…mas não adianta evidências, e o medo mantém-se na comunidade empresarial
Na cidade de Maputo
Polícia anuncia detenções em
conexão com os raptos
Destaques
4 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Destaques
Massinga apavorado com o caso
Cláudio Saúte
Um cidadão de nacionalidade
chinesa, identificado por
Song Wen, 35 anos de idade,
está detido desde a semana
passada, na cadeia distrital
de Massinga, na província de
Inhambane, indiciado de crime
de violação de menores.
O chefe das Operações no
Comando Distrital de Massinga,
Gabriel Matias, disse ao
Canal de Moçambique que,
para lograr os seus intentos,
Song Wen abriu um estabelecimento
de reparação e venda
de electrodomésticos no mercado
de Massinga, e as vítimas
eram contratadas como empregadas
do estabelecimento e
da sua residência e posteriormente
eram violadas pelo cidadão
de nacionalidade chinesa.
“Ele sempre precisou de
crianças de idades compreendidas
entre 12 e 15 anos
para lhe fazer sexo oral, prometendo
pagar 500 meticais.
O azar bateu-lhe à porta quando
uma das crianças, estudante
na Escola Primária Completa de
Matingane, não gostou da brincadeira
e foi denunciar o caso à
Polícia,” disse-nos o chefe das
Operações no Comando Distrital
de Massinga, Gabriel Matias.
Segundo este porta-voz da
Polícia, como resultado de buscas
efectuadas na residência
de Song Wen, foram encontrados
vestígios que “o incriminam
fortemente”, tais como
“roupas interiores de adolescentes
para além de outras
menores encontradas a lavar
loiça”, na residência deste e
que “confessaram ter praticado
sexo oral com o patrão”.
“Era um acto contínuo. Devido
à delicadeza do assunto,
entregámos o caso à Procuradoria
e ao Tribunal. Ele vivia
sozinho”, disse o porta-voz
da PRM que estamos a citar.
Estadia ilegal
Ainda segundo a Polícia,
Song Wen entrou no país com
um passaporte turístico cuja
validade expirou em Agosto
do ano passado. Assim sendo,
agora o cidadão chinês enfrenta
dois processos, sendo
um a violação de menores e
outro a estadia ilegal no país.
(Canal de Moçambique)
Província de Inhambane
Cidadão chinês detido
acusado de violação
de menores Ficha Técnica
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Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 5
Destaques
João Matlombe, vereador dos Transportes e Comunicações no Município de Maputo
Borges Nhamirre
A Polícia Municipal da cidade
de Maputo iniciou esta segunda-
-feira uma campanha maciça de
bloqueio das rodas das viaturas
(veja na imagem) mal estacionadas
na baixa da cidade de Maputo.
A campanha encontrou muitos
automobilistas de surpresa, habituados
a estacionar viaturas em
locais não permitidos. Quando
saíram dos seus escritórios encontraram
as suas viaturas com
um bloqueador numa das rodas
o que fez com que não pudessem
sair do local. Para abrirem
o bloqueador, o automobilista
deve pagar um valor de 750 meticais
(cerca da metade do salário
mínimo). Só depois de pago
poderá seguir o seu caminho.
Nas avenidas Samora Machel,
25 de Setembro, Praça 25 de Junho,
na baixa da cidade, locais
de grande aglomeração de escritórios,
mas com pouco espaço
disponível para estacionamento,
a Reportagem do Canal de Moçambique
deu um giro para se
aperceber da dimensão da acção
da Polícia Municipal e em pouco
tempo contou cerca de três
dezenas de viaturas bloqueadas.
Os seus donos deixaram-nas
mal estacionadas e os agentes
da edilidade bloquearam-nas.
No bloqueador, numa chapa
triangular que é acorrentada
e trancada na roda por meio de
um cadeado, está gravado um
número que o dono da viatura
pode usar para através dele ligar
para um centro de atendimento
da edilidade e alertar do
sucedido. Pouco tempo depois
os agentes dirigem-se ao local
para desbloquear a viatura,
mediante o pagamento de uma
multa no valor de 750 meticais.
A campanha é para durar
O Canal de Moçambique abordou
o vereador para Área dos
Transportes e Comunicações no
município de Maputo, João Matlombe.
Este explicou que não
há nenhuma ilegalidade no bloqueio
de viaturas mal estacionadas.
Disse ainda que a campanha
iniciada maciçamente ontem
pelo município “é para durar”.
“Temos 5 viaturas dedicadas a
esta campanha e muitos bloqueadores
disponíveis. Dentro de 5
meses verá que há-de haver muito
espaço para se estacionar na
cidade. Uma coisa é não circular
nas estradas devido aos buracos
e outra coisa é não circular devido
a viaturas estacionadas na
via pública”, disse o vereador
Matlombe, explicando que “é
com as viaturas mal estacionadas
que a edilidade pretende acabar”.
Questionado sobre a exiguidade
de espaço para parqueamento
na baixa da cidade – questão com
que o Município nunca se preocupou
– Matlombe disse que “o problema
está na falta de cultura dos
munícipes de deixar espaço em
locais recomendados”. Disse ainda,
por exemplo, que existem parques
autorizados, um deles localizado
junto do mercado central e o
outro na Avenida Samora Machel,
onde se paga 15 meticais por cada
hora de estacionamento, mas os
munícipes preferem deixar a viatura
em local não autorizado para
tal, desde que se localize próximo
do local para onde se dirigem.
“Valor modesto”
O valor exigido pela edilidade
para liberar a viatura bloqueada
é de 750 meticais, aproximadamente
a metade do salário mínimo
mais baixo em vigor no país.
Matlombe diz que este valor é
“modesto”, tendo em conta o
prejuízo que as viaturas mal estacionadas
causam à circulação
de outros automóveis na cidade.
“Imagina você sair do seu escritório
encontrar que a sua viatura
está bloqueada por uma outra
que alguém veio deixar em
lugar impróprio. Quanto perde
com isso?”, interroga o vereador.
Município não se
responsabiliza com a
segurança da viatura
bloqueada
Uma vez bloqueada e deixada
na via pública, a edilidade não se
responsabiliza com a segurança
da mesma viatura. “Se o dono da
viatura encontrar seu carro sem
faróis ou outras peças, o município
não se responsabiliza. Só
se a viatura for rebocada para o
parque é que o município garante
ao seu dono que possa encontrá-
-la nas mesmas condições em
que foi rebocada, mas aí a multa
sobe para 2.500 meticais por
dia”, explicou à nossa Reportagem
o vereador dos Transportes
do elenco de David Simango.
Para conferir mais espaço de
estacionamento na cidade de
Maputo, João Matlombe disse
que dentro de duas a três semanas
a edilidade irá anunciar
mais um parque municipal para
o estacionamento de veículos
na baixa da cidade com capacidade
superior a 3 mil viaturas.
