Na cidade de Manica
Não quer pagar dívidas contraídas por si a singulares e ameaça o credor que, se insistir na cobrança, não terá despachos favoráveis, caso procure por qualquer serviço do Conselho Municipal.
Um agente económico de nome Paulino Noé está descontente com o presidente do Conselho Municipal de Manica por, alegadamente, este dirigente estar a vigarizá-lo, incluindo cobranças ilícitas para despachar documentos.
Paulino Noé contou ao “Canalmoz” que, em 2016, o presidente do Conselho Municipal de Manica, Raimundo Quembo, foi ter com ele, pedindo a título de empréstimo, 250.000,00 meticais.
Raimundo Quembo prometeu que reembolsaria em três semanas, porque o dinheiro seria usado para apetrechar a sua escola de condução, que, entrando em funcionamento apetrechada, daria receita para o efeito.
Mas passado o tempo combinado, Raimundo Quembo não pagou o valor e, quando Paulino Noé foi cobrar a dívida, foi informado pelo presidente do Conselho Municipal que, em vez de exigir aquele valor, devia desembolsar mais 250.000,00 meticais para que despachasse favoravelmente o seu pedido de regularização do DUAT que estava no seu gabinete, sobre um terreno em litígio.
Efectivamente, Paulino Noé tem um terreno numa zona privilegiada da cidade de Manica, sobre o qual requereu o DUAT. Acontece que, quando Paulino Noé começou a exigir a dívida, e tendo-se recusado a aumentar mais 250.000,00 meticais, o presidente do Conselho Municipal vendeu o terreno a dois outros agentes económicos, que dividiram o espaço.
Paulino Noé conta que, numa dessas vezes em que foi exigir o seu dinheiro, mas já com o processo de pedido de legalização do terreno na mesa do presidente do Conselho Municipal de Manica, mais tarde foi abordado pelo ajudante-de-campo do mesmo, que disse que tinha sido enviado pelo presidente do Conselho Municipal para receber 10.000,00 meticais para o processo andar.
Paulino Noé pagou os 10.000,00 meticais, a pensar que seriam taxas municipais. Mas, mais tarde, o presidente do Conselho Municipal informou-o que aqueles 10.000,00 meticais não tinham nada a ver com o Conselho Municipal, eram um pedido pessoal para tratar de assuntos pessoais e que, para o assunto do DUAT andar, eram mesmo necessários os 250.000,00 adicionais.
Paulino Noé disse que queria os seus 250.000,00 que estavam com o presidente do Conselho Municipal e também queria uma resposta ao seu pedido.
Zangado, o presidente do Conselho Municipal indeferiu o seu pedido e vendeu o terreno de Paulino Noé a dois agentes económicos.
Paulino Noé disse que, mais tarde, recebeu uma chamada do presidente do Conselho Municipal a ameaçá-lo, dizendo para apagar todas as mensagens que lhe enviara e todos os registos de chamada das negociações que vinham fazendo.
Paulino Noé apresentou uma queixa ao Gabinete regional-centro de Combate à Corrupção, em Sofala.
“Este requer muita atenção”, Raimundo Quembo
O “Canalmoz” foi ouvir o presidente do Conselho Municipal de Manica, Raimundo Quembo, que admitiu a existência do processo de Paulino Noé e que o mesmo é “um processo especial e requer muita atenção para não ferir sensibilidades”.
Quanto aos valores cobrados a Paulino Noé, afirmou que é um caso particular e que o empréstimo foi acordado entre as partes, mediante negociação.
“Tenho conhecimento de todos estes assuntos que senhor jornalista está a colocar-me, mas o caso do processo do senhor Noé é especial e requer muita atenção para não ferir sensibilidades”, disse Raimundo Quembo ao “Canalmoz”.
Acrescentou que o Conselho Municipal, através da vereação da Urbanização, está a trabalhar para procurar um meio-termo para sair da confusão. (José Jeco)
CANALMOZ – 05.01.2018
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