sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O caso do banqueiro turco que deixou as relações entre EUA e Turquia de novo num limbo


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A condenação de um banqueiro turco acusado de ter ajudado o Irão a contornar as sanções económicas impostas pelos EUA está a complicar as relações – que já não eram fáceis – entre a Ancara e Washington.
O caso do banqueiro turco que deixou as relações entre EUA e Turquia de novo num limbo © OZAN KOSE/GETTY IMAGES O caso do banqueiro turco que deixou as relações entre EUA e Turquia de novo num limbo
Esta sexta-feira, e antes de partir em visita oficial para França, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan convocou uma conferência de imprensa para criticar a justiça norte-americana e anunciar que o seu país terá de repensar alguns dos acordos bilaterais assinados com Washington. “Se é isto que os americanos entendem por justiça, então o mundo está condenado.”
Foram as primeiras declarações de Erdogan após ser conhecido o veredicto do tribunal norte-americano que condenou um banqueiro turco, acusado de ter ajudado o Irão a contornar as sanções económicas impostas pelos EUA. Mehmet Hakan Atilla, que trabalhava no banco público turco Halbank, terá participado num esquema em que o Irão trocou petróleo e gás por ouro, fazendo circular os lucros através de instituições financeiras norte-americanas.
O banqueiro de 47 anos, que fora detido pelas autoridades norte-americanas durante uma visita de negócios aos EUA, foi condenado por quatro crimes de conspiração, incluindo o de defraudar os Estados Unidos e um banco, mas acabou absolvido do crime de branqueamento de capitais. O governo turco sugeriu que foram falsificadas provas e a defesa do banqueiro já garantiu que vai recorrer.
O caso está a abalar as relações já de si tensas (o golpe de Estado de 2016 levou Erdogan a assumir uma posição muito crítica em relação aos EUA) entre os norte-americanos e os turcos. Esta quinta-feira, Bekir Bozdag, vice-primeiro-ministro turco, afirmou que este processo “é a prova tangível da cooperação entre o FETO [acrónimo usado por Ancara para designar as redes dirigidas por Fethullah Gülen, clérigo que o Presidente turco acredita ter estado por detrás do referido golpe], a justiça norte-americana, o FBI e a CIA”.
Foi o testemunho de um turco-iraniano comerciante de ouro que permitiu às autoridades chegarem até ao nome do banqueiro turco. Reza Zarrab admitiu ter orquestrado os negócios com o Irão e subornado o ministro das Finanças turco, em 2012, a quem pagou mais de 50 milhões de dólares (41 milhões de euros). O comerciante garantiu então que o Presidente turco, então primeiro-ministro, estava a par do esquema.

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