“Agora não posso anunciar
mais nada sobre o parque,
pois ainda estamos a negociar
com os parceiros”, disse.
Nervosismo nos automobilistas
Ontem, dia que em que teve
inicio a campanha de bloqueio
de viaturas, era visível o nervosismo
no seio dos munícipes que
saíam dos seus locais de trabalho
ou outros afazeres e encontravam
suas viaturas bloqueadas. Alguns
desesperados e sem dinheiro para
mandar libertar seus carros, gritavam
para os lados chamando aos
agentes da edilidade “ladrões”.
Mas no fim acabavam pagando
para que os seus veículos acabassem
por ser libertados. Os que
não tinham dinheiro deixaram
seus carros na via pública. Até às
19 horas de ontem, ainda havia
algumas viaturas bloqueadas ao
redor da praça 25 de Junho, testemunhou
a nossa Reportagem.
A chamada para a Polícia desbloquear
a viatura é gratuita e o número
está estampado no bloqueador.
(Canal de Moçambique)
“Temos 5 viaturas dedicadas a esta campanha e muitos bloqueadores disponíveis.
Dentro de 5 meses verá que há-de haver muito espaço para estacionar na cidade”
– João Matlombe, vereador dos Transportes e Comunicações no Município de Maputo
Na baixa da cidade de Maputo
Campanha de bloqueio de automóveis
mal estacionados apavora munícipes
Viatura com a roda bloqueada
6 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Editorial
Um presidente desbocado
e insultuoso não promove
estabilidade
O presidente Armando Guebuza, no dia 03 de Fevereiro, que por sinal
é uma data nacional que deveria ser respeitada como uma efeméride
para a qual contribuíram muitas gerações de moçambicanas e moçambicanos
das mais variadas etnias, idades, convicções políticas, sociais e religiosas
em vários períodos da nossa história, voltou a salientar-se, com
o seu discurso ofensivo e insultuoso, ao apelidar de “marginal” quem
fala criticamente de si e do que lhe é mais próximo e querido, como se
o País fosse a sua machamba pessoal e mais ninguém tivesse o direito
de ter ideias próprias e de ver Moçambique com os seus próprios olhos.
Esperava-se do Chefe de Estado, num feriado nacional que evoca sobretudo
o presidente da Frente de Libertação de Moçambique, Eduardo
Mondlane, que não confundisse as suas paixões com as de todo um povo
que se revê na nacionalidade que nos abraça a todos, mas não tem obrigatoriamente
que fazer a mesma leitura de quem está temporariamente
a gerir o País.
Armando Guebuza voltou neste último 03 de Fevereiro a quebrar a
louça sem o mínimo respeito pelos cidadãos que não partilham as suas
crenças e aspirações, e com isso voltou a demonstrar estar muito aquém
do que deve ser o comportamento e a atitude de um Chefe de Estado de
um País plural e multi-cultural.
Numa altura em que o debate sobre o seu sucessor, na liderança do
partido Frelimo, com o aproximar do X Congresso, está ao rubro – conjugado
com uma alegada crise de valores da actual liderança – multiplicam-se
os recados dos críticos em geral, e Armando Guebuza começa a
dar sinais de uma grande frustração que não lhe permite distinguir a sua
organização – o Partido Frelimo – da República de todos nós, onde nem
todos se revêem no partido Frelimo e podem até desejar outras opções
que passam inclusivamente por apear esta organização do poder por via
democrática.
Com o seu comportamento que já ultrapassa tudo o que se pode esperar
do mais alto dignitário de um País, o Senhor Guebuza está a começar
a deixar muita gente preocupada com a forma como ele encara as críticas
que visam o seu modus operandi e o seu modus vivendi, bem como
dos membros ao mais alto nível do seu partido em que pululam os que
usurparam o poder pisando muitos, alguns que até acabaram por ser
eliminados fisicamente.
O nervosismo de Armando Guebuza é de tal ordem que mais uma vez
voltou a usar termos injuriosos e cada vez menos simpáticos contra os
que criticam abertamente as suas políticas e se opõem aos seus métodos
e propósitos, o que em democracia não só é legítimo como prática corrente
em qualquer parte do mundo civilizado.
O ambiente que se vive no seio do Partido Frelimo há muito se sabe
que é de grande crispação, mas agora está mais claro depois de termos
ouvido as palavras do presidente da organização no acto de lançamento
das celebrações do que dizem ser o seu 50.0 aniversário – facto, contudo,
que os historiadores e muitos outros contestam – como o leitor
se poderá aperceber em várias peças nesta nossa edição, sobretudo na
Grande Entrevista que o historiador Egídio Vaz concedeu em exclusivo
ao Canal de Moçambique.
Está agora ainda mais claro que o ambiente está mesmo de cortar à
faca no seio do Partido Frelimo, quando vemos mais uma vez Armando
Guebuza voltar a recorrer a adjectivos como “marginais” e “desgraçados”
para caracterizar os que tentam contrariar a actual liderança e colocar
em causa os seus valores. Já os tinha apelidado de “apóstolos da
desgraça”, “tagarelas” e agora vem com mais estas ainda de mais baixo
nível.
Era hábito insultar os seus concidadãos, mas desta vez chegou ao cúmulo
de dizer que “quem não tem amor-próprio é um desgraçado”, num
claro desafio e injúria aos seus próprios camaradas que antes de o serem
são sobretudo cidadãos moçambicanos. Está com medo do que lhes espera
no Congresso e nesta recta final, e por isso recorre à ameaça…
Armando Guebuza voltou a surpreender pela negativa recorrendo à
sua vulgar retórica divisionista e quase polpotiana, ao ameaçar os críticos
de os vir a marginalizar como se o País fosse uma sua cotada.
Sendo o PR o mais alto magistrado da Nação ao proceder como procedeu,
o respeito que deve merecer a figura do Chefe de Estado acabou
sendo por ele próprio posto em causa, deixando aberto espaço para, no
mais elementar direito de defesa, lhe devolverem os epítetos.
Será que o Senhor Guebuza já se esqueceu que a arrogância alicerçada
nas armas e no poder não serviu de nada e apenas levou o País a passar
pelos momentos de maior brutalidade da sua história?
Será possível acreditar que quem nos momentos de maior aperto pessoal
opta por insultar tudo e todos pode ser de facto, como pretenderá
fazer crer, alguém comprometido com a Paz e realmente respeitador da
Constituição que jurou solenemente cumprir?
