7/20 “SETE VALORES SOBRE VINTE” PARA QUEM ORGANIZOU A VISITA PRESIDENCIAL A NORUEGA
Há coisas que devem ser ditas de caras: a sangue-frio e sem anestesia.
Quando o Presidente Nyusi deixar Oslo, de volta a casa, um dos seus objectivos constitucionais não terão sido cumpridos. É da responsabilidade constitucional do Presidente da República de Moçambique dirigir a política externa do estado. Por outras palavras e para efeitos desta viagem, significa também promover o bom nome de Moçambique além-fronteiras.
As visitas presidenciais são uma boa oportunidade e momento alto para tal; até porque com ele estavam mais de 30 empresários nossos em busca de oportunidade de negócio. E é aqui onde reside o grande problema: o investimentocestrangeiro funciona com perceção. A perceção molda-se. O maior determinante da perceção é a informação. Na Noruega, a perceção que os homens de negócio e o público norueguês incluindo seu governo têm de Moçambique NÃO É BOA.
O grupo dos organizadores dessa viagem sabiam disto. Antes e durante toda a visita do Presidente na Noruega, as notícias sobre Moçambique foram más. Eis alguns exemplos:
1. 13 de Outubro de 2014. AFTENPOSTEN, o maior jornal impresso da Noruega por circulação escreve: “De er alle presidenter i land hvor folk sulter. De får millioner i norsk bistand. Og vil ha samme luksusfly som Beyoncé” ou seja, “ São todos eles presidentes de países onde as pessoas passam fome. Recebem milhões em ajuda norueguesa e querem o mesmo avião de luxo igual ao da Beyoncé”. A foto que aparece é do nosso Presidente. Na verdade, o que despoletou essa capa foi a compra do avião presidencial da Zâmbia. Devia ser Edgar Lungu a parecer na foto. No lead da capa, pode ser ler: “O presidente da Zâmbia não é o único grande beneficiário da ajuda norueguesa que compra aviões de luxo. "Sinceramente não faz sentido na minha cabeça", disse o ministro do Desenvolvimento norueguês Nikolai Astrup, comentando sobre como países receptores da ajuda norueguês usam o dinheiro.
2. 1 de Novembro de 2018. A NY TID, o maior jornal mensal norueguês orientado para assuntos internacionais, escreve: "Sløsingen med bistandsmidler fortsetter", ou seja “O desperdício de fundos de ajuda continua”. No lead, o jornal escreve “o facto de presidentes em países pobres comprarem aeronaves privadas exclusivas tornou-se no símbolo do desperdício de ajuda. Agora aconteceu de novo - na Zâmbia”.
Estranhamente colocam lá de novo, a foto do nosso Presidente em vez da do Presidente Edgar Lungu que é quem comprou a aeronave com fundos de ajuda.
3. Dia 12 de Novembro de 2018: A FAGPPRESSENYTT (https://fagpressenytt.no/) escreve: " Ville du gjort forretninger med Mosambiks president? Ou seja, "Faria negócio com o Presidente Moçambicano?" Nele, o jornal fala muito mal do nosso país, principalmente sobre as dívidas contraídas pelas empresas EMATUM, MAM e PROINDICUS. O artigo claramente diz que o Presidente da República vem a Noruega interessar os investidores nacionais para Moçambique. Não é que é verdade? Só que a descrição que faz sobre nós desencoraja qualquer atrevido.
4. Dia 14 de Novembro de 2018: A ABC NYHETER escreve sobre mortes em Cabo Delgado. Assuntos de há muito tempo. “12 drept og 14 såret i angrep i Mosambik “12 mortos e 14 feridos em ataque jihadista.
5. Dia 14 de Novembro de 2018: A DAGBLADET, o sexto maior jornal da Noruega, com uma tiragem de 46.250 cópias, escreveu “Mosambik: En partistat med systemisk korrupsjon”, ou seja “Moçambique, um estado-partido assolado por uma corrupção sistémica. O Lead diz o seguinte: “O Presidente Moçambicano Filipe Nyusi, está a dirigir um país em profunda crise. Agora que ele está em Noruega, as autoridades norueguesas podem dizer um pouco sobre como o país pode melhor gerir os recursos de petróleo e gás.
