Crítica dos movimentos independentistas e do processo catalão, Marlene Wind não poupou Puigdemont a perguntas incómodas numa conferência em Copenhaga. E acusa-o de "montar um circo".
“Quer uma limpeza étnica? É esse o seu objetivo?” “Diz que quer negociar com Rajoy, mas não acha que está a ser muito provocador e a contribuir para uma escalada desta situação?” “E a democracia para si é só fazer referendos e votar ou inclui também o respeito pela lei e pela Constituição?”
Estas foram só algumas das perguntas com que Marlene Wind bombardeou Carles Puigdemont durante a sua conferência na Universidade de Copenhaga. Mas a dinamarquesa já tinha prevenido o ex-presidente do governo catalão: “Vou fazer-lhe várias perguntas. Tem a caneta preparada?”, avisou logo no arranque da sessão desta segunda-feira. E reforçou: “devo parecer provocadora, mas é para isso que aqui estou.”
O estilo crítico e desafiador é já uma assinatura de Marlene Wind, politóloga e diretora do Centro de Política Europeia da Universidade de Copenhaga, e ontem não foi exceção. Na conferência – que levou Puigdemont a deixar a Bélgica, onde está a viver desde a destituição do governo da Catalunha, e a arriscar a detenção – a dinamarquesa foi dura nas perguntas e ácida no tom, causando a irritação do político catalão que, mesmo tentando contestar as perguntas e defender a sua posição pela independência da Catalunha, acabou a gaguejar em algumas respostas e com um meio sorriso na maior parte do tempo. Mas não se esquivou a nenhuma pergunta em nenhum momento.
O separatismo foi uma das notas dominantes deste debate sem tréguas. “A sua visão é romper a Europa em milhares de Estados? Quantos quer? É essa a sua visão? Porque, se é, fico muito preocupada”, atirou Marlene Wind entre acusações de “balcanização”, “limpeza étnica” e outras para as quais quase não dava espaço para as respostas do catalão. A especialista em política europeia acusa mesmo o líder catalão de querer “balcanizar” a Europa, dividindo-a em 200 estados etnicamente puros com uma única identidade.
As perguntas duras traduziram a própria visão da dinamarquesa sobre o que se passa na Catalunha. “Sou muito crítica com a violência, porque acredito que é preciso dialogar e resolver as coisas”, explicou Marlene Wind. “Por isso, para mim, Rajoy nem sempre agiu como deveria. Mas Puigdemont, em vez de acalmar a situação, contribuiu para que se agravasse. Ele sabia que ia ser nomeado esta segunda-feira [para presidente do governo catalão] e por isso montou isto tudo. Sinto que nos usou como reféns para montar o seu circo”, disse em entrevista ao El Confidencial após a conferência de Copenhaga. Numa outra entrevista ao El País, Marlene Wind acrescenta mesmo que “o circo de Puigdemont consiste em apresentar-se como vítima de Rajoy”.
A imprensa espanhola, aliás, destacou as picardias entre Wind e Puigdemont durante a conferência, realçando as várias questões com que a dinamarquesa questionou a legitimidade do processo desencadeado pelo candidato do partido independentista Junts per Catalunya.
Não é a primeira vez que Carles Puigdemont é confrontado com questões mais duras ou críticas em eventos públicos. Já em março do ano passado, numa apresentação na Universidade de Harvard, nos EUA, o catalão enfrentou uma série de questões de vários académicos que punham em causa as propostas de Puigdemont, bem como a utilidade do próprio referendo sobre a independência da Catalunha.Miguel Brás Já todos sabemos que Puigdemont é intelectualmente fraco.
Comentários Principais está selecionado e, por isso, algumas respostas podem ter sido filtradas.
Comentários Principais está selecionado e, por isso, algumas respostas podem ter sido filtradas.
Comentários Principais está selecionado e, por isso, algumas respostas podem ter sido filtradas.
Comentários Principais está selecionado e, por isso, algumas respostas podem ter sido filtradas.
Comentários Principais está selecionado e, por isso, algumas respostas podem ter sido filtradas.