As ameaças de Armando Guebuza poderão chegar ao ponto dele vir a
protagonizar uma noite das “facas longas” e isso é preocupante, conhecido
que é o seu passado. É uma questão que legitimamente qualquer
um pode equacionar a partir de agora em que se conhece a tendência
compulsiva de Armando Guebuza para o insulto de violência. E, considerando
todas as probabilidades, quem quer que seja tem todo o direito
de ainda equacionar que medidas deverá preventivamente adoptar para
enfrentar qualquer eventualidade, o que de todo não sendo recomendável
é legítimo, para que não se venha um dia a ser surpreendido. Se assim
for, entraremos numa espiral de violência a chamar violência. Mas
de facto quem se poderá deixar distraído, se não deixarmos esquecido o
tempo que passou?
A ida a Roma para um acordo de Paz foi precisamente o culminar de
um processo que começou com insultos e acabou num banho de sangue
sem precedentes. Foi um tempo absolutista que quando se quis evitar as
suas consequências já era tarde demais.
Quem já viu esse filme desde os seus primeiros episódios certamente
que se preocupa, como nós, de estarmos a ver os mesmos erros a serem
repetidos.
Recomendaríamos por isso, com a nossa habitual frontalidade, que
este tipo de discursos fosse definitivamente abandonado, não só a bem
da unidade nacional que sem equívocos está como uma das primeiras
prioridades para qualquer Chefe de Estado de um País moderno, mas
também a bem da convivência democrática preconizada pela Constituição
da República e demais instrumentos legais em vigor no País e no
concerto das nações.
(Canal de Moçambique)
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 Publicidade 7
8 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Opinião
Foi notável o abuso dos meios
públicos de comunicação social,
nos dias 03 e 04 de Fevereiro corrente,
seja da Rádio Moçambique
(RM) como da Televisão de Moçambique
(TVM) aquando do lançamento
das festividades dos ditos
50 anos da FRELIMO. Não se sabe
se celebram 50 anos da fundação da
Frente de Libertação de Moçambique,
FRELIMO, substituída, no terceiro
congresso pelo partido Frelimo,
de ideologia marxista-leninista
e prática estalinista que provocou
horrores no povo, como fuzilamentos,
prisões arbitrárias, campos
de concentração, guias de marcha,
chicotadas, ou do partido Frelimo,
mas o certo é que no meio desta
grande fraude histórica, usou-se e
abusou-se – está-se a usar e abusar
das estações públicas de rádio
e televisão como se fossem emissoras
privadas do partido Frelimo.
A FRELIMO frente de libertação
era uma coisa. Foi extinta quando
tinha 15 anos (1962-1977). O partido
Frelimo tem 35 anos. Foi criado
a 3 de Fevereiro de 1977. Qual das
“frelimos” celebra 50 anos? É uma
questão também que as emissoras
públicas não estão a esclarecer o
grande público e antes porém estão
a ajudar a confundir, mentindo.
Fazer a ligação da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO)
com o Partido Frelimo é
uma falácia. Não há uma relação
de causa-efeito. Vários membros
da FRELIMO, Frente de Libertação
não integraram o Partido
Frelimo precisamente porque não
eram marxistas-leninistas ou não
eram socialistas nem comunistas.
A guerra que devastou, durante 16
anos, (1976/1992) o País, resultou
precisamente da exclusão e opressão,
como causa primeira, e não de
vizinhos racistas e de colonialistas
frustrados com a independência nacional.
A causa da guerra civil reside
precisamente na ideologia ditatorial
que o Partido Frelimo adoptou ao
usurpar o nome à Frente de Libertação
de Moçambique que cobria
todos os moçambicanos das mais
variadas tendências ideológicas.
O partido Frelimo acabaria
mais tarde por virar o disco, depois
de terem usado o marxismo-
-leninismo para porem sob sua
tutela tudo o que era de outros,
e usurparam tudo pessoalmente
tornando-se donos de impérios
empresariais inéditos numa
das maiores burlas conhecidas.
Em países com governos sérios,
a riqueza é produto de trabalho e
não de jogadas políticas e de burlas
como os senhores do Partido
Frelimo acabaram por consumar,
enganando o povo moçambicano.
A RM que, dispendeu largas horas
a difundir actividades da Frelimo,
vai receber do Estado, em
2012, 327.335,70 mil meticais para
cobrir o défice de tesouraria. Os
consumidores de electricidade pagam
taxas de radiodifusão. Os utentes
de viaturas com rádio pagam
também de taxas 140 meticais/ano.
Mas, os grandes temas nacionais
não são debatidos na RM, como as
manifestações de 1 e 2 de Setembro
de 2010, os rebentamentos do
paiol de Mahlazine. A retirada de
críticos nos programas de análise
como “Estama Semana Aconteceu”
é sinal de alinhamento da RM
com a Frelimo, usando dinheiros
públicos. Estão-se a usar fundos do
Estado para manter o partido Frelimo
e depois dizem-nos que a própria
comunidade internacional não
está a ser cúmplice da roubalheira
a que estamos todos a assistir.
A TVM que, na noite do sábado,
4 de Fevereiro, difundiu o concerto
musical da Frelimo, havido, no
Bairro do Aeroporto, em Maputo, a
começar por volta das 20:30 horas
até à meia noite, em que os músicos
pareciam ter sido formatados para
enaltecerem o partido Frelimo foi
outra escândalo em que uma organização
de direito privado, como são
os partidos, acabou por fazer a sua
propaganda a título gratuito usando
dinheiro do Estado que é suposto
ser de todos e nunca do partido
que está no poder, seja ele qual for.
A TVM vai receber do Estado,
em 2012, 177.904,20
mil meticais de subsídio.
A TVM é uma estação pública,
mas, ao serviço do partido no
poder só se pode dizer que está
a burlar o Estado não cobrando
serviços a uma entidade privada.
A Procuradoria Geral da República
não vê isso e diz reger-
-se pelas leis e pela constituição.
Há motivos para se questionar
se a continuação da taxa de radiodifusão
é legítima, nas cobranças
da EDM? É legítimo sendo a RM
um órgão público que faz o mesmo
que a TVM perguntarmos se
não teremos o direito de nos recusarmos
a continuar a pagar taxas
enquanto estas coisas subsistirem.
A indignação é um direito que
assiste os povos, sobretudo, quando
burlados por quem anda a dizer
que não apanha sono no interesse
da maioria, quando, de facto tudo
se orienta para interesses particulares
e em esquemas que são autenticas
burlas ao erário público.
Quanto a Frelimo pagou de
publicidade à RM e TVM?
E será que a Frelimo foi notificada
pela CNE por andar a fazer
campanha antecipada com essa
radiodifusão e posters espalhados
pelas cidades desde 2009?
É um escândalo este país.
Os doadores quererão continuar
a enganar-se a eles próprios fingindo
que não vêem estas coisas?