Julgo que com os 5 exemplos consegui demonstrar como é que os noruegueses foram preparados para receber o nosso presidente. Os responsáveis diplomáticos moçambicanos para esse país sabiam disto. Liam estas noticias. É trabalho deles. Não fizeram absolutamente nada para mitigar esta trama toda.
O que poderia ter sido feito? Entre outras medidas, podiam:
1. EXERCER O DIREITO DE RESPOSTA, repondo a verdade, clarificando certos mal-entendidos. Esta seria uma oportunidade de passar a mensagem positiva do país mencionando os esforços em curso para corrigir certos desvios e até falar da contribuição da noruega para o desenvolvimento do pais! Foram 4 oportunidades perdidas, oferecidas de bandeja pela Lei de Imprensa norueguesa. OPORTUNIDADE PERDIDA.
2. Podiam encontrar oportunidades para ENTREVISTAS EXCLUSIVAS OU COLETIVAS com os media nacionais, onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros ou outro pudesse actualizar a comunidade norueguesa não apenas dos progressos que Moçambique está a fazer, mas sobretudo comunicar sobre a “generosidade da Noruega e sobre como ela tem ajudado o país a avançar". Aqui, podia se dizer também que nenhum dinheiro noruguês foi usado na compra da aeronave. Todo dinheiro noruegês foi usado para alavancar a economia e a vida dos moçambicanos! OPORTUNIDADE PERDIDA.
3. Era possível trabalhar com representações de grandes órgãos de informação (CNN, Reuters, AFP ou outros), baseados em Johannesburg ou a Akoma da antiga jornalista da CNN Zain Verjee baseada em Nairobi, para ajudar a contar uma outra versão diferente e apreciável sobre estes assuntos, que pudessem ser aproveitadas pela imprensa norueguesa e internacional. OPORTUNIDADE PERDIDA.
1. EXERCER O DIREITO DE RESPOSTA, repondo a verdade, clarificando certos mal-entendidos. Esta seria uma oportunidade de passar a mensagem positiva do país mencionando os esforços em curso para corrigir certos desvios e até falar da contribuição da noruega para o desenvolvimento do pais! Foram 4 oportunidades perdidas, oferecidas de bandeja pela Lei de Imprensa norueguesa. OPORTUNIDADE PERDIDA.
2. Podiam encontrar oportunidades para ENTREVISTAS EXCLUSIVAS OU COLETIVAS com os media nacionais, onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros ou outro pudesse actualizar a comunidade norueguesa não apenas dos progressos que Moçambique está a fazer, mas sobretudo comunicar sobre a “generosidade da Noruega e sobre como ela tem ajudado o país a avançar". Aqui, podia se dizer também que nenhum dinheiro noruguês foi usado na compra da aeronave. Todo dinheiro noruegês foi usado para alavancar a economia e a vida dos moçambicanos! OPORTUNIDADE PERDIDA.
3. Era possível trabalhar com representações de grandes órgãos de informação (CNN, Reuters, AFP ou outros), baseados em Johannesburg ou a Akoma da antiga jornalista da CNN Zain Verjee baseada em Nairobi, para ajudar a contar uma outra versão diferente e apreciável sobre estes assuntos, que pudessem ser aproveitadas pela imprensa norueguesa e internacional. OPORTUNIDADE PERDIDA.
ACREDITEM MEUS AMIGOS
O que vai fazer crescer o país não serão apenas investimentos saídos da mesa estadual e eventualmente abocanhados pelos gatos debaixo da mesa. O que vai fazer crescer Moçambique será TAMBÉM o investimento de pessoas e investidores que, não tendo estado em visitas presidenciais, descobrem o lado BOM de Moçambique pela internet e ficam encorajados e fascinados e apostaram.
O que vai fazer crescer o país não serão apenas investimentos saídos da mesa estadual e eventualmente abocanhados pelos gatos debaixo da mesa. O que vai fazer crescer Moçambique será TAMBÉM o investimento de pessoas e investidores que, não tendo estado em visitas presidenciais, descobrem o lado BOM de Moçambique pela internet e ficam encorajados e fascinados e apostaram.
E os que estiveram na preparação desta visita, chumbaram na sua missão de assegurar que isso acontecesse. Não é nenhum favor muito menos estranho o que estou a sugerir. Faz parte de qualquer análise situacional, componente preparatória de qualquer viagem, acção ou estratégia.
Com 7 valores alguém chumba por exclusão. É medíocre.
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