sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CARTAS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (81)


Bom dia, Presidente. Directo ao assunto: quem disse ao governo da frelimo que somos masoquistas? Esta pátria, com todo o cinismo, está a comer-nos à força. Está a fornicar-nos. Está estuprar-nos. E não usa vaselina. Sentimos dores. Não conseguimos sentar direito. A nossa culpa é pertencermos à plebe? Será que estamos eternamente condenados a ser cervos da gleba.
Cada carta que lhe escrevo presidente é como se fosse mais uma adaga que se me espeta. Dói muito, sobretudo quando reparo que o senhor, do alto do seu pedestal, olha para o nosso sofrimento com indiferença. Até troça.
Um barco à deriva, é o que se pode dizer do seu Governo, Presidente. O comandante é inexperiente, os marujos que lhe fazem companhia estão pouco se lixando se chega à terra firme ou não. Três anos de navegação sem rumo...
Qual é é prioridade do seu Governo, Presidente? De certeza que nem o senhor sabe. Não há foco. Não há nada. É só bater palmas quando nasce um novo dia.
Não existe futuro, não há esperança. São trevas. Moçambique, com este Governo, é pior que trevas de um condenado à morte.
Empurrar todo o fracasso da sua governação às costas das dívidas ocultas é eufemismo. É ser cego propositadamente. A verdade é que Estr País não tem Governo já lá vão três anos.
Estou cansado desta vida imprestável. De nunca ter chegado ao cume de coisa alguma. Chega de viver sob o signo do quase. Quase um triunfo. Quase uma pessoa livre... Quase tudo!
In extracto do texto de Laurindos Macuacua, Cartas ao Presidente da República(81), 2017.

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