Terão a distinta lata de continuarem
a ser cúmplices desta fraude? Terão
a lata de continuar a dizer que ajudam
o povo moçambicano? Não
vêem estas barbaridades? A quem
querem continuar a enganar. Não
percebem que no dia em que a revolta
chegar às ruas eles não estarão
em posição isenta. Não vêem
isso? Sabes-lhes bem serem agora
serem cúmplices? E no dia de uma
eventual ruptura irão querer convencer
os moçambicanos que não
ajudaram a manter os burladores no
poder? (Canal de Moçambique)
Bahia está um caos: Greve não se faz
contra a cidadania
Por Saul Leblon, Bahia, Brasil
O direito irrestrito à greve não
dá a nenhuma categoria permissão
para aliar-se a bandidos ou
insuflar a criminalidade, fazendo
do pânico e da insegurança da população
uma carta manchada de
sangue na mesa de negociações.
Qualquer greve, mas sobretudo
aquelas de categorias ligadas
ao serviço público e dentro dele,
em especial, os segmentos da
saúde e da segurança, perde sua
legitimidade, não apenas sindical,
mas política e democrática, ao
manifestar desprezo e descompromisso
com a sorte e o destino
de milhões de pessoas, sobretudo
os mais humildes que tem apenas
a esfera pública como abrigo de
vida e direitos. O PT, correctamente,
sempre apoiou os movimentos
grevistas ancorados em
justas reivindicações salariais ou
laborais. Não teria motivo para
discriminar os trabalhadores das
corporações policiais, desde que
em mobilizações pautadas pelo
discernimento da singularidade
pública que os distingue.
O que se assiste hoje na Bahia
é uma afronta a esses princípios e
a esses valores.
Desde que um segmento da Polícia
Militar do Estado decretou
greve, na última terça-feira, instalou-se
o caos, a morte e o medo
na vida da população baiana. Em
cinco dias de paralisação, cerca
de 52 assassinatos foram registados,
ademais de uma explosão
nas ocorrências de roubos, arrastões
e saques. Policiais encapuzados
atacaram o transporte colectivo;
há suspeitas de cumplicidade
com crimes e gangues que tem
levado o pânico aos trabalhadores
e às famílias.
A realização plena da sociedade
humana passa pela extinção do
Estado e não pela sua instituição
como pensavam os filósofos naturalistas.
Mas até que isso aconteça
- e só acontecerá quando for
suprimida e desigualdade num
estágio superior de civilização e
produção - a organização estatal,
ao contrário do que preconizam
os defensores do Estado mínimo,
é imprescindível.
Sendo a expressão da sociedade
existente, o poder de Estado
caminhará sempre no meio fio
entre a defesa do privilégio que
representa e as pressões sociais
destinadas a ampliar a prerrogativa
democrática no comando das
políticas públicas e na gestão da
riqueza social.
Avançar nesse sentido hoje na
Bahia significa restituir o monopólio
democrático da força ao
Estado e devolver a segurança à
sociedade, resgatando valores e
regras que formam os laços da
convivência compartilhada.
O que se anunciou como uma
greve salarial - repita-se, em
princípio, legítima - transfigurou-
-se no avesso do que deve ser o
compromisso histórico número
um dos trabalhadores, de seus
sindicatos e dos partidos que os
representam: defender a democracia
e combater a desigualdade,
fazer de sua luta e de sua
emancipação uma conquista de
toda a sociedade. (Saul Leblon,
Bahia, Brasil, in Blog das Frases/
Canal de Moçambique)
Frelimo abusa dos serviços
públicos de comunicação social
e de radiodifusão
Edwin Hounnou - edhounnou@yahoo.com.br
Tiro ao Alvo
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 Publicidade 9
10 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Nacional
Os munícipes não querem retornar às casas que estiveram alagadas
Cláudio Saúte
Cerca de 400 pessoas vítimas
das últimas enxurradas
que assolaram a cidade de
Maputo, agora a viverem em
tendas no bairro de Inhagoia,
distrito municipal KaMubukwane,
arredores de Maputo,
recusam-se a abandonar o
local antes de lhes serem indicados
os talhões prometidos
pelo município de Maputo.
Os reassentados contaram
ao Canal de Moçambique
que as promessas de terrenos
foram feitas pelo presidente
do Conselho Municipal
de Maputo, David Simango,
e pelo antigo presidente da
Assembleia da República,
Eduardo Mulémbwè, durante
as visitas que efectuaram ao
local durante as enxurradas.
Assina Naguid vivia no
bairro 25 de Junho, mas agora
está acantonada no Centro
de Acolhimento de Inhagoia.
Diz que a sua casa estava submersa
até à altura das janelas.
Indicou que dentro da casa já
não tem água, mas não existem
condições de habitabilidade
e tudo pode repetir-se.
“Ainda tem muita água
nas valas. A zona está sob
ameaça de doenças diarreicas
e malária. Não sabemos
se continuamos aqui
no centro ou voltamos para
as nossas casas”, disse Assina
à nossa Reportagem.
Por seu turno, Zulmira
Francisco, residente no mesmo
bairro 25 de Junho “A”,
explicou que vive numa casa
da APIE que ficou alagada
durante a chuva. Quando a
situação piorou, foi retirada
daquele local para o Centro
de Acolhimento de Inhagoia
e agora diz que não tenciona
retornar ao mesmo local.
“A nossa ideia é sairmos
do centro e irmos viver
noutro local. As minhas
machambas estão alagadas,
havia couve, alface, cebola”,
disse, sublinhando que
“a partir do centro, para a
frente é que é o caminho”.
Angélica Ezequiel, residente
no bairro de Inhagoia “A”,
diz que a sua família é composta
por seis membros, e
todos dormem na mesma tenda
oferecida no Centro. Ela
recebe um rancho semanal
constituído por massa, sardinha,
arroz e farinha de milho.
“O meu marido, todos os
dias vai dormir em casa porque
temos coisas dentro da
casa e temos que protegê-
-los contra o furto, mas
não podemos abandonar o
Centro antes de nos indicarem
outros terrenos”, disse.
As promessas
de Mulémbwè
O nome do antigo presidente
da Assembleia da
República, Eduardo Mulémbwè,
está na “boca” de
cada uma das 70 famílias
que estão alojadas do Centro
de Alojamento de Inhagoia.
Mulémbwè já disponibilizou
8 fardos de roupa usada,
vulgo roupa das calamidades,
e 75 kits de material diverso.
“Mulémbwè esteve cá e perguntou-nos
o que é que queríamos.
Respondemos que
desde 1999 que temos vindo
a ser assolados por diversas
intempéries e não queríamos
viver mais naquelas zonas”,
disse Regina Mateus, residente
no bairro 25 de Junho.
Regina, chefe de um agregado
familiar de sete membros,
prosseguindo, disse
que passado alguns dias o
ex-presidente do Parlamento
voltou ao centro para dizer
Outro grande problema que
os reassentados enfrentam no
centro é a restrição no fornecimento
de água. Com cerca de
400 pessoas aglomeradas no
mesmo local, a falta de água
ameaça fazer eclodir doenças
derivantes da falta de higiene.
