A SIMO rompe com o Biz First mas prolonga a crise
Esta coisa da SIMO merece outro tratamento em termos de comunicação, à altura da nossa inteligência. A PCA da SIMO, Gertrudes Tovela não pode vir alegar que rompeu com a Biz First por alegada chantagem sem provar que essa chantagem ocorreu. Ela devia mostrar evidências contratuais para fazer essa grave acusação. O simples expediente do atentado à soberania do Estado não funciona se a SIMO não mostrar evidências dessa alegada chantagem. E sobretudo se o rompimento não corresponder a uma solução imediata. Este não é um assunto para ser levado de ânimo leve pelo Banco de Moçambique, (o accionista maioritário da SIMO), como parece estar a acontecer. Romper com o atual provedor sem garantir uma alternativa pontual só porque “não vamos ceder à chantagem” é muito mais grave. Piora demasiado a emenda.
Estamos perante uma situação em que um bom gestor faria uma cedência nesse falso orgulho que apenas beneficia o ego de meia dúzia de eminências do banco central e penaliza milhares de moçambicanos. Tanto mais que a compra da licença do software pelo SIMO custaria uns 5 milhões de USD para mais 3 anos... uns míseros 5 milhões, comparando com as mordomias vigentes na casa. Mas não! A opção foi romper, por causa de um orgulho ferido. E andaremos nisto de apagão por longos dias, senão semanas. Uma viagem para 18 anos atrás, quando não fazíamos pagamentos eletrónicos, e com consequências drásticas para a liquidez da banca comercial e para o fisco. Mas quem paga por isso? Certamente que haverá que apontar responsabilidades.
A opção da radicalização foi tomada no sábado, depois do regresso do Governador do BM, Rogério Zandamela, da Noruega. Na sexta feira, na reunião mantida entre os acionistas da SIMO (todos os bancos comerciais estavam lá) a perspectiva não era essa. Apesar de ter deixado claro que não iria pagar, o BM ponderava uma via “diplomática” para resolver o problema. Mas na verdade, o restabelecimento da funcionalidade dos canais de pagamento podia ficar sanado amanhã, dependendo da disposição e disponibilidade da SIMO em pagar os valores exigidos pelo detentor da licença.
Se o BM tivesse aceite a “chantagem”, o sistema se normalizaria. O período de vigência de um novo contrato permitiria o procurement, desenvolvimento e implementação de uma nova solução. Os bancos comerciais, disse uma fonte, já estavam preparados para abrir a bolsa para pagar o provedor. Haveria uma chamada dos accionistas proporcionalmente à sua participação no capital da sociedade, cabendo ao BM a módica fatia de 2.550.000 de USD e aos restantes o remanescente.
A opção pelo rompimento com o provedor não apanhou desprevenidos os gestores bancários. Ontem, já circulavam indicações nesse sentido. O problema é que o desenvolvimento de uma solução própria da SIMO ou a contratação de uma alternativa introduz sempre complexidades de diversa ordem sobretudo de natureza técnica/informática para os bancos. Qualquer outra solução desenvolvida internamente ou adquirida levará vários meses a implementar. O actual provedor tem disso clara noção. Mais: estes acontecimentos põem a nu uma preocupação que sempre prevaleceu entre os bancos: o BM (que impôs aos bancos a obrigatoriedade de se constituírem accionistas da SIMO e que, contra a vontade dos bancos, assumiu a gestão da SIMO, nomeando o maior número de administradores, incluindo o Director Geral), gente alegadamente incompetente para gerir empreendimentos numa lógica comercial, aliás um papel que sai do âmbito das atribuições de um banco central.
Actualmente, de entre os bancos a operar em Moçambique, apenas o BIM e o UBA não estão completamente integrados na SIMO e continuam a prestar serviços e pagamentos através das ATMs e POS, durante esta crise. É esperado que a integração destes Bancos na rede SIMO registe um recuo. Sem a integração do BIM (que detém uma larga quota de mercado), a viabilidade comercial da SIMO, face aos objectivos definidos pelo BM quando criou a rede, permanece questionável. Com a crise, os bancos estão a encetar diligências para encontrar soluções próprias que limitem os danos para os seus clientes. Uma alternativa será um acordo com a VISA para que esta passe a emitir e processar as transações directamente. Trata-se de uma solução possível de implementar em alguns dias, mas apenas com carácter transitório e nunca definitivo. Está opção é, contudo, contrária ao objectivo que norteou a criação da SIMO pelo BM que pretende justamente autonomizar-se da dependência da VISA para as transações domésticas envolvendo dinheiro plástico (cartões de débito e de crédito), por forma a evitar a pressão cambial inerente e embaratecer os custos de transação.X
PS> Há um texto sobre este assunto circulando nas redes e atribuído a mim. O texto clama por justiça popular. Esse tipo de lutas não encaixa nos meus princípios de ética e deontologia.
1 comentário:
Com todo o respeito pelas diversas opiniões, vou continuar a defender duas:
-Que a BIZFIRST demonstrou absoluta falta de respeito com o Povo ao interromper o sistema sem prévio aviso, de dez , vinte ou trinta dias;
-Que a BIZFIRST prestou um excelente serviço ao nosso País, ao mostrar-nos quanto estávamos vulneráveis e como o Banco Central e o Governo , incluindo as instituições de Segurança, devem trabalhar arduamente para expurgar esta fragilidade tremenda.
O resto cabe nos se...se...se...
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