Não são os homens que vão mudar o mundo, são as mulheres
25.01.2018 às 16h43
Ativista, pensadora, provocadora, sobrevivente. Malala Yousafzai é um exemplo de força, resiliência e sensatez, com uma eloquência capaz de inspirar pessoas mundo fora. Hoje voltou a fazer um discurso público em Davos, no Fórum Económico Mundial, onde relembrou alguns aspectos que não podem ser esquecidos no que toca à igualdade de género. Começando pelo facto de existirem atualmente 130 milhões de meninas e raparigas espalhadas pelo globo que não têm, nem tiveram, acesso à educação, um factor chave para a igualdade e o equilíbrio das sociedades.
Hoje Malala tem 20 anos e é uma ativista reconhecida pela ousadia que quase lhe tirou a vida quando era ainda criança: a contínua reclamação pelo direito à educação que milhões de meninas veem negado diariamente. “Se queremos falar sobre empoderamento feminino, sobre participação económica das mulheres, participação na força laboral e contribuição feminina para o desenvolvimento de um país como um todo, não nos podemos esquecer da importância de se investir na sua educação”, frisou a Nobel da Paz. Nunca é demais relembrar que ao serem impedidas de aceder à escola, as meninas ficarão numa eterna posição de dependência financeira ao chegarem à fase adulta. Aliás, serem desde logo alvo de casamento infantil – como expectativa irónica de garantir a sua segurança - é uma das maiores probabilidades para as suas vidas em muitos cenários mundo fora. Tudo isto a torna mais permeáveis a situações de violência psicológica e física, incluindo a sexual, tráfico humano e demais formas de exploração.
Desde a falta de acesso à educação à problemática do assédio e abuso sexual, passando pela desigualdade laboral, Malala Yousafzai lança o repto: “Houve uma altura em que ansiávamos que os homens mudassem o mundo por nós, mas esse tempo acabou. Não vamos continuar a pedir aos homens que mudem o mundo, vamos ser nós a fazê-lo. Vamos unir-nos, erguer as nossas vozes e promover a mudança”. Como? Eis um ponto de partida apontado pela jovem paquistanesa: “Encorajem as meninas e as mulheres à vossa volta a indignarem-se contra todo o tipo de discriminação e violência que virem a acontecer nas vossas comunidades.”
Se também por esse lado estão a precisar de uma lufada de energia e sensatez, oiçam a participação de Malala em Davos, onde – sem surpresa – mais de 80% dos participantes, convidados para refletir o estado do mundo, são homens.
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