Benedito Eugénio, cuja residência
está completamente
alagada na zona do “Botomo”,
no interior de Inhagoia,
disse que os reservatórios
do centro de repente ficaram
sem água, o que embaraçou
a vida dos reassentados.
“Ficámos sem água durante
três dias e para cozinharmos
que “os terrenos já estão a
ser parcelados nas Mahotas”.
“Mulémbwè veio dar-nos
uma boa resposta. Disse para
continuarmos aqui até voltar
a dar a última palavra. Não
sabemos se a decisão será
continuar aqui, voltarmos
para as nossas casas ou ir ocupar
os novos talhões”, disse.
David Simango também
fez promessas
Contaram-nos ainda que o
presidente do Conselho Municipal
de Maputo, David
Simango, disse que vai trabalhar
no sentido de ajudar
as vítimas das chuvas intensas
que fustigaram a cidade,
a obterem terrenos em locais
seguros para se reassentarem.
A garantia foi dada durante
uma visita do edil ao
centro de acolhimento de
Inhagoia. Simango reconhece
que as vítimas das
enxurradas devem ser transferidas
das zonas assoladas
para outros locais seguros.
“Estamos a trabalhar para
vocês terem terrenos para
construírem as vossas habitações”,
disse o edil às
cerca de 400 pessoas acotivemos
que desenrascar junto
das nossas famílias ou comprar
em fontanários públicos”, disse.
Por seu turno, Natália Fernando
diz que com a falta da água, a saúde
pública está ameaçada no centro.
“Estamos concentrados neste
centro e cada um tem os seus
hábitos de higiene, e usando os
mesmos sanitários e mesmo espaço
fica complicado”, lamentou.
Afirmou que em caso de eclosão
de uma doença diarreica,
centenas de vidas podem estar
ameaçadas. “Temos assistência
médica garantida, mas não podemos
ficar sem água”, observou.
Carro dos Serviços Nacionais
modadas naquele Centro.
Advertiu que os que beneficiarem
de talhões não
os devem vender, “porque
à medida que vocês forem
abandonando as zonas problemáticas,
o Conselho
Municipal vai ocupá-las
para não regressarem quando
as águas drenarem”.
Não há datas
Apesar de existir uma luz
no fundo do túnel, o responsável
do Centro de Acolhimento
de Inhagoia, Horácio
Nhavoto, disse ao Canal de
Moçambique que não existem
datas exactas para a
transferência das famílias.
“O Conselho Municipal
está à procura de um espaço
para reassentar estas
famílias. Não sabemos
quando. Enquanto não se
indicar um lugar, as pessoas
vão continuar aqui”, disse.
Neste momento, 70 famílias,
correspondente a 358
pessoas, continuam a viver
em tendas, no Inhagoia. Deste
número, 177 têm idade
escolar. A maior parte destas
famílias vem dos bairros
de Inhagoia e 25 e Junho.
dos Bombeiros avariado
O responsável do Centro de
Reassentamento de Inhagoia, Horácio
Nhavoto, disse ao Canal de
Moçambique que a falta de água
no centro foi provocada por uma
avaria do carro dos Serviços Nacionais
dos Bombeiros que geralmente
abastece os reservatórios.
“Quem fornece água são os
bombeiros. Eles tiveram a viatura
avariada quando vinha de
Boane. Ficámos três dias sem
água. Os reassentados tiveram
que recorrer às famílias ou vizinhos
para terem o precioso líquido”,
esclareceu o responsável do
centro. (Canal de Moçambique)
Vítimas das cheias em “guerra” com o município de Maputo
Centenas de pessoas recusam abandonar
o Centro de Acolhimento de Inhagoia
Falta de água no centro de
reassentamento ameaça eclodir doenças
Tanques como estes ficaram sem água durante dois dias,
devido a avaria do carro dos bombeiros
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 11
Três moçambicanos detidos por caçarem rinocerontes para extracção das respectivas pontas
Nacional
O Canal de Moçambique
em parceria com a Pandorabox
disponibiliza a mais recente legislação
e demais diplomas legais
que entraram em vigor em
todo o território moçambicano
entre Dezembro de 2011 e Janeiro
de 2012. Confira aqui:
Resolução nº 1/2012 de 10
de Janeiro de 2012
--> Marca a eleição intercalar
do Presidente do
Conselho Municipal da Cidade
de Inhambane para
o dia 18 de Abril de 2012
Resolução nº 2/2012 de 10
de Janeiro de 2012
--> Concernente à actualização
do recenseamento eleitoral
para a eleição intercalar do
Presidente do Conselho Municipal
da Cidade de Inhambane
Deliberação nº 21/2011 de
28 de Dezembro de 2011
--> Atinente à marcação
da data exacta de investidura
dos Candidatos autárquicos eleitos
em 7 de Dezembro de 2011
Deliberação nº 22/2011 de 28
de Dezembro de 2011
--> Atinente à destruição
dos boletins de voto das Eleições
Autárquicas Intercalares
de 7 de Dezembro de 2011
Deliberação nº 23/2011 de 28
de Dezembro de 2011
--> Aprova o Guião para a
Elaboração do Relatório de Actividades
das comissões de eleições
distritais e de cidade - 2011
Resolução nº 68/2011 de 20 de
Dezembro de 2011
--> Ratifica o Acordo de Crédito
celebrado entre o Governo
da República de Moçambique e
a Associação Internacional para
o Desenvolvimento, assinado no
dia 5 de Dezembro de 2011, em
Maputo, no montante de SDR 43
800 000,00 (Quarenta e três milhões
e oitocentos mil Direitos
Especiais de Saque) equivalente
a USD 70 000 000,00 (Setenta
milhões de Dólares Americanos)
destinado ao financiamento do
Projecto de Desenvolvimento
Nacional de Recursos Hídricos
Diploma Ministerial nº
277/2011 de 5 de Dezembro de
2011
--> Actualiza a tabela de taxas
a cobrar pelos serviços prestados
na inspecção, controlo de qualidade
e amostragem de sementes
Despacho Presidencial nº
53/2011 de 28 de Dezembro de
2011
--> Nomeia Carlos dos Santos,
para o cargo de Embaixador
Extraordinário e Plenipotenciário
da República de
Moçambique junto da Irlanda
Despacho Presidencial nº
54/2011 de 28 de Dezembro de
2011
--> Determina a promoção à patente
de Superintendente Principal
da Polícia, no escalão de Oficiais
Superiores, dos oficiais da Polícia
da República de Moçambique
Despacho Presidencial nº
55/2011 de 28 de Dezembro de
2011
--> Determina a promoção à
patente de Superintendente da
Polícia, no escalão de Oficiais
Superiores, dos oficiais da Polícia
da República de Moçambique
Diploma Ministerial nº
3/2012 de 11 de Janeiro de 2012
--> Aprova o Regulamento
Interno do Departamento
de Administração e Finanças
Diploma Ministerial nº
4/2012 de 11 de Janeiro de 2012
--> Aprova o Regulamento
Interno do Departamento
de Recursos Humanos
Diploma Ministerial nº 5/2012
de 11 de Janeiro de 2012
--> Aprova o Regulamento
Interno da Direcção Nacional
de Investimentos e Cooperação
Diploma Ministerial nº
6/2012 de 11 de Janeiro de 2012
--> Aprova o Regulamento
Interno da Direcção Nacional de
Estudos e Análises de Políticas
Diploma Ministerial nº
7/2012 de 11 de Janeiro de 2012
--> Aprova o Regulamento
Interno da Direcção Nacional
de Monitoria e Avaliação
Rectificação
--> Atinente aos Despachos
Presidenciais n.ºs 51 e 52/2011,
de 24 de Novembro publicados
no 3.º Suplemento ao Boletim
da República n.º 47, 1.ª Série
* Despacho Presidencial nº
51/2011 - Nomeia Joaquim
Marcos Manjate, para o cargo
de Vice-Comandante do
Instituto Superior de Estudos
de Defesa Tenente-General
Armando Emílio Guebuza
* Despacho Presidencial nº
52/2011 - Nomeia Mauros Bacar
Litamba, para o cargo de
Vice-Comandante do Instituto
Superior de Estudos de Defesa
Tenente-General Armando
Emílio Guebuza . (Pandorabox/
Canal de Moçambique)
Canal de Cidadania
Legislação recente
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O tribunal regional de Phalaborwa
condenou três cidadãos
moçambicanos a 25 anos de
cadeia cada, por caçarem rinocerontes
para extracção das
respectivas pontas, no Parque
Nacional de Kruger, em 2010.
