Nyusi “gazeta” Fórum Económico Mundial e desafia corpo diplomático: corrupção é “importada para Moçambique” |
Tema de Fundo - Tema de Fundo |
Escrito por Adérito Caldeira em 24 Janeiro 2018 |
Convidado pela segunda vez o Presidente Filipe Nyusi optou por não participar do Fórum Económico Mundial que nesta terça-feira(23) iniciou em Davos mantendo o nosso país à margem do desenvolvimento e crescimento global. O novo Presidente de Angola, o Presidente interino do Zimbabwe e o vice-presidente da África do Sul são os mais destacáveis representantes do nosso continente que se juntam esta semana na Suíça as mais ricas e poderosas pessoas do nosso planeta. Líder de um dos países mais corruptos do mundo Nyusi ficou em Maputo para reafirmar que a seu Governo “está comprometido com o combate a corrupção” todavia declarou este cancro, que é uma das causas da crise económica que vivemos, é “importada para Moçambique”.
Moçambique, que já foi exemplo de transição para a paz e uma das economias que mais investimentos atraiu no mundo, tornou-se numa espécie de “patinho feio” da comunidade internacional pelas opções políticas do partido que governa desde 1975 tem tomado, uma das mais recentes tem sido a falta de vontade política no esclarecimento das dívidas da Proindicus, EMATUM e MAM.
Encurralado pelo Fundo Monetário Internacional, e pelos parceiros de cooperação ocidentais, e quiçá para extremar o “braço-de-ferro” o Presidente Nyusi parece ter abandonado a diplomacia económica e opta pelo auto isolamento. O @Verdade apurou que o estadista moçambicano declinou, pela segunda vez, um convite para se juntar à nata da política e finanças do planeta que todos anos reúne-se no selecto Fórum Económico Mundial(WEF no acrónimo em inglês).
Esta foi a segunda “gazeta” de Nyusi, que já havia declinado outro convite em 2016 para juntar-se a líderes das maiores empresas do globo assim como aos governantes das nações mais poderosas do planeta.
Contactos feitos pelo @Verdade, junto do Gabinete de Assessoria de imprensa da Presidência, não foram respondidos até ao fecho desta edição.
Num altura em que a economia mundial começa a mostrar sinais de retoma talvez a opção do presidente do nosso país seja evitar o embaraço de debater sem formalismos o futuro do nosso planeta cada vez mais globalizado com personalidades como a directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, o Presidente da França, Emmanuel Macron, a activista de Educação Malala Yousafzai, o Presidente do Brasil, Michel Temer, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Theresa May, o fundador do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba, Jack Ma, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, o rei de Bollywood Shah Rukh Khan, dentre outras eminentes personalidades.
Ou terá sido mágoa da ainda recente má avaliação feita pela instituição fundada e dirigida pelo Professor Klaus Schwab, que em Setembro último classificou a “Pérola do Índico” como um dos piores países para fazer negócios no mundo. A posição 136º, dentre 137 países avaliados, resultou principalmente da corrupção endémica.
“A corrupção é por vezes trazida ou exportada de outros países” Filipe Nyusi
Em Maputo, o Chefe de Estado vai insistindo na retórica de vivermos com apenas o que Moçambique produz, o que em termos práticos só agrava o sofrimento do povo, como se pode notar pela falta de dinheiro sequer para a resposta de emergência para as vítimas da época chuvosa.
“O povo moçambicano sentiu que os nossos amigos estão connosco em todos os momentos, em momentos de dificuldades e de desafios, e em momentos bons e menos bons, sentimos a presença e a partilha do nosso ardente desejo de superar os problemas que Moçambique atravessa”, afirmou o estadista discursando na cerimónia de apresentação de cumprimentos dos membros do corpo diplomático acreditados no nosso país.
Nyusi reiterou que o seu Executivo está comprometido com o combate a corrupção e notou que “temos sentido uma impaciência generalizada uma tendência de se querer colher frutos de forma imediata. A luta contra a corrupção é um processo que requer uma mudança de atitude e de mentalidade de vida ao longo dos anos”.
Aparentemente alheio a todas evidência, e escolhendo cuidadosamente as palavras, o Presidente declarou que “a corrupção é por vezes trazida ou exportada de outros países, alguns deles amigos, ou importada para Moçambique, corrompendo as pessoas e instituições internacionais”, quase ilibando os moçambicanos corruptos.
Ademais o Chefe de Estado disse aos diplomatas que embora entenda a vontade urgente de ver esclarecida a questão Proindicus, EMATUM e MAM e esteja empenhado “em restabelecer a confiança junto dos nossos parceiros bilaterais e multilaterais” nada vai fazer para resolver o imbróglio político que as dívidas ilegais encerram. “Nós acreditamos nas instituições moçambicanas e queremos continuar a ser uma Nação que respeita a lei como outras nações o fazem”, rematou.
|
Sem comentários:
Enviar um comentário