Anselmo Baloi, Ismael Baloi e
Joaquim Cuna foram condenados
a 10 anos por caça ilegal
e a 15 anos por posse de armas
de fogo proibidas. A pena
de 10 anos de cadeia é remível
em multa de 100 mil randes
(341.644,00 meticais). O ministro
dos assuntos ambientais da
África do Sul, Edna Molewa,
aplaudiu a sentença do tribunal.
Tem-se registado um aumento
de rinocerontes abatidos na
África do Sul. Em 2011, foram
abatidos 448 rinocerontes.
Em 2010, o número foi de 333.
Uma grande parte das pontas
de rinoceronte é contrabandeada
para Moçambique e
depois exportada ilegalmente
para a China e outros mercados
asiáticos. (Business Day/
Canal de Moçambique)
Acusados de caça furtiva
Três moçambicanos condenados a
25 anos de prisão na África do Sul
12 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Nacional
Raimundo Moiane
O número de pessoas que
abandonaram o tratamento antiretroviral
na província de Gaza,
a sul de Moçambique, registou
um incremento de 85 por cento
em 2011, quando comparado
com o ano anterior de 2010. Em
termos absolutos, são 27.086
pessoas que abandonaram o tratamento
antiretroviral em 2011,
segundo dados da Direcção
Provincial de Saúde de Gaza.
As longas distâncias que os pacientes
são obrigados a percorrer
para poder ter acesso aos serviços
de Saúde, bem como a falta de uma
alimentação adequada para poder
aguentar com os efeitos colaterais
do tratamento, são apontados
por Mulássua Simango, directora
substituta de Saúde em Gaza, como
as principais causas que ditam a
maioria dos casos de abandono.
Para inverter este cenário, de
acordo com Mulássua Simango,
as autoridades sanitárias de Gaza
estão a desencadear campanhas
de sensibilização aos doentes e
aos seus familiares, bem como
à sociedade, em geral, no sentido
de explicar a necessidade e
a importância de aderir ao tratamento
como forma de prolongar
a vida dos seropositivos, ou
seja, dos doentes do HIV-Sida.
Ainda no mesmo âmbito, as
autoridades sanitárias de Gaza
têm vindo a aumentar os postos
de testagem voluntária como forma
de as pessoas conhecerem o
seu estado serológico de modo
a aderirem ao tratamento antiretroviral,
caso seja diagnosticada
a chamada doença do século.
Mulássua Simango disse que
no ano passado mais de mil pessoas
morreram na província
de Gaza, vítimas do HIV-Sida.
Os distritos de Chókwè, Chibuto,
Xai-Xai e Bilene são apontados
como as zonas com mais
óbitos devido ao HIV-Sida.
De um universo de um milhão
e trezentos mil habitantes com
que a província de Gaza conta,
142.203 pessoas estão infectadas
pela chamada doença do século,
o que corresponde a uma taxa de
seroprevalência 25,1 por cento.
Dos 142.203 infectados,
apenas 35 mil é que têm acesso
ao tratamento antiretroviral.
(Canal de Moçambique)
Bernardo Álvaro
O porta-voz do Fórum dos
Desmobilizados de Guerra de
Moçambique, Jossias Massena,
encontra-se em prisão domiciliária,
no distrito de Panda, na província
de Inhambane, depois de
ter sido alegadamente sequestrado
pela PRM na cidade de Maputo
e posteriormente levado à cidade
de Inhambane, antes de ter sido
transferido sob prisão para aquele
distrito da província. Jossias Massena,
segundo disse em exclusivo
ao Canal de Moçambique, está
doente e sem assistência médica.
Diz que foi “espancado” quando
foi “raptado”. Acusa a Polícia da
República de Moçambique (PRM)
de o ter sequestrado sem qualquer
mandato de captura. Conta que no
passado dia 19 de Janeiro foi ao
Comando da Cidade de Maputo
para, em nome do fórum, com outros
membros, pedir autorização às
autoridades policiais, nos ternos da
lei, para a realização de manifestações
para 20 de Janeiro de 2012.
Justificação da PRM cidade
Na ocasião da detenção, Jossias
Massena conta que o comandante
da PRM, a nível da cidade de Maputo,
teria dito que as rotas e as
avenidas que os desmobilizados
de guerra pretendiam seguir para
desaguar no Gabinete do Primeiro-
-Ministro Aires Ali, exigindo seus
direitos, não eram aconselháveis e
constituíam perigo para o Governo.
“Quando fui raptado pela
PRM”, conta Massena, “no carro
que me transportou para Inhambane,
fui questionado pelos agentes
da Polícia quais seriam os cenários
das manifestações que os
desmobilizados pretendiam levar
a cabo”. A manifestação estava
para o dia seguinte ao da sua detenção,
ou seja, a 20 de Janeiro.
Jossias Massena conta ainda
que foi transportado por
uma unidade da Força de Intervenção
Rápida (FIR) e levado
sob fortes medidas de escolta.
Segundo conta o porta-voz dos
desmobilizados, depois de ter sido
raptado pela PRM foi transportado
na madrugada do dia 20 de Janeiro
para a província de Inhambane,
onde agora é acusado de crime
de burla e cobranças ilícitas.
“Estou em prisão domiciliária
e proibido, pelo partido Frelimo,
de circular, sobretudo proibido
de regressar a Maputo”, disse
Jossias Massena, argumentando
que quando se encontravam em
manifestações no passado mês
de Outubro de 2011, no circuito
de manutenção António Repinga,
na cidade de Maputo, “o Governo
nos considerou de pessoas de
má fé, que queríamos desestabilizar,
sem razões, para nos manifestarmos,
dado que o Estatuto
do Combatente tinha sido aprovado”.
“A partir daí mobilizou
grupos dinamizadores, células do
partido Frelimo para nos perseguirem”,
acusa Jossias Massena.
Motivos da detenção
Diz que a Polícia agora refere
que a sua detenção deveu-se
ao facto de algumas pessoas que
pagaram cotas e jóias – quando
ele era delegado da Associação
dos Desmobilizados de Guerra
(AMASODEG) em Inhambane,
antes de ir a Maputo, onde até à
altura desta última detenção era
porta-voz do Fórum dirigido por
Hermínio dos Santos – terem-no
acusado de desvio de dinheiro.
Jossias Massena diz que o valor
em causa, segundo a Polícia,
é 3 mil meticais. Massena acrescenta
que a sua detenção foi a
forma encontrada pelo Governo
para dividir os desmobilizados
nas suas intenções centrais.
Jossias Massena afirmou também
estar a ser impedido de contactar
os seus advogados da Liga
dos Direitos Humanos (LDH)
e as Embaixadas que representam
a Comunidade Internacional.
“Este foi o argumento usado
para me sequestrarem e me levarem
compulsivamente para aqui
em Panda, sem nenhuma justificação
nem o direito aos meus
advogados da Liga dos Direitos
Humanos”, acusa Massena.
Ele voltou a referir que o Estatuto
de Combatente proposto pelo
Governo e aprovado pelo voto
maioritário da Frelimo, na Assembleia
da República, “em nada faz
referência às nossas exigências,
de uma pensão de 12.500 meticais
por mês”. “O apelo que deixo é de
que a Comunidade Internacional
deve ficar a saber que em Moçambique
não existe democracia, nem
direito a manifestação e que as
pessoas estão a ser detidas extra-
-judicialmente”, acrescentou o
membro do Fórum dos Desmobilizados
de Guerra agora detido em
Panda, na província de Inhambane.
Agressões e torturas
“Quando fui raptado e tentaram-
-me encaixar em baixo da cadeira
do carro da Polícia, empurraram-
-me como se fosse um animal e
eu gritei. Foi quando a Polícia
disse que ali não era no circuito
António Repinga, onde usamos
força e humilhamos o Governo”.
“Eu gritei que me podiam matar”.
Apelo aos desmobilizados
Jossias Massena, antes de afirmar
que os líderes das associações
dos desmobilizados “estão
corrompidos pela Frelimo”, apelou
a todos os desmobilizados,
incluindo aos desmobilizados
vindos da Frelimo e da Renamo,
para continuarem a reivindicar
o que é seu direito, “independentemente
das humilhações e
torturas que estão a acontecer
contra os que pretendem ver a situação
de injustiça ultrapassada”.
“Peço ajuda da Imprensa, da
comunidade internacional, porque
quero estar livre para contactar
os meus advogados” concluiu.
Liga dos Direitos Humanos
Contactada pelo Canal de
Moçambique, no domingo passado,
a presidente da Liga dos
Direitos Humanos, Alice Mabota,
disse que se encontrava “incomodada,
de cama, e que nada
poderia falar sobre o assunto”.
PRM confirma
O porta-voz da Polícia da República
de Moçambique (PRM)
na cidade de Maputo, Arnaldo
Chefo, contactado na noite do
domingo pelo Canal de Moçambique
confirmou a detenção de
Jossias Massena, mas disse que
não poderia avançar mais nada.
“Agora me encontro num convívio
familiar!”. Prometeu esclarecer
o assunto, oportunamente!
“É isso mesmo que aconteceu,
ele foi detido no comando
da cidade, mas agradecia que
me contactasse oportunamente,
porque agora me encontro num
convívio familiar!”, concluiu
Arnaldo Chefo em breves declarações
ao Canal de Moçambique.
(Canal de Moçambique)
A seroprevalência na província de Gaza é a mais alta do País, atingido 25% do total
da população. Só em 2011, mais de mil pessoas morreram vítimas da doença
Na província de Gaza
Há cada vez mais pessoas a abandonar
tratamento antiretroviral
Jossias Massena está proibido de circular
Porta-voz dos desmobilizados
de guerra em prisão domiciliária
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 Publicidade 13
14 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Nacional
Bernardo Álvaro
A Renamo reiterou semana finda
que não voltará a participar em
qualquer acto eleitoral no país, enquanto
a Lei Eleitoral não for revista
na totalidade. Em declarações
ao programa “Bom-dia África”, da
Rádio Difusão Portuguesa (RDP-
-África), ex-deputado da Assembleia
da República, pela Renamo, e
membro em exercício do Conselho
de Estado, António Muchanga, defendeu
que “enquanto não houver a
revisão total da Lei Eleitoral as irregularidades
eleitorais continuarão
a beneficiar a Frelimo”. Muchanga
pretende uma revisão da lei eleitoral
que beneficie todos intervenientes
no processo político nacional.
“Nós precisamos de uma lei que
possa garantir a transparência do
processo eleitoral, e não um instrumento
que facilita manipulações,
levando à vitória no parlamento,
na presidência da República, e nas
autarquias, um único partido político,
por meios fraudulentos”, defendeu
o quadro da Renamo. Ainda
de acordo com António Muchanga,
a prioridade da Renamo neste momento
é a revisão da Lei Eleitoral.
“Ao participar nessas eleições,
a Renamo estaria a legitimar a actual
lei eleitoral, que queremos ver
totalmente modificada, de forma a
trazer vantagens para todos os intervenientes”,
disse o ex-deputado
da Assembleia da República quando
questionado sobre as razões que
estariam nos últimos tempos por
detrás do boicote que tem sido levado
a cabo pela Renamo desde
as eleições autárquicas intercalares
de Quelimane, Pemba, Cuamba,
boicote esse que se repetirá nas
“intercalares” para eleição, a 18 de
Abril próximo, do edil que sucederá
ao malogrado Lourenço Macul,
no Município de Inhambane,
em que apenas deverão participar
o candidato do MDM, professor
Fernando Nhaca, e o candidato
da Frelimo ainda não indicado.
“Cumplicidade da Comunidade
Internacional”
António Muchanga acusou ainda
a Comunidade Internacional de alguma
cumplicidade, ao não estar presente
em todo o processo eleitoral,
não participando, por exemplo, na
fiscalização do processo do registo
de candidaturas e de recenseamento.
A não participação da Comunidade
Internacional e das Nações
Unidas (ONU), de acordo com
Muchanga, tem permitido a desqualificação
pelas entidades eleitorais
de “candidatos de equilíbrio”.
“A Comunidade Internacional
e as Nações Unidas não participam
nem percebem como é que
os processos de entrega de candidaturas
e de recenseamento têm
sido feitos. Apenas chegam para
fiscalizar o processo de campanha
eleitoral e de votação”, lamentou.
Muchanga argumentou que “isso
não pode ser assim, porque o processo
eleitoral deve ser monitorado
em todos seus passos, e não apenas
se limitar a dizer que as eleições foram
justas e transparentes ou não”.
A democracia deve ser
monitorada com uma lei eleitoral
transparente
António Muchanga, que é membro
do Conselho de Estado, acrescentou
que “a democracia deve
ser monitorada no âmbito de uma
lei eleitoral transparente”. Por
isso, disse ter chegado o momento
de todas forças da sociedade
se envolverem, participarem na
revisão da Lei Eleitoral, para que
se possa ter uma lei exequível.
Dhlakama e o seu papel de líder
Indagado se tinha chegado o
tempo de Afonso Dhlakama passar
o testemunho da liderança da
Renamo a uma outra pessoa que
possa fazer face aos desafios, António
Muchanga descartou tal
possibilidade, afirmando que “ainda
não chegou esse momento”.
“Se considerarmos a idade de
Afonso Dhlakama, que ainda não
atingiu 60 anos de idade, bem como
se avaliarmos o seu empenho dentro
do partido, penso que no seio da própria
Renamo ainda não há nenhum
militante com maiores realizações
do que ele”, defendeu Muchanga.
Muchanga ironizou e perguntou
se não será por isso que a Imprensa
anda preocupada com Dhlakama,
mais do que com qualquer outro
membro da Renamo. “Não será certamente
por desprezo a outros membros
do partido, mas, sim, por ser o
actual presidente do partido a pessoa
que junta multidões, que é aclamado
e que é o homem que tem a visão
do momento que vivemos no país”.
“Se tivermos em conta o tipo
de adversário que nós temos neste
momento, e as suas manobras,
pensamos que o presidente
Dhlakama é a pessoa certa e com
capacidade de lidar com todos
os truques da Frelimo” concluiu
António Muchanga. (RDP África/
Canal de Moçambique)
“Dhlakama não pode deixar a liderança da Renamo, porque é a pessoa com
capacidade para lidar com os truques da Frelimo” – António Muchanga,
membro do Conselho de Estado
Antes da “revisão total” da Lei Eleitoral
Renamo não vai participar em qualquer
acto eleitoral
As chuvas que caíram de forma
intensa nas últimas semanas
de Janeiro, e que acabaram por
cortar a estrada nacional número
UM (N1) na zona 3 de
Fevereiro, no distrito da Manhiça,
destruíram mais de 1500
hectares de culturas diversas
e deixando consequentemente
em necessidade extrema mais
de 4 mil famílias naquela região,
segundo estimativas das
autoridades. Estas famílias
vivem somente da prática da
agricultura de subsistência.
O administrador da Manhiça,
Artur Chindandala, diz que
o número de hectares em culturas
perdidas pode aumentar,
tempo em que as empresas estiveram
no terreno, testemunham
que muitas famílias perderam
quase tudo. Sendo as famílias
praticamente camponesas e que
custeavam os estudos dos seus
filhos com o pouco que conseguiam
das suas machambas, as
duas empresas decidiram oferecer
material escolar. “Sabemos
que não é muito, mas é uma
ajuda que alivia os pais”, disse.
O administrador da Manhiça
disse que decorrem neste
momento demarches junto
do Governo provincial para
mobilizar ajudas para as famílias
que perderam quase tudo.
(Canal de Moçambique)
porque ainda se está numa fase
preliminar do levantamento.
Esta situação levou com que
as duas empresas que estiveram
envolvidas no restabelecimento
da circulação na N1, no âmbito
da sua acção de responsabilidade
social, disponibilizassem ajuda
para as comunidades. Trata-se
das empresas JRC Construções
e Obras Públicas e JJR Moçambique,
ambas de capitais portugueses
e moçambicanos. Doaram
às comunidades diverso material
escolar avaliado em cerca de
70 mil meticais, sensivelmente
três mil dólares americanos.
Segundo José da Conceição,
representante da JRC, durante o
…As duas empresas (JJR e JRC) que estiveram envolvidas
no restabelecimento da circulação da EN1, na zona de
03 de Fevereiro, sentiram-se sensibilizados pela situação
e doaram material escolar para as comunidades
Pessoas de bem sensibilizam-se
com a destruição de cultura
António Muchanga, membro do Conselho de Estado
Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012 Publicidade 15
16 Canal de Moçambique | Quarta-Feira, 08 de Fevereiro de 2012
Grande Entrevista
Borges Nhamirre e Matias
Guente
Egídio Vaz é dos poucos historiadores
moçambicanos a viver
em Moçambique que não está
ao serviço do partido Frelimo.
É um académico com enorme
potencial reconhecido por não
se deixar intimidar pelo partido
no poder. É um moçambicano
jovem, com ideias próprias, conhecido
por não se deixar vergar
perante as típicas intimidações
de quem usa sistematicamente o
Estado para excluir os moçambicanos
que assumem a sua moçambicanidade
sem admitirem
ser excluídos pelos seus iguais.
Esta semana falou ao Canal de
Moçambique em Grande Entrevista.
O tema foi, é, a celebração
dos 50 anos da FRELIMO.
Egídio Vaz começou logo por
pôr os pontos nos iis. Diz que
não é o partido Frelimo que faz
50 anos, mas, sim, a Frente de
Libertação de Moçambique –
FRELIMO, para ele são duas entidades
completamente distintas.
No desenrolar da conversa, o
académico alerta para o perigo da
privatização da História de Moçambique
pelo partido Frelimo e
sugere que a História deste país
deve ser reescrita. Entretanto, defende
que há condições para tal e
é peremptório: para que a história
se reescreva, deve ser removido
um obstáculo que impede o avanço
da história: os libertadores.
Siga o essencial da
entrevista…
Canal de Moçambique (Canal):
Enquanto uns estavam
mergulhados na epopeica celebração
dos 50 anos da FRELIMO,
Egídio Vaz foi o único
“Não foi o partido Frelimo que trouxe a independência. Isso que